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História Vermelho e Violeta - Um a menos, faltam duzentos e trinta e três


Escrita por: LavenderFrost

Notas do Autor


Era para ser um capítulo de explorar personagens, mas no fim acabou mesmo sendo de enfoque nos principais mesmo.

Aproveitem

Capítulo 6 - Um a menos, faltam duzentos e trinta e três


Lucas logo adormece. Saio da cama para não atrapalha-lo e desligo a TV. Vou até a janela aberta, apoiando meus braços no parapeito. Ainda estava quente, mas nuvens pesadas de chuva já dominavam o horizonte. Tanto a garagem da casa de Lucas quanto a do hospital era coberta, então não me incomodava com isso, até queria que chovesse. Chuva sempre foi ótima para me fazer parar de pensar nas coisas errada, que é o que mais tem me acontecido.

Eu já não me arrependia mais da minha decisão. Ter me vendido a Lucas foi uma coisa boa em geral. Eu só tinha que me ater ao cumprimento das regras e separar o que eu sentia do que o que eu poderia demonstrar, do que o que eu poderia falar. Eu desfrutaria todo o momento possível, deixando para me preocupar com a queda assim que ela acontecesse. Eu tinha quem me seguraria nesse momento, então não tinha medo. Se eu fosse me preocupar desde agora, não aproveitaria nada.

E o culpado de tudo isso estava ao lado, dormindo todo espalhado na cama. Ali, calmo, como se não fosse o culpado de nada, como se tudo estivesse indo bem em sua vida. De certa forma, estava. Claro que eu não podia ter certeza, mas era melhor pensar assim, era mais fácil de xingá-lo. Merda, eu o achava fofo até dormindo, alguém me dá uns choques que eu estou precisando. Da próxima vez, vou pedir para Bia bater-me com força na cabeça, para ver se tudo volta ao lugar.

Sentia vontade de me entregar todo a ele. De certa forma me sentia protegido, como se todas as coisas ruins que pudessem acontecer eram solucionáveis. Poderiam ser pesadas, dolorosas, mas não seriam impossíveis. Era diferente do que eu sentia com vovó, que era que nada poderia dar errado, que ela sempre saberia o que fazer. Era algo que puxava-me para a realidade, me mantinha no chão e, de certa forma, diminuía meu constante medo de não conseguir prever tudo o que aconteceria ao meu redor, para estar preparado para tudo.

Borderline é uma coisa horrível. Alguns dias eu estava tão mal que até respirar parecia desnecessário, que nada tinha sentido. Qualquer coisinha poderia desencadear uma crise depressiva. Eu poderia ficar bom por dias, e, sem motivo aparente, queria desaparecer, fugir do mundo. A dor constante no peito, esse sentimento de vazio que me tomava. Eu tentava meu melhor para esconder os piores momentos, para não deixar ninguém desnecessariamente preocupado.

Se fosse possível simplificar minha doença, era como não se importar com nada e me preocupar com tudo. Era não querer sair da cama porque nada tinha sentido, mas não querer ficar nela, para não preocupar ninguém. Era querer desaparecer do mundo por sentir-me inútil e fazer o meu melhor pelas pessoas que eu amo. Eu sentia a necessidade de pensar em tudo o que poderia acontecer, por mais improvável que seja, para não ser pego de surpresa, não por medo de ser ruim, mas simplesmente para sentir que eu conseguia ser capaz de algo.

Doutora Viviane uma vez me deu um bom exemplo de como eu me sentia. Em um casamento, todo mundo comenta da beleza da noiva, do seu vestido, do lugar quando via as fotos. Mas ninguém se lembrava do fotógrafo, só quem o contratou. Eu me sentia assim. Eu queria fazer parte da vida das pessoas que gosto, mas queria ser invisível muitas das vezes. Eu queria ficar o mais próximo possível, mas longe o suficiente para não machuca-los. Agora, tentar dar sentido nessa loucura toda, só mais loucura.

Lucas se remexe na cama, parecendo acordar. Vou até seu lado e me inclino para um beijo, sendo puxado para ficar sobre si na cama. Não queríamos falar nada, só ficar perto. Eu estava ficando muito dependente da presença dele e torcia para que ele ficasse da minha. Sinto seus dedos acariciarem minha bochecha. Eu não queria olhar em seus olhos e ver algo que eu não queria. Prefiro fechar os meus e beijá-lo.

