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História VHS: Apenas Corra. - Capítulo Único - Apenas corra.


Escrita por: keepsake

Notas do Autor


EU NÃO ACREDITO QUE CONSEGUI!
Depois de dias achando que não conseguiria postar a tempo, aqui estou eu. Nem acredito nisso!

Para quem não está entendendo, estou participando do concurso They Never Know, e VHS é a minha fic para a 2ª fase. Estarei deixando o link da minha fic para a 1ª nas notas finais.

PS.: TEMA: FILMES (Fiquei com "O Chamado")
PS2.: COUPLE: XIULAY
PS3.: NARRADO PELO XIUMIN.
PS4.: POR FAVOR, ATENÇÃO NAS INFORMAÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA PARA QUE O ENTENDIMENTO NÃO SEJA CONFUSO.
PS5: ALGUMAS COISAS FORAM MUDADAS PARA QUE NÃO FICASSE IGUAL AO FILME.

Bem, acho que é isso.
Boníssima leitura a todos, e me perdoem qualquer coisa.

Capítulo 1 - Capítulo Único - Apenas corra.


VHS: Apenas corra.

 

 

"Minseok, você ficou sabendo do que aconteceu por essa região?" Lay, meu noivo, me pergunta do topo da escada do porão.

Termino de limpar o cano de um dos meus revolveres prediletos, e o carrego com as balas de ferro puro das quais passei a tarde as enchendo de pólvora. Em seguida, coloco-o de volta na mesa e me viro para Yixing. A luz da parte de cima da casa bate contra uma de suas faces, deixando-o com um ar sensual. Ah, como ele é lindo. Não vejo a hora de tê-lo somente para mim.

"Não. O que houve?"

Ele vem até mim e circunda a minha cintura com os braços. Está pensativo.

"Sabe a família Smith?"

"A que mora na mansão?"

Vejo-o hesitar.

"A que morava."

"Eles se mudaram?"

"Não." Ri em escárnio e me solta. "Quem dera se fosse só isso. Eles foram assassinados hoje de madrugada."

"Assassinados?!" Arregalo os olhos. "Todos amavam aquela família, isso é impossível!"

"Pois é, eu também pensei isso. Estão dizendo que todos morreram da mesma forma e ao mesmo tempo."

"Agora que você me disse isso, estou achando que é outra coisa."

"Exatamente por achar o mesmo que vim falar com você. Kris ligou para mim agora pouco, ele disse que virou até notícia de jornal na TV."

"Mais um motivo para termos que consertar a nossa velha companheira." Quis descontrair. "Sinto que estamos perdendo muitos casos por aí. Tirando que é muito chato ficar procurando casos pelo jornal."

Ele ri.

"É verdade." Faz uma pausa. "Então, estava pensando em dar uma passadinha por lá para descobrir a causa disso tudo."

"Algo me diz que foi um demônio. Esses filhos da mãe estão cada vez mais abusados para o meu gosto."

"Concordo." Então ele sorri, mordendo o lábio inferior. "Mas, hein... O meu dia foi bastante cansativo, sabia? Acho que precisarei de uma relaxada antes de irmos..." Beija o meu pescoço, deixando-me arrepiado. Fecho os olhos, aproveitando as sensações que ele me causa. Yixing consegue me deixar entregue num estalar de dedos. Ele leva as mãos até a minha cintura e a segura com força. Nossos corpos ficam colados e eu suspiro.

"Acho que posso cuidar disso..." Deslizo o dedo por sua clavícula e levanto o olhar para si, fingindo uma inocencia. "Até dar a hora de irmos àquela casa."

Sorrimos. O suficiente para que Yixing saiba que ganhou o meu sim.

 

x

 

As nuvens carregadas nos acompanham no lugar das estrelas. O frio nos rodeia, fazendo com que eu e Yixing procuremos algum canto mais aconchegante dentro de nossos casacos. Estamos parados em frente ao local do crime, examinando cada detalhe deixado para trás pela família e pela polícia. Tudo ali é importante para entendermos o que acontecera com aquela família.

