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História Verdades Secretas - Aliados e rivais


Escrita por: tripletfriends , Deborajosy e bcrdso

Notas do Autor


Helloooo!
Esperamos que gostem do capitulo de hoje!
Boa leitura <3

Capítulo 31 - Aliados e rivais


Fanfic / Fanfiction Verdades Secretas - Aliados e rivais

POV Jennifer

Enquanto eu e Lana estávamos atônitas e sem conseguir mover as pernas, Colin havia se apressado, pegado Ginnifer no colo e pedido ao Jerry para mostrar onde levá-la.

Desde então, estamos a quase meia hora do lado de fora da ala hospitalar esperando qualquer tipo de informação dos médicos sobre ela. Por sorte, havia uma área de emergências médicas em cada setor da agência, então o atendimento foi imediato.

A lembrança do rosto pálido e do corpo trêmulo da minha amiga não saía da minha cabeça, então saí para tomar uma água a fim de me acalmar um pouco. Mas não demorei de voltar para onde todos estavam e me jogar de qualquer jeito numa poltrona.

– Pronto, agora que todos estão mais calmos, podem me explicar o que aconteceu aqui – Jerry apareceu parecendo preocupado, e olhou alternadamente para mim e Lana, esperando que uma das duas começasse a falar. – Por que a agente Goodwin teve essa reação ao ver o alvo do diretor da D.S.S.?

– Eles eram namorados, Jerry. – Lana falou meio desanimada. – Nós o conhecíamos.

– Eu havia falado pra você há algumas semanas sobre o meu alvo, mas nunca mencionei que ele estava em contato com as meninas por que não sabia que elas eram suas agentes... – Colin tomou a frente da situação e começou a explicar tudo ao Jerry, desde o início das aulas até o sumiço repentino de Josh.

– Não pode ser. – Jerry coçava a nuca e parecia estar atordoado demais.

– Ginny afirmou ter visto Josh no evento no Brasil, mas nós não acreditamos nela. – Falei, me sentindo culpada. – Eu deveria ter reconhecido ele, deveria ter percebido alguma coisa.

Me levantei frustrada e comecei a andar pelo local. Colin tentou se aproximar, mas tudo que eu queria no momento era entrar naquela sala onde Ginnifer estava internada e abraçá-la. Nossas vidas haviam tomando rumos tão diferentes do que havíamos planejado em menos de seis meses que nem mesmo me lembro da última vez que fomos para faculdade sem algum tipo de preocupação com essa missão.

Meu Deus, a faculdade!

Inspirei fundo e pus a mão na nuca. A apresentação do trabalho semestral seria amanhã, e nem eu, nem meu parceiro de teatro estávamos em condições de fazer isso. Olhei para Colin e me perguntei se ele ainda se lembrava disso, então decidi tirar a dúvida. Eu estava chateada, mas não poderia evita-lo o tempo inteiro, afinal, estávamos trabalhando juntos em mais coisas do que eu gostaria no momento.

– Colin... – chamei, ao me aproximar. Ele pareceu surpreso com a minha aproximação repentina. – Está lembrado que amanhã temos um trabalho para apresentar?

Ele bateu a mão na testa e praguejou algo, claramente havia se esquecido.

– Você acha que damos conta? Porque, para ser bem sincero, eu não me lembro de fala alguma.

Ótimo! Estamos ferrados. Muito ferrados! O professor havia nos dado uma segunda chance e a perderíamos também. Conciliar estudo e trabalho vinha ficando cada vez mais difícil.

Antes que qualquer um de nós voltasse a falar mais alguma coisa, um homem jovem vestindo um jaleco saiu de uma das salas médicas acompanhado de uma mulher com as mesmas vestimentas.

– Senhores – cumprimentou Jerry e Colin e depois olhou para mim e Lana, e acenou com a cabeça. – Senhoritas.

– Meninas, esses são os médicos da agência que estão responsáveis pela Ginnifer. – Apontou para as duas pessoas que saíram do consultório. – O doutor Meirelles e a doutora Figueiredo.

– Muito prazer. – Cumprimentei os médicos e fui logo ao ponto. – Como ela está?

– Bom, devido ao estado dela, a queda de pressão e o repentino ataque de pânico foram coisas graves a se examinar.

