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História Viajante de outro mundo - A fulga


Escrita por: Mutekai

Notas do Autor


Nem todos dão as "boas vindas" a seres de outro mundo.

Capítulo 3 - A fulga


Aos poucos pequenos flocos de neve caiam do céu enquanto um vento frio soprava. As colinas estavam brancas cobertas com uma pequena camada de neve, que aumentava enquanto a chuva iniciava. Robert, um lenhador grande, com uma barba ruiva, vestia uma toca preta, casaco de pele bem grosso, o fazia parecer maior já que era gordo. Se tivesse barba branca e vestisse vermelho seria confundido com o papai Noel. Acompanhado em seu lado, tinha um tipo de lobo, com longos braços e curtas pernas, apesar da silhueta desproporcional, ele é bastante ágil e veloz, seus grossos pelos brancos o protegiam contra o frio. Usava um short feito com um couro de seu planeta natal. Em sua mão estava amarrado um pedaço de tecido, talvez fora obtido em sua expedição anterior a Terra. Mas nada disso era relevante agora, eles estavam procurando Esmeralda, que havia se perdido após o combate contra uma seikka corrompida. Estavam já no local onde aconteceu a luta, havia várias árvores caídas, manchas de sangue para toda parte, alguns corpos de soldados mortos, nada além deles estava vivo ali. Branco farejava a neve tentando encontrar algo, mas o frio atrapalhava, sentia seu focinho gelado e o cheiro de sangue era predominante. Um brilho logo vinha de seu pulso, onde estava amarrado um pedaço de tecido com sua seikka. Ele se sentava na neve desfazendo o nó, logo segurando sua seikka que tem a cor branca transparente. Olhava o brilho emitido por ela, estava um pouco curioso com aquilo, geralmente isso não acontecia. Rob se abaixava observando o brilho branco vindo da seikka.
-Será se isso está indicando onde ela está?- Perguntava o homem se erguendo, olhava ao redor tentando ver algo, a neve estava densa, ainda mais com a chuva, mal dava para ver.
Pensando talvez o homem ter razão, o lupino erguia sua seikka ao céu, onde via ao longe um brilho esverdeado, talvez fosse Esmeralda, contente ele se erguia sobre duas patas caminhando em direção ao brilho, seguido pelo lenhador. Chegando ao local ele via uma árvore rachada ao topo, deve ser sido bem ali onde ela bateu quando foi arremessada. Abaixo da árvore vinha o brilho, estava coberto por neve. O lupino colocava novamente a seikka em seu pulso, amarrando com apenas uma das mãos o tecido, seus dedos longos eram bem habilidosos. Iniciava um buraco acinoso, esperando encontrar sua amiga. Um olhar de decepção aparecia sem eu rosto, quando apenas retirava do buraco o pingente com a seikka dela, estava brilhante.
-Parece que caiu dela.- Dizia o lenhador pegando a seikka, ele observa o cordão do pingente, havia arrebentado, imaginava ter escorregado por entre as roupas dela, devia ter arrebentado no impacto com a árvore.
O lobo se afastava um pouco observando umas manchas esverdeadas a neve, cheirava as manchas, com certeza era sangue dela. Haviam pequenos buracos na neve, sinal que ela estava procurando algo, talvez sua seikka. Agora que encontrou a trilha ele tentava usar seu faro para seguir, porém a forte chuva de neve estava confundindo o cheiro. Vendo Branco se afastar, o lenhador colocava a seikka ao bolso, guardando ela bem, aproximava-se do lobo vendo aquelas pequenas machas verdes.
-É sangue dela?- Perguntava.
Branco acenava positivamente com a cabeça, o que fazia o lenhador levar uma das mãos a boca, estava assustado.
-Precisamos achar ela logo, em breve terá uma tempestade de neve, não irá sobreviver ferida. Essa tal seikka é uma energia vital né? Sem a seikka ela pode morrer não é?- Falava quase que em desespero, não suportaria a ideia de perder mais alguém, estava se sentindo tão bem por sentir que teria uma filha.
O lupino apenas acenava positivamente com a cabeça, abaixava a mesma levemente, olhando para o chão, também não gostava da ideia da comandante estar sem sua seikka, era muito perigoso. Enquanto eles acompanhavam a marca de sangue, encontravam uma caverna, parecia um lugar mais aquecido para fugir do frio. Adentrava a ela percebendo algumas gotas de sangue verde escuro ao chão, estavam próximos a uma rocha, imaginava essa apoiada ali tentando cuidar do ferimento. O lenhador segurava firme seu machado observando o local.
-Ela esteve aqui.. veja...- O lenhador estava com o casaco dela na mão, ao braço havia um furo que o atravessava. Tal furo estava sujo de sangue verde escuro, com certeza era dela. -Ela está sem casaco, vai passar frio, temos que achá-la, e rápido.-
O lupino farejava a entrada da caverna, parecia que alguém além dela entrou ali, em um uivo ele chama a atenção dele, mostrando que uma pequena poça de sangue tinha uma marca de pegada, parecia algum tipo de bota. O lenhador olhava as marcas fixamente.
-Pelos desenhos da sola parece até botas do exército. Eu servia quando mais novo. Talvez algum soldado tenha encontrado ela... mas não sabemos se eles vão ser pacíficos. No tempo que servi tínhamos que matar qualquer ser estranho que encontrar em território inimigo, desde que ofereça ameaça. Não sei se irão entender ela como ameaça, precisamos agir.- Ficava em frente a pegada como se estivesse tentando encontrar mais, fracas pegadas de sangue eram cobertas pela neve. -Foram por ali, não muito longe devem ter um acampamento.-
 

 

Branco logo ia na frente, se apoiando em suas quatro patas e correndo, deixando o lenhador para trás. Ele caminha lentamente atrás dele, a densa neve não o deixava ver bem. Não muito longe o lupino avistava um acampamento, com várias tendas, uma enorme fogueira ao centro, onde alguns soldados estavam sentados em toras envoltos em cobertores.
-Comandante parece que vai vir uma tempestade, devemos nos apressar em montar o abrigo.- Dizia um dos soldados.
Próximo a eles um grande iglu está sendo montado, onde caberiam os cinco homens restantes, dentre eles o capitão de quatro soldados.
-São os caras que atiraram naquele bicho.- Sussurrava para si o Lupino. Estava deitado na neve olhando mais abaixo o acampamento. Logo Rob deitava em seu lado, observando o acampamento também.
-Agora que encontramos eles, precisamos achar Esmeralda.- Falava em um sussurro olhando os homens montando o iglu.
Um dos soldados tinha uma jaula, onde Esmeralda estava deitada lá dentro, enrolada em uma coberta, estava com uma pequena mancha verde de sangue.
-O que faremos com esse monstro capitão? Podemos matar?- o soldado apontava uma arma para a testa dela, quem nem se mexia por estar desacordada.
-Não, precisamos dela viva. O general disse que o governo quer estudar esse monstro. Precisamos saber o que nos atacou.-
Um dos soldados se levantava da tora, olhando para os dois.
-Não vê que ele está machucado, parece com frio, é indefeso. Devíamos soltar ele e deixa-lo viver em paz.-
O comandante erguia a voz com o soldado.

-Como ousa?? Visse com seus olhos o que ela fez com aquele bicho maior, com um toque ele derreteu todo. E aquele branco que muda de forma? São perigosos, precisamos extermina-los ou quem morre aqui somos nós. Não tenha compaixão soldado. Entendido?-
Ele engolia em seco olhando seu comandante.
-Sim senhor.- Ele leva a mão na cabeça em cumprimento.
O grande iglu estava pronto, uma forte tempestade logo começava, era tão densa que mal dava para ver ao longe. Os soldados estavam todos dentro do iglu, usavam algumas pedras e chapas de metal para fazer uma fogueira, arrumavam sacos de dormir para passar a noite, a entrada do iglu foi fechada com casca de árvore, um dos soldados ficava na frente para cuidar, estava com um fuzil na mão. A jaula estava mais ao fundo do iglu, onde um soldado estava sentado de guarda, cuidando para que a criatura não fuja.

