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História Viajante - Pequena vitória


Escrita por: SaphirePrince

Notas do Autor


Perdoem os erros, a demora e não desistam de mim. Obrigada s2
Lumos!

Capítulo 9 - Pequena vitória


H.P

Os corredores do castelo estavam cheios, mesmo que estivéssemos em uma segunda feira e que fosse horário de aula, o que dificultava, e muito, a minha procura. A questão é que se tratava de um dia de comemorações e a escola inteira tinha sido liberada de suas atividades acadêmicas. A verdade é que nem mesmo os professores têm condições de ministrar suas aulas quando se trata do famigerado ‘Dia das Bruxas’.

Os alunos estavam em polvorosa. Para comemorar a data seria realizada uma festa no Salão Principal onde todos poderiam participar. Via-se gente andando de um lado para o outro para ajudar a arrumar o lugar, para espiar, para se juntar com os companheiros e discutir suas expectativas para a festa ou tentando arrumar um par no ultimo segundo, apenas para não curtir a noite só.

 Até mesmo eu, que preferia evitar festas, estava animado. Ainda que fosse um segredo guardado no mais profundo da minha alma, aquele seria o primeiro Halloween que eu comemoraria com meus pais, e não pensando na morte deles. Isso sem falar na companhia de Sirius e Remus, que pareciam não se desgrudar nas últimas semanas.

Só faltava mesmo convencer Severus a me acompanhar, mas já tinha passado da metade do dia e eu ainda não o tinha encontrado. Não o via desde o jantar do dia anterior e ele sequer tinha comparecido ao nosso encontro na biblioteca.

Sem poder usar o Mapa do Maroto e cansado de dar voltas pelo castelo à sua procura, decidi voltar para o salão comunal da minha casa e esperar que ele desse algum sinal de vida. Alguma coisa me dizia que algo tinha acontecido e eu só esperava que ele não tivesse dado ouvidos ao assédio constante de Lucius Emproado Malfoy – que insistia em ser uma presença constante no castelo, irritando-me profundamente, é importante salientar. – e tivesse finalmente ido a reunião macabra de Tom.

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A ideia era passar direto pelos alunos reunidos pelo salão comunal e ir direto para o meu quarto, mas a curiosidade fez-me parar para saber o que era tão engraçado para fazer um grupo de alunos do sexto e do sétimo ano gargalharem tão escandalosamente. Desejei não ter parado. A resposta à minha pergunta fez meu estomago revirar e todo meu ânimo se transformar em uma mera lembrança.

- Vocês tinham que ver a cara do Ranhoso... - James tentou dizer entre gargalhadas. - As paginas daquele livro velho que ele carrega o tempo todo voando para todos os lados e ele desesperado tentando recuperá-las. – ele continuou depois de inspirar profundamente para se controlar da crise de risos.

Era isso. Depois de quase dois meses de calmaria, os primeiros sinais da tempestade. Eles tinham voltado a atormentar sua vítima favorita!

E a culpa era minha.

O problema foi eu ter confiado demais na falsa calmaria que tinha se instalado desde o início das aulas. Demorei demais para fazer alguma coisa e por muito pouco não vi se repetir a terrível cena que vi nas memórias de Severus.

Saí antes que alguém notasse a minha presença. Estava tão decepcionado, tão envergonhado que não sabia o que pensar. Aqueles quase dois meses de paz serviram apenas para me fazer pensar que nada disso aconteceria outra vez, para restaurar um pouco do orgulho que eu tinha perdido quando descobri, em parte, como eles eram.

James e Sirius tinham muitas qualidades, eu sabia disso. Coragem, lealdade e companheirismo eram bons exemplos, mas eram ofuscados pela arrogância e pela prepotência e o orgulho que eu sentia dos dois era acompanhado de perto pela vergonha de saber que eles não eram diferentes de pessoas como Draco Malfoy, por exemplo, que humilhava sem se importar com nada mais que seu próprio prazer retorcido. Mas até Malfoy mudou, então eles também poderiam, antes que as coisas ficassem sérias. Ou mais sérias do que já estavam, pelo menos.

-----x-----

Encontrei Severus escondido em um canto nos fundos do castelo, um jardim bonito que quase ninguém visitava. Ele estava lá, sentado com as pernas cruzadas quase em posição de lótus, a cabeça baixa, o rosto escondido pela cortina negra que eram seus cabelos e os restos de seu livro descansando sobre seu colo.

- Como você está? – perguntei sentando-me ao seu lado e imitando sua posição.

- Estou ótimo! – ele respondeu sem se dignar a me olhar, mas mantendo a voz firme. Eu não precisava de mais nada para saber que ele estava, mais uma vez, tentando guardar tudo pra si.

