História Vermelho - Capítulo único.

Vermelho.

A cor fria de um azul cor-de-tempestade, essa tingia os olhos dele. A frieza dela povoava-os, aumentando a frieza da lamina de aço que seu olhar era.

Tudo indicava azul. Dos gestos calculados e medidos, aos modos apáticos. Do sangue puro e Malfoy que ele carregava, aos cabelos do mesmo tom da prata sonserina. Indiferente, sombrio, misterioso e Scorpius. Tudo o que atraia aquela leoa, povoava aquela serpente de modos tão frios quanto seu sangue.

Para ela, nunca houve dúvidas sobre a cor; somente do tom. Seria ele o marinho, o meia-noite ou o acinzentado? Quem sabe o celeste? Tantas ramificações, opções, que ficava difícil decidir, ele se encaixava em todas. 

Contudo, naquela noite, ela se descobriu errada. Ele era a última cor que ela imaginava, a última que a ele poderia ser atribuída, a única que não passou pela imaginação dela: o vermelho luxúria.

No momento que os lábios frios se chocaram contra os seus, tão ávidos e hábeis que Rose não ofereceu resistência e se entregou, tudo pegou fogo, tudo se incendiou e ganhou o tom do mais vivo de vermelho. Ele era quente, firme. Não uma simples faísca, não uma chama qualquer; era um incêndio inteiro.

Um incêndio forte como o feitiço Fogo Maldito, que consumia tudo que tocava, que transformava qualquer coisa a miseras cinzas. E Rose não estava ligando em se queimar, em ser consumida e dragada por aquela chama forte; na verdade, ela estava almejando ser transformada em cinzas pelos lábios hipnóticos. Por isso, enlaçou os braços ao redor da nuca dele e pediu por mais.

—Scorpius —gemeu. A neve que cobria toda Hogwarts, todo o castelo, não era páreo para ele; não era fria o suficiente para resistir ao calor dele. Os lábios dele saíram dos dela e o frio se abateu contra Rose. Quase gemeu de desgosto por ele se afastar.

Isso somente por um segundo, pois no seguinte ele segurou seu queixo e disse: —Weasley, amanhã vamos a Hogsmeade juntos. —A afirmação era certeira e, novamente, o frio aço dos olhos dele atingiram-na, mas dessa vez, incandescente com o próprio calor. Rose não tinha objeções.

Depois disso, ele se despediu com um selinho na testa dela. Sorrindo, Rose murmurou, para ninguém em especifico:

—Ele é o tom mais quente de vermelho, ele é a minha cor preferida —subiu para a Torre da Grifinória. Ela iria para um quente quarto, aplacar a frieza de sua pele; ele iria para uma masmorra fria, para acalmar o calor de sua alma.

Sequer se lembrou que haviam brigado. Era um motivo bobo, de qualquer forma. Agora, tudo o que deveria fazer era chegar na torre e falar com as amigas, tentariam chegar a um consenso de que roupa ela iria usar na manhã seguinte.