– O sistema imunológico da agente Goodwin está abalado devido a uma provável sobrecarga emocional que desencadeia reações no sistema nervoso. – O Dr. Meirelles continuou. Ele era alto e tinha a pele bem clara, seu cabelo era escuro, e usava óculos de grau pretos.  Tentei ouvir com atenção tudo o que eles falavam, mas uma coisa não me saía da cabeça:

– Como assim devido ao estado dela? – Interrompi o médico e todos me olharam.

O rapaz me olhou com a sobrancelha arqueada e meio confuso. Será que eu era a única pessoa ali que parecia ter dúvidas quanto a esse “estado” de Ginnifer?

– Ora, ela tem estado abalada, Jen. – Lana falou. - O médico deve estar se referindo a isso.

– Vocês não sabem? – A doutora, que até então observava tudo com cautela, deu um passo à frente. Ela era pequena em relação ao médico, mas tinha uma presença marcante. Seus cabelos eram curtos, escuros e encaracolados, um corte que combinava bem com seu rosto. Ela também usava óculos, mas eles não me impediram de ver o quanto seus olhos eram azuis. Parecia ser o tipo de pessoa que poderia ser meiga e perigosa ao mesmo tempo.

– Do que não sabemos? – Jerry estava com a mão coçando o queixo e encarando os médicos.

– A agente Goodwin está grávida. – O homem falou e eu precisei me sentar imediatamente na cadeira mais próxima para conseguir digerir as palavras.

E não fui à única. Lana deslizou pela parede em que estava apoiada e colocou as mãos sobre a cabeça.

– Não... – Murmurei, chocada com a revelação. – Ela me contaria isso, ela não pode estar... não dele.

– Vocês têm certeza disso? – Jerry deu um passo à frente e confrontou os médicos.

– Sim, senhor. – O rapaz disse com certeza. – Os exames contam que a paciente tem cerca de nove semanas de gestação.

Pouco mais de dois meses. Ela vinha nos escondendo isso desde antes de Josh partir.

Colin sentou-se ao meu lado e colocou uma das mãos sobre o meu ombro enquanto eu ouvia de longe o meu chefe conversar com os médicos e autorizar a bateria de exames que seriam necessários para Ginny, mas nada permanecia lícito na minha mente, porque eu só conseguia pensar no fato de uma das minhas melhores amigas estar grávida de um criminoso altamente perigoso e procurado pelas maiores agências do mundo.

De acordo com que os minutos se passavam, eu pensava com mais clareza e me lembrava das frequentes vezes que ela havia passado mal nos últimos meses e em como ela ficou destruída depois que Josh partiu. Será que ela já sabia naquela época? E o mais importante: Por que ela não nos contou sobre isso?

– Eu preciso vê-la. – Sussurrei mais para mim mesma e me levantei, mas senti a mão de Colin me puxar de volta.

– Você precisa se acalmar primeiro. – Falou ao pé do meu ouvido e acariciou minha mão. – Não pode entrar assim lá, está muito alterada.

– Eu vou ver a Ginnifer, Colin. – Rangi os dentes. – E eu aconselharia você a não ficar no meu caminho. Não agora.

Levantei-me novamente e vi que Lana fez o mesmo, mas Jerry aproximou-se de nós e falou com a expressão séria e fechada.

– Vocês não vão poder vê-la agora... – Começou a falar.

– Mas, Jerry... – interrompi, porém recebi um olhar duro que me fez encolher. Ele nunca havia me olhado daquela maneira.

– Vocês foram treinadas para saberem lidar com as emoções e não deixar que elas as ceguem. – Começou a andar e sinalizou para que o seguíssemos. – Os médicos deram alguns calmantes para a agente Goodwin e ela dormirá pelas próximas horas, então vocês voltarão para o trabalho.

– Vamos fazer o relatório detalhado da missão e entregaremos para o senhor em algumas horas. – Lana falou com a voz meio abatida, mas ainda assim, firme.

***

Havíamos voltado para a sala do nosso chefe, e Colin nos seguiu em silêncio até lá. Sentei-me no sofá, que ficava um pouco mais afastado de todos, e esperei em silêncio até que as atividades fossem designadas. Eu realmente precisava trabalhar, porque se ficasse parada, enlouqueceria com tantas informações que tomavam meu cérebro.

– Esqueça o relatório dessa missão. – Jerry falou com pressa. – Vou precisar sair urgentemente, então que fique claro que vocês trabalharão com o diretor da D.S.S. para traçar uma estratégia para captura dos Wholdinov. E isso é uma ordem!