- De verdade? – insisti.

- Já disse que sim. O que preciso fazer pra você parar de me questionar?

- Você sabe que não precisa mentir pra mim, não é? Nem ficar na defensiva.

- Sim, eu sei! - ele respondeu, sua voz falhando ligeiramente.

- Então confia em mim.

- É só... - sua voz quebrara de uma vez. A batalha que ele vinha travando contra a própria dor enquanto estava ali escondido tinha finalmente acabado e ele tinha perdido. – é só... Argh! Você que anda com eles, diga-me, por que eu? O que foi que eu fiz? Diga-me qual foi a grave ofensa cometida por mim que vou agora mesmo pedir desculpas, implorar perdão, qualquer coisa para que me deixem em paz!

Severus finalmente levantou a cabeça e me encarou. Internamente eu desejei que ele nunca tivesse feito isso. Os olhos negros que na maior parte do tempo pareciam vazios estavam agora cheios de dor e brilhando com as lagrimas contidas. Aquela era uma cena que eu esperava nunca presenciar e que agora estava diante dos meus olhos, partindo-me ao meio, reduzindo meu coração já apertado a nada! – Diga-me Harry, o que eu fiz pra receber isso – apontou ao que restara do livro – em troca?

Não respondi. Não tinha forças para dizer nada. Nada que passava pela minha mente naquele momento parecia ser o certo a dizer. Apenas o abracei. Joguei-me sobre ele e tentei contorna-lo com meus braços, desajeitadamente, mas com muita vontade de confortá-lo, mesmo que estivesse certo de que aquela era uma péssima escolha e que ele me rechaçaria. Mas ele não o fez. Pelo contrário, acomodou-me em seu colo, desfez meu rabo de cavalo e afagou meus cabelos. Eu quis consolá-lo e acabei sendo consolado, e por mais estranho que a situação fosse, aquele parecia ser o meu lugar.

- Eu te deixei mal de novo, não foi? – ele sussurrou perto do meu ouvido. – Eu não tive a intenção, mesmo que faça isso com certa frequência. Perdoe-me!

-----x-----

Permanecemos naquele jardim por mais ou menos uma hora. Mais recomposto ele me contou o motivo daquele livro ser tão importante pra ele: foi um presente de sua mãe!

“Tobias nunca foi um marido ou um pai presente. Passava dias na rua, bebendo em todo e qualquer bar que encontrasse. Esses eram, geralmente, nossos dias de paz, e nós aproveitávamos, sabendo que o inferno voltaria junto com ele. Nesses dias minha mãe aproveitava para me contar sobre o mundo mágico, sobre os magos famosos de sua época, sobre a escola... Sua matéria preferida também era Poções. Esse era o livro de poções que ela usou quando estava na escola, provavelmente a única coisa que ela conseguiu manter longe das mãos de Tobias, que até sua varinha destruiu. Nem posso repará-lo já que muitas paginas se perderam.”

-----x-----

Remus e Lily me encaravam como seu eu tivesse acabado de insultar o próprio Merlin.

- Você só pode estar brincando! Eles não fizeram isso. – a ruiva praticamente gritou na minha cara.

- Se não tivessem feito eu não estaria aqui! – rebati.

Depois que me despedi de Severus, que tinha decidido se refugiar em seu dormitório, procurei por Lily para implorar por ajuda. Dei sorte ao encontra-la com Remus. Eram as duas pessoas que mais tinham influencia sobre Sirius e James, o socorro ideal.

- Eu não acredito nisso. James tinha me prometido que deixaria Sev em paz, como fui idiota em acreditar! E o livro? Aquele livro era muito importante pra ele...

A ruiva parecia transtornada, andando de um lado para o outro e eu já estava considerando aquela ideia de pedir ajuda a ela uma estupidez sem fim. Ate que ela parou, pensou por alguns instantes e virou para Remus que até então só observava sem esconder sua própria indignação.

- Já sei o que fazer, Remmy, mas preciso que você concorde comigo.

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Assistia a cena se desenrolar em um canto afastado no salão comunal de Gryffindor. Quando Lily disse que sabia o que fazer, jamais imaginei que ela recorreria a métodos tão... Slytherin!

Aquilo era chantagem. Pura, simples, e aparentemente efetiva.

- Quando concordei que você merecia uma chance, James Potter, deixei claro que seria condicional. Também deixei claro que minha condição para te dar essa chance era deixar Sev em paz e você jurou que assim faria. – o tom de voz da ruiva era firme e quase não deixava espaço para réplicas. – Diga-me Potter, você cumpriu?

