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História O estranho dom de Mazie Aites - Biblioteca


Escrita por: BahStranih

Notas do Autor


Olá, essa história eu venho pensando no ano de 2017 inteiro e só agora foi sair. Espero que gostem dela.

Capítulo 1 - Biblioteca


Mazie observava as pessoas da janela do carro, estavam agasalhadas como ela e andavam depressa, deviam estar querendo fugir do tremendo frio que fazia. Dentro do carro, o aquecedor estava ligado e ela bebia um copo de café com leite quentinho que havia comprado na cafeteria, mas por incrível que pareça não estava se sentindo melhor que as pessoas lá fora. Sentia-se cansada, pois seu ano letivo estava acabando e suas notas estavam péssimas.

Ao seu lado dirigindo, estava o detetive Rick Aites, de roubos e homicídios do departamento de policia de Ralicupe, e que também era seu pai. Sabia que ele estava decepcionado com o zero que ela recebeu na ultima prova, mas não deixava transparecer. Estavam indo para a biblioteca pública da cidade, ela precisava fazer um trabalho de História e esperava que lá estivesse quente também.

_ Vou vir te buscar às cinco e meia, acha que consegue terminar até lá? - pergunta Rick.

_ Consigo - responde ela ainda olhando a janela.

Despois de algum tempo, ele para o carro na frente do local e Mazie coloca a mochila nas costas, deixa seu copo com o pai e abre a porta. Uma lufada de vento frio bagunça deu cabelo curto que não está coberto pela touca. Ao sair cruza os braços e se encolhe um pouco. Antes de se despedir, Rick dá seus costumeiros avisos:

_ Não se distraia, não estrague nenhum livro e não arrume confusão com ninguém, minha cota de problemas esse ano está longa demais.

_ Anotado - responde ela fazendo continência como um soldado.

_ Até depois, amo você - ele sorri.

_ Também te amo - ela também sorri.

Fecha a porta e segue subindo as escadas sentindo seu pai observando até que entre no lugar. O local estava vazio, a não ser pela bibliotecária, Laurel, um senhor de idade que sempre está lá e um garoto loiro que conversava com ele, a qual Mazie reconheceu da escola, o menino mais quieto que já viu e era até incomum o ver conversando.

 Então, uma coisa estranha aconteceu. Quando ele notou sua presença, arregalou os olhos, pegou suas coisas e saiu depressa da biblioteca. A garota já até sabia motivo, ninguém gostava muito dela na escola e tentou não se importar com o acontecido. Cumprimentou Laurel, que lhe deu um sorriso, colocou sua mochila em uma das cadeiras da grande mesa perto do senhor que agora lia um livro e foi em busca dos livros que ia precisar.

As prateleiras eram muitas, facilmente as pessoas poderiam se perder ali, mas ela sabia onde ficavam os livros sobre História. Procurou bem e tomando cuidado para não derrubar no chão, pegou um que podia ajudar. Olhando para cima, arregalou os olhos vendo outro que ia servir bem também, porém como era pequena, não alcançava. Havia uma escadinha ali perto que servia exatamente pra isso e usando-a conseguiu pegá-lo.

Voltando para a mesa central, o senhor ainda lia o livro e tinha a expressão concentrada, então ela preferiu não cumprimentá-lo. Organizou tudo, tirou o casaco e começou sua pesquisa confortavelmente, já que lá não estava frio.

O silêncio do lugar estava até agradável, considerando que Mazie estava concentrada em algo e não atoa, entretanto, quando estava na metade de suas anotações, ouviu passos, alguém havia entrado na biblioteca. Observou o homem com expressão fechada caminhar e se sentar em outra mesa que ficava perto das janelas, ele retirou um notebook da bolsa e começou a usá-lo. Mazie já ia voltar sua atenção a sua tarefa quando o senhor pronunciou pela primeira vez:

_ Droga, vai sujar minha biblioteca! Maníacos do inferno... - sua expressão era de raiva.

A menina ficou olhando para ele meio confusa e tentou entender o que estava acontecendo.

_ Perdão, o senhor está falando comigo?

O velho abaixou o livro e a olhou com surpresa, ficou uns cinco segundos sem dizer nada então disse:

_ VOCÊ está falando comigo?

Agora o pequeno cérebro de Mazie havia dado um nó, porque raios aquele senhor havia repetido sua pergunta? Será que não queria que ela dirigisse a palavra a ele? Mas sua expressão não era de superioridade ou coisa parecida. Era de surpresa.

_ Ah... Sim, eu perguntei se o senhor havia falado comigo - respondeu de maneira educada.

_ Céus, dois em um único dia. Não, eu não estava falando com você, mas que bom que falou comigo, pode me ajudar - agora ele apoiava o livro na mesa.

Definitivamente tudo ainda estava confuso para ela. O velho fez um sinal para que ela se sentasse na cadeira a sua frente e foi o que Mazie fez.