Suspirei fundo e olhei para Colin, que estava apoiado na porta de vidro da sala. Eu ainda não acreditava muito naquela história de redenção familiar, mas não estava com disposição para discussões, então apenas aceitei as ordens vindas de Jerry.

– Vamos fazer um cronograma de reconhecimento da missão com tudo que ambas as partes sabem sobre os alvos. – Falei, ignorando o olhar perfurante do meu ex-namorado. Ou do meu quase ex-namorado. Ou seja lá o que ele for agora.

– Nós não tínhamos nenhuma cópia do HD que foi roubado por medidas de segurança, mas tenho alguns arquivos antigos que não foram arquivados no banco de dados da agência. – Colin falava enquanto se aproximava da mesa de Jerry. – São vários e vários arquivos em papel. Posso conseguir que tragam aqui.

– Isso seria bom.  – Meu chefe respirou fundo e remexeu uma de suas gavetas. Depois entregou uma pasta cheia de papéis para Lana.  – Essas são as fichas de alguns novos recrutas. Preciso que você avalie cada um deles, depois me entregue um relatório completo de quem está apto para a terceira fase de seleção.

– Claro, mas o senhor tem certeza? – Questionou. – Quem faz a seleção é...

– Lana, na minha ausência eu confio plenamente em vocês, então preciso que assuma essa responsabilidade. – Ele falou e minha amiga confirmou com a cabeça. – E Jennifer, você ficará responsável pela coordenação das missões de campo e sobre as divisões internas até que eu volte. Então, qualquer um que precisar de algo, virá até você.

– Jerry, eu... Você... – Fiquei sem saber o que falar.

Eu sabia lidar com valentões e criminosos, até conseguia me controlar diante do fato do meu namorado ser um super espião e diretor de uma agência secreta, mas eu não podia assumir esse papel na S.I.O.H.P. Não podia mesmo!

– Eu não vou conseguir lidar com tudo isso. – Murmurei. – Não agora.

– Não estou perguntando se você consegue e nem pedindo sua opinião. – Levantou da cadeira e abotoou o terno. – Estou dando ordens expressas de onde quero minhas agentes na minha ausência. E eu sei que elas vão saber lidar com as coisas, afinal fui eu quem as treinou.

– Sim, senhor. – Confirmei com a cabeça e senti a mão de Jerry no meu ombro.

– Eu não pediria tais coisas se não fosse realmente importante e urgente. Muito menos se não tivesse certeza de que dão conta. – sussurrou e encarou a mim e Lana. – Volto assim que possível, e deixarei Liz e os demais agentes cientes das minhas decisões.

Esperei até que ele saísse da sala para relaxar meu corpo. Lana foi a primeira a se levantar e quebrar o silêncio mortal e sufocante que havia se instalado na sala. Jerry havia agido de uma maneira muito estranha, mas eu não moveria um dedo sequer para entender o porquê daquilo, estava cansada demais para qualquer tipo de situação.

– Nós estamos tão ferradas. – folheou a pasta, mas logo parou e me encarou. – O que você acha que houve com ele?

– Não sei, mas nunca vi Jerry tão alterado e preocupado. – Falei e fui até a sua mesa.

– Vocês acham que tem alguma relação com Joshua e Ginnifer?  – Colin perguntou enquanto tirava a parte de cima do terno. Prendi um pouco a respiração ao acompanhar os movimentos dos seus músculos que estavam marcados por uma camisa social vinho. Ele havia trocado o terno rasgado, e só então percebi que ainda vestia a roupa da festa de gala.

– Não sei... – Lana apoiou as mãos na cintura e o encarou. – A única coisa que tenho certeza é que se tentar algo como nos trair irá se arrepender, garanhão.

Assim que terminou de ameaçar Colin "sutilmente", Lana deu um leve tapinha no seu braço e saiu da sala.

Enquanto estávamos novamente a sós, me permiti pensar mais uma vez em tudo que ele havia dito. Se aquilo fosse verdade, o que eu faria? Estávamos embarcando em uma missão conjunta e perigosa, e apesar de tecnicamente já ter namorado um espião, eu não fazia ideia da verdade, então não sabia como reagir a toda aquela situação.

– Jennifer... – Ele esperou alguns segundos para se aproximar, mas a cada passo que ele dava em minha direção eu dava outro para poder me afastar.

– Não faça isso. – murmurei. – Eu posso ter aceitado trabalhar com você, eu posso até fingir que me importo, mas eu não quero nenhum outro tipo de contato entre nós dois, Colin.