A tempestade de neve já tinha iniciado, Branco e Robert nem conseguiam mais ver o acampamento.
-Vamos voltar para a caverna, não tem como salvar ela com essa tempestade.- Ele parecia dizer um tanto receoso, mesmo que soubesse que seria loucura tentar invadir o iglu, também não queria deixar ela para trás.
Eles se afastavam do local voltando a caverna, onde havia alguns pedaços de madeira, talvez ela estivesse tentando fazer uma fogueira antes de ser capturada. Rob arrumava a pilha de madeira, colocando algumas pedras ao redor, logo tirava um esqueiro do bolso, pegando um graveto, colocando fogo nele e o levando a pilha. Tirava do bolso a seikka de Esmeralda, olhando a fogueira através dela.
-Sabe, vocês são tão estranhos, mas se parecem tanto com nós. Queria vê-la novamente, nós vamos resgatá-la. Assim que passar a tempestade.- Ele dizia olhando agora ao lupino, que sentava próximo a ele.
Olhando o lobo sentado, Rob se sentava ao lado, olhando novamente para a seikka, Branco apoiava a cabeça ao colo do homem como se estivesse o consolando.
-Você é um bom rapaz, parece que entende tudo que falo, mesmo que não fale a mesma língua que eu.- Colocava a seikka ao bolso novamente levando a mão até a cabela de Branco, acariciando o mesmo. -Parece que a tempestade só termina amanhã, se eles vão estudar ela, talvez queiram manter ela viva, então cedinho nós vamos até eles e resgatamos ela.- Ele falava se aconchegando a uma grande pedra próxima, aos poucos fechando os olhos. Ambos acabavam cedendo a tentação de adormecer, próximo a fogueira estava tão quente e a forte tempestade não os deixavam sair, o melhor a se fazer era dormir mesmo.

Com a densa tempestade os soldados também tinham adormecido. Porém um barulho vinha da jaula, parecia não incomodar nenhum soldado, exceto um loiro de olhos bem escuros, sua pele é bem clara. Calmamente ele abria os olhos olhando para a jaula, pegava um fuzil próximo a si apontando para a criatura que se mexia.
-P-por favor fique quieto, não quero atirar.-
Era o mesmo soldado que antes levou uma bronca do capitão por preferir ver tal criatura livre. Ele se aproximava da jaula observando a criatura termendo no cobertor, não abaixava o fuzil.
-Está com frio?- Perguntava para a criatura.
Esmeralda estava de costas para ele, logo se virava, ainda envolta ao cobertor, via o fuzil apontado para si, seus olhos esverdeados estavam trêmulos.
-Estou com dor.- Dizia olhando para os olhos do rapaz.
Os braços dele estavam trêmulos, não conseguia atirar naquela criatura, seu olhar é tão dócil.
-Por que tem dor?- Abaixava a arma se aproximando da jaula, apenas notando agora uma mancha esverdeada ao cobertor azul-escuro. -Está... sangrando?- Falava pausadamente.

-Sim, pode me ajudar? Preciso fechar o ferimento, estou sem poderes, tem algo que eu possa usar para costurar e pra enrolar? Foi profundo, não imagina o quanto dói.- Ela abaixava o cobertor, deixando que ele visse seu corpo da cintura para cima.
Ela vestia sua camiseta de couro que apenas cobria seu busto, que mal tinha volume, seu abdome ficava a mostra, não tinha umbigo. No braço dela havia um buraco em um tom verde bem escuro, um líquido de mesmo tom escorria dele. As mãos dela cobertas com tal liquido, pois tentava conter o sangramento. Vendo ela feria o homem deixava o fuzil ao chão, indo até uma das mochilas verdes dos soldados, havia várias coisas pra sobrevivência ali. Ele trazia a ela um kit de primeiros socorros. Colocava ao chão e empurrava para perto dela, não tinha coragem pra se aproximar.
-Não vou lhe machucar. Mas obrigado por isso.- Ela estendia a mão sã para pegar o kit.

Abria o mesmo observando o que havia dentro, logo encontrava uma agulha, procurava ao para costurar vendo uma linha. Tentava amarrar a linha na agulha, porém sempre escapava, ouvia o homem dar pequenas risadas enquanto ela fazia aquilo.
-Olha cara... err... moça.... o fio passa pelo buraco da agulha entende?-
Ela olhava o buraco atrás da agulha, passando a linha por entre ele.
-Obrigada, não sabia. Pode me chamar de Esmeralda. Como se chama?-
-Jhonny, pode chamar só de Jhon.-
-Obrigado Jhon.- Por mais que ela não tivesse expressão ao falar, sua voz soava em um tom gentil.
Ela respirava fundo olhando para seu braço estava aproximando a agulha para furar.
-Espere.- Dizia o rapaz se aproximando. Ele pegava a chave do soldado ao lado e abria a jaula. -Não fuja.- Pegava uma algema prendendo o braço ferido dela a jaula. -Só quero te ajudar.- Ele se inclinava para dentro da jaula, pegando um pote de água oxigenada de dentro do kit. Logo molhando o local, a respiração dela acelerava, indicando que estava sentindo dor, porém se continha para não fazer nenhum som.
Ela o entregava a agulha, o mesmo olhava o ferimento enquanto segura a agulha, a luz da fogueira os iluminava.
-Respira fundo, vai doer.-
Assim como falava ela fazia, em questão de segundos o rapaz começava a costurar o ferimento dela. A respiração estava acelerada, porém ele não cessava a costura. Ela virava o braço um pouco de lado mostrando que atrás também estava ferido, logo ele costurava o lugar também. Pegava algumas gases a bolsinha do kit colocando em cima dos ferimentos, logo usava uma faixa para envolver as feridas, usava uma fita branca para prender a faixa, logo finalizando o curativo. Colocava tudo dentro do kit, saindo da jaula e trancando a mesma, pelo lado de fura ele destrancava a algema deixando ela solta lá dentro.
-Se sente melhor agora?- Pergunta o soldado.
-Ainda dói, mas sei que vai sarar.- Dizia enquanto ela se cobria com o cobertor. -Obrigado Jhon, você foi muito legal comigo. Se eu precisar lutar contra vocês, prometo que não irei lhe machucar.- Ela deitava ao fundo da jaula se confortando para dormir.
-Errr... obrigado, eu acho.- Não sabia se agradecia ou não o que ela dizia, talvez fosse bom ela prometer aquilo, mas sabia que ela não teria chance contra eles. -Vão invadir nosso mundo?- Pergunta curioso.
Novamente ela se senta, envolta nas cobertas.
-Pra ser sincera, acho que apenas quero fugir do meu e proteger vocês. Nossos inimigos descobriram uma maneira de se teletransportar, podem vir para cá e transformar esse lugar em uma colônia de corruptos, mas pra isso precisam matar todos os seres vivos.. ou apenas anexar seikka a eles, de maneira que destruam a si próprios.- Estava um tanto pensativa, ainda se sentia confusa perante ao real plano deles.
-O que quer dizer com isso?-
-As seikkas darão um poder magnifico a vocês. Pelo que percebi do comportamento que tem, facilmente serão destruídos pelo próprio poder que irão adquirir, perderão a razão e apenas pensarão em destruir. Vão ficar com muita energia, suas mentes perturbadas muito confusas, a única maneira de relaxar seria expelindo essa energia mortal.-
-É como virar um lobisomem ou até ser psicopata não é?- As palavras baixas e amedrontadas do jovem soavam entre os dentes.
-Bem, não sei o que é lobisomem, mas sei que fica parecendo um psicopata, não se importa com nada ou ninguém, não tem sentimentos e apenas vê prazer no sofrimento.- Puxava um pouco mais o cobertor. -Está bastante frio.-
O rapaz ia até sua mochila trazendo a ela uma manta térmica, que iria manter o calor do corpo dela.
-Coloque embaixo do cobertor.- Entregava entre as grades a ela.
Assim ela fazia, colocando por baixo do cobertor, ela se sentia mais aquecida, os olhos esmeraldas voltavam a ele.
-Obrigado mais uma vez. Esse lugar merece proteção, nunca entendi por que a rainha falava tão mal desse lugar em seus relatórios.- Abraçava os próprios joelhos sentindo seu corpo mais quente.
-Olha não conte a ninguém que me conhece. Se souberem serei punido tá?-
Ela acenava positivamente com a cabeça.
-Certo. Será um segredo. Apenas peço uma coisa a você. Vá até o local onde fui atingida e procure um pingente com uma pedra verde. Trás isso pra mim, é algo... errr... sentimental sabe?-
O jovem acenava positivamente com a cabeça.
-Ao amanhecer antes de partirmos eu irei procurar isso pra você.-
Ele sorria olhando para ela, a expressão dela é sempre neutra, parecia não ter sentimentos, o que causava calafrios ao homem. Ele logo dá as costas a ela voltando a se deitar no seu saco de dormir, perdido em pensamentos ele adormecia. Esmeralda se deitava ao fundo da jaula, ajeitava os óculos fechando os olhos lentamente. Por algum motivo se lembrava de Rob dizendo que ela podia se machucar em dormir de óculos, os retirava colocando ao bolso da calça que vestia.