O lugar está interditato. Faixas amarelas dizendo "cena de crime" estão por toda parte, inclusive na porta à nossa frente. Olho para Yixing, ele está abaixado com uma lanterna em mãos.

"Achou algo?" Pergunto.

"Não, nenhum sinal de enxofre por aqui."

"Acho que teremos mesmo de entrar."

Yixing levanta e caminha até a porta. Está trancada. Ele olha para os dois lados, certificando se alguém está nos observando, e então saca a arma. Faço o mesmo e lhe dou cobertura.

"Fique de olho para mim." Ele pede.

"Deixa comigo."

Um chute é dado e a porta se abre. Damos uma última checada no lado de fora, e partimos para dentro da mansão. Com a outra mão, busco a minha lanterna e a ligo. Yixing está bem a minha frente, concentrado no que faz. Lindo até quando está fazendo algo sério.

Continuamos andando até que chegamos à sala de estar. Com a ajuda de nossas lanternas, conseguimos ver que ela é gigante e repleta de detalhes clássicos nas paredes.

"Uau." Yixing acaba soltando. Sorrio, eu não sou o único extasiado com aquele lugar.

Giro e me deparo com uma mesa de centro. Acima dela, uma fita vhs como se tivesse sido deixada para trás. Eu estranho, achando que a polícia local ignorou o fato de uma fita cassete estar numa cena de crime em pleno século 21. Não usavam mais esse tipo de coisa, usavam? Talvez seja implicância minha, devido à carreira que eu e meu noivo fomos obrigados a seguir, mas como eu já disse, um mísero detalhe pode ser a chave para tudo.

"Yixing, olhe isto." Digo, ao segurar a fita. É uma como qualquer outra, porém o seu conteúdo pode ser o seu diferencial.

"Uma fita cassete? Sério que ainda usam isso?"

Rio baixinho.

"Eu pensei o mesmo. O mais estranho é que deixaram essa belezinha aqui para trás."

"Sorte a nossa, não é mesmo?" Ele sorri.

"Verdade." Guardo a fita dentro da minha mochila e volto a andar pelo local. "Kris vai ficar doido para saber o que tem nela."

Rimos ao lembrarmos da curiosidade do nosso amigo de trabalho. Kris mora a meia hora de nós, numa vila escondida, e também procura casos sobrenaturais, porém somente os que acontecem em torno da capital de Oregon, Salem. Ele é ótimo em analisar imagens de vídeos, já nos ajudou muito no início da nossa jornada.

"Minseok, venha ver."

Vou até ele. Está parado em frente à televisão gigantesca, usando uma expressão confusa.

"É realmente bonita. Ainda teremos uma, mas acho que a nossa velha com-"

"Não, não é isso. Olhe para o móvel, ele está molhado." E realmente está.

Isso está ficando cada vez mais estranho.

Pego o controle, que estava ao lado da TV, e aperto o botão de ligar. Nada.

"Não iriam jogar um balde de água numa televisão dessas." Ironiza Yixing.

Realmente, penso. Guio minha lanterna até o chão, e volto a falar:

"Também acho que não iria querer fazer uma piscina em plena sala de estar."

Ele olha e franze o cenho. Há uma poça enorme de um líquido desconhecido sob os nossos pés.

"Temos mesmo que olhar aquela fita." Ele diz.

Agacho e passo a ponta dos dedos no líquido. A textura era quase a mesma de água, tirando o fato de ter um cheiro horrível. E não era de enxofre.

"O mais rápido possível. Não sabemos com o que estamos lidando." Reergo o meu corpo. "E isso é realmente água. Estranha, mas é." Aponto para a poça, antes de sairmos em direção à saída da mansão.

 

x

 

7 dias antes

 

"Vocês são dois filhos da puta, hein? Mas no bom sentido da coisa, não se sintam ofendidos. Minha mente já está trabalhando no que pode ter gravado aqui dentro." Fala Kris, animado, ao sentar-se a sua mesa de trabalho. Ela é repleta de aparelhos de som, capazes de captar ondas sonoras quase impossíveis de serem percebidas pela audição humana.