– Eu não acredito que você ainda possa achar que tudo foi uma brincadeira ou parte da missão. – Enfiou as mãos no cabelo e andou furioso pela sala. – Você também não me contou quem era. Você também mentiu.

– Eu sei... – gritei. – Por isso mesmo que não consigo mais olhar para você e não pensar que ambos mentiram e que apesar de quantas vezes você fale, nós dois estávamos envolvidos demais nas nossas respectivas missões que não nos entregamos de verdade um ao outro. Eu cansei de viver relacionamentos a base de mentiras.

Meu coração batia em um ritmo acelerado e minha respiração ofegante. Colin parou de andar e me encarou com a sobrancelha arqueada.

– Como assim relacionamentos a base de mentiras? – Questionou. – Isso já aconteceu com você?

– Isso não importa...

– Isso já aconteceu com você, Jennifer? – foi mais duro.

– Sim.

– Você me disse que seu primeiro namorado tinha sido... – Parou de falar e esfregou o rosto com as mãos. Ele já havia conectado os pontos. – Quem realmente era Sebastian? Ou isso também foi outra mentira?

– Eu descobri que ele era um agente da CIA. – endureci minha expressão e o encarei. – E ele não morreu em um acidente, mas foi assassinado enquanto salvava a minha vida. Satisfeito?

– Salvava sua vida? – sussurrou e andou em minha direção. – Ele foi morto por quem?

– Nathaniel.

– Aquele ordinário... – Colin cerrou os punhos e travou o maxilar. Sua raiva era evidente, então achei melhor me distanciar, mas antes que eu pudesse sair de perto dele, sua mão enlaçou minha cintura e me puxou para perto do seu corpo. – Jennifer, eu não sou um anjo, e já fiz coisas das quais me arrependo, mas me apaixonar por você não está entre elas...

Eu podia sentir sua respiração roçar minha pele e a ponta do seu nariz acariciar minhas bochechas.

– Colin, não torne as coisas mais difíceis...

– Eu acredito que cada uma das escolhas que fiz me trouxe para perto de você, então tudo que passei valeu a pena. Eu não estou disposto a perdê-la.

Então em instantes seus lábios estavam colados aos meus em um beijo calmo e cheio de paixão contida. Suas mãos apertaram minhas costas e eu enfiei meus dedos entre os fios do seu cabelo. Naquele momento eu me sentia realmente calma e sem um turbilhão de perguntas sem respostas na minha mente, eu sentia que podíamos resolver todas as coisas que aparecessem, e essa sensação era mais que reconfortante.

O beijo se aprofundava a cada segundo e agora nossas línguas dançavam uma dança perfeita e sincronizada, cheia de desejo e urgência. Colin agarrou mais o meu corpo e me apertou contra uma parede. Ele parecia ter a necessidade insana de tocar cada parte minha, ascendendo em mim todos os tipos de desejos possíveis.

Quando a falta de ar já queimava os meus pulmões, me afastei um pouco, mas mantive os olhos fechados, porque sabia que assim que os abrisse a realidade voltaria à tona e me levaria para o mar de confusões que minha vida se encontrava. Senti a mão de Colin acariciar o meu rosto e logo depois beijos foram deixados pelo meu pescoço e braços, e quando abri os meus olhos o peguei me encarando.

– Combinações perfeitas são raras em um mundo tão imperfeito, Jen. – Sussurrou. – E quando se trata do amor, quando se ama alguém como eu te amo, você precisa ir fundo. Todo o resto que se dane! Por que se não for assim, você será o tipo de pessoa que se arrepende pelo resto da vida. Então não espere nem por um segundo que eu desista de nós dois.

Ele não estava mentindo. Cheguei a essa conclusão no momento em que ele terminou de falar essas coisas. Era impossível alguém mentir daquela maneira. Eu também o amava, e isso era um fato irrevogável.

– Você não vai querer fazer parte da minha vida. – Abaixei a cabeça e encarei o chão com medo que ele visse que, por mais que negasse, tudo que eu queria falar era que acreditava nele de todo meu coração e implorar que ele não o destroçasse. – Da minha verdadeira vida.  

– Deixe que eu decida isso. – Segurou o meu queixo e me fez encara-lo.