_ Quero que faça com que aquele indivíduo saia daqui - disse apontando para o homem que agora olhava para ela com uma expressão intrigada, mas logo voltou sua atenção para o notebook.

_ Por que eu devia fazer isso? - questionou.

_ Porque além dele sujar minha biblioteca, ninguém mais vai querer aparecer aqui depois do que vai acontecer, o lugar vai ficar com uma fama horrível. O movimento daqui já está bem fraco.

 Mazie ficou alguns segundos pensando com o olhar fixo no velho.

_ Do que o senhor está falando? Desculpe, mas não estou entendendo nada... O que vai acontecer? - tentava manter o tom baixo como o do idoso.

_ Aquele infeliz - apontou para ele de novo - vai tentar assassinar aquela infeliz - agora apontava para Laurel.

Mazie logo ficou com medo, não da possível tentativa de assassinato dita pelo velho, mas do próprio velho. Estava completamente maluco.

_ Olha, acho que está confuso, com certeza é um engano - disse se levantando e voltando para onde estava antes.

_ Ah, por que achei que você ia me ajudar, deixa esse desastre acontecer.

 Mazie se lembrou agora quando seu pai falou para não se distrair e agora não conseguia não pensar nisso, no fato do velho estar delirando sobre mortes e outra coisa que observou que ele estava mais preocupado com a biblioteca do que com a suposta morte de Laurel, o que seria algo horrível de se pensar. Depois de mais duas linhas de anotações, ela percebeu que o homem do notebook fechou o aparelho, o guardou na bolsa e se dirigiu até o balcão de Laurel, que o atendeu com simpatia.

_ Agora é só esperar, se eu fosse você fazia alguma coisa - disse o velho por trás do livro que agora lia de novo.

_ Se acha que vai acontecer algo, por que não faz você mesmo? - perguntou irritada.

_ Se eu pudesse ter influência em alguma coisa esse lugar não estava desse jeito - respondeu antipático.

 O que era para ser uma tarde de pesquisa se tornou uma tarde de irritação. Observou o que escrevia e não fazia muito sentido, estava copiando além do que precisava daquele livro, não havia mais informações que lhe serviam naqueles dois livros, mas estava longe de terminar. Precisou ir de novo em direção as prateleiras de História e agradeceu por ficar longe um pouco daquele doido.

 Quando estava com o próximo livro que ia usar em mãos na frente da estante um grito a fez deixá-lo cair. A estante não tinha fundo, de modo que dava para espiar o que acontecia do outro lado. Procurou a fonte do grito e viu o que provavelmente a fez ter certeza de que era um imã de conflitos. O homem estava com uma faca apertando contra o pescoço de Laurel que estava encurralada na parede atrás do balcão com a expressão totalmente aterrorizada. Procurou o velho e este havia sumido. Só podia ser brincadeira...

Sabia que precisava fazer alguma coisa, mas o quê? Pensou no que seu pai faria. Iria sacar sua arma do coldre e ameaçar atirar caso o homem fizesse algo ruim e tudo na maior calma e profissionalismo.Como não tinha celular, não poderia ligar para Rick, e nem teria tempo. O homem parecia fazer perguntas para a mulher que respondia tudo desesperadamente. Mazie não tinha arma, calma e profissionalismo, mas tinha uma coisa que muitos não teriam nessa situação, coragem. Correu até o centro da biblioteca, tomou fôlego e disse:

_ Vou te dar a oportunidade de sair daqui e não ser pego  - o homem olhou para ela sério - mas se fizer alguma coisa com ela, vou correr e chamar ajuda.

Travou a maior batalha para continuar com o rosto neutro, como um policial faria. Mas o olhar sério do homem tornava essa tarefa difícil. Nesse meio período, Laurel agarrou a faca e a jogou para bem longe.

_ Foge Mazie! - gritou ela.

E foi o que a garota fez, ou tentou fazer, pois a porta da biblioteca estava trancada, não tinha tranca, foi trancada à chave. Olhou para onde o agressor estava e este estava tentando controlar Laurel que se debatia tentando fugir. Por fim ele lhe acertou um golpe na cabeça e ela caiu inconsciente. Era a vez de Mazie.

Correu como nunca havia corrido para longe da porta e dele que agora a perseguia, mas de novo no meio da biblioteca, perto da mesa central, ele agarrou a touca junto com cabelos, o que doeu profundamente, e atirou-a para frente, bem perto de uma cadeira onde batei a lateral do rosto perto do olho o aquilo doeu muito mais. Não tinha tempo de chorar e muito menos de ficar parada, se levantou rapidamente meio tonta e desatou a correr em direção a imensidão das estantes

Assim que alcançou o último corredor de estantes, percebeu que o homem não estava mais atrás dela, se não, já tinha a alcançado. Observou entre as estantes e viu ele pegando a faca e vindo devagar até onde Mazie estava. O desespero estava eminente, não havia saída, ia morrer com 11 anos e a única coisa que fez foi arrumar problemas para seu pai.