 

Chegamos no hospital perto das quatro horas, com Lucas devidamente vestido. Ele reconhece o caminho até o quarto em que o irmão ficava, nem percebendo que ia naquela direção. Nós estávamos de mãos dadas, desde que saímos do carro. Como alfas adquirem sua maioridade aos dezesseis anos, não havia problemas. Ele volta a realidade quando o puxo em direção ao quarto.

Seu rosto calmo, ainda mais enfaixado do que eu gostaria, tinha uma expressão neutra, mas eu jurava que via um sorriso. Dona Gláucia ou alguma de suas amigas tinha vindo mais cedo, ou depois que eu saí ontem, pois um vaso com algumas íris surgiu na cabeceira da cama. Eram as flores favoritas da vovó, ela dizia que eram por ser da mesma cor que os olhos de minha mãe. Eu me sentia bem sabendo que vovó recebe visitas de outras pessoas além de mim, que outras pessoas também se preocupavam.

Enquanto estávamos no quarto, contei um pouco do meu passado para Lucas, que parecia ouvir atento. Estávamos lado a lado no sofá, com ele me abraçando pelo ombro. Eu preferi falar simplesmente que meu pai não me quis, não a história toda. Era melhor assim. Ele o xingou algumas vezes, o que me fez sorrir e ajudar nas ofensas. Não sabia quanto tempo tinha passado quando o celular tocou. Pensei que fosse Daniel, mas era o apelido de Eduarda que aparecia.

Ele pede licença e vai atender no corredor. Eu fico acariciando a mão de vovó. Eu ainda não sabia, e nem queria saber, como e onde fora o acidente, só porque ela estava na rua aquela hora. Eu sabia que era errado, mas me culparia se conseguisse de alguma forma. Um enfermeiro entra para ver se estava tudo bem. Ele estava do meu lado quando Lucas entra. Foi engraçado ver seu rosto quando ele me puxou a si. O enfermeiro parece ter percebido, porque riu também. Ele me disse que vovó não tivera nenhuma recaída, mas que mesmo assim, pela idade, sempre vinham checar como ela estava.

Quando o celular toca novamente, o alfa o atende sem sair do quarto. Eu ri baixinho, mas não disse nada. Quando ele fala o nome do irmão, eu sabia que logo iríamos sair. O enfermeiro retira algumas faixas, troca alguns curativos, enfaixa novamente alguns lugares. Eu vou até a cabeceira e dou um beijo em sua testa. Ela estava bem e isso era tudo o que importava. Levaria tempo, mas com isso eu acho que consigo lidar.

 

A casa do amiguinho de Daniel era até perto da de Lucas, o que deixou o alfa descontente, afinal, se fosse longe, ele teria uma desculpa para não deixa-lo sair. Quando ele vê o irmão o esperando na rua, abre um sorriso, que se fecha quando percebe que estava ao lado do amigo um pouco mais alto que si. O olhar vira assassino quando os dois se despedem com um abraço. Eu já estava ficando com dó do pequeno, nem quero imaginar o que Lucas fará quando ele começar a namorar. Será que é possível fazer um seguro de vida alheia?

Atraio a atenção do alfa com um aperto em seu braço. Consigo sussurrar um “não começa” antes que Daniel entrasse no carro, senão eu tinha certeza que começaria a baixaria. O pequeno parecia tão feliz que parece ter contagiado o irmão, que não fez nenhum comentário sobre o amiguinho do ômega. Quando chegamos já começava a escurecer. Cada um vai tomar seu banho sozinho, o que foi difícil de ser compreendido pelo alfa. Fomos todos ver TV na sala até a fome chegar. Elizabeth tinha deixado tudo pronto, só precisei esquentar e fomos todos para mesa. Lembrei da ligação no hospital.

- O que sua prima queria? – O alfa engole antes de responder.

- Nossa, quase esqueci de te falar. – Será que é porque me viu ao lado do enfermeiro, senhor ciumento? – Ela “sugeriu” que todos viessem aqui amanhã para nadar. – Eu ri com as aspas que ele fez no ar. – Provavelmente vão querer ficar bebendo e talvez na piscina, mas é uma boa, está calor mesmo. Quer chamar alguém? – Só percebi agora que mal conhecia a casa de Lucas, nem sabia que tinha piscina.

