História Vernalagnia - New Spring

          Aquele lugar era uma mistura de vermelho, azul, laranja... todas as cores que já citaram para Eren e um pouco mais. O garoto simplesmente não conseguia raciocinar, era muita informação para seu cérebro e olhos compreenderem. Por que havia ficado assim com uma simples troca de olhares? Não sabia, mas precisava agir rápido.

— C-certo. — se virou e andou rapidamente até o balcão, entregando a anotação com o pedido e correndo para falar com Armin em seguida, este estava cuidando das coisas no caixa.

— O que foi, Eren? Você está vermelho. — o louro levou as mãos até a testa do outro, com o objetivo de checar sua temperatura.

— Armin, você é... — Eren passou os olhos pelo rosto do menor. Olhos azul piscina, pele pálida, cabelos dourados. — Tão... colorido.

— Obrigado, você também...? — a confusão era bem visível nos olhos azuis, que tipo de comentário era aquele?

O maior segurou os ombros do louro, sem quebrar o intenso contato visual.

— Armin, eu finalmente vejo o mundo, sabe? Como ele é. — era quase impossível para Eren conter o sorriso em seu rosto, seus olhos passeavam por todo o lugar, querendo memorizar cada parte dele.

— Oh! — o mais baixo finalmente entendeu o rumo da conversa. — Mas foi assim? Do nada? — perguntou enquanto puxava Eren para uma área um pouco mais afastada atrás do móvel de madeira, assim que teve certeza de que ninguém iria para o caixa tão cedo.

— Mais ou menos, começou quando eu vi aquele cara ali. — apontou para o homem que também parecia meio atordoado, olhando as flores de enfeite em sua mesa.

— Você não acha que ele pode ser sua Alma Gêmea? — o louro perguntou sorrindo.

— Alma... O que?

— Alma Gêmea. Você nunca ouviu falar? — a cabeça do moreno pendeu para o lado, deixando bem clara sua dúvida. — Alma Gêmea é aquela pessoa que te completa, aquela pessoa única na sua vida, entende? No caso — apontou para o cliente —, foi ele quem deu cor ao seu mundo, quem te completou. Sua Alma Gêmea.

— E o que eu faço agora? — Eren balançou suas mãos, a possibilidade de nunca mais voltar a ver sua "Alma Gêmea" estava lhe desesperando. Não queria que aquele homem saísse por aquela porta e nunca mais voltasse.

— Deixa comigo. — o louro deu uma piscada e sorriu, pegando nas mãos o pedido do homem que há pouco tempo ficara pronto. Usou uma caneta para escrever o nome de Eren no copo, juntamente de seu número de telefone.

O maior, que via toda aquela cena, arregalou os olhos. — Você 'tá louco?

— Louco para ver você desencalhar, sim. — respondeu, entregando o pedido para Eren. — Agora vai lá e faz seu charme, ordens do seu superior.

O moreno ficou com a face levemente avermelhada, sendo obrigado a olhar para baixo para esconder o rubor. Respirando fundo, andou em meio àquele lugar colorido, o copo sempre em mãos.

— A-aqui está o seu pedido, s-senhor. — não pôde evitar arfar um pouco, estava nervoso. Queria virar as costas e caminhar para o mais longe possível dali antes que o aparentemente músico lesse o que estava escrito em seu copo. Felizmente, ele não pareceu notar de primeira.

— Obrigado, garoto.

— Eren. — disse sem pensar, assim que viu a expressão confusa no rosto alheio, tratou de continuar. — Meu nome é Eren.

— Certo. — o homem pareceu sorrir por meio segundo. — Obrigado, Eren.

O garçom se virou e voltou para a parte de trás do balcão, seu coração estava palpitando como nunca antes.

— E aí, como foi? — escutou a voz cantante de Armin ao seu lado.

— Eu acho que estou tendo um ataque cardíaco junto de um AVC.

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Levi era incapaz de sentir cheiros. Para ele, até a flor mais perfumada tem um simples cheiro de... nada. E agora parecia que todas as melhores fragrâncias do universo estavam se apresentando para ele. Cheiros adocicados, perfumados e leves, como aquelas flores rosadas que repousavam na mesa. Levi pôde reconhecê-las como camélias, elas possuíam um cheiro distinto e agradável.

Todas aquelas informações estavam deixando Levi tonto. Era como um mundo novo para ele. Ele poderia dizer que ficou pouco tempo paralisado mas só voltou para a realidade quando aquele garoto que havia lhe atendido antes surgiu com seu pedido. Ele era consideravelmente alto, cabelos da cor de chocolate, olhos verdes profundos... simplesmente perfeito. O coração de Levi simplesmente se aqueceu com familiaridade. Trocaram poucas palavras e logo o garoto — Eren, como se apresentou — estava longe.

Levi deu um gole em sua bebida, muito boa por sinal, e pegou seu celular, ligando para a única pessoa que poderia lhe explicar algo naquele momento e que estava disponível.

— Hanji, eu achei ele.

— "Ele" quem, Levi? Seja mais específico. — a garota do outro lado do telefone murmurou.

— Minha Alma Gêmea, sua idiota. Quem mais poderia ser? — rolou os olhos mesmo a outra não podendo ver o ato. No entanto, ela pareceu se animar.

— Sério? Como ele é?

— Eu não sei explicar, só... perfeito. Como deveria ser.

— Que lindo! Qual é o nome dele?

— Eren... — disse em um tom baixo, rodando o copo em mãos, logo percebendo algo escrito em preto no copo de cor clara. — Espera! Hanji! Ele escreveu o número dele no copo!

— Aaaaaah! Meu Deus, você tem que ligar.

— "Ligar" quando?

— Se você ligar logo, vai parecer desesperado, se demorar muito, ele pode perder o interesse...

— Bah, eu ligo de noite, você é muito enrolada, mulher.

— Que seja, awn... meu bebê está crescendo!

— Vai se foder. — foi a última coisa que Levi disse antes de desligar na cara de Hanji. Sabia que a mulher estava acostumada com seu jeito rude de ser e não ficaria brava.

Ficou um bom tempo olhando o número estampado na bebida (tanto que conseguiu memorizá-lo), só para depois se levantar, catar seu violão e se dirigir para o caixa, já com o dinheiro e a bebida ainda não terminada em mãos.

— Pode ficar com o... troco. — disse para o louro que estava controlando o caixa. O mesmo sorriu, acenando enquanto Levi saía pela porta.

— Volte sempre! — foi o que gritou.

O de olhos acinzentados apenas teve tempo de olhar para trás, olhar em um ponto específico perto do balcão, onde estava um jovem de olhos esverdeados girando uma camélia em mãos, sorrindo de um jeito bobo enquanto balançava a cabeça.

— Eu certamente irei. — foi a única coisa que disse antes de desaparecer atrás da porta.