Tentou pensar em algo para se salvar. Como derrubaria um homem que era maior que ela? Olhou para a grande atrás de si... Com algo maior que ele! A última estante era enorme e não estava encostada na parede, pois o seu outro lado tinha livros guardados e Mazie foi até esse corredorzinho entre a estante e a parede. Limpou o suor em suas mãos no casaco, respirou fundo e esperou o agressor aparecer lá a sua procura. Aquele momento de tensão estava insuportável.

O homem andou até o corredor de estantes a qual Mazie estava atrás da última e nesse exato momento ela segurou com as duas mãos uma das prateleiras, apoiou um dos pés na parede para ajudar a lhe dar impulso e empurrou o móvel com toda sua força. Seus músculos doíam bastante, mas não parou até a estante começar a cair e bater com tudo na cabeça do homem que estava andando. Esse caiu no chão esmagado e o móvel bateu na estante paralela que bateu com a do lado ocasionando uma reação em cadeia derrubando quase todas as estantes da biblioteca.

Ela nem acreditava que o seu plano tinha dado certo, não estava morta! Tinha acabado com um bandido como Rick... Falando nele, precisava chamá-lo.

 

 

Sentava na parte de trás de uma ambulância na frente da biblioteca, Mazie tentava aguentar a dor enquanto uma enfermeira cuidava de seu corte, não era fundo então não precisava de pontos. Laurel estava bem atrás da garota deitava em uma cama, acordada, mas quieta. Ela havia acordado um pouco antes quando os policiais chegaram. As duas estavam bem, não precisaram ser levadas a um hospital, poderiam ser cuidadas na ambulância que Rick insistiu em levar.

A garota observou o homem ser levado e seu pai estava com sangue nos olhos enquanto o colocava na viatura. Após isso o carro foi embora e Rick veio até a filha. Tirou uma barrinha de cereais do bolso e entregou para ela.

_ Em casa eu faço um lanche pra você - disse com o rosto cansado e um sorriso acolhedor.

_ Desculpe eu ter arrumado outra confusão pai - disse triste.

 _ Você não arrumou confusão Mazie, evitou um assassinato! E além disso, descobri que a confusão é que vem até você. Agora preciso que me conte tudo o que aconteceu.

 Então Mazie contou tudo o que aconteceu do velho, da faca, da estante... Depois abriu a barrinha de cereal ciente da pergunta que iria ouvir:

_ Como é que esse senhor sabia o que ia acontecer e como sumiu do nada? A porta não estava trancada? - Rick estava muito intrigado.

_ Não faço a menor ideia pai - mordeu um pedaço da barrinha também tentando pensar em algo que fizesse sentido.

 De repente Laurel se sentou na maca e isso chamou atenção do pai e da filha.

_ Olá Laurel, está se sentindo bem? Eu sei que está em choque, mas depois vou ter que pegar seu depoimento - disse Rick simpático.

_ Estou bem, obrigada detetive. Não tem problema, eu dou o depoimento. Mazie... De que senhor você estava falando? - perguntou ela bem confusa.

_ Aquele velho que estava que estava sentado perto de mim lendo um livro, estava lá antes de eu chegar. Na verdade, está lá sempre - disse pensativa.

_ Não tinha nenhum velho na biblioteca hoje - disse ainda confusa.

 O primeiro pensamento que ocorreu a Mazie foi o golpe que ela ganhara na cabeça a fez esquecer disso, porém não podia ser tão indiscreta assim.

_ Laurel, é aquele velhinho que sempre fica na biblioteca, lendo um monte de livros - falou calmamente.

_ Desculpa Mazie, mas nenhum velhinho fica constantemente na biblioteca desse jeito - disse ela ficando um pouco incomodada.

_ Tem certeza do que está dizendo Laurel? Você teve uma lesão na cabeça, não é possível que tenha se esquecido? - perguntou Rick.

_ Não detetive, tenho certeza do que eu falei - respondeu com convicção.

_ Mas ele até agiu como se fosse dono da biblioteca - tentou ela já entrando em desespero.

_ Espera um pouco... - disse pensativa - venham comigo!

 Laurel saiu da ambulância devagar e indo de volta para dentro da biblioteca. Rick e Mazie seguiram-se um pouco confusos. Já dentro, a bibliotecária pegou um livro velho debaixo do balcão, folheou um pouco e mostrou a Mazie uma página que continha uma foto.

_ É esse senhor que você está falando? - perguntou Laurel.

_ É esse sim! Porque ele está nesse livro?

 Passou um tempinho em que ela ficou quieta parecendo perplexa.

_ É um dos fundadores dessa biblioteca - respondeu baixo.

_ Mas Laurel, essa biblioteca foi fundada desde que a cidade foi construída. Esse senhor com certeza está... - disse Rick.

_ É, está morto a 103 anos.

 

 



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