Dou um tapa na sua nuca e me curvo um pouco para ficar na sua altura.

"Controle-se, querido. Antes de sair vendo essa coisa, preste atenção no que iremos te dizer."

Dou espaço para Yixing falar.

"Nós procuramos algo relacionado a essa fita, aparentemente amaldiçoada, e também às poças de água encontradas nos locais de crime."

"Esperem, esperem." Pede Kris. "Poças de água? Sejam mais claros."

"Nós fomos até o local, não fomos?" Eu pergunto. Ele faz que sim com a cabeça. "Próximo de onde encontramos essa fita, havia uma poça enorme de água. E ela tinha um cheiro muito ruim, cheiro no qual eu nunca havia sentido antes nesses anos de caça. A textura era meio gosmenta, também, mas era basicamente água."

"E essa tal poça estava em frente à televisão, que também estava molhada." Completou Yixing.

Kris pensa por alguns segundos, seu semblante é sério.

"É, até que vocês não são tão burros, não."

"Ah, cala a boca!" Eu e Yixing falamos em uníssono, acabando por rirmos no final.

"E vocês encontraram algo sobre essa fita?"

"Infelizmente, não. Então teremos de ser bastante cuidadosos."

Kris dá uma risada vangloriosa.

"A sorte de vocês é que eu fiquei bastante curioso sobre esse caso, e digamos que eu tenho alguns contatos..." Abre a gaveta e tira dali um envelope pardo. Aparenta estar cheio. "E com eles, eu consegui algumas informações sobre o ocorrido."

Folheio os papéis, eles continham uma espécie de conversa.

"Uma conversa?" Questiono.

"Não, melhor. Um depoimento."

"Mas eu ouvi dizer que ninguém sobreviveu." Comentou Yixing.

"Ninguém da família. Mas a empregada, sim."

Essa é a nossa chance, penso comigo mesmo.

"Nossa, eles só tinham uma empregada para limpar aquela mansão? Coitada." Ouço Yixing murmurar. Repreendo-o com o olhar e ele sorri, galanteador. Idiota.

"Ela diz aí que a família ficou recebendo uma ligação todos dias, e foram sete no total. Cada ligação que eles recebiam era um aviso de quantos dias faltavam. Ninguém fez nada a respeito, achando que era um trote de adolescentes, e os dias foram passando... Até que todos morreram. No sétimo dia."

"Isso está parecendo tanto aquelas lendas urbanas mal inventadas..."

"Sim, de início eu também achei, mas olhe só o que eu encontrei." Ele leva a mão até uma agenda antiga que caía aos pedaços, provavelmente de algum parente. Kris, assim como eu e Yixing, vinha de uma família de caçadores. Seus pais foram o motivo para que ele entrasse nessa vida - os dois foram assassinados por demônios. Kris, apesar de estar nisso em busca de vingança, se diverte bastante enquanto procura entender os casos. Ele sempre gostou de desvendar mistérios, principalmente os dos livros que ele lia quando adolescente. "Meu avô anotou no dia 13 de setembro de 1979 um caso semelhante a esse que estamos lidando agora. Ele conta que um garoto de 17 anos, John, assistiu a uma filmagem com a sua prima de mesma idade, e logo em seguida, o telefone fixo tocou. Não se sabe o que ela ouviu, porém..."

"Porém?"

"Eles morreram de parada cardíaca sete dias depois disso. Parada cardíaca com 17 anos? Tem algo de errado nessa história, vocês não acham?"

"Quiseram inovar dessa vez." Yixing tenta fazer graça, mas volta a ficar sério quando vê que não consegue. "Desculpe."

"Continuando..."

"É realmente muito estranho."

"Sim." Suspira. "A empregada está em estado de choque. Ela só viu o momento da morte, mas foi o suficiente para que ela ficasse nesse estado. Ela contou que todos pareciam estar com falta de ar, e depois caíram já sem vidas. Provavelmente em cima da tal poça que vocês viram. Ah! Já ia esquecendo o mais importante. A televisão estava ligada e com a imagem em baixíssima qualidade."

