História Vermelho Alaranjado - A flauta transversal mais doce

Yoongi ainda gostava de deitar-se na rede e admirar o pôr do sol infinito que se estendia no horizonte.

Sempre fora fã daquele céu meio pincelado, uma mistura de alaranjado e carmesim que tinham uma espécie de atração magnética pelos olhos do moreno.

Ele gostava de dar formas as nuvens.

E quando pássaros passavam por ali migrando para uma região mais quente, ele contava-os em um silencio quase palpável.

Yoongi sempre gostou de silêncio.

Esticava as pernas e aproveitava do balanço suave na rede, quase fechando os olhos e permitindo-se entregar ao sono de uma vez; teve um dia longo e cansativo.

Mas antes de dormir, ouvia – sempre baixinho – aquelas canções entoadas por um flautista que morava ali perto daquela casinha abandonada no meio do nada.

Embebedava-se nas notas suaves e precisas que o flautista tocava com uma maestria descomunal. Era quase um rito diário. E na quinta canção o silencio voltava a imperar naquele breu longe da cidade.

Perguntava-se internamente o motivo do flautista sempre parar de tocar, assim, abruptamente.

Seria assim tão amador que só soubesse manear o instrumento e soprar a flauta naquelas quatro primeiras canções?

Ria de sua curiosidade e acabava por adormecer finalmente.

O flautista era atraído pelo céu assim como o vizinho que ouvia suas composições tortas sem nem pagar ingresso todo finzinho de tarde.

Recostava-se no batente da porta e limitava-se a deixar um pequeno repuxar apossar os lábios finos.

Hoseok sorria por poder ver de sua varanda uma pequena obra de arte pincelada a cores vivas e tão realistas quanto seus sentimentos ao soprar a flauta transversal que herdara de seu irmão.

No final o céu foi tudo que lhe restou, e sentia-se a pessoa mais especial por poder compartilha-lo com o mundo inteiro.

Não era nem um pouco egocêntrico.

Simples.

Hoseok era simples.

De fato, não possuía bens ou riquezas; era só ele e o céu meio alaranjado meio carmesim.

Mas então um baixinho resolveu bater em sua porta em um daqueles finaizinhos de tarde em que parava mais uma vez na quarta canção daquele que era um ciclo infinito.

“Porque a quinta canção sempre fica pela metade?”

E passaram-se dias e meses, a presença do mais velho se tornou tão natural quanto tocar a quinta sinfonia que evitava em todos aqueles anos.

E sem perceber, Hoseok tocava a flauta, nas notas certas soprava pelos buraquinhos a quinta e última canção.