- Vou ver se a Bia quer vir. – O pequeno nos olhava curioso, parecia querer participar. – E você Daniel, quer chamar alguém? – Ele parece um pouco envergonhado antes de responder.

- Eu queria chamar o Vinny. – Ele fala baixinho. Não faço a menor noção de quem seja, resolvo arriscar, baseado em sua vergonha.

- Foi com ele que você passou a tarde, né? – Ele balança rapidamente a cabeça, feliz. – Só temos que ligar para...

- Não! – O alfa fala alto, me cortando. – Chama outro amigo, esse não. – Levo automaticamente uma mão à minha cabeça, pressentindo a dor que viria.

- Por que? – O pequeno fazia uma cara de bravo, que para mim só deixava ele mais fofo. Será que vai funcionar com Lucas?

- Porque não. – Alfa imbecil. – Enquanto nosso pai estiver fora, você tem que me obedecer. Eu não quero aquele garoto aqui, entendeu? – O pequeno levanta da mesa chorando, assim que virou o corredor para subir as escadas, ele grita contra Lucas.

- Odeio você! – Isso afeta o alfa, que tapa a cara com uma mão, respirando alterado.

- Lucas, deixa ele chamar o amigo. – Seguro sua outra mão, que estava fechada em cima da mesa.

- Eu não quero ver o Dani andando com... com... – Ele não termina, só bufa em frustração.

- Com ele aqui, você pode conhece-lo melhor e então tirar suas conclusões. – Ele parece ponderar por um minuto.

- É diferente, ele não pode ficar muito junto de um alfa, Ariel! – Oh, já que é assim...

- Tudo bem, eu entendo. Vou ligar para Bia me deixar passar uns dias na casa dela.

- Por que? – Ele muda de frustrado para confuso. É alguma coisa.

- Ué, você mesmo disse que não quer um ômega andando com um alfa, só estou te ajudando, não? Você tem que dar o exemplo para seu irmão. – Eu quase vou ao canto da boca limpar o cinismo que escorria.

- Você sabe que eu não falei assim!

- Então me fala um bom motivo, só um. Se me convencer, fico quieto, se for ruim... – Deixo a ameaça no ar. Não tinha muita coisa que eu poderia fazer agora além disso. Eu também estava jogando com minha sorte, já que ele poderia ligar o foda-se e me mandar embora também. – Estou esperando, Lucas...

- Eu... eu... ele não podia esperar mais uns vinte anos antes de pedir uma coisa assim?

- Eles são só amigos. Ele provavelmente vai ficar apavorado com você de qualquer jeito. Acho que só com isso você já atrasa um possível interesse dos dois por pelo menos cinco anos.

- Ainda não concordo com isso. – Essa era a forma dele aceitar. Consegui.

- Você pode limpar aqui enquanto vou falar com ele? – Ele consente e toco-lhe os lábios com os meus. Quando ele começa a querer algo mais, eu o paro. – Depois que escovar os dentes. – Ele bufa sem falar nada e me deixa subir. Chego na porta do quarto do pequeno e bato. Ele ignora e bato de novo

- Vai embora. – A voz era chorosa e ao mesmo tempo parecia um pouco abafada. Eu entro e vejo que ele chorava no travesseiro. Ele me percebe e atira o travesseiro em mim, mas sem força. – Vai embora! É tudo culpa sua! – Eu estranho, não fiz nada, eu acho. Ele se senta contra a parede e esconde a cabeça entre os joelhos.

- Dani... – Ele me olha bravo por usar o apelido do seu irmão. – O que eu fiz?

- Por sua culpa o Lu brigou comigo! – Ah, esses irmãos... Onde fui me meter. Vou até seu lado e me sento. – Sai daqui. – Ele tenta me empurrar, mas não consegue. Entrego o travesseiro de volta e ele logo esconde o rosto nele.

- Desculpa Dani, eu não queria que vocês brigassem.

- Queria sim!!! – Ele grita através do travesseiro.

- Por que você acha isso? – Ainda bem que meu instinto de ômega me mantinha calmo nessa hora, não que eu fosse bater no pequeno ou qualquer coisa, mas se eu ficasse ansioso ou desesperado, não resolveria nada.

- Porque você quer tirar ele de mim!

- Claro que não, pequeno. – Ele me olha confuso. – O Lucas vai ser para sempre seu irmão.

- Você jura? – Confirmo. – Então por que ele brigou comigo? – Eu não seguro uma risada e ele me olha feio.