Respiro fundo. Tudo indica que tem a ver com a fita.

"Mas não é estranho? A polícia não levou a fita, e ela estava na cena do crime. Eu não sou do FBI, mas tenho noção de que qualquer coisa pode ajudar."

"Bingo!" Exclama Kris. "Eles não a encontraram. Ou melhor, ela não estava na cena do crime quando o FBI chegou. E eu percebi uma coisa." Aponta para a fita. "'Ela não diz como foi gravada. Isso é algo impossível de acontecer, pois todas possuem códigos de gravação."

Algo me diz que esse caso será complicado.

"Temos que nos preparar para o pior." Digo. Yixing me olha, parece um pouco alarmado com o que eu disse. "Nós iremos ver a gravação, pois deve conter pistas, e pensaremos no que vamos fazer depois disso." Faço uma pausa e balanço a cabeça, aceitando a situação. "Temos que acabar com isso, não podemos deixar com que mais pessoas inocentes morram. Temos que dar um fim a essa história. E eu irei fazê-lo, nem que eu morra para isso."

Yixing me pega pelos ombros e me faz encará-lo. Ele está sério.

"Não, ninguém vai morrer aqui. Ninguém, ouviu Minseok? Nós vamos encontrar um jeito de acabar com isso sem nos sacrificarmos. Se você não estiver disposto a seguir o que estou dizendo, então nós deixamos esse caso de lado agora."

Sorrio de lado.

"É por isso que eu quero me casar com você."

"Ora, ora, como é que é?" Intervem Kris. "Vamos assistir logo ou não? Quero colocar um pouco de emoção na minha vida, ela anda muito parada desde que me mudei para cá. Se não quiserem, irei curtir a festa sozinho."

Olho para Yixing, ele está esperando por uma resposta minha.

"Certo... Encontraremos um jeito. Um bom jeito."

Abraçamo-nos.

 

 

x

 

Sento-me ao lado de Kris sendo acompanhado por um Yixing tenso, e olho para a tela do computador. Estou pronto para ver a gravação.

"Está tudo certo?" Pergunto.

"Sim." Responde Yixing. "Uma e meia da tarde. Quando quiserem."

Kris estala os dedos, e os leva até o botão de play. Estou sentindo um frio na barriga, algo um pouco incomum para mim, então seguro a mão de Yixing. Ele percebe que não é o único nervoso e acarinha a minha mão.

O vídeo começa. Várias imagens distorcidas e aparentemente sem lógica alguma estão sendo reproduzidas. Passo a anotar tudo o que vejo: um farol, uma mulher se olhando no espelho, um vulto passando por trás dela, uma grande escada apoiada à parede. Juntando todas essas informações, nada faz sentido. Terei de entendê-las separadamente.

A gravação não dura mais do que um minuto, e a quietude toma conta do cômodo.

"Agora é só espe-"

O telefone toca no instante seguinte, assustando-me.

"Então é verdade..." Murmuro.

Yixing se levanta e vai até o telefone fixo de Kris, colocando-o no viva-voz.

Sete dias. Foi a única coisa que escutamos antes da ligação cair. Era a voz de um menino.

"E aí? Por onde começaremos?" Yixing pergunta após segundos de silêncio.

Levo meus olhos até as anotações que fiz. A coisa mais sensata que anotei foi o farol.

"Acho que deveríamos começar pelo farol que aparece nas filmagens. Quem sabe nós encontremos algo por lá?"

Yixing respira fundo.

"O que estamos esperando, então? O tempo está passando."

 

 

x

 

Os dias se passaram num piscar de olhos, e infelizmente não havíamos descoberto como acabar com a maldição, apesar de termos coletado muitas informações. Eu estava certo quando achei que esse caso seria bastante complicado.