– Não. – fitei os seus olhos e fui tomada por um pensamento aterrorizante. Nikolai já havia me torturado uma vez, buscando por informações que me neguei a dar, mas se ele descobrisse que eu amava alguém daquela maneira...

Como um lampejo de lucidez tomei coragem para fazer o que fosse necessário para manter nós dois vivos naquela missão. O amor é uma fraqueza a ser explorada pelos nossos alvos, e eu não arriscaria as nossas vidas dessa maneira, e mesmo que eu morresse de dor, aquilo seria necessário.

 – Não existe mais espaço na minha vida para você, Colin. – Forcei um olhar frio e calculista e o encarei. – Eu não te amo como achei que amava. Você era a maneira que eu havia encontrado de me distanciar da vida dupla como agente, mas agora que sei a verdade, que você também pertence a esse mundo, não faz sentido continuar com isso.

Ele deu um passo para trás e me encarou. Seus olhos haviam ficado um pouco mais escuros e sua expressão não era mais a mesma de alguns segundos atrás enquanto nos beijávamos. Senti como se tivesse levado uma série de murros na boca do estômago. Na verdade, acho que doeria menos ser nocauteada do que ver sua expressão de derrota no momento.

– Eu não acredito em você. – Manteve a voz firme.

– Eu fui treinada para ser uma máquina implacável e sem sentimentos. – Passei a mão pelo cabelo e assumi uma postura rígida enquanto falava com a garganta seca.  

Eu estava completamente em pedaços por dentro, mas por fora eu era uma pedra de gelo, fria e impenetrável. Eu o amava sem sombra de dúvidas, e depois do nosso beijo eu tive certeza de que ele estava falando a verdade sobre sua verdadeira identidade secreta, então eu não deixaria que meus sentimentos por ele o colocassem em risco durante a nossa missão. Eu não cometeria o mesmo erro duas vezes, então não o deixaria morrer por minha causa como aconteceu com Sebastian. Dei as costas para ele e permaneci firme, seria tudo mais fácil se eu não o encarasse nos olhos.

 – Não existe mais um “nós”. Apenas uma missão a ser cumprida. – Tentei ser o mais seca possível, mas cada uma das palavras parecia queimar minha garganta. – Você será apenas um meio para que eu conquiste meu objetivo.

– Você pode negar o quanto quiser, Jennifer, mas não será a mim quem estará enganando. – Enrijeceu os ombros e andou em direção à porta, mas parou antes de atravessa-la. – Vou esperar aqui fora até que você se troque, temos trabalho a fazer.

Com certeza as coisas não seriam mais fáceis daqui pra frente.

É um fato constante na vida de qualquer um: se está ruim, não reclame, por que as coisas podem ficar ainda pior.

E era exatamente isso que estava acontecendo.

***

02h39min da madrugada. – Base da S.I.O.H.P. – Los Angeles, California.

Grandes montanhas se estendiam no fundo da paisagem que eu observava, e o bosque parecia estar cheio de vida. Não sei se era a forma como eu preferia enxergá-lo ou se essa era mesmo a realidade, mas durante várias vezes na madrugada, eu me levantava da cadeira e observava a imensidão que se estendia através da janela da minha sala.

Eu e Colin estávamos presos por horas na agência tentando resolver os problemas da missão. Eu já havia lhe contado tudo sobre a invasão na agência, de como descobrimos quem era Nate e onde ele estava preso e, depois de alguns minutos cansativos convencendo Colin de que não adiantaria nada ir até a base da CIA tentar interroga-lo, seguimos adiante.

Uma vez ou outra eu direcionava algumas missões de prisão e outras de reconhecimento, mas nada que me custasse muito esforço, por que sem sombras de dúvidas o mais desgastante daquela noite foi ter que ver a expressão séria do rosto de Colin e fingir que seu distanciamento não me afetava.

– Quando fomos designadas a essa operação, Jerry nos deu pouquíssimas informações. – saí de perto da janela e fui até o computador. – Tudo girava em torno de um foto embaçada e arquivos tarjados pelo governo. Eu me lembro de que Ginnifer conseguiu triangular a localização de um descarregamento de armas que aconteceria no Texas...

– Também me lembro desse descarregamento. – Colin me interrompeu. Ele estava rodeado de papéis, mas atento a cada palavra que eu dizia. – Recebemos essa informação de um agente disfarçado em uma gangue que não me recordo o nome agora. Eu deveria saber que Jerry enviaria recursos, por que um dos meus agentes descobriu que vocês foram mandadas para a perseguição e suponho que você conheça o desenrolar da história.

