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História Vermelho Fluorescente - Capítulo 9 - Que dia agradável!


Escrita por: mochileirao

Capítulo 9 - Capítulo 9 - Que dia agradável!


Júlia Batista estava fazendo uma faxina em seu apartamento “novo”. Estava ouvindo Molejão e Raça Negra enquanto tirava o pó dos móveis. Não sossegava enquanto enxergasse uma sujeirinha qualquer. No orfanato era ela quem limpava de verdade aquele lugar,dando de dez a zero nos funcionários da limpeza. De repente Júlia ouve batidas fortes na porta,que mais parecia uma tentativa de arrombamento. Júlia logo pegou o espanador de pó e apontou para a porta.

—Caralho,me deixa entrar nessa porra logo!—grita Dandara.

Júlia abaixa o objeto e vai abrir a porta para Dandara,que entra correndo, se debatendo e sacudindo a cabeça. Júlia fica ali observando o chilique de Dandara na sala,que cada vez mais piora.

—Ahn...boa tarde para você também,Dandara.—diz Júlia de braços cruzados.

Os braços de Dandara estavam vermelhos com marcas de arranhões, pois Danda havia se coçado demais. Estava ofegante e com uma expressão de horror e choro no rosto suado. Os cabelos estavam bagunçados.

—Isso é alergia ou o que?—pergunta Júlia se aproximando aos poucos.

—Não encosta em mim!!! Eu...eu vou tomar um banho!—grita Dandara tirando a roupa ali na sala mesmo.

—Dandara,por favor,tira a roupa quando estiver no ban...esquece.—diz Júlia fazendo uma careta para o corpo nu de Dandara.

Dandara corre até o banheiro,liga o chuveiro e deixa a água fria bater em seu corpo ardido por conta do ataque de coceira. A negra ainda está amedrontada com a cena das aranhas caindo sobre si quando abriu o guarda-roupa. Assim como sua vida, o guarda-roupas de Dandara é uma bagunça e sempre que alguém o abre caem roupas sobre a pessoa. Só que dessa vez,além de roupas,havia aranhas de todos tipos. Danda teve um calafrio só de lembrar. Júlia se aproxima do banheiro muito confusa com a visita e nudez inesperada.

—Danda,pode me dizer o que você tá fazendo aqui?

—Tá falando como se a casa fosse sua...—diz Dandara.

—Nossa,não precisa falar assim também.

—Desculpa,eu tenho o hábito de dar patada nas pessoas sem querer.

—É,né,percebi...

—Por que você não entra logo aqui? Já viu tudo o que tinha que ver mesmo...

Júlia ficou pensando alguns segundos,mas no fim entrou e sentou-se no vaso.

—Agora me diz...o que fizeram com você?

—Minha casa sofreu uma infestação de aranhas maluca. Eu tenho horror,fobia,pavor,medo,nojo,raiva de aranhas. Eu prefiro a morte do que uma aranha andando sobre mim. Cheguei em casa,fui pegar um pijama pra vestir depois do banho, abri o guada-roupa e veio uma onda de aranhas pra cima de mim,daí eu caí na cama e tinha mais um monte,então eu só saí correndo de casa,peguei um ônibus e vim pra cá. Algo me dizia que aqui não tem aranhas...ou tem?—pergunta Danda olhando para os cantos do banheiro.

Júlia ficou imaginando a cena em sua mente e começou a rir muito. Dandara revirou os olhos,fez uma concha com as mãos e jogou água em Júlia .

—Aí,pode parando de rir,vagabunda.

Júlia,com uma expressão surpresa,puxa a toalha,enrola e começa a “chicotear” Dandara,que está encurralada e tentando não ser acertada. Dandara continua jogando água em Júlia,que não para de bater nela com aquela toalha. As duas estão rindo bastante,até que Júlia tenta acertar o rosto de Dandara,que possui reflexos bons o bastante para desviar,segurar a ponta da toalha e puxar Júlia para o chuveiro. Júlia respira fundo e começa a dar pulinhos por conta da baixa temperatura da água. Dandara começa a rir e Júlia também,logo as risadas se juntam e se tornam uma só gargalhada super estranha.