O sol estava nascendo iluminando as brancas colinas. A nevasca já parou, pouco a pouco os soldados despertavam. O primeiro a acordar era o comandante, que acordava um a um com uma buzina irritante aos ouvidos. Os com sono mais leve já despertavam e levantavam em posição de sentido. Dentre eles o jovem Jhonny com seus cabelos loiros desarrumados, era um tanto magricelo comparado aos outros, além de ser mais jovem. Logo os quatro soldados estavam de pé. O comandante os olhava dando as ordens.
-Iremos partir em breve. Quero que arrumem o caminhão e lavem essas caras. Tem pronto já uma fogueira lá fora com água morna, melhor se apressarem pois tem pouca lenha.- Dizia logo se retirando o iglu, onde os soldados se apressavam para pegar a água morna que tinha restado lá fora. Jhon parecia não ligar para aquilo, apenas estava olhando para a jaula, o cobertor se mexia. Aos poucos Jhon se aproximava da jaula.
-Pss... está acordada?- Perguntava.
Ela se virava se sentando, seus olhos se abriam lentamente, sua expressão parecia de sono.
-Hmn? Quem?- Dizia ela ainda confusa.
Esmeralda leva a mão aos olhos e os coçava. O rapaz apenas abria um sorriso.
-Que cara de sono hein. É a primeira vez que demonstra alguma emoção... err.. digo expressão na verdade.-
Ela colocava as mãos aos bolsos procurando o óculos, assim que encontra leva o mesmo ao rosto o ajeitando sobre seu nariz. Os olhos verdes finalmente focavam no rapaz, abaixando em frente a sua jaula.
-Expressão? Você fala desse movimento que você faz com os lábios?- Inclinava a cabeça para o lado direito, um tanto curiosa com tal movimento.
-Bem é tipo isso sabe. Você sorri quando está feliz ou dá risada quando ouve algo engraçado, é coisa assim sabe?-
Ela inclinava a cabeça para o lado, parecia não entender.
-Creio que essas coisas ainda são muito complexas pra mim.-
O rapaz coçava a nuca um pouco sem graça, não sabia como explicar a ela.
-Como expressa sua felicidade?-
Esmeralda pensava um pouco.
-Acho que não expresso isso. Só sinto uma energia boa dentro de mim... ahhh então é isso que vocês fazem.. aquele som é algo que traz alegria ou divertem vocês.-
O loiro acenava positivamente com a cabeça.
-Isso. Se chama risada aqueles sons. Só queria saber o que me pediu para pegar mesmo. É um pingente verde né? Com um tipo de esmeralda eu acho.- Ele olhava para trás temendo que alguém o visse.
Ela acenava positivamente com a cabeça. O soldado já sabia o que fazer, logo se levantava e saia do iglu. Ela ficava meio confusa olhando ao redor, algumas mochilas e sacos de dormir. O comportamento deles era tão diferente, achava curioso. Logo alguém parecia entrar no iglu. Via o comandante entrando e a observando.
-Ora então acordou monstrinho.- O cenho dele franzia enquanto se abaixava para olhar ela.

A mesma puxava os cobertores o olhando.
-Não entende minha língua né monstro?- Falava ele ironicamente.
-Claro que entendo, apenas estou tentando entender o rumo dessa conversa. Eu acabei de acordar, minha cabeça está bem confusa.. bom, mais que o normal.-
Não gostado da resposta o comandante pegava uma arma de choque apontando a ela.
-Mostre respeito seu insolente. Não devia falar com uma autoridade assim, se quiser eu lhe mato agora.-
-Isso vai resolver alguma coisa? Vai te fazer feliz? Bem, creio que eu seja mais valiosa viva, tenho informações que você não sabe, posso ser a última esperança para que esse mundo continue inteiro.-
-Silêncio.- Berrava o comandante dando um choque a ela.
O corpo dela tremia com o choque porém a mesma não emitia som algum. Os olhos dela se focavam ao comandante, aqueles olhos verdes esmeralda pareciam sem brilho, como se estivesse triste.
-É bom assim, você aprende a respeitar alguém. Meu planeta minhas regras. Agora você vai me ouvir, não quero que diga nada.-
Ela não se movia apenas ficava olhando para ele.
-Bem, está invadindo meu planeta. Sua espécie veio do espaço nos destruir. Acha mesmo que iremos lhe poupar por isso? Você não tem nenhum valor, não estou interessado em suas informações. Se querem guerra é o que terão. Vamos nos preparar. Ainda não a matei pois sei que se lhe manter presa vou atrair mais dos seus para cá. Entendeu?-
Olhava para a jaula batendo levemente com a arma de choque nas grades, um sorriso irônico estampava o rosto dele.
-Além do mais, podemos usar você de cobaia para saber suas fraquezas e destruí-los de uma vez por todas. Nesse planeta somos os mais fortes não acha?-
Ela negava com a cabeça, logo o comandante lhe dava mais um choque, no qual a coberta caia de cima dos ombros dela, onde ele via um curativo amarrado ao braço dela.
-Espere. Onde conseguiu isso?- Ele colocava a arma de choque no bolso e passa a mão entre as grades apertando o braço dela, onde estava o ferimento.
-Eu peguei de um dos seus soldados, estava no bolso daquele que ficou dormindo perto da jaula.- Falava olhando para seu braço, ele estava a machucando, porém ela não reclamava.
-Que descuido. Mas você sabia que ele tinha a chave né? E você poderia ter escapado. Que burrinha.- Soltava o braço dela soltando uma risada.
-Na verdade, estou estudando seu comportamento, não quero fugir, sei que eu ficarei bem.-
O homem se levantava, cruzando os braços em frente a jaula, olhando para baixo, vendo o rosto dela. Os olhos fundos dele amedrontavam os recrutas, além de algumas cicatrizes na bochecha e testa.
-E por que acha isso? Tão ingênua. Já sei que você é fêmea, pelo seu tamanho julgo na idade infantil, provavelmente algum cuidador virá lhe buscar. Então quem está certo agora?-
Os olhos esmeraldas dela se voltavam a ele, pareciam mais brilhantes agora, esbanjando a confiança que ela estava sentindo, por algum motivo parecia feliz.
-Eu não acho, são fatos. Quando seu QI é avançado, dá pra ver varias brechas de tempos, como se fosse uma visão do futuro, mas apenas baseadas em fatos. Sou a seikka verde, represento a coragem, não tenho medo de errar. Mas sei que se quisesse, já teria o vencido.-
Ele deixava escapar uma alta risada. Leva a mão ao bolso para pegar a arma de choque.

