História Vida e morte por um fio - Capitulo cinco

Estou saindo do trabalho, está ventando,há folhas espalhadas pelo curto caminho de volta ao metrô ao ônibus … Agora em direção a outro lugar, outras pessoas.Sonhos comuns e pequenas chamas que com o tempo consomem outros fios,estes entrelaçados uns nos outros,não existe escapatória, minha vida nas mãos de outros seres como eu? pergunto-me quantos tem suas asas ? quantos aprenderam a usar as duas e alcançaram o voo? quantos possuem o olhar privilegiado que se tem quando se finalmente encontra o equilíbrio do bem e do mal? o equilíbrio de seus atos e emoções, razão e ansiedade. O tamanho certo de cada asa, variantes que dependem de situações,conhecimentos,ah tudo é tão relativo que mais fácil é achar quem não as usam,cultivam e apreciam como caudas de pavão,somente  uma das duas,como se a outra não fosse igualmente importante, se oculta o que se não compreende na tentativa de fazer não existir,de fato mais fácil fingir que se pertence ao solo ou ao céu. A terra dá sua força, animais sobrevivem em uma cadeia alimentar onde dominam os meus iguais,somos nós que ditamos quem morre e quem vive,quem voa e quem fica para sempre preso... Enraizado  apenas em conceitos físicos, apenas no breve agora, em um presente de falso continuar, por outro lado eu tenho igual  poder... nas minhas mãos passam vidas…

A consciência de meus atos vem a tona quando faço brilhar a pequena luz,quando aumento a chama,quando faço uma fagulha... Mas dificilmente vem à tona quando comento meus pequenos errinhos diários...quando sem perceber acabo por passar por cima de uma chama ou quando me afasto da