Após muitas horas de procura, conseguimos localizar o farol - e ficamos surpreendidos. Yaquina Head Lighthouse, como ele é chamado, fica em Newport, uma cidade litorânea de Oregon. Pensávamos que teríamos de fazer uma viagem de dias, talvez, porém Newport fica a 207 quilômetros de Portland, onde eu e Yixing moramos, e também local do ocorrido. No total, deu umas três horas de viagem de carro. Melhor do que dias.

"Deixa eu ver se eu entendi." Falei, ajeitando o meu óculos. Estamos em nossa sala, o chão repleto de jornais antigos e papéis com anotações. "Supostamente, um garoto, Matthew Morgan, foi morto sufocado com uma sacola de plástico pela sua mãe adotiva, Kate, e depois jogado num poço onde moravam. A mesma o culpava por lhe provocar visões estranhas, acabando por obrigá-lo a dormir em um estábulo. Pelo pouco que nos disseram, Matthew, de apenas 8 anos, possuía habilidades paranormais, e por não conseguir dormir devido aos barulhos dos cavalos, acabou criando uma certa raiva dos animais, passando a controlar a mente deles."

"E as pessoas acham até hoje que foi algum tipo de peste que os mataram." Completa Yixing. "Tentamos falar com o pai do garoto, mas ele só faltou nos expulsar de lá na base da porrada. Ele tem a ver com isso, eu tenho certeza."

"Concordo." Bufo e esfrego as mãos no rosto. Falta menos de meia hora para completar os sete dias. "Yixing, estou cansado. Nós não conseguimos evoluir em nada, isso é frustrante. Eu..."

Abaixo a cabeça, arrasado.

"O que, meu amor?" Ele toma minhas mãos para si e as beija com muito esmero. Por um momento, olhando em seus olhos, todo o meu temor parece sumir. Saber que o tenho ao meu lado me dá forças para continuar nessa vida. Uma vez que você entra nesse mundo de caça, nunca mais sai, e não é por falta de vontade.

Mas sim porque os casos sempre virão até você.

"Eu... estou com medo. Medo de não conseguirmos achar uma solução para pará-la, ou para sairmos dessa ilesos."

Ele me puxa para um abraço, e eu faço um esforço para não chorar. Estou nervoso, sem saber o que fazer ou pensar.

"Shh..."

"Nós sempre conseguimos, Yixing, mas dessa vez..." Falo com dificuldade.

"Fique calmo, meu amor, vai dar tudo certo. Kris arrumará um jeito."

"Ele está com a cópia que eu fiz, não está?"

"Sim. E falando no Kris, você não acha que ele já deveria ter ligado para nós?"

"É verdade. Já se passaram horas e nada, nem mesmo uma mensagem."

"Mas ainda é o sexto dia. Será que dessa vez foi diferente?"

Meu coração congela e uma angústia preenche o meu peito. Será?

Pego o celular e digito o número dele com os dedos trêmulos. Estou torcendo para que seja uma preocupação boba, pois o sétimo dia ainda não foi completo.

"Eu vou ligar para ele."

Um toque. Dois. Três. Quatro. Para então a mensagem automática dele. Você ligou para o celular de Kris Wu, após o sinal, deixe o seu recado.

"Kris! Cadê você?" Pergunto, buscando as minhas chaves de casa, enquanto Yixing busca as do nosso carro. Essa seria a única vez que eu ficaria contente caso ele não estivesse ouvindo o telefone por estar dormindo. "Droga, Kris! Estamos indo para aí agora. Aguente firme!"

Yixing arranca com o carro da garagem assim que nós entramos nele. Estamos com tanta pressa que mal ligamos para os outros automóveis na rua. Avançamos vários sinais, ultrapassamos caminhões pela contra-mão, quase causando um caos por onde passamos, mas não estamos ligando para isso neste momento.

Assim que chegamos, saio do carro com ele ainda em movimento, quase tropeçando. Ouço Yixing gritar pela janela do carro para que eu o esperasse, para que eu não fosse sozinho pois é muito arriscado, porém não posso. Eu ainda não havia aceitado o fato de que havia falhado nesse caso; queria pelo menos que ninguém mais morresse. E eu não deixaria com que isso acontecesse a Kris nem a Yixing.