Afirmei com a cabeça e me sentei à mesa, eu me lembrava muito bem da bagunça que havia sido esse dia. Senti minha cabeça lateja, então peguei um remédio na bolsa e tomei rapidamente, depois voltei a folhear os papéis.

– O HD tinha alguma outra informação que se lembre?

– Nós o usávamos pouco, mas uma vez eu o abri e encontrei algumas pistas sobre eventos e locais frequentados pela família. Foi nessa época que vi Josh pela primeira vez, em Londres. – Fitou os meus olhos. – Mas no banco de dados dizia que Nikolai tinha dois filhos, então fui atrás dessa informação, e foi quando cheguei até Ivan Belick, pai de Meghan.

– Ela está presa por cumplicidade com o pai. – Mostrei os arquivos para ele. – Consegui algumas cópias de emails que ela trocava com Nathaniel, e ela sabia sobre a invasão a agência, mas a coitada sempre foi apenas um peão.

– Sim, ela era incumbida de espionar Josh, por isso me aproximei dela assim que cheguei à faculdade.  

– Eu nunca te vi com ela. – Me ajeitei na cadeira e o encarei, franzindo o cenho. – Diferente do que foi com Helen.

– Isso é uma pitada de ciúmes, Jennifer? – Sorriu debochadamente.

– Para ter ciúmes eu precisaria sentir algo por você. – As palavras saíram com um gosto amargo da minha boca, mas eu me fazia acreditar que era o necessário. – E ambos sabemos que não é o meu caso.

– Continue repetindo isso pra si mesma, quem sabe assim você consiga acreditar. – Cruzou os braços sobre o corpo e continuou. – Enfim, seria muito mais útil estar perto de Helen. Estranhamente, Josh tinha algum tipo de relação com ela, mas não era algo romântico como eu imaginei de início. Parecia ser algo mais complexo que isso.

– Como assim? – Questionei, me lembrando das várias vezes que Josh havia defendido aquele projeto de gente, e de quando Ginny falou que os viu abraçados no campus.

– Não sei ao certo, mas quando fiz alguns acordos com Ivan, ele ainda era o sócio de Nikolai, e me contou que Nadia Wholdinov teve vários abortos espontâneos até conseguir ter um casal de gêmeos... 

– E você acha que Helen pode ser a filha de Nikolai? – perguntei, perplexa.

– Não seria algo absurdo dadas as circunstâncias.

– Infelizmente a sua teoria não poderá ser confirmada. – Falei, e ele me encarou com a sobrancelha erguida, então eu continuei: – Nikolai está em uma cruzada pessoal contra a nossa agência. A nossa operação nasceu há cerca de vinte anos, porém houve um acidente no processo e uma criança acabou morrendo. De início, não liguei os pontos, mas quando ele me capturou e me torturou, ele disse algo que me chamou a atenção. Ele afirmava que a S.I.O.H.P. pagaria pela morte da filha dele.

– Calma... – Seus olhos estavam arregalados. – Aquele cretino te torturou? Quando?

– Foi quando eu te falei que havíamos sofrido um acidente e Natasha e Diana estavam lá em casa. – Fechei os olhos e involuntariamente senti um arrepio na espinha. Aquela não era uma experiência que eu gostaria de reviver.

Colin ficou calado por alguns segundos e eu pude observar como ele ficava ainda mais lindo quando estava concentrado no trabalho. Diferente da impressão que ele passou quando chegou à faculdade, ele parecia ser sério e comprometido, parece que realmente conseguiu enganar a todos com o seu disfarce.

– E se a filha dele não tiver morrido? – Falou de repente. – Por que como você explicaria o sumiço repentino de Helen e de Josh?

– Helen desapareceu?

– Sim, alguns dias antes do Sr. Dallas.

– Mas então por que Nikolai inventaria tudo isso? Por que tanto trabalho para ter uma vingança falsa? – perguntei, mas Colin parecia ter descoberto uma mina de ouro pelo sorriso que estava no seu rosto.

– Talvez ele não saiba que ela está viva. – foi até o computador e me mostrou uma ficha de um banco de dados – Há algumas semanas, eu descobri que Helen é filha adotiva de um casal rico que mora em Chicago, então suponho que nem mesmo ela saiba que possa ser irmã de Josh.