- Desculpa. Ele ficou com ciúmes do seu amigo, Dani.

- Ciúmes? Por quê?

- Aquele bobão acha que você vai querer ficar mais com o Vinny do que com ele.

- Eu gosto do Vinny, mas eu gosto bem mais do Lu. – Para ele era óbvio isso, para mim também, só não era para o alfa imbecil.

- Não se preocupe, eu já convenci ele a deixar. Daqui a pouco vamos ligar para a casa do Vinny, tá bom? – O sorriso dele se abre, tão grande que faz as bochechas tentarem esconder os olhos. Limpo o caminho das lágrimas com minhas mãos e ele pula em meu colo, me abraçando.

- Obrigado Liel – Eu o abraço de volta. Mais um apelido para mim...

Fico com Daniel até Lucas aparecer na porta. Consigo convencê-lo a ligar para os pais de Vinicius e pedir se o garoto poderia vir aqui nadar e, não sem algum esforço, a passar a noite aqui. Ele me dirige um olhar assassino, então saio correndo até o banheiro, escovar meus dentes. Era cedo ainda, então ligo a TV do quarto e começo a assistir qualquer coisa que fosse interessante. A chuva começa a cair forte lá fora. Por sorte eu tinha fechado a janela do quarto que tinha aberto mais cedo.

Pouco depois vem o primeiro trovão. O barulho alto só perde para o grito que ouço vindo do corredor. Corro até lá e vejo Lucas trazendo Daniel em seu colo, que chorava de medo. Faço um carinho no rosto de cada irmão. Lucas deita em seu lugar na cama, com Daniel usando seu ombro como travesseiro e agarrado em seu braço. Vou até meu lugar, rindo um pouco, e agarro o outro braço do alfa, que começa a rir também. Aproveito e convido Bia que concorda. Afinal, era provável que ainda estaria calor amanhã.

A cada trovão o pequeno dava um grito e se escondia contra o irmão. A chuva parecia ficar mais forte com o passar do tempo. Como a noite ficaria frio, procuro um cobertor para nós, colocando na cama e cobrindo todos. Lucas reclama, mas só sai quando tem que ir ao banheiro. Daniel vem um pouco hesitante em minha direção. Eu então vou até ele, que sorri e não reclama quando eu me deito no lugar do seu irmão.

Ele parecia com sono. Ajeito o travesseiro e ele aproveita e se deita de costas. Eu fico virado para ele, fazendo cafuné até que ele adormece. O alfa imbecil já tinha saído do banheiro sem que eu percebesse e estava lá, olhando nós dois com um sorriso idiota no rosto. Ele se deita atrás de mim, conseguindo alcançar Daniel com seu abraço. Eu estava feliz, tanto por Daniel me aceitar, quanto por Lucas ter me ouvido e controlado um pouco seu ciúme. Eu começava a me sentir parte dessa família, o que era bom e, ao mesmo tempo, não era.

 

Eu diria que ser acordado era algo horrível. Por um despertador era muito pior, mas por pessoas também era. A menos que a pessoa em questão estivesse quieta, dando beijos e leves mordidas em meu pescoço, com sua respiração quente batendo contra minha nuca. O fato de ter uma de suas mãos brincando com meu pênis e esfregando o seu contra mim era apenas um bônus. Um grande bônus.

- Bom dia, gatinho. – Ele geme rouco meu apelido, fazendo-me suspirar.

- Bom dia. – Eu ia me virar, ainda de olhos fechados, mas quando meu braço encosta em algo macio na minha frente, meus olhos se abrem mais rápido que o saudável e seguro a mão que me “animava”. – Lucas, para com isso, seu irmão tá aqui! – Eu sussurro, mas tinha certeza que ele tinha ouvido.

- Ele tá dormindo, é só você ficar quietinho que tudo bem. – Ele começa a me masturbar com vontade, mas eu não tinha condições de fazer isso. Vou com minha mão dentro de sua boxer e envolvo seu pênis com minha mão. – Gatinho safado.

- Ou você para... – Faço as unhas tocarem a parte sensível e, pela primeira vez, sinto aquele alfa com medo.

- Você não faria isso... – Eu tinha certeza que ele queria se impor com essa fala, mas ela saiu tão fraca que eu tive que me conter em não rir.