Corro. Kris mora na segunda casa à esquerda - perto para muitos, entretanto longe demais para mim. Tudo ao meu redor parece acontecer em câmera lenta, deixando-me ainda mais ansioso e tenso.

Finalmente chego à porta de sua casa e ela está aberta. Saco a minha arma, completamente carregada de balas especiais, e entro bastante atento. O local parece estar vazio, pois tudo está silencioso. Ando a passos vagarosos, ainda apontando a boca do cano do revolver para frente, esperando pelo pior. Meu coração está quase saindo pela minha boca, gotas de suor deslizam por minhas têmporas e estou tremendo pelo misto de adrenalina e nervosismo.

Giro meus calcanhares, e agora estou de frente para a sala. Congelo. A TV está ligada e tem alguém sentado na poltrona de Kris. No fundo, sei o que aconteceu, porém não quero acreditar. Engulo a seco e continuo me aproximando da poltrona.

Um passo. Um passo e eu confirmaria o que já sabia. E é o que eu faço.

"Merda!" Grito ao ver que é Kris.

"Minseok?" É Yixing. Ele corre até mim e seu rosto se contorce em desespero ao ver nosso amigo, morto. "Não... Kris!!!" Ele chuta a poltrona com raiva e põe a mão na cintura.

"Isso tudo é culpa minha..." Olho para o relógio. São 13h35. "Por que eu não..."

Ouço um chiado vindo da TV e já sei do que se trata, apesar de estar confuso. Por que eu não havia morrido também? Todos nós vimos o vídeo ao mesmo tempo..., penso comigo mesmo.

Olho para Yixing e ele está vidrado na televisão. Nela, a imagem de um poço é reproduzida. Mas algo começa a mudar. Vejo o garoto sair de dentro do poço, e noto que ele olha para Yixing. Tenho de agir o mais rápido possível, antes que seja tarde demais. Estou chorando, mas tenho de manter a calma.

"Anda, Minseok, pensa! PENSA!" Bato em minha própria cabeça. Meus olhos vão até a bancada da cozinha de Kris, à procura de sal grosso. Isso me daria tempo para achar uma solução.

Tento puxar Yixing para perto da mesa de Kris, porém é como se algo o prendesse à televisão, como se alguém controlasse a sua mente. É Matthew, sei disso. Retorno o olhar para a televisão, o garoto está bem próximo da tela. Parece que vai sair a qualquer momento.

Largo Yixing por alguns instantes e corro para pegar o saco de sal grosso, já aberto. Creio que Kris tenha pensado em usá-lo, porém não teve forças para fazê-lo. E eu ainda continuava confuso por ser o único ileso naquela situação.

Despejo todo o sal ao redor de Yixing, criando um círculo. Levo um susto quando o garoto some da tela e reparece à frente dele, olhando-o com certa raiva.

Disparo três vezes na direção de Matthew, e isso o deixa ainda mais enraivecido. Sou arremessado contra a parede, derrubando alguns quadros de Kris. Sinto muitas dores pelo corpo, mas mesmo assim levanto. Meus olhos caem sobre a cópia da fita, o gatilho para que eu me lembrasse. Eu fiz uma cópia e eles, não. Só podia ser isso.

Busco a arma, a poucos metros a minha frente, e disparo mais três tiros, afastando Matthew de Yixing, que parecia estar em transe. De alguma forma, o círculo estava bloqueando algumas das habilidades do Morgan.

Corro contra o tempo. Ligo as copiadoras e encaixo a fita em uma delas, para depois encaixar a nova fita, porém tenho de buscar Yixing. Apenas ele pode fazer o processo.

Num impulso, alcanço-o e o envolvo num abraço. Com a arma posicionada à frente do seu corpo, lhe dou cobertura. Arrasto Yixing até a mesa, gastando a munição contra o espírito de Matthew. Com uma das mãos, pego a de Yixing e a uso para empurrar a fita e apertar o botão para começar a copiar.

"Tem que dar certo, tem que dar!" Encaro Yixing, ele está inconsciente e sem respiração, seu rosto ficando arroxeado. "Merda! YIXING!" 

