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História Viagem ao Adormecer - A Primeira


Escrita por: InhaRocha

Capítulo 1 - A Primeira


Fanfic / Fanfiction Viagem ao Adormecer - A Primeira

6:00AM

Alguma coisa começou a tocar. Tive vontade de pegar meu celular e jogá-lo na parede. Meu Deus! Como alguém consegue fazer uma música tão horrível? Mas eu tinha que colocá-la como toque de despertador, porque , se fosse uma música que eu gostasse, provavelmente cairia no sono de novo. Quando estava prestes a arremessá-lo, me dei conta de que era meu celular e não um cd de música ruim. Então o desliguei e coloquei em cima do criado mudo.

Fui direto para o banheiro lavar o rosto. Minha cara estava pálida como sempre, e meu cabelo longo e ondulado todo embaraçado. Eu amo meu cabelo negro, mas confesso que às vezes da vontade de pegar a tesoura e cortar surfista.

Tomei meu banho, me vesti para ir à escola como toda segunda eu faço, com camiseta, calça jeans desbotada e meu all star preto que não tiro do pé, mas quando cheguei à cozinha quase tive uma síncope!

Minha mãe acordou cedo para fazer meu café! Ela nunca faz isso... Desde que meu pai morreu, há quase um ano, ela não se levanta cedo porque apenas eu me acordo em plena madrugada para ir pra escola, e tomo meu café lá mesmo.

_ Parabéns filhinha! - Ah! Agora está explicado! É meu aniversário de 16 anos, e eu tinha me esquecido! Eu nunca me esqueço do dia 5 março, ele é muito especial pra mim. Deve ser a idade afetando...

_Ah mãe não precisava... -Ela fez uma mesa com todas as coisas que eu gosto inclusive chocolate. Ela parecia que iria chorar. _Minha filhinha está crescendo, e eu queria ser a primeira a te dar os parabéns hoje, porque eu tenho certeza que vai ser um dia muito especial.

_Claro, claro. -Ta certo que é meu aniversário, e sou uma ‘menina exemplar’, mas eu não acho que hoje vai ser o dia que vai haver paz mundial.

Sentei com ela na mesa e tomei o café. Nós conversamos sobre a escola, os meus amigos e coisas banais, então deu 6h45min e eu tinha que ir pra escola. Dei um beijo nela e fui pegar o ônibus.

Cheguei à escola rapidinha, todos os meus amigos já tinham chegado. Eu falo com quase todo o colégio, mas como acontece em toda escola, eu tenho meu grupinho.

_Bom dia meu amor!- Lie foi a primeira a vir falar comigo. Ela é a garota mais atenciosa e ciumenta que eu já vi na vida! Praticamente ela não deixa ninguém chegar perto de mim, da Mel, Mille e da Juli. Mas isso é o que a torna essencial pra mim. Seu cabelo castanho-claro esvoaçante e seus olhos cor de mel estavam mais radiantes hoje.

_Bom dia!- Respondi com o maior sorriso do mundo e dei um abraço apertado nela.

_Oi Lua!- Mel e Mille falaram juntas. Eu sempre confundia os nomes delas, mas é impossível confundir as duas. Mel é a mais louca de todas, literalmente, e tem o cabelo cacheado preto maior e mais bonito de toda a escola. Tem uma estatura mediana, quase do meu tamanho, sua pele morena, os olhos negros e o sorriso ressaltam mais sua beleza.

Já a Mille é a mais baixinha e magrinha de todas. Também é a mais sensata. Tem a pele rosada, o cabelo curto castanho-chocolate e os olhos da mesma cor. Ela só fala quando precisa, e joga futebol melhor do que muitos jogadores de seleções.

_Iae? - De todas as cinco, eu sou a que mais fala gírias. Deve ser por que eu tenho muitos amigos meninos e me acostumei com o modo de eles falarem. Elas dizem que sou a branquela mais calma e displicente de todo o planeta, se eu tivesse nascido na época passada seria rippie. Eu não acho isso, mas concordo que elas me conhecem melhor do que eu mesmo.

_ Cadê a Juli?- Perguntei a Mel.

_ To aqui! Sempre atrasada não é?- Todos estavam no corredor do Terceiro ano, só a Juli estava dentro da sala e saiu pra falar comigo.