- Faria, e se insistir faço pior. – Ele reclama, mas cede. Ajeito melhor a pouca roupa que usava e me viro para ele. – Eu te compenso depois. – Eu o beijo, sentindo o sorriso safado em seus lábios. Quando sua mão desce novamente para minha bunda e a aperta, dou um beliscão em sua barriga, que o faz me soltar. – Eu disse depois, tarado.

- Culpa sua que me deixa sempre assim. – Ele pressiona seu membro rígido contra o meu, suspirando bem perto do meu ouvido. Eu tinha segurado a respiração para não fazer nenhum som impróprio e decido me levantar antes que ele me fizesse mudar de ideia.

Felizmente ele não vem atrás, senão eu tenho certeza que cederia. Vou fazer café para realmente acordar e pensar em coisas fofas para... desacordar... algo. Já com tudo pronto, os dois descem juntos, animados. Como alguém consegue ficar assim antes do café? Eles são estranhos. Daniel estava animado pelo fato de passar o dia todo com Vinicius e por incrível que pareça Lucas não parecia irritado. Eu tinha certeza que ele estava tramando algo. Pobre garoto.

Após o café, Lucas me falou um pouco do que ele tinha combinado com Eduarda. Tudo o que tínhamos que fazer era limpar o local que ela cuidaria do resto. Chamar os amigos, trazer comida e mais bebidas. Mais, porque o senhor barril de pinga ao meu lado tinha quantidades pornográficas de álcool pela casa. Pelo menos tinha refrigerante suficiente para mim e para as crianças, já que Bia também gostava de uma cervejinha, mesmo sendo menor como eu.

A área da piscina era grande. Eu até pensaria um comentário maldoso relacionando esse exagero no tamanho das coisas com, digamos, a falta de proporções do pai de Lucas, mas isso seria muita maldade e eu nunca faria isso. Lucas tinha visto se a piscina estava boa ontem assim que acabou de lavar os pratos do jantar, mas precisava tirar as folhas que caíram, por causa da intensa chuva.

Falando nela, o tempo estava nublado e ventava bastante, mas isso provavelmente mudaria até o meio dia. Lucas também limpou a churrasqueira, elétrica, eu fiquei com o resto. Eu fui me trocar bem a tempo, quando entrei no quarto a campainha toca. Daniel estava comigo. Eu tinha combinado com ele que nós iríamos até a casa do Vinicius assim que Bia chegasse, mas ele estava tão animado que não sei se conseguiria esperar. Eu só queria ter certeza de não deixar o pequeno alfa e Lucas sozinhos.

Bia entrava assim que eu descia as escadas. Ela parecia um pouco acanhada, o que não era o feitio dela, sempre tão expansiva. Não me preocupei muito, depois de um tempo ou de umas cervejas ela ficaria melhor. Eu a faço deixar sua bolsa na sala e já a arrasto para fora comigo e Daniel, que segurava minha mão. Explico o motivo para a beta, que ri e concorda comigo. Quando chegamos no quarteirão da casa, Daniel corre e toca a campainha. Se ele não fosse tão fofo eu estrangularia o pestinha. Chegamos a tempo de ver a mãe se despedindo do filho com um beijo na bochecha, que o deixou vermelho e limpando o local.

Era bonitinho ver os dois andando lado a lado na rua. Eles vez ou outra esbarravam as mãos de tão perto que estavam, mas não pareciam se incomodar com isso. Vinicius carregava uma pequena mochila nas costas, provavelmente roupas que sua mãe separou para o tempo que ficaria conosco. Assim que chegamos o pequeno ômega segura a mão do pequeno alfa e o leva até seu quarto. Eu fiquei muito feliz de Lucas não ter visto essa cena, ou ele teria mais um ataque. Bia pega sua bolsa e vamos guiados pelo som até a piscina.

Todos pareciam já ter chegado, pelo menos todos os amigos de Lucas que eu conhecia estavam ali. Tinham duas betas que eu nunca tinha visto, mas pelo modo como estavam abraçadas aos caninos betas, deveriam ser suas namoradas. Lucas e André conversavam perto da churrasqueira, mas eram Eduarda e Mateus que efetivamente faziam alguma coisa por lá. Chegamos mais perto e Lucas me puxa para si.

- Cadê o pestinha? – Finjo não entender sobre quem ele falava. – Não começa gatinho. – Ele faz um bico emburrado que me faz rir.