-Mas o que?- Tirava a mão vazia do bolso. -Devolva isso agora.- Dizia erguendo a voz.
Ela erguia uma das mãos mostrando a arma de choque.
-Quem é o ingênuo? Por que me subestima tanto? Por que me menospreza? Ninguém é superior, somos todos iguais, porém temos nossos pontos fracos e fortes. Eu sou mais esperta, você tem poder sobre os humanos, manda neles não é?-
O comandante se afastava da jaula para não correr o risco de levar um choque.
-O que quer de mim?-
-Apenas conversar. Não precisa me soltar, apenas pare de me tratar como criança, tenho mais idade que que muitos de vocês, soube que vivem pouco. Não vim invadir esse planeta, apenas fui jogada aqui. Temos inimigos malignos e muito poderosos e parece que suas armas não tem efeitos contra eles. Visse aquele corrupto lá. Ainda não sei como o derrotei, mas sei que são muito mais poderosos que isso. Vai ter guerra sim, mas não quero ficar contra, não acha que seria mais fácil trabalhar em equipe?- Ela novamente coloca o cobertor em cima dos ombros e escondendo a mão com a arma de choque.
-Como posso confiar em você?- Dizia o comandante se aproximando aos poucos.
-Eu poderia já ter fugido, além de ter a oportunidade de matar vocês com isso.- Ela puxava um pouco a coberta, revelando que estava com um fuzil em mãos. -Peguei do soldado adormecido, e está carregado. Também considere o fato que peguei a coisa que dá choque mas não usei em você.- Ela mexia no fuzil o estudando, logo puxava o gatilho atirando no chão, um buraco se formava ao gelo. Devido ao silenciador nenhum som era ouvido. -Viu tá carregado.-
O comandante se assustava os olhos arregalados olhavam para ela. Não queria admitir que ela tinha razão, podia até ser um truque para conquistar a confiança. Não queria dar o braço a torcer, em um suspiro ele engolia em seco, talvez aceite uma trégua temporária. -Certo, não iremos lhe matar agora. Mas virá conosco, terá que provar ser digna. Espero que seus amigos não nos ataque.-
-Se isso acontecer eu os impeço, falo todas as línguas.- Colocava o fuzil para fora da jaula e a arma de choque também. -Pegue, não preciso disso.-
O comandante se aproximava pegando as armas.
-Ainda vai ficar preza ai. Não sei se está mentindo. Talvez quando confiar em você eu lhe solte.-
Os olhos dela apenas o focavam sem nenhuma expressão, apenas brilhavam como se ela estivesse alegre.
-Me chama de Esmeralda.-
-Comandante Chepper.- Respondia ele
-Uau.. também sou comandante. Que incrível!-
-É? Nossa, vejo que temos alguém com uma grande responsabilidade, até pra uma garotinha.- Dizia soltando uma risada em seguida.
-Não sou garotinha. Na verdade nem sei direito o que sou. Já que meu corpo já foi vivo um dia, apenas vivo devido a uma energia....- Ela leva as mãos a barriga, estava sentindo uma dor.
-Que foi?- Perguntava o comandante percebendo a mudança repentina dela.
-Não sei... acho que meu corpo sente falta da minha seikka, é ela que me alimenta, acho que preciso de energias.. achei que só ficaria fraca e não com dor.- Ela olhava a própria barriga, uma marca aparecia na barriga dela. Logo se lembrava de quando caiu na nave, a seikka tinha a curado de uma estaca em sua barriga. Ela olhava para a própria mão vendo que havia uma marca no lugar também. -Acho que toda a regeneração que a seikka me causou está se perdendo... se continuar assim irei morrer..-
Chepper erguia as sobrancelhas com um sorriso ao rosto.
-Então essa tal seikka é seu ponto fraco. Sem ela sua raça morre?-
-É.- Ela fechava a mão com força, estava sentindo bastante dor em tais marcas.
-Ora ora, descobri como vencê-los, então poupe-me de seu drama.- Dizia ele caminhando em direção a saída do iglu, parecia nem se importar com o estado dela.
 

Não muito longe do acampamento, em uma caverna. Robert se espreguiçava, havia acordado depois de uma longa noite de sono, o lupino estava com a cabeça em seu colo. Um calor vinha de seu bolso, logo ele colocava a mão tirando a seikka-verde brilhando.
-Que estranho.- Ficava olhando o brilho de tal pingente.
Com ele se mexendo o lupino acordava, olhava a seikka brilhante, parecia assustado, se levantava caminhando de um lado a outro.
-Acho que temos que levar isso até o dono né?- Perguntava o lenhador um pouco confuso.
Branco acenava positivamente com a cabeça.
-Que magnifico, a ligação de vocês com isso é tão forte que essa coisa pede vocês de volta.-

Novamente o lupino acenava positivamente com a cabeça. Olhando para o lado ele via um soldado cavando na neve, mais longe da caverna. Parecia procurar algo. Ele tentava sair da caverna pra ir correndo ataca-lo quando Robert segurava sua coleira.
-Tenho uma ideia melhor, fica ai.- Dizia colocando a seikka ao bolso, logo se aproxima do soldado.
-Posso lhe ajudar?- Dizia o lenhador, lembrou que deixou o machado na caverna logo soltando um suspiro.
-Sim, você viu um pingente com uma esmeralda? É uma herança de família de uma colega, ela o perdeu por aqui.- Olhava de um lado a outro como se fosse adiantar algo.
-Conhece a Esmeralda? Ela está bem?- Perguntava Rob parecendo preocupado.
O soldado sorria olhando para o grandalhão.
-Sim, ela me pediu pra achar o colar. Sou Jhonny, pode chamar de Jhon, preciso ser rápido, logo o comandante irá partir.- Ele encolhia um pouco os ombros, esperava não levar nenhuma bronca por causa disso.
-Sou o pai dela. Entregue a ela, só me prometa não atirar nela, nunca ouviu? Ou quem acaba com você sou eu. Sou Robert, deve ter ouvido falar de mim.- Tirava a seikka brilhante do bolso, entregando na mão do soldado.
O mesmo engolia em seco, sorridente por ter encontrado o pingente.
-Obrigado senhor Robert. Os soldados sempre falam de você, ainda sentem sua falta como comandante. Por que saiu?-
Ele dava as costas ao soldado.
-Fiz o que era preciso para cuidar da minha esposa, ela estava doente e grávida. Não podia mais servir... agora vá, o tempo é curto, se essa coisa brilha forte assim é por que quer logo a dona.-
-Como funciona esse pingente?- Pergunta o soldado.
-Só ela pode usar, se tentar pode morrer. Melhor levar logo a ela...-
O soldado engolia em seco, fechando a mão com força para não deixar nenhum brilho passar, não queria que ninguém notasse ou estranhasse o que tinha em suas mãos.

O lenhador voltava a caverna, onde o lupino parecia furioso.
-Por que não atacou ele? Podia ter usado de refém pra soltarem ela.- Gritava para o homem.
-Fiz o que era preciso pra ela ficar salva.... pera... você falou comigo?- Olhava Branco curioso, era a primeira vez que entendia uma palavra dele.
-Falei? Você me entendeu? Espera.... estou falando minha língua normal.. assim como Esmeralda devo ter me adaptado ao idioma local... mas ainda é incrível a velocidade com que ela se adapta.- Ele olhava ao longe o soldado partir. -Cara o que tem em mente?-
-Se dermos a seikka pra Esmeralda ela vai se libertar. Jhon é confiável, eu que o recrutei, talvez ele não se lembra faz 5 anos. Ele era apenas uma criança, mas o governo obrigou o exército a treinar em escondida alguns soldados. Aquele garoto é muito carismático. Eu o treinei com 10 anos, deve ter uns 15, ainda acho pouca idade para servir, mas se o país acha necessário não irei me importar. Mas voltando ao ponto. Com ele é órfão se usássemos ele de refém iriam o matar. As crianças treinadas pelos exército não tem identidade, são órfãs ou tirada dos pais ao nascimento. Eles pensam que se criarem desde crianças vão virar melhores soldados, muitas vezes é verdade, mas eles criam máquinas que não pensam apenas atira. Não gosto dessa ideia, mais um motivo para eu ter desistido de tudo. Me escondi pois eu tinha muitas informações, tenho que me disfarçar de lenhador gordão pra ninguém me conhecer, até minha barba é falsa.- Ele dava uma risadinha. -Só meu cabelo que é ruivo natural.-
-Vai dizer que seu nome não é Robert.- Estava um pouco confuso, Branco agora fazia insinuações.
-Claro que é.- Novamente o homem ria. -Agora temos que seguir eles escondidos. Sabe ficar invisível?- Olhava para o lupino, no qual acenava positivamente com a cabeça. -Vocês são incríveis mesmo.- Soltava uma gargalhada. Logo pegando seu machado. -Então vamos segui-los.- Caminhava na neve cautelosamente, seguido pelo lupino.