_É um dom. Minha hora certa é a hora atrasada de vocês. - Juli dava os melhores conselhos, é a mais estudiosa de nós, apesar de não ter cara de CDF. Ela é maior que Mille pouca coisa, tem o cabelo médio castanho quase puxando pra o loiro, e os olhos castanho-escuro. Juli é bem centrada, mas quando se fala em Naten Smith, ela perde o juízo e ele vai pro espaço sendo engolido pelo buraco negro, apesar de ela ter namorado.

_O professor de matemática faltou hoje, então nós temos a primeira aula vaga. - Lie me contou.

_Então hoje é definitivamente meu dia de sorte. Algum trabalho pra hoje? - Eu estou no terceiro ano do colegial, eu e as meninas estudamos na mesma sala desde o primeiro ano, mas ficamos realmente amigas de carne e unha esse ano. Deve ser por isso que eu não me preocupo com os trabalhos, porque elas me lembram de tudo.

—Tem! De química, física e português para hoje. - Mel se apressou em dizer.

_O QUÊ?! Que legal! Ferrei-me. - Literalmente.

_To brincando, não tem nada pra hoje. Queria saber o que seria de você sem nós. - Disse ela caindo na risada. Ela adora fazer esse tipo de coisa. É... Ela é do mal.

_Um dia ainda te devolvo todas as suas brincadeiras... Gente vamos para a quadra? A gente não está fazendo nada aqui mesmo.

Todas concordaram. A quadra é o local da escola que a gente mais gosta. Acho que é porque temos uma visão de todo mundo, quem joga futsal, vôlei e basquete, e quem não faz nada, então da pra falar de todo mundo. De nós cinco a única que não pratica esportes é a Lie. Mille, Mel e eu jogamos futsal e de vez em quando Juli joga vôlei. Mas geralmente vamos para quadra pra ficar sentadas conversando.

Elas perguntaram se eu iria tomar café, eu respondi que já havia tomado com a minha mãe, mas não disse que era por causa do meu aniversário. Achei um pouco estranho elas não falarem nada, mas eu também decidi não lembrar a elas. Falávamos sobre o menininho magrinho do primeiro ano que joga muito bem futsal, mas que parecia que iria desmaiar a qualquer momento quando o Lucas chegou.

_ Bom dia povo! Iae alguma novidade?- Lucas é meu melhor amigo menino atualmente, ele fala um pouco rápido, mas eu adoro conversar com ele sobre música. Ele tem os olhos negros e a pele morena parecida com a da Mel, e os cabelos negros curtos no mesmo tom dos olhos. Ele ficou conversando conosco, mas também não comentou nada sobre o meu aniversário. Estranho.

_Alguém sabe que data é hoje?- Perguntou Lucas depois de uma longa conversa sobre todos os professores da escola. Eu fiquei animada com a pergunta dele, esperando que alguém recordasse do meu aniversário.

_Claro que eu sei! Como poderia esquecer?! - exclamou Juli de repente. As outras meninas olhavam para os lados segurando os risos. - É 5 de março, o aniversário do Naten é claro!- Ahh! Era só o que faltava! Eu tinha me esquecido que esse popstarzinho completava ano no mesmo dia que eu. Que invejoso! Eu fiquei um pouco triste que a Juli tivesse comentado sobre ele e não eu, mas resolvi não falar nada. Um amigo não deve lembrar ao outro a importância dele, não é verdade?

—Eu não sei o que você vê nele. -Falei com a voz entrecortada, mas ninguém pareceu perceber. - Tá certo que ele é o fenômeno do momento e tal, mas você não devia dar toda essa atenção a uma pessoa que nem te conhece...- Ela olhou pra mim não com raiva, mas com muita tranqüilidade.

_Mas ele vai me conhecer um dia, e o Naaate não é um fenômenozinho tá. Ele é lindo e muito talentoso e tenho certeza que vai durar pra sempre, e eu vou amá-lo pra sempre!- Não adiantava discutir com ela.

Contudo, eu concordo com ela em uma coisa, ele é sim talentoso e bonito, mas não me descia na garganta. Devia ser pelo fato de ele ter a mesma idade e fazer aniversário no mesmo dia que eu, além de parecer um daqueles meninos que se acham totalmente e que não agüentam nada. Mas eu não disse isso a ela, porque caso contrário iríamos brigar.

_Meu Deus Juli! Você tem namorado!- Dessa vez ela olhou pra mim incrédula.

