História Vestígios - VKook - Taekook - Nós vamos para casa

Yoongi, Jimin, Hoseok, Namjoon e Seokjin estavam todos sentados nas cadeiras do corredor do hospital em frente ao quarto 213 com semblantes entediados quando Dahyun chegou.

- OI GENTE! – Ela gritou espontânea ao chegar perto deles e foi recebida com um “shiiiiiiii” em uníssono. E um “Fica quieta, maluca”, da parte de Min Yoongi.

– Posso saber o que está acontecendo? Qual é a da cara de tédio? – Ela perguntou.

- Bom, estamos a semana inteira coordenando nossos horários para organizar essa visita coletiva surpresa. – Começou Namjoon.

- Eu sei gente, cês me chamaram. – Dahyun interrompeu.

Yoongi revirou os olhos.

- A questão toda, - Completou Hoseok – É que estamos aqui fora esperando a sessão de amorzinho dos dois terminar. Porque não queremos atrapalha-los, entendeu?

Dahyun ergueu as sobrancelhas e abriu um sorriso contente, correndo em direção à porta do quarto e pulando para conseguir alcançar o vidro e ver o que estava acontecendo lá dentro.

- Ai meu senhorzinho amado... – Jimin apoiou a cabeça nas mãos, impaciente. – Como é que o Taehyung namorou com essa coisa?

Dahyun voltou dando pulinhos até os meninos.

- O que vocês viram foi os dois sentados na cama sorrindo e conversando, certo? – Todos confirmaram com um aceno de cabeça – Jungkook está mostrando as fotos dos dois para Taehyung. Eles têm feito isso todos os dias agora. TaeTae me contou.

Todos soltaram um suspiro de alívio.

- Beleza, então já pode entrar né? – Perguntou Yoongi.

- Não pessoal, - Hoseok deu seu voto – Deixa eles terminarem a sessão fotográfica!

- Eu perdi muito tempo preparando essa refeição pra todo mundo. – Exclamou Jin – Se a gente demorar mais, vai acabar ficando tudo frio. E vocês sabem como o Jungkook adora tirar foto do Tae, devem ser mais de mil fotos, vai demorar uma vida isso!

- Mas meu povo, os dois estão recriando os laços! – Jimin opinou, recebendo uma careta de Yoongi, que resolveu reafirmar sua opinião.

- Sinceramente eles têm todos esses dias pra continuar recriando esses laços e vendo essas fotos. Os dois só ficam grudados o dia inteiro. E a maluca aqui – olhou pra Dahyun – Disse que eles vêm fazendo isso todo santo dia.

- Boa, Yoongi. – Concordou Namjoon – Bora entrar.

CAPÍTULO 5 – Nós vamos para casa.

Eu e Taehyung, depois de tantas semanas juntos, havíamos criado uma rotina diária até que agradável, considerando o fato de que morávamos em um hospital.

Durante a manhã íamos caminhar pelos jardins do hospital, e algumas vezes estendíamos o passeio até a tarde e almoçávamos no refeitório, quando aquela enfermeira carrancuda nos permitia. Finalmente havíamos nos livrado daquele maldito soro intravenoso, apesar de Taehyung ainda andar com aquela agulha dependurada na mão direita.

Depois do almoço nos sentávamos e ficávamos vendo as fotos do meu celular. Era a parte mais divertida do dia, já que eu sou um péssimo contador de histórias e Taehyung costumava ficar tentando adivinhar o que tinha acontecido no dia em que tiramos cada foto. E ele bolava as histórias mais malucas.

Mas quase nunca acertava nada. E quando acertava era por pura sorte ou dedução.

Com relação à memória do Taehyung, eu me sentia em um beco sem saída. Mostrava as fotos e contava as histórias, mas não parecia surtir o menor efeito nele. Tae parecia gostar, achar engraçado, mas não se lembrava de nada.

Só esperava o momento em que pudesse leva-lo para casa. Torcia para que os lugares familiares, os cheiros e as comidas pudessem talvez reascender aquela chama em seu cérebro que o faria recuperar todo o tempo que passamos juntos. Todos os obstáculos que ultrapassamos.

Tae e eu estávamos em uma de nossas tardes de fotos e vídeos, sentados os dois na cama de hospital quando a porta se abriu repentinamente e entraram Namjoon, Seokjin, Dahyun, Yoongi, Hoseok e Jimin.

- SURPRESA! – Eles exclamaram em uníssono e eu abri um sorriso de orelha a orelha ao vê-los.

- Que bonitinho, TaeTae está corado! – Dahyun apontou o dedo em nossa direção e eu automaticamente olhei para Taehyung, percebendo suas bochechas coradas e rindo abertamente da sua timidez. Apertei suas bochechas e ele recuou a cabeça, tentando fugir de mim. – Que fofinho, a cobra descerebrada está com vergonha. – Dahyun riu.

- Não se preocupe, Tae. – Hoseok aproximou-se, dando um abraço em Taehyung – Não é nada que nós não tenhamos visto antes.

- Até demais, diga-se de passagem. – Completou Yoongi.

- Yoongi hyung, eu já entendi a mensagem – Respondi, levantando-me da cama confortável e indo cumprimenta-los. – Mas eu tenho que ir mesmo. Vou me encontrar com a Dra. Choi.

- Vai ficar sem comida nenhuma, Jungkook – Avisou Namjoon – A gente tá morrendo de fome, ficamos um tempão lá fora porque...