Isack sai de fininho de casa após Miriã se despedir dele e de seu tio e vai a caminho do “apartamento da galera”,como Júlia Moreira batizou. Levou dois violões,pois sabia que encontraria Júlia Batista lá e nada mais romântico que ensinar sua “crush” a tocar violão sozinho com ela. Estacionou seu carro na calçada irregular da rua de trás para não ser visto e caminhou até o elevador. Indicou o 4º andar nos botões e quando chegou no terceiro andar começou a ouvir um som muito alto. Era um ritmo animado e contagiante. Chegou ao 4º andar e foi andando até o apartamento de Júlia,onde o som foi ficando cada vez mais alto. Entrou no local,que estava impecável de tão limpo.

—Júlia é a mais virginiana que eu respeito...—diz Isack surpreso com a limpeza.

Isack olha para o chão da sala. Roupas de escola jogadas no chão e sujas de graxa. O loiro faz uma cara de estranhamento e começa a procurar por Júlia na casa até ouvir gargalhadas no banheiro. Isack segue as risadas até o banheiro,onde Júlia está toda molhada e Dandara além de molhada,está nua.

—Meu Deus,tá repreendido em nome de Kátia, Mariléia, Roseane e companhia!—berra Isack com a cena— Mas que porra está acontecendo aqui?

Dandara arregala os olhos se esconde atrás de Júlia.

—Isack,calma! A gente só está brincando!—explica Júlia.

—Caralho,já imagino que brincadeira seja essa!—resmunga Isack indo até a sala.

—Viado...será que ele viu meu peito?—pergunta Danda.

—Eu sei lá...Mas são enormes,difícil não ter visto. Olha,vou trazer uma roupa pra você,fica aí,já é?

—Ok.

Dandara então esperou Júlia no banheiro,que trouxe uma toalha,um shortinho e uma blusa azul dos Beatles. Júlia se trocou e foi até a sala abaixar o volume do rádio e falar com Isack,que estava sentado abraçado em eu violão com uma expressão zangada em seu rosto.

—Então,Isack,não que eu lhe deva alguma satisfação,mas eu to acolhendo a Dandara aqui porque me parece que a casa dela está infestada por aranhas...

—Sei...realmente não me deve satisfação...

—Olha,algo me diz que isso tem dedo de Catherine.—sussurra Júlia.

—Parece que tem mesmo...

Dandara aparece na sala com as roupas minúsculas e apertadas de Júlia por conta do corpo magro de Batista. Seu cabelo está molhado e solto,caindo sobre os olhos da negra que recolhe suas roupas e senta no chão de frente para Júlia e Isack. Seu rosto está vermelho por conta da vergonha.

—É,Isack,eu...eu não...me desculpa,mas eu...

—Relaxa,eu já expliquei pra ele.—diz Júlia.

—É,mas eu não acreditei.

Júlia e Dandara o encaram com um olhar sério,mas Isack logo sorri.

—Estou brincando. Não me importo com o que vocês fazem sozinhas aqui...

—Ai,Isack,para com isso,cara. Diz aí,qual é desses violões aí.

—Eu vim ensinar a Júlia a tocar violão. Um dia desses ela falou que queria aprender e tudo mais.

—Vish,estou sobrando então?—pergunta Danda.

—Não é isso,eu só não imaginava que você estaria aqui. Mas já que está,quero que você procure o baixo velho da minha prima,ela deixa lá naquele quarto de bagunças no final do corredor.

—Mas Isack,pra que isso? Por que quer ensinar música pra gente?—questiona Dandara.

—Porque...música é legal,ué! Imagina se vocês gostam de tocar e a gente acaba virando uma banda?

Dandara fez uma careta pra Isack,mas foi procurar o baixo que o loiro sugeriu,deixando os dois sozinhos na sala. Isack entregou um violão nas mãos de Júlia e pegou o outro.

—Então,essa história de banda é séria mesmo?—pergunta Júlia.

—Totalmente. Eu sempre quis ser músico,sabe?

—Entendi.—diz Júlia segurando o violão e examinando-o.