Checo a minha arma. Só possuo uma bala. A última. A necessária para que eu ganhe tempo com a copiadora.

Seguro Yixing e aponto a arma para onde o espírito de Matthew deveria estar, mas ele não está. Me ergo do chão, deixando Yixing apoiado à mesa, e olho para a sala. Matthew está agachado, com as mãos no próprio pescoço, como se estivesse com falta de ar. Ele se contorce, e todas as luzes da casa começam a piscar freneticamente. Matthew está desaparecendo, assim como a imagem na TV. Ele está sendo sugado para dentro da tela, ao mesmo tempo que chora.

"Mamãe, eu não quero voltar! Por favor!" É a última coisa que diz.

E então tudo se apaga. Eu tinha conseguido?

Cansado e desacreditado, me jogo ao lado do corpo de Yixing. Deixo com que toda a minha aflição saia em forma de lágrimas.

"Yixing, por favor, não faça isso comigo." Balanço o seu corpo. "Não me deixe, por favor. Eu te amo, Lay!!" Ao ver que não irei obter uma resposta, aproximo o meu rosto do seu para ver se sua respiração havia voltado. "Droga!" Posiciono minhas mãos sobre o peito dele e começo com a massagem cardíaca, dois empurrões a cada segundo. Observo minhas lágrimas caindo sobre a camisa vermelha do outro, e aquilo me desespera ainda mais. Estou quase sem esperanças, quase ligando para uma ambulância, quando Yixing volta a respirar. Ele acorda, os olhos arregalados, e puxa todo o ar possível, tossindo logo em seguida. Sou inundado por uma onda de alívio.

"Graças a Deus!" Abraço-o de leve, para que não volte a se sentir sufocado. Mesmo ainda fraco, ele envolve minha cintura com seus braços, e começa a chorar junto comigo. "Passou, meu amor. Nós conseguimos. Nós conseguimos..."

Ele sorri em meio às lágrimas e sussurra quase inaudível:

"Você conseguiu, amor. Você."

Paro para prestar atenção no estado que ficou a casa de Kris e sinto ainda mais vontade de chorar. Minha mente está repleta de perguntas não respondidas, porém minha atenção é chamada pelo barulho da máquina ao terminar de fazer a cópia. A fita sai da máquina, e eu a retiro de lá, sem sair do chão.

Jogo-a na parede, entretanto ela não quebra. Estou muito fraco emocionalmente para fazê-lo. Mas não ligo por ora, só quero que tudo realmente tenha acabado.

 

 

 

 

x

 

 

 

 

 

Kris Wu foi sepultado no Cemitério Lone Fir, ao lado de seus pais, 8 dias depois do seu óbito.

A empregada que trabalhava na mansão dos Smith foi internada em uma clínica psiquiátrica. Médicos acreditam que sua condição mental não voltará a ser a de antes do ocorrido.

Zhang Yixing teve apenas ferimentos leves. Minseok e ele se casaram dois meses depois, e pensam em adotar filhos futuramente.

Todas as fitas, tanto a original quanto as cópias feitas, foram escondidas numa caixa com códigos de proteção numa floresta fechada e pouco visitada de Oregon.

A maldição ainda continua viva. Minseok e Yixing deixaram de ser amaldiçoados a partir das cópias, o espírito de Matthew, porém, permanece vagando no plano terrestre. E ele continuará matando aqueles que ousarem a assistir à fita.

Não se sabe quantas cópias existem ao redor do mundo.

Mas todos sabem que ele nunca dorme.

 

 

 

 


Notas Finais


Perdoem-me por esse final bosta, eu juro que tentei. Enfim, espero que vocês tenham gostado!
Boa sorte para mim! çç

Curiosidade: o Cemitério Lone Fir existe mesmo. Ele fica em Portland, Oregon.

Link da minha fic para a primeira fase: https://spiritfanfics.com/historia/deep-breath-6286605 <3

Obrigada por lerem até aqui! Mil beijos, e até mais. <3


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