- OPA OPA OPA – Dahyun gritou, impedindo Namjoon de terminar a frase. Ela e Tae tinham essa mania muito parecida, devo admitir. – Vai lá, Kookie querido, pode ir despreocupado que a gente cuida dele.

- Vindo de você, ele devia mesmo era se preocupar ainda mais.

- Yoongi e seus comentários super pertinentes. – Jin interveio. – É uma pena, Jungkook. Vou tentar salvar alguma coisa pra você também, mas acho difícil.

Sorri e acenei para todos antes de me virar e sair do quarto em direção ao escritório da Dra. Choi.

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Como sempre ela recebeu-me cordialmente, me dando montes de explicações com mil termos técnicos, dos quais eu não entendia absolutamente nada. Ela demorava um pouco para chegar ao ponto em que queria, e eu já estava me acostumando.

A Dra. Choi estava a par de tudo o que acontecia em relação à memória de Taehyung. E, segundo ela, o melhor remédio era dar tempo ao tempo. Colocá-lo em situações das quais ele estava acostumado mas não se lembra.

Conviver comigo 24h por dia com certeza era uma situação da qual ele estava muito acostumado. A que ele estava mais acostumado do que qualquer outra, visto que dividíamos o dormitório na universidade. Mas ainda assim, não havia adiantado nada.

- Sr. Jeon, eu sinto muito sobre a memória do Sr. Kim, mas não há nada além disso que possamos fazer.

Era o que ela costumava dizer.

- Quanto aos exames que pedimos da última vez, os resultados estão ótimos. A recuperação dele é excelente. – Ela sorriu – Claro que será necessária continuidade nas caminhadas diárias até que ele recupere totalmente os músculos das pernas. E também vamos ter que cuidar desse braço quebrado, mas em menos de um mês acho que ele estará completamente reabilitado.

- E a cabeça dele? – Perguntei, tentando chegar logo ao assunto principal.

- Podemos tirar os pontos nessa próxima semana. – Ela sorriu, satisfeita.

- E eu poderei leva-lo para casa?

- Sim, Sr. Jeon. Poderá leva-lo para casa.

Tombei minha cabeça para trás e fiquei olhando para o teto do consultório. Rindo feito bobo.

- Obrigado, Dra. Choi. – Agradeci, ainda rindo de orelha a orelha. Parecia que minha ficha ainda não tinha caído.

- Mas tem mais um assunto pendente, Sr. Jeon. – Ela ficou repentinamente séria – Sobre os pais do Sr. Kim, eles não foram avisados?

- Não. – Eu detestava aquele assunto mais do que todos – Taehyung nem ao menos perguntou por eles, então achei que fosse melhor esperar.

- Entendo que eles não estivessem se relacionando bem, mas estou ciente de que são os pais do Sr. Kim que pagam pelo plano de saúde do qual o senhor é responsável. Eles sabem que o Sr. Kim passou o plano para o seu nome?

- Não tenho certeza. – Menti – E Taehyung não se lembra.

É óbvio que eles não sabiam. Os pais do Tae nunca permitiriam me deixar responsável pelo plano de saúde dele. Na verdade, até antes do acidente nem eu mesmo sabia disso.

Foi tudo obra do Taehyung.

- Acho que o Sr. Kim já está num nível de estabilidade emocional que o assunto possa ser abordado. Não comentei mais nada durante essas semanas devido à perda de memória dele.

- Vou falar com ele – Concordei com a cabeça – Acho melhor tratar desse assunto em casa. E quanto ao ataque de pânico?

- Vi na ficha médica dele que ele já havia apresentado quadros de ataques de pânico quando pequeno. Nada mais comum do que algo do gênero se repetir nessas situações extremas de ansiedade pelas quais o Sr. Kim passou. Mas acho pouco provável que volte a ocorrer uma vez que ele esteja em casa.

- Então está tudo certo? Nós vamos para casa? – Me levantei da cadeira, louco para sair correndo dali e contar para Taehyung.

- Tudo ok, vamos tirar os pontos na sexta e sábado vocês estarão livres de mim.

- Obrigado, Dra. Choi – agradeci mais uma vez, enquanto apertava sua mão – Muito obrigado por tudo.

- Não foi nada. – Ela sorriu e eu já estava com um pé fora da porta do consultório.

Saí correndo até chegar ao tão familiar quarto 213. Agradeci aos céus que seria nossa última semana nele.

Abri a porta esperando ver todos ainda por lá, mas fiquei secretamente feliz ao ver Taehyung sozinho, sentado na cama com seus curativos na cabeça e seu braço engessado.

Finalmente aquilo iria acabar.

- Jungkook? - Ele levantou as sobrancelhas. – Todos acabaram de sair! Jin hyung tinha um compromisso e ia dar carona para todo mundo.

 Pulei na cama ao seu lado e me enfiei debaixo das cobertas.

- O que você pensa que está fazendo? – Ele me olhou como se eu fosse um maluco, mas eu não me importei nem um pouco – Jeon Jungkook? O que aquela médica te deu pra tomar, hein?

- A melhor droga que ela poderia ter me oferecido – Respondi, abusando mais um pouco da boa vontade dele e esticando meu braço ao redor da sua cintura. – Me deixa ficar assim, só um pouco. Eu estou muito feliz.

Taehyung me olhou com o semblante confuso, mas não pediu que eu saísse da cama e nem me afastou. Fiquei ainda mais feliz.

- Jungkook, você está sorrindo feito um maníaco. O que diabos aconteceu?

- Nós vamos pra casa, Tae. No sábado, nós vamos para casa.