Ao retornar pro acampamento Jhon percebia os soldados organizando o caminhão. Logo o comandante se aproxima dele.
-Onde estava soldado?-
-Err... eu fui me aliviar senhor.- Respondia ele um pouco sem graça, ficava na posição de sentido.
O comandante começava a gargalhar.
-Ora seu grande idiota. Devia ter avisado antes, agora vá pegar as nossas mochilas lá no iglu.-
-Sim senhor.- Ele leva a direita a testa e cumprimentava o comandante. Ele fechava a canhota com força, um pedaço do cordão do pingente estava a mostra, sem que ele notasse.
O comandante parecia reparar algo estranho na mão dele.
-O que trás em sua mão soldado?- Perguntava olhando para a canhota dele.
-Err..é apenas uma... err..-
-Uma?- Perguntava o comandante. -Está escondendo algo de mim?-
-Claro que não senhor. Eu só queria fazer uma surpresa.- Respondia ele engolindo em seco.
-Era um presente pra mim?- Perguntava curioso. -Suspeito isso.. não é meu aniversário.-
-Não sei quando faz aniversário, então ia guardar até o dia, só queria ter certeza que irá gostar.- Falava bem rápido, tentando não demonstrar o nervosismo.
-Jhonny, espero que não esteja mentindo para mim. Será que eu poderia ver o que é? Posso dizer se gosto ou não.-
O jovem engolia em seco, não podia mostrar para o comandante aquela coisa brilhante, porém devia mostrar a pedido dele. Uma voz vinda de um dos soldados chamava o comandante.
-Senhor parece que a neve atolou o caminhão. Como vamos tirar a neve dele? Nem a porta quer abrir.-
-Depois conversamos Jhonny.- Franzia a testa o olhando. Logo caminhava até o soldado -Vou lhe ajudar.-
Assim que o comandante dá as costas, Jhon corre para o iglu. Via Esmeralda deitada ao fundo da jaula, seu corpo tremia um pouco.
-Psss.... Esmeralda, está tudo bem?-
Ela se virava toda envolta no cobertor, que tinha mais manchas de sangue verde escuro. Apenas o rosto dela ficava de fora.
-Meus antigos ferimentos cicatrizados pela seikka estão reaparecendo. Preciso do meu pingente.- A voz dela estava um pouco trêmula, uma mistura de dor com frio.
-Parece febril. Mas por curiosidade, o que essa tal seikka faz?-
-Me dá energia. Ela se equilibra com minha alma, regenerando meu corpo. Sem ela eu posso morrer. Mas se a alma não for pura o suficiente, pode ser corrompida pela seikka, ai vira aquela criatura que você viu. São fortes porém perdem a razão. Lembra? Falei algo do tipo com você ontem a noite.-
O rapaz acena positivamente com a cabeça, ele tinha curiosidade em usar tal pingente, mas o temia, talvez fosse melhor o devolver pra ela. Estendia a mão para ela abrindo a mesma, a seikka parecia brilhar cada vez mais.
-Incrível, a energia da seikka é atraída pela energia da minha alma, quando estão longe a seikka sente falta da energia da alma. Talvez elas se liguem de alguma forma.-
Tocava com o indicador da mão ferida na seikka. Sentia seu corpo aquecer, imediatamente a ferida cicatrizava, havia sumido de sua mão. Ela pegava o pingente o colocando ao pescoço, porém o mesmo caia. Ela olhava o pequeno gancho atrás, parecia quebrado.
-Acho que dá pra arrumar.-
Novamente ela colocava o colar ao pescoço, segurando com as duas mãos atrás. Segurava com força, o brilho da seikka envolvia o colar, onde ficava em um tom preto, uma pequena corda entrava na seikka, prendendo ele ao colar preto. O colar ficava preso no meio do pescoço, como ela estava o arrumando acabou deixando um tanto apertado, agora era uma gargantilha.
-Não sabia que isso ia acontecer. Achei que fosse conseguir dar um nó.-
Ela empurrava um pouco o colar para baixo, o deixando no inicio do pescoço, por estar um pouco frouxo a seikka ficava sobre um “buraco” abaixo da garganta, onde iniciava o osso que contornava a parte inferior da clavícula.
-Como fez isso?- Perguntava ele encantado.
-Apenas imaginei um colar bem forte e resistente, confesso que apenas queria um nó mas acabei me empolgando em pensamento ai aconteceu isso.-
-Por que quando eu pensava em coisas legais quando segurava isso, nada acontecia?-
-Não é simples, eu também não sei usar isso, mas acredito que cada seikka escolhe a alma perfeita pra ela. Igual aquela historia de alma gêmea. Um completa o outro, a força de um é fraqueza de outro. O ponto forte da minha seikka é a coragem. Sempre que me sinto corajosa consigo usa-la. O ponto fraco é a inteligência, sempre tao burrinha e ingênua. Mas minha alma completa com inteligencia.. e bem... a ingenuidade confesso que ainda possuo. Ou seja, minha alma completa minha seikka sabe?-
-Hurum. Será que eu poderia ter uma também?- Perguntava ele esperançoso.
-Claro, eu consigo uma pra você, apenas quero que prometa uma coisa. Apenas use a seikka para a proteção e não para os outros lhe admirarem. Segundo relatos, os heizianos almados que usaram a seikka para que os outros admirasse eles, foram corrompidos. A energia da seikka é mortal, tem que saber usar. Posso conseguir uma pra você.-
-Sério? Eu prometo sim obrigado.- O jovem sorria enquanto olhava para ela.
-Serio sim. Se eu voltar ao planeta natal ou conseguir alguma seikka dos corrompidos, eu posso anexar ela em você. Mas se for corrompido já sabe, irá virar um psicopata.-
Ele acenava positivamente, engolia em seco, não queria perder o controle, o fato era, estava preparado para aquilo? Enquanto estava pensativo via ela tirar o curativo, puxando os pontos com as pontas dos dedos, que se desprendiam com facilidade da pele dela. Estava totalmente curada.
-Incrível, sem nenhum arranhão!- Comentava o soldado.
-Quando tens a alma pura, sua seikka não deixa seu corpo se ferir, saberá quando é a seikka certa quando isso acontecer.-

O comandante entrava no iglu, vendo ele abaixado em frente a jaula dela conversando com a mesma. Incrivelmente o braço ferido dela parecia são e aquelas marcas de feridas que tinha surgido no corpo dela sumiram, além do mais, ela estava com um estranho colar, que tinha algum tipo de joia transparente esverdeada.