Levantei rapidamente da mesa e liguei o interfone. Pedi a um dos agentes que encontrassem Lana na sala de seleções urgentemente e avisasse que havíamos encontrado algo.

– Nós temos que ir atrás dela agora mesmo. Não temos o luxo de perder tempo – Vesti minha jaqueta e coloquei minha arma no cós da calça.

– Eu já fiz isso, mas não a encontrei, Jennifer. – Veio em minha direção com as mãos apoiadas na cintura.

– Eu sei exatamente onde ela está. – Sorri satisfeita e agradeci mentalmente por Ginny ter tentado espionar o namorado dias atrás. – Na casa do possível irmão dela.

No mesmo instante, alguns sensores da minha mesa começaram a apitar e a tela do computador detectou um sinal de alerta. Corri até o aparelho e tentei identificar o que estava tentando passar pelo nosso sistema de firewall, pedi a Colin que montasse um algoritmo assimétrico para que conseguíssemos rastrear o IP, mas fui interrompida por certo rebuliço do lado de fora da sala.

– Continue tentando, volto em um segundo. – corri para o lado de fora e, assim que bati meus olhos na pessoa que estava atrás de Lana, fiquei paralisada. Não era possível. O universo só poderia estar de brincadeira com nós três. – O que está acontecendo aqui?

Um homem mais velho e musculoso se virou para mim e me encarou. Eu o reconhecia dos corredores da agência, mas não me lembro de já ter conversado com ele.

– A agente Parrilla parece não ter entendido que esse setor é privado e os recrutas não podem ultrapassá-lo. – Falou bem irritado.

– E o grandão aqui parece não entender que eu sou superior a ele na escala de comando... – Lana estava com as mãos na cintura e o rosto vermelho, então se eu não fizesse algo ela acabaria dando uns belos chutes na bunda do pobre agente.

– Deixem que ele passe, não temos tempo para isso agora. – Fitei o homem e vi sua expressão se endurecer.

– Eu tenho ordens... 

– Eu disse para deixar que o recruta passe. – Fiz minha melhor expressão de chefe e mantive a postura enquanto me aproximava e fitava os seus olhos. – No momento sou eu que dou as ordens aqui, então sugiro que me obedeça, ficou claro?

– Sim, senhora. – Foi tudo o que ele disse.

Indiquei a entrada ao recruta que estava com Lana, e esperei até que ela passasse por mim.

– Eu vou querer saber essa história? – Perguntei.

– Quando eu mesma entender tudo, você será a primeira a saber.

Concordei com ela e entramos na sala. Colin pareceu não se dar conta de que tínhamos companhia, estava bem concentrado em seu computador.

– Nós descobrimos algo importante sobre Josh, mas parece que ele mesmo que revelar mais algumas coisas. – ele falou e eu o encarei, confusa. – O que aconteceu agora pouco não era nenhum tipo de invasão, mas sim uma tentativa de comunicação. Ouça isso.

Apertou alguns botões e a voz de um homem ecoou pela sala:

“Meu nome é Joshua Dallas Wholdinov e eu tenho um recado para a agente Morrison” 

 A voz de Josh estava calma, mas estava um pouco mais dura e fria do que me lembro. Apesar de tudo eu ainda não consigo vê-lo como o terrível exterminador da qual ouvimos várias historias.

 “Em algumas horas, te enviarei um endereço e então, o seu relógio estará correndo. Você terá uma hora para me encontrar, e sugiro que apareça sozinha.”

Todos na sala se entreolharam e depois mantiveram o olhar fixo em mim.

O que ele poderia querer comigo?


Notas Finais


Hummm, o que Josh quer com a Jen, hein??? Algum palpite?
E essa história da Helen ser uma Wholdinov??? Verdade ou mentira? 🤔
Breno e Belaaa, gostaram de seus papéis??? kkkkkk, parabéns pelo acerto, migos! Já pensaram em tentar um teste para recrutas da S.I.O.H.P.? kkkkk
No prox capitulo teremos mais duas aparições de leitores que nos mandaram e acertaram algumas teorias!!!!!!

Galeraaaa, temos uma novidade: fizemos um Instagram pra VS! Lá a gente vai postar algumas coisas relacionadas à historia, aos personagens, trechos dos capítulos e outras coisas mais. Quem tiver interesse e quiser seguir a gente por lá, o ig é esse aqui: @vs.oficiall

Bom, isso é tudo. Esperamos que tenham gostado do capitulo. Até o próximo! Beeeijos <3


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