- Eles subiram para o quarto do Dani. – Eu percebi que ele queria se mover. – “Não começa gatinho”. – Tento imitar sua voz, mas sai tão ruim que mal consegui terminar sem rir.

Como eu pensei, o sol brilhava forte e o calor já incentivava as pessoas a trocarem de roupa para entrarem na piscina. Lucas tinha sido o primeiro, seguido pelos pequenos. Foi difícil fazer Daniel usar as boias, muito provavelmente por estar ao lado do amigo, mas demos um jeito, pelo menos nenhum dos dois reclamou do protetor solar. Eu também entrei não muito depois. Bia tinha ficado conversando com André, e eu percebia uma troca sutil de olhares impróprios entre eles. Isso seria interessante.

Além do churrasco, fizemos alguns mini cachorros-quentes e, perto das duas, ninguém queria mais saber de comer. Os pequenos, enrolados em toalhas, foram jogar alguma coisa no quarto. Bia e André tinham “desaparecido” e os caninos e suas namoradas tiveram que sair pouco tempo depois. Eu me apoiava na beira da piscina, de olhos fechados, logo sentindo o cheiro do alfa que se aproximava.

Ele beija meu ombro, depois me virando para si. Ele estava abaixado, deixando só a cabeça fora da água. Eu o abraço e aproveito e enlaço sua cintura com minhas pernas, deixando ele me carregar. Ele se encosta na borda e começamos a nos beijar, até os desaparecidos entrarem na piscina, atraindo a atenção de todos e virando alvo de algumas provocações, até que decidem ligar o foda-se e ficaram abraçados como nós estávamos.

- Hey, gatinho. – Eu estava com a cabeça em seu ombro, só mordo seu pescoço como resposta. – Você foi muito malvado comigo hoje. – Eu ia falar alguma coisa, mas ele me corta. – Acho que você merece um castigo. – Com uma de suas mãos ele afrouxa o nó de minha sunga e com a outra entra por minha sunga.

- Lu-Lucas – Eu seguro um arrepio que vem até mim quando ele começa a introduzir um dedo em mim. – Tem gente aqui! – Eu tento parecer bravo, mas sussurrar não passa muita confiança. Quando ele começa entrar e sair com o dedo eu volto a esconder minha cabeça contra seu ombro, mordendo hora seu ombro, hora seu pescoço para não deixar som escapar.

- Isso é castigo por ser malvado comigo. – Ele insere outro dedo, quase me obrigando a enfiar o rosto dentro da água para não gemer. Droga, eu tenho certeza que ele não pararia. A não ser que...

- Lucas... – Eu gemo baixinho em seu ouvido, conseguindo fazê-lo parar. – Se você parar agora, te faço uma surpresa hoje a noite. – Ele enfia fundo os dedos, me fazendo perder o ar.

- Qual surpresa? – Ele parecia interessado, acho que tenho chance.

- Eu prometo que você vai gostar. – Apesar do meu corpo estar adorando o que estava acontecendo, ele parece se aliviar, e reclamar, quando os dedos saem.

- Eu vou cobrar, viu? – Ele amarra minha sunga, depois dando um último aperto em minha bunda.

Demorei alguns minutos para ter coragem de olhar novamente nossos convidados. Eles pareciam não ter percebido nada, mas meu adorável cérebro fazia cada olhar em minha direção parecer acusatório. Mas na hora de pensar em como seduzir o alfa, ele funciona direitinho. Continuamos na água, quando já passava das quatro os pequenos voltam a para a piscina, nos fazendo brincar com eles.

 

Eu admito que estava um pouco ansioso pelo que eu iria fazer para “compensar” o alfa. Já passava das dez horas quando os pequenos foram dormir. Eu tinha feito Lucas esperar na sala. Na verdade eu tinha dois planos para aquela noite. O primeiro era fazê-lo perder a cabeça, usando esse fetiche dele de me querer usando roupas femininas. Isso provavelmente seria “suficiente”, mas o segundo plano era para mim. Eu queria me entregar para Lucas. Afinal, por mais que eu insistisse em não querer falar, eu estava me apaixonando por aquele imbecil.


Notas Finais


Ômega, unidos, jamais serão vencidos. ômegas, unidos, jamais serão vencidos. Espera, já tá gravando?
Como deu para perceber, próximo capítulo acontecem coisinhas. Antes de mais nada, esse não é um universo ABO padrão, então não esperem nada demais, viu?

Kissus na pontinha do nariz.


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