Isack encara Júlia sem que ela perceba. O cabelo cheio,o rosto fino e simples da garota mexiam muito com a cabeça de Isack. Júlia percebeu que estava sendo observada e observou de volta. Isack ficou meio nervoso quando ela o olhou,mas mesmo assim não desviou o olhar. “Toma uma atitude e beija logo ela,desgraça” diz uma voz dentro de sua cabeça. Isack fechou os olhos e foi se aproximando. Júlia começa a sentir seu coração acelerando cada vez mais que Isack ia chegando e fechou os olhos também. Quando o beijo estava pra acontecer,Dandara liga os aparelhos que já estavam conectados (e no último volume) ao baixo elétrico de Júlia Moreira,pega o baixo e toca uma nota aguda,fazendo com que Isack e Júlia se assustem e batam de cabeça.

—Ih,caralho. Perdão,galera.—diz Dandara ao perceber o climão que criou.

Isack arregalou os olhos e lançou um olhar mortal para Danda,que respirou fundo. Júlia põe a mão sobre o local da pancada e começa a massagear.

—Tá tudo bem?—pergunta Isack.

—Tá sim...vamos começar logo.

—Ok...Danda,larga esse baixo aí e vem aqui ter uma aulinha de violão primeiro,por que eu não planejava ensinar baixo hoje,então senta aqui perto da gente pra começar a ter uma noção básica. O violão é o antecessor mais próximo da guitarra e é, consequentemente, mais velho em termos de história. Possui características próprias e várias técnicas que foram se desenvolvendo através dos violonistas durante a história e antes da criação da guitarra.

Antes da guitarra, o violão já possuía um vasto repertório e uma tradição técnica tanto popular quanto erudita.
Quando o violão se eletrificou e houve a criação da guitarra, outras possibilidades de se tocar surgiram devido às novas características desse novo instrumento...

 

A tarde toda se resumiu a aulas teóricas e práticas sobre instrumentos de corda em geral. Isack realmente entendia o que estava falando,as meninas ficaram impressionadas. Logo no primeiro dia de aula já aprenderam a tocar uma música que Isack ensinou. O loiro estava muito orgulhoso de si por ensinar suas amigas a tocar.

 

De repente o celular de Dandara começa a tocar. “Mãe” está escrito. Dandara lembra que deixou seu irmão em casa sozinho com as aranhas,sua mãe provavelmente está furiosa. Dandara respira fundo e atende ao telefone.

—Sua filha da puta! O que custa levar seu irmão com você? Deixou o coitado aqui sozinho! Vem pra casa agora!

—Me perdoa,mãe! Mas é que eu entrei em pânico! Você sabe que eu tenho horror,né?

—Foda-se! Vamos conversar muito sério quando você chegar aqui!

—Mãe! Não é culpa minha essa fobia! Já falei!

—Onde você tá?

—Tô na casa de uma amiga,ela...

—Que amiga? Você não falou de amiga nenhuma!! Tá me escondendo o que?!—grita dona Luci do outro lado da linha.

—Ah,mãe,fala sério. Fica calma que eu já estou chegando!

Dandara desliga o celular com ódio e medo de quando chegar em casa. Não só por causa das aranhas,mas também pelo esporro que vai ganhar de sua mãe. Não era uma adolescente problemática,mas quando vacila sua mãe pega pesado. Dandara se despediu de seus amigos e foi para casa.

Isack e Júlia estavam novamente sozinhos novamente. Isack ensinou mais algumas coisas para Júlia,que preparou pipoca para eles assistirem a um filme. Novamente aquele climão romântico caiu sobre eles e novamente foram atrapalhados,dessa vez pelo telefonema que Isack recebeu de seu tio furioso por Isack ter escapado do castigo.

Júlia se joga sobre o sofá e começa a tocar um dos violões que Isack deixou para ela treinar. “Que dia agradável” pensou. Ficou ali tocando por alguns minutos até ouvir novamente batidas na porta.

—Caralho,hoje tá foda...—resmunga.

Ajeitou o cabelo e foi até a porta atender. Quando abriu levou um susto.

—Júlia Batista Souza,18 anos,virginiana com lua em Áries e ascendente em Capricórnio. Órfã,comunista assumida e ex-mendiga.

—Andressa? Mas que porra é essa? Como você sabe disso tudo?

—Esse não é o ponto. Eu vim aqui pra tirar uma foto sua.—diz Andressa puxando seu celular e tirando uma foto de Júlia.

—Espera aí! Pra que é essa foto?

 

...

 



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