-Por que está falando com a prisioneira Jhon?- Dizia o comandante.
O rapaz sentia seu corpo gelar, virando de imediato para o dono da voz. O comandante estava de braços cruzados olhando para ele, parecia furioso.
-Falou algo confidencial a ela? Por que as feridas dela sumiram misteriosamente? Isso é muito suspeito. Antes ela não tinha esse cordão no pescoço, deu isso a ela?- A voz do comandante parecia mais uma ameaça do que apenas perguntas.
-Err... eu... ela...- Jhon estava confuso, não sabia o que responder, era inevitável aquela bronca.
-Controlei a mente dele pra me ajudar.- Esmeralda falava em um tom alto interrompendo o soldado.
-Foi?- O comandante se aproxima olhando para ela. -Por que não controlou minha mente então? Tenho muito mais poder que ele, você sabe muito bem disso espertinha.-

-Tá bom, eu confesso, quis ajudar, ela foi tão legal comigo, quis retribuir apenas, sempre me tratam mal, desde que eu era pequeno, ela foi a única que me tratou bem e foi gentil comigo, além de não gritar. Desculpe.- O soldado abaixava a cabeça se afastando um pouco.
-Então deu o que ela pediu pra que possa nos matar? Soube que essa pedra da poder a ela. Você sabia né?- Os olhos fundos do comandante fixavam no rapaz.
-Sim, e sabia que ela não ia nos machucar. Afinal, se quisesse já teria feito não acha?- Respondia o comandante.
Não gostando da resposta do soldado, o comandante segurava a blusa dele o erguendo, preparando um soco, logo sentia algo tocar a mão prestes a socar o soldado. A pequena alien estava ao lado dele segurando a mão dele.
-Não faz isso, ele não tem culpa. Sua natureza é repugnante, mas temos esperança contra eles, apenas precisa cooperar comigo.- Dizia ela em seu tom calmo habitual.
Assustado o comandante solta o soldado olhando a jaula, a mesma estava aberta e a chave na fechadura.
-Onde conseguiu a chave?- Pergunta ele parecendo nervoso.
-Na sua bota.- Ela apontava para a bota dele.
-Ora sua....- Ele interrompe a fala
-Sua?-
-Espertinha. Pare de pregar peças, o que quer?- Soltava um suspiro, teria que dar o braço a torcer, afinal não fazia ideia do que podia acontecer.
-Confesso que não sei o que vai acontecer. Mas temos que impedir os corruptos de virem pra cá. Temos que localizar uma forma de destruir aquele portal. Pelo que lembro, quando o portal abre, não dura muito tempo, talvez eu consiga entrar quando um deles vier pra cá, ai eu destruo o portal e......- Ela abaixava a cabeça
-E?- Pergunta o comandante
-Fico presa naquele planeta, e terei que voltar para minha terra natal. Esse lugar é legal, aprendi muita coisa em pouco tempo aqui, ainda tenho muito a aprender. Ainda acho que depois daquele fracasso a rainha não me aceitaria de volta.-
-Ótima ideia, vamos trabalhar juntos, ai o portal abre, você vai embora. Gostei.- O tom dele soava irônico, parecia não gostar dela. -Faça o favor de voltar a jaula agora, tenho que levar você a meus superiores.-
-Lá tem alguém que irá me escutar?-
-Não, mal falam comigo, quem diria com uma etezinha.-
-Ótima ideia, assim posso falar com alguém que pode me ouvir.- Ela entrava novamente na jaula, no qual o comandante fecha ela.
-Se ela fugir a culpa será sua.- Entregava a chave para Jhon se retirando do local, pisando fundo, parecia raivoso.
-Por que quer falar com nossos superiores?- Pergunta o soldado olhando a chave.
-Se os superiores mandam nele, devem faze-lo obedecer, esse teimoso não vai me ouvir.-

-Acha que temos uma chance?- Colocava a chave ao bolso olhando para ela.
-Claro, afinal, um colega meu disse que sou a arma secreta, então posso derrotar eles com facilidade, acho que os amigos dele podem me ajudar a aprender a usar esse poder. Tem a seikka-rosa e seikka-azul, mas temos que acha-los, poderia nos ajudar, vai que eles tenham uma seikka sobrando, ai podemos da-la a você.-
O rapaz sorria com as palavras dela.
-Pode ser, mas vai mesmo escapar?- Perguntava receoso.

-Claro que vou, e você virá junto, terei que cumprir minha promessa.-
Ele negava com a cabeça.
-Não posso, não terei onde ficar, aqui é minha família, se você sair o comandante irá me punir quando voltar. Não posso te ajudar a escapar.- Ele se encolhia.

-Não sua fidelidade é incrível. Já sei a seikka perfeita pra você. Eu arrumo uma família pra você, merece algo melhor do que alguém que só reclama e grita. Se eu partir, meu pai cuida de você, quando vim pra esse mundo fui adotada por ele. Agora vamos agir, está chato ficar aqui nessa coisa pequena.- Ela leva as mãos até as barras, entortando elas com facilidade.
O jovem ficava boquiaberto pela tamanha força dela.
-C-como fez isso? É um poder da sua seikka?- Perguntava
-Não. É que a gravidade do meu planeta é maior, acho que isso desenvolveu mais força quando fiquei em uma gravidade menor. Bem imagino que seja isso.-
-Incrível!- Ele olhava para a saída -Vamos no stealth?-
-Hein?- Ela não entendia as palavras dele.
-Err.. é uma gíria que usamos em jogos. Na verdade a eu apenas quis saber se vamos sair furtivamente sabe?- Tentava corrigir suas palavras um pouco sem graça.
-Jogo que você diz é aqueles eletrônicos né?- Pergunta curiosa.
-Sim, eu jogo em tempos livres, e quando o comandante permite.-
-Uau, eu li algo sobre isso nos relatórios, sempre quis ver como funciona. Mas voltando a sua pergunta, vamos sair escondidos sim.- Ela se aproximava da saída do iglu, olhando para fora, ao longe dava para ver os soldados e o comandante tentando desatolar o caminhão. -Venha, ninguém tá olhando.- Ela olhava para frente vendo uma pistola próxima a um saco de dormir. Se aproximava pegando ela, logo colocando no elástico da calça, talvez fosse útil depois.
-Vou pegar minha mochila, tem bastante comida e munição. Não está com frio?- O soldado colocava a mochila as costas, pegava um fuzil vendo se tinha balas, ao ver que tinha pouca pegava o outro próximo. -Tenho uma pistola.- Mostrava ela na calça. -Uma faca.- Apontava pra bota.- Algumas granadas e minas. -Apontava para sua mochila.-Além de balas de fuzil, pistola e rifle, que também está dentro da mochila. Então estou pronto.-
Ela olhava o rapaz enquanto falava de seus armamentos, logo seus olhos voltavam para a pistola em sua calça, estava fria encostando em seu abdome.
-Acho que pela adrenalina não estou com frio agora, mas acho melhor eu levar o cobertor.- Ia até a jaula, colocando o cobertor em cima de si, como se fosse uma capa. -Pronto, agora estamos prontos.-
O rapaz sorria, eles saiam de fininho do iglu, contornando o mesmo e indo para trás dele.
-Vamos por cima, ai podemos contornar, sei onde tem uma caverna, lá tem seus amigos.-
Dizia Jhon correndo em direção a uma árvore para não ser visto.
Ela o acompanhava se escondendo em uma pedra próxima a árvore. Mais algumas árvores e pedras depois, já estavam fora da vista dos soldados. Ao longe uma explosão era ouvida.
-O que aconteceu?- Ela olhava para trás vendo uma enorme nuvem de fumaça.
-Explodi o arsenal de armas, para eles não virem atrás de nós.- Ele dava de ombros como se aquilo não o importasse.
-Genial!- Ela dava um salto caindo lentamente.
-O-obrigado.. é a primeira vez que acham minhas ideias boas.. mas você flutuou?-
-Err... não sei.. na verdade nem sei por que saltei.-
-Está demonstrando alegria do seu jeito.- Ele soltava uma risada baixa.
-Ahhh.. é? Pular é sinal de alegria?- Inclinava a cabeça para o lado confusa.
-Claro que é. Sabe demonstrar confusão também, fazendo essa carinha de cachorro.- Ele continuava rindo, parecia achar o jeito dela engraçado.
-Vi o Branco fazer isso, mas não entendi a comparação com um cachorro.- Inclinava a cabeça para o outro lado ainda confusa.
-Nada não. Vamos indo, podemos dar a volta ai e logos achamos uma caverna.-
-Certo.-

Ela acompanhava o jovem, ao longe via uma caverna. Conseguia ver ao longe que Branco e Rob estavam sentados em frente a uma fogueira, pareciam estar esperando ela. Quando a mesma se aproxima o suficiente para que pudessem ver ela, Branco disparava de perto da fogueira pulando em cima dela, derrubava a mesma na neve.
-Você está bem. Que bom, meus extintos estavam certos, algo me dizia para esperar você aqui, ainda acho que era a seikka-azul se comunicando comigo, ela sabe onde estamos, disse que está em uma cidade no interior do México. Sabe onde fica isso?-
Ela negava com a cabeça, envolvia os braços ao redor do pescoço de seu amigo peludo, deixando a coberta cair na neve.
-Senti saudades Branco. Achei que ia se arriscar para me salvar, mas só estava coletando informações, desculpe demorar para voltar, mas estava ferida.- Ela o soltava olhando para o mesmo.