_Eu sei e você também sabe que o meu sentimento pelo Nate é de admiração. Ele é o menino mais perfeito do mundo, mas eu não trocaria meu namorado por ele. - Eu virei os olhos com a resposta dela e não falei mais nada, porque sabia que as únicas palavras que sairiam da boca dela seriam 'Naten' e 'perfeito'.

A manhã de segunda estava quase terminando, a última aula já iria acabar e ninguém tinha me dado os parabéns. Eu já estava me conformando em ir pra casa sem alguém se lembrar de mim quando Lie falou:

—Professor, eu posso sair mais cedo? É que eu tenho que pegar uma encomenda pra minha mãe e fica um pouco longe daqui...

O professor olhou para ela durante uns segundos e falou bem despreocupado:

_Claro, você pode sair Nathally- Ela fez uma careta pra ele, porque ela não gosta que seja chamada pelo nome, só pelo apelido, então ela acenou pra mim e saiu da classe.

Essa era a gota d’água! Ninguém se lembrou do meu aniversário, lembraram até do popstarzinho lá, e ainda por cima todo mundo saiu cedo inventado que precisava fazer isso e aquilo lá! Que consideração! Mas não importa, amanhã eu dou uma bronca neles. E eles terão que me pagar enquanto existir vida na Terra.

A aula acabou logo. Peguei minha mochila e fui saindo da escola, mas quando cheguei ao portão o segurança disse que só estava saindo pela quadra porque o portão estava quebrado. Mais essa. Dei meia volta e fui em direção a quadra. Gustavo, um amigo meu de outra sala do terceiro ano, me parou no meio do caminho e pediu pra me acompanhar. Ele lembrou que hoje era meu aniversário e me deu os parabéns. Pelo menos ele. Então quando chegamos a portão da quadra Gustavo gritou:

_OLHA LUA!- Eu dei um salto para trás e quase tive um ataque cardíaco.

_MEU FILHO VOCÊ FUMOU HOJE FOI?! NÃO SE GRITA BEM NO OUVIDO DAS PESSOAS DESSE JEITO!- Ele é maluco. Preciso me lembrar de ter amizades mais normais. - O QUE?- Ele olhou pra mim morrendo de rir e eu não pude deixar de rir também. É cada coisa viu.

_Nada não... Já passou.

Eu entrei na quadra, ainda rindo e olhando pra ele.

—SURPRESAAAA! – Eu olhei pra frente e me dei conta do porque de ninguém ter falado nada o dia inteiro. Estavam todos ali, meus melhores amigos, amigos, colegas e até uns penetras que eu não sabia identificar. Não sei como Lie os deixou entrar. Percorri o olhar pelo lugar. Toda a quadra estava decorada com cartazes onde estava escrito “Você é especial para nós”, “Te amamos muito” e várias frases de músicas. Bolas de toda cor também enfeitavam o lugar e no centro estava uma mesa enorme com várias guloseimas, salgados e um bolo gigante com o nome Luali em cima. Eu coloquei a mão na boca com o nível da surpresa e comecei a chorar. Como eles conseguiram fazer isso tudo? Nesse momento percebi o quanto sou distraída. Mel, Lie, Mille, Juli e Lucas vieram ao meu encontro e cantaram o single do parabéns em volta de mim.

_ Você acha que nós íamos esquecer esse dia? – Disse Mille depois do parabéns- Nós te amamos muito e nunca faríamos isso com você, afinal que tipo de amiga nós somos?

_ Das amigas falsas e dissimuladas. – Eu respondi. Todas caíram na risada.

_ Também você é tão aluada que não percebeu nosso plano mirabolante!- Lucas falou. Nisso eu tinha que concordar. Meu apelido não era só uma abreviação do nome Luali, mas também porque de vez e quando eu viajava pra lua e permanecia lá uns minutos. Eu concordei com ele fazendo uma careta.

A festa durou até o turno da tarde, com tudo o que eu tinha direito. Depois nós limpamos a bagunça e fomos pra o shopping. Ganhei vários presentes, entre eles um cordão de ouro comprado pelas quatro meninas com a frase “A música me move” e uma nota musical no final. Eu toco violão e canto, e não passo muito tempo sem estar com o fone no ouvido. Elas lembraram disso e me deram o presente mais lindo que eu poderia ganhar. Anoiteceu e nós fomos embora, cada uma para sua casa. Eu definitivamente tinha os melhores amigos do mundo. Cheguei em casa , jantei com minha mãe e fui para o quarto. Estava tão cansada que deitei na cama e dormi em segundos.


