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História Vício - Sobre Abstinência - Capítulo Único


Escrita por: Clair-Bak

Notas do Autor


Hello, seres humanos da Terra. Por aí está beeem frio que nem aqui?
Sério, meus pobres dedinhos dos pés estão congelados. T.T

Enfim, espero que gostem. Boa leitura <3

Capítulo 1 - Sobre Abstinência - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Vício - Sobre Abstinência - Capítulo Único

Levi permanecia sentado no confortável sofá de couro há quase uma hora. O corpo inclinado para frente, os cotovelos apoiados nas coxas musculosas e os dedos a movimentarem-se de forma nervosa e constante. Olhava fixamente para o maço de cigarros que jazia em cima do tampo de vidro da mesinha de centro. Olhava e era como se a embalagem o encarasse de volta, chamando por seu nome.

Exatamente um ano e dois dias sem fumar. Um ano e dois dias sem tragar as substâncias tóxicas que entorpeciam seu corpo e que, em momentos de angústia como aquele, causavam extremo alivio. Tinha acostumado-se a viver sem, mas se fosse por conta própria, jamais teria parado. Pretendia morrer sendo fumante e achava que estava tudo bem assim.

Acontece que quando se fica noivo de um homem que tem inúmeros problemas respiratórios e séria intolerância a cheiros fortes, como o do cigarro que empesteava a casa toda, fica difícil continuar fumando. Era um ultimato, na realidade. Se escolhesse o cigarro, não teria Eren. Se escolhesse Eren, não teria o cigarro.

E, claro, seu coração enxerido já tinha escolhido o rapaz de olhos verdes por conta própria, transformando o tão necessário e desejado cigarro em mera segunda opção. E mesmo diante da intensa abstinência que a falta da nicotina e das outras tantas mil substâncias causava, viu-se lentamente deixando de ser fumante.

A casa já não carregava o cheiro forte e característico; os cinzeiros foram os primeiros a serem descartados. Seus dedos já não eram mais tão amarelados e até já conseguia sentir que respirava bem melhor. O cigarro deixou de ser presença certeira naquele ambiente, assim como Eren.

O causador de toda aquela mudança, o garoto de olhos verdes e sorriso expressivo, tinha partido logo cedo, alegando que o amor que sentia não era correspondido com a intensidade que esperava e almejava. Afirmava que Levi estava quase sempre distante; que sentia que o sexo tinha se transformado na única experiência real trocada entre eles.

Eren tinha gritado, à plenos pulmões, que precisava sentir que ainda existia amor, e Levi só conseguia pensar no quanto deixar de fumar tinha sido uma grande prova do tal amor, que seu noivo tanto dizia não existir. Para o inferno com a saúde e todos aqueles avisos sobre os tantos malefícios que rodeavam o vicio! Embora soubesse dos perigos, nenhum deles tinha feito a menor diferença em sua decisão.

Namorados chegaram e partiram; amigos insistiram e insistiram, tal e qual como os familiares fizeram. Quando Levi desenvolveu uma pneumonia, o médico advertiu incisivamente, afirmando, de todas as maneiras possíveis, que a morte bateria em sua porta mais cedo se continuasse a viver daquela maneira. Tantos e tantos motivos para que sentisse vontade de largar o bendito vício, porém nenhum deles surtira efeito.

E então, num belo dia, surgiu Eren, trazendo consigo rinite alérgica e sinusite crônica. Intensa intolerância a qualquer cheiro forte, desde perfumes à sabonetes, passando por temperos como canela e cravo. Tudo mudou desde então, o rapaz chegou e o cigarro se foi. Agora o cigarro havia voltado, mas Eren não.

Diante da lamentável situação e da tristeza imensurável que esmagava o peito, Levi só conseguia pensar que se tivesse escolhido o fumo, teria um companheiro fiel que o seguiria até a morte, contudo, havia escolhido Eren e agora não tinha mais ninguém. E se a solidão já não era mais tão intensa quanto fora poucas horas atrás, era por conta do cigarro que agora mantinha entre os dedos, acendendo nervosamente com o isqueiro preto.

O suposto ex viciado observou a fumaça escapar pela ponta, embriagando-se com o odor intenso. Jogou o corpo para trás, apoiando-se no encosto do sofá. Sua boca abria e fechava, enquanto a ansiedade tornava-se insuportavelmente presente. Não tinha fumado ainda, por enquanto apenas passeava pelas lembranças que o simples ato de segurar o cigarro trazia.

Em uma época mais amena e feliz, se sentisse vontade de ceder a tentação e acabasse acedendo o tal “tubinho branco”, Eren diria alguma bobagem sem sentido que trouxesse alguma distração e Levi deixaria de fumar. Acabaria rindo, mesmo que discretamente, e deixar o desejo de lado tornaria-se bem mais simples.

Se falasse sobre o quanto seus lábios sentiam-se solitários e que sofriam com a falta de algo, Eren o beijaria fervorosamente, fadando o cigarro ao esquecimento. E se tudo isso não fosse suficiente para que a abstinência passasse, mais caricias seriam trocadas apaixonadamente, sairiam para qualquer lugar, assistiriam à algum filme ou cozinhariam juntos.

Tudo que estivesse ao alcance seria feito para que o cigarro não conseguisse retornar e o vicio converteria-se em apenas mais uma lembrança ruim. Contudo Eren já não estava mais por perto e, no fim das contas, era ele quem sempre afastava a abstinência e a vontade de fumar, afinal.

E agora que segurava o cigarro entre os dedos, olhando para ele, percebia que, mesmo com a partida do jovem rapaz, a vontade de fumar já não existia. O maldito garoto, além de ter ido embora, havia levado o vício junto consigo e o que ficava para trás era um Levi duplamente abandonado.

Um Levi que não sentia falta alguma do fumo, mas que sentia extrema falta de Eren. Acontece que o cigarro estava ao alcance de suas mãos, seu ex noivo não. O cigarro estava ali e continuaria a estar sempre que precisasse. O cigarro destruiria seu corpo lentamente, faria mal à sua saúde, mas, por outro lado, sabia que ele acalmaria sua angústia, dissiparia parte da solidão e traria aconchego.

E, à cima de tudo, o cigarro jamais o abandonaria e era por isso que Levi voltaria a fumar e continuaria fumando até morrer. Continuaria fumando mesmo que uma voz distante, oculta bem no fundo de sua mente, dissesse que essa era uma péssima escolha a se fazer. Continuaria fumando simplesmente porque o cigarro aliviaria a abstinência que a falta de Eren causava.


Notas Finais


Beijo pro'cês que leram até aqui. Nós vemos por aí, quando a criatividade me deixar escrever mais alguma coisa. Bjo bjo, até mais ;)


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