-Como está agora?- O lupino olhava o corpo dela como se buscasse algum corte ou ferida. -Está ilesa novamente.- Via a seikka ao pescoço dela. -Que bom que achou a sua seikka.-
-Sim. Onde está o Rob?-
Mal o lupino saia de cima dela e duas enormes mãos a pegavam, segurando ela no colo, era o grande Robert, com seus 1,96 metros de altura e seu corpo mais largo o faziam parecer um urso, porém o abraço dele era bem confortável e quente.
-Fiquei preocupado com minha pequena. Não suma assim novamente. Queria ir atrás de você, fiquei com medo de perde-la.- Os braços dele pareciam apertar ela mais forte a cada segundo, a saudade era tanta.
-Estou bem, não se preocupe. Nunca fui tratada tão bem, gosto de ser sua filha. Nem que seja só de coração.- Os olhos verdes dela iam ao encontro os olhos dele, que pareciam umedecidos.
-Que orgulho. De agora em diante prometo lhe proteger.- Ele colocava ela no chão, e dava um beijo a testa dela.
O lupino trazia em sua boca o casaco que ela estava usando, logo Rob pegava colocando a ela.
-Se proteja do frio.- Um enorme sorriso estampava o rosto dele.
-Claro, obrigado.- Ela fechava o casaco.
Tal cena apenas era observada pelo soldado, ele olhava para o chão parecendo um pouco triste, em sua mão havia um rifle com silenciador. Em sua mente passava tudo o que aprendeu no exército, nunca teve uma atenção mais carinhosa, apenas broncas, gritos, punições e sofrimento. O ver o olhar um pouco cabisbaixo do jovem, Rob se aproximava dele levando a mão ao ombro dele.
-Não fica triste, estamos aqui para lhe ajudar, seremos sua família. Eu cuidei de você quando era apenas um pequeno bebê órfão, talvez não se lembre de um cara bem grande, ruivo eu era magro claro.- Dava uma risada.
O jovem lembrava vagamente, mas não era definido as feições de suas memórias, logo negava com a cabeça.
-Não se preocupe, pode me chamar de Rob como disse antes, agradeço por ajudar minha filha. Já te considero pakas por isso.-
O rosto do rapaz ficava levemente avermelhado, ele apenas sorria.
-Obrigado senhor.-
-Só Rob. Não me chama de senhor, faz eu me sentir mais velho. Tem quantos anos mesmo?-
-Quinze anos.-
-Eu imaginava. Venha, eu ensinei o Branco a caçar, ele trouxe um coelho, to assando ele.-
 

Todos caminhavam para próximo a fogueira, que havia alguns pedaços de madeira montados como um suporte ao redor da fogueira, enquanto um era apoiado a eles, no qual tinha um coelho espetado.
-Como conseguiu ensinar o Branco?- Pergunta Esmeralda.
-Ele sabe falar minha língua agora. É um bom ouvinte, só pedir e ele faz, da mesma maneira que você.- Ele acariciava o lupino que sentava próximo ao homem.
-Que bom Branco, você aprendeu a falar a língua dele.- Ela olhava o lupino.
-Isso foi graças a você, eu acreditei que era possível, parece que se tivermos confiança em nós mesmos e acreditarmos a nossa seikka desenvolve algo, tipo um poder novo ou habilidade pra ajudar na hora sabe?-
Ela acenava que sim com a cabeça.
-É interessante essa informação sobre a seikka. Mas fico feliz por você conseguir.-
Branco cheirava o coelho enquanto Rob espeta o coelho com um graveto. Jhon largava o fuzil ao chão, tirando sua mochila e colocando próximo.
-Já volto, vou só ali rapidinho.- Dizia se retirando.
Esmeralda olhava ele sair, enquanto ele se afastava ela ouvia a voz de Robert.
-Ele deve estar meio pensativo por não ter família, vai falar com ele.-
-Tem certeza?- Os olhos dela voltavam para o pai.
-Sim, corre lá.- Um sorriso surgia aos lábios dele.
Sem demora ela ia atrás dele, seguindo seus passos. Encontrava ele de frente pra uma árvore, ainda longe ela dizia.
-Hey Jhon, quer conversar?-
Rapidamente ele parecia arrumar algo na altura da cintura, logo se virando para ela com o rosto corado.
-Oi.. err... eu tava meio ocupado.. mas tudo bem..-
-O que estava fazendo?- Ela olhava para a árvore que parecia um pouco úmida, logo olhava o rosto dele. -Você muda de cor? Seu rosto parece que tá vermelho.- Inclinava a cabeça para o lado curiosa.
-Não.. errr digo.. esquece.. v-vamos caminhar por ali.- Apontava para o lado, com o rosto cada vez mais vermelho, logo leva as mãos até o bolso da calça.
-Está estranho, tá tudo bem?- Ela o acompanhava em passos rápidos.
-Só um pouco pensativo. É estranho pra mim estar longe do comandante, dos soldados sabe. Daquela vida, não sei ao certo o que fazer.- Chegava próximo a um lago congelado, parando em frente ao local.
-Não pense como algo estranho, pense como uma oportunidade. Mudanças são bem vindas, as vezes podem mudar nossa vida.-
Os olhos do rapaz se voltavam para ela, pareciam brilhantes enquanto olhavam pra ela.
-Suas palavras são tão belas, nunca entendi por que o comandante de desprezava tanto.-