- Lírio, por favor, me perdoa, eu juro que... – ele tentou.

- Não. Você não jura nada, Potter. Conhecemo-nos a tempo suficiente para saber que quando se trai a minha confiança é uma vez só! E você não foi o único aqui que fez promessas, não é Black?

- Me tira dessa, ruivinha, não prometi nada a você! – Sirius se defendeu, aconchegando-se ao sofá e assumindo uma postura mais descontraída.

- Mas prometeu a mim! – a voz de Remus foi cortante como eu nunca tinha ouvido.

- Moony...

- Poupe saliva, Sirius. Tinha meus motivos para ignorar as atrocidades de vocês, mas tudo tem um limite.

- Foi por isso que Remus e eu conversamos e decidimos que, até que vocês nos mostrem com atitudes que estão dispostos a mudar, cortaremos relações com os dois! – Lily decretou.

As expressões de James e Sirius foram de zombaria para descrença, de descrença para preocupação e de preocupação para total desespero.

- Vocês não estão falando sério! – James bradou. – Vamos, digam que é uma brincadeira! Lily, você não pode fazer isso comigo. Moony, somos amigos há anos, você não seria capaz de deixar de falar comigo só por causa de uma brincadeira!

Enquanto James preferia acreditar que aquilo tudo era mentira, Sirius parecia estar em estado de choque. Aparentemente ele tinha percebido que os dois falavam sério.

- Só é brincadeira quando todos se divertem, James! – Remus respondeu. – Nós já dissemos o que tínhamos para dizer. Esperamos realmente que vocês dois caiam na real e façam dessa uma situação temporária. Eu os amo, vocês são a minha família, mas não posso mais ser conivente com o comportamento de vocês.

Lily e Remus saíram em seguida, deixando para trás dois marotos desolados. Discretamente me retirei, a festa de halloween totalmente esquecida.

 

 

-----x-----

 

Lily e Remus se mantiveram firmes e afastaram-se dos dois rapazes, mas era visível o quanto isso estava afetando aos dois.

Quanto aos dois marotos castigados, a cada dia que passava ele ficavam um pouco mais abatidos, sempre lançando olhares tristes àqueles que lhes tinham virados as costas, mas não podiam culpar a ninguém. Era culpa deles que estivessem sozinhos.

Ainda assim levou quase duas semanas para que Sirius e James tomassem alguma atitude.

 

A biblioteca estaria em mergulhada no mais absoluto silêncio se não fosse os sussurros constantes de Severus, que estava ao meu lado depois de eu ter feito a estupidez de lhe pedir ajuda com os trabalhos daquela semana.

- Não vou permitir que você entregue isso. Está horrível. Refaça!  

- De novo? Ah não, vai ser a terceira vez! - recusei-me.

- E vai ter uma quarta se continuar insistindo nos mesmos erros. E não adianta tentar me atacar com esse olhar de cãozinho que caiu da mudança, não vai funcionar uma segunda vez!

Bufei resignado e apoiei a testa na mesa para descansar uns minutos até Severus perceber e me obrigar a escrever aquele trabalho todo de novo. Meio minuto depois o senti ficar tenso ao meu lado.

-Snape! - levantei a cabeça para encontrar Sirius e James lado a lado e de frente para Severus e eu.

- O que querem? - perguntou.

- Podemos conversar com você? - Sirius disse e depois olhou pra mim. - A sós, se possível! 

- Não vou ficar um segundo sequer sozinho com os dois. se querem falar alguma coisa, sejam breves, estamos ocupados.

Os dois respiraram fundo, provavelmente engolindo a raiva pelo descaso de Severus.

- Certo. - James tomou a iniciativa. - Nós queremos te pedir desculpas... pelas coisas que já te fizemos, sabe? a gente sabe que um pedido de desculpas não apaga seis anos de infantilidade, mas é um começo. O que diz?

Olhei de soslaio para Severus. Ele tinha uma sobrancelha arqueada e um sorriso de escárnio ameaçava aparecer em seus lábios. Tinha quase certeza de que ele estava só esperando para tripudiar dos dois. Antes que ele abrisse a boca para dizer qualquer coisa, segurei sua mão por baixo da mesa, sussurrando um 'por favor'. Ele apertou minha mão e respirou fundo antes de responder.

- Você tem razão, Potter. Não apagam seis anos de 'brincadeiras', mas é um bom começo. Considere aceitas as suas desculpas.

Eu poderia dançar em cima da mesa dos professores em pleno jantar depois daquele momento. Podia até não parecer muita coisa, mas aquela pequena vitória era, pra mim, mais significante do que a derrota de Voldemort! 

 


Notas Finais


Nox!


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