1ª noite


Abri os olhos e estava num lugar lindo, que reconheci imediatamente. Juli estava me mostrando fotos desse lugar porque o Naten Smith viria fazer um show aqui. Era exatamente igual a foto, se não mais bonito. Eu estava em Paris, na França! Mas isso não era um sonho, porque era real demais. Olhei para mim, eu estava com meu pijama rosa de borboletas e com o celular na mão. Devo ter dormido com ele de novo como sempre faço.

Olhei a hora, eram exatamente 1h30min da madrugada. Se fosse um sonho, porque ainda estaria com o celular na mão? Abaixei-me e peguei uma folha que tinha acabado de cair da árvore, eu podia sentir as ondulações nela e as gostas de água molhando minha mão enquanto eu tocava. Olhei em volta e prestei atenção no lugar. Era de tirar o fôlego, A torre Eiffel enorme e cheia de luzes, o verde tão vivo do lugar, os bancos bem detalhados, dignos de Paris.

Definitivamente não era um sonho, eram muitos detalhes. Tudo bem que existam sonhos que beiram a realidade, mas eu sei diferenciar. Eu acho...

Mas para me certificar que eu estava certa, mordi meu dedo bem forte. E doeu pra caramba! Nunca mais faço isso de novo. Então eu estava em Paris! Mas como eu vim parar aqui? Meu Deus! Como eu vim parar aqui?! O medo já vinha subindo quando eu resolvi me acalmar.

Não adiantava de nada ficar gritando e chorando, só iria chamar atenção. Uma hora dessa e ainda havia várias pessoas andando por Paris. Resolvi ligar pra minha mãe. Disquei o número dela no celular, mas não adiantou de nada. Eu estava do outro lado do mundo e precisava de um código para ligar para o Brasil, e eu não sabia o código. Que legal!

Eu tinha que fazer alguma coisa. Criei coragem e fui falar com uma mulher que estava passando a poucos metros de mim, para perguntar a ela onde ficava um telefone público pra eu pedir informações. Eu não sabia falar francês, mas sei lá, eu faria mímica com as mãos pra ela entender. Cheguei perto dela e a toquei no ombro, ela iria achar que eu era uma louca, certamente, de pijama no meio da rua, mas quando eu a toquei, nada aconteceu! Toquei-a de novo, mas ela não sentiu de novo, então eu falei. Ela não me escutou!

Ta bom! Ou isso era um sonho muito louco ou eu é que estava louca.

Desisti de falar com a mulher e me sentei num banco. Acho que fiquei lá parada durante vários minutos, olhando a torre, voando como sempre faço. Analisei a situação: primeiro, eu havia aberto os olhos e estava a oceanos de minha cama, segundo, eu podia sentir tudo a minha volta, principalmente o vento fresco no meu cabelo, então não era um sonho; e terceiro, eu era invisível aos outros, eu podia vê-os e tocá-los, mas eles não podiam me ver. Talvez isso fosse um dom, poder se tele transportar para os lugares à noite. Era loucura, mas não podia deixar de ser uma possibilidade. Nossa! E se for mesmo isso? Contudo, havia tantas perguntas. Como eu podia fazer isso, porque eu podia fazer isso, e o mais importante, como eu voltaria para casa?!

Pensei nisso por vários minutos, o medo voltando, então resolvi relaxar e esperar. O medo só faz com que eu não consiga pensar, por isso sempre tento ficar calma e ver o lado positivo. Talvez eu voltasse para casa como eu vim para cá, mas isso é vago porque eu não faço idéia de como vim. Olhei o relógio, ia dar 2h30min. Nossa! Já se passou quase uma hora e eu nem percebi! Pensei em quando eu voltar para casa e encontrar minha mãe e as meninas. Eu queria muito contar a elas o que aconteceu, mas provavelmente achariam que eu estava mais louca do que já sou, então resolvi não contar nada. Talvez fosse um presente de aniversário de Deus e isso nunca mais acontecesse de novo. Talvez.

Minha mente começou a girar e comecei a ficar tonta, lutei para manter os olhos abertos, mas não consegui. De repente eles se fecharam de vez.


Notas Finais


Espero que gostem!


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