Os olhos verdes dela iam de encontro aos olhos dele, estava curiosa com a maneira que ele a olhava, inclinando a cabeça um pouco para o lado.
-Eu imagino que ele teme o desconhecido, talvez por medo do que eu podia fazer ele tentava me deixar com medo, mas tais atitudes eram em vão. Mesmo assim agradeço a ajuda.-
-Seus olhos.. são lindos, parecem.. - Ele ficava com os lábios entreabertos, um pouco perdido no olhar dela.
-Parecem o que?- Ela piscava os olhos e desviava o olhar para o lago congelado.
-Err... esmeraldas... isso é o que parecem.-
-Eu sei, por isso que esse é meu nome. Sabe, seu rosto tá ficando vermelho de novo, isso é normal?-
Ao ouvir tais palavras o rosto levemente corado dele se tornava um tom rubro, não entendia por que tinha ficado tão centrado nos olhos dela, mesmo que fossem tão belos.
-É, quer dizer que fiquei envergonhado, é comum entre humanos. O que faz quando fica com vergonha?-
-Vergonha? Err... bem... não sei, meu povo não é muito emotivo, eu não sei na verdade.- Ela pensava um pouco tentando se imaginar em tal situação.
-E por que não tenta sorrir? É uma bela forma de demonstrar felicidade.- Dizia ele.
-Como faz?- Os olhos dela se voltavam ao rapaz.
-Assim.- Ele flexionava o canto dos lábios mostrando a ela um sorriso, logo mostrava seus dentes em um sorriso maior. -Deixe a felicidade dizer o tamanho do seu sorriso.-
Ela tentava mexer o canto dos lábios sem muito sucesso, apenas tremiam um pouco sem ficar da maneira devida, logo ela mostrava seus dentes tentando imitar o sorriso, o que ficava mais estranho do que devia.
-Não consigo..- Ela olhava para o lago congelado novamente.
O rapaz ria com a tentativa dela.
-Com um pouco de prática você consegue. Não se preocupe.- Ele colocava a mão no ombro dela, no qual a mesma olhava para a mão dele. O rapaz colocava a mão na bochecha dela, no qual ela encolhia os ombros e virava para ele.
-Está fria.- Dizia olhando pra ele.
-Sua pele tem uma textura diferente, parece mais macia que a de um humano.-
-É?- Perguntava ela curiosa.
O rapaz acenava positivamente com a cabeça, o rosto dela começava a ficar levemente rosado, onde estava próximo da mão dele, se espalhando para quase metade de seu rosto, como se fosse uma mancha, assustado o rapaz tirava a mão dali.
-Sua pele tá mudando de cor....-
-Está?- Assustada ela olhava para as próprias mãos, ainda verdes.
-Veja só.- Ele segurava as mãos dela, no qual a mesma observa.
-O que está fazendo?-
-Vai ver.- Dizia ele mantendo as mãos sobre as dela.
Um tom rosado tomava as mãos dela, logo ele soltava as mesmas, pareciam completamente rosadas, da mesma cor da pele do rapaz. Ela olhava as mãos virando elas, percebia que agora tinha unhas.
-Nossa! Parece que minha pele está absorvendo a característica da sua... é a habilidade de adaptação dos seikka-verdes, eles adaptam sua pele pelo clima, habitantes, e condições do solo. Ou seja, conforme o tempo passa minha pele resiste ao frio e vai ficar mais próximo da sua cor, só precisava saber como ativar essa habilidade. Acho que ainda estou confusa em como ativar ela, minha mente estava com tantos pensamentos, eu pensava naquela luta que tive, eu lutando contra ele, derrotando o corrupto.-
-Incrível mesmo. Seu corpo se adapta muito rápido, coisa que nós humanos não nos adaptamos. Eu vi a luta, você foi incrível, que coragem, saltar em cima dele tentando acalmar, o mais foda foi derreter ele todo, como fez?-
-Coragem. Acho que é isso que ativa minha seikka. No meu planeta eu sempre ficava com medo ou receio de lutar, mas com os incentivos do Branco, entendi como usar ela. Mesmo que ainda esteja confusa perante a isso. Sabe, se tocar mais em minha pele talvez eu fique da sua cor.-
O rosto do rapaz ficava rubro as palavras dela, logo olhava para o lado.
-Não sei não, quer mesmo ficar da minha cor?-
-Quero me misturar.- Ela estendia uma das mãos a ele, para que o mesmo a segure, e assim ele fazia, com o rosto corado.
Alguns minutos se passavam enquanto ele segurava a mão dela, logo aquela mancha rosada do rosto se espalhava pelo rosto inteiro, fracas sardas estavam formadas sobre o nariz dela e abaixo dos olhos, os cabelos curtos e loiros dela tinham um tom mais desbotado, enquanto os cabelos loiros do rapaz eram um loiro bem vivo. Logo ela soltava a mão dele olhando para si, vendo tal mudança em suas mãos.
-Nossa, nossa, nossa. To igual a uma humana?-
Percebia o rapaz a olhando com um sorriso bobo, não entendia o por que daquilo, apenas abria seu casaco para ver se todo seu corpo estava rosado. Ela ainda vestia aquele tipo de top de couro marrom, em seu abdome a pistola que ela pegou no iglu, estava completamente rosada. Tirava o casaco sujo de sangue e o deixava na neve.
-Não sinto mais frio, acho que já estou me adaptando ao ambiente.- Ela olhava fixamente para o lago, sua imagem refletia no gelo liso, ela se olhava um tanto curiosa.
-Nossa, pareço mesmo uma humana, apesar de achar meus olhos verdes demais para sua espécie, não acha?- Os olhos esmeraldas se voltavam ao rapaz, que ainda estava sem se mover. -Jhon?- Chamava ele.
Ao perceber que parecia um tolo parado ali, ele sacode a cabeça vendo os olhares dela voltados a ele, no qual seu rosto ficava completamente rubro, o que era destaque em sua pele clara.
-E-está linda.. parece humana.- Dizia sem graça.
-Vamos mostrar pro Rob, vem.- Ela saia correndo puxando o braço dele, que logo cedia em acompanhar ela.

 

Ela se aproximava da fogueira, onde o lupino mordia um osso, uma das coxas do coelho estava faltando, enquanto a outra estava sendo retirada por Robert. Ele via os dois chegando ficando boquiaberto.
-Está... rosa?- Tentava entender o que aconteceu.
-A habilidade de adaptação da minha seikka se ativou, agora me adaptei ao povo daqui, fora que ganhei resistência ao frio. Não acha muito legal?-
Enquanto ela se aproximava o lenhador não tirava os olhos dela.
-É tão linda minha filha. Incrível sua habilidade, está mais parecida com sua mãe.-
-Eu não conheço ela, desculpe.-
-Tinha os cabelos bem loiros e olhos tão verdes, mas não tão verdes quanto os seus.- O lenhador se abaixava um pouco abraçando ela. -Não sei como fez isso, mas adoraria se ficasse dessa cor sempre, faz parecer uma de nós, eu adorei isso, ninguém vai incomodar você assim.-
-Entendi, irei ficar assim enquanto der, não sei se é temporário, se for eu volto a ficar dessa cor sempre que der, o que mais quero é me misturar a vocês.- Retribuía o abraço dele, mesmo que seu corpo estivesse naturalmente quente, nada era mais confortável e caloroso quanto o abraço dele.
Depois de um tempo abraçado com a filha, logo Robert a soltava, oferecendo um pedaço do coelho que estava cozido.
-Está gostoso, sem sal, mas é bom.-
Ela negava com a cabeça.
-Não obrigado, estou sem vontade de comer, já que não sinto fome enquanto tenho a seikka comigo.- Ela leva a mão em cima da seikka contornando a mesma com os dedos. Sentava próximo a fogueira apreciando o calor emanado por ela.
-Quer um pedaço?- Rob oferecia uma pata do coelho a Jhon.
Timidamente o jovem pegava a pata e sentava ao lado de Esmeralda.
-Obrigado senhor.- Mordia um pedaço da pata mastigando lentamente, experimentando o sabor. -Melhor que carne de rã.- Falava ele em um tom brincalhão soltando uma risada, acompanhado de Rob.

-Depois de terminar de comer vamos para minha casa, de lá podemos traçar a rota para ir atrás dessa tal seikka-azul, ela parece ser importante.- Dizia Rob
-É sim, vai nos ajudar a prevenir o que pode acontecer. Seikka-azul sempre sabe de tudo, mas espero que não seja tarde. Como vamos para o México?- Comentava Branco
-Nunca é tarde, sempre há esperança.- Dizia Esmeralda, um pouco mais alto que ele, não queria pensar que todo aquele esforço seria em vão. -A dias atrás eu não sabia usar minha seikka, agora até sei mudar de cor, não é tarde, podemos mudar.- Ela suspirava olhando para a fogueira, não entendia por que, mas estava se sentindo irritada de pensar naquilo, porém já passou aquela raiva, tudo que ela queria agora era entender o que estava acontecendo, por parte estava curiosa, outra parte com um pouco de medo.
Robert entendia aquela pressão interior dela, sempre queria parecer esperançosa, para que ninguém desanime, mesmo que ela mesma não acreditasse muito naquilo.
-Amanhã vamos para o México. Hoje vamos tirar o dia para descansar, tenho uma caminhonete, podemos ir até o aeroporto, de lá compramos passagens, mas só tem um problema.- Dizia o lenhador.
-Qual?- Pergunta o lupino.
-Não sei falar espanhol. Pra ser sincero, falo até italiano, francês, português, inglês, japonês, alemão, coreano e mandarim, mais nada de espanhol. Quando servi o exército aprendi muitas línguas.- Se encolhia um pouco sem graça.
-Eu te ensino.- Dizia Jhon.
-Você fala espanhol?- Perguntava Rob.

-Sim, o comandante é espanhol, ora ou outra ele nos mandava fazer coisas em espanhol, então aprendemos na marra a língua dele, ou éramos punidos.- Enquanto falava ele dava o osso ao lupino, que lambia a mão dele como agradecimento, pegando o osso e o abocanhando.
-Tudo certo então. Amanhã vamos ao México.- Rob se levantava, se sentia animado por viajar, fazia tempo que não saia de casa.
Logo todos eram guiados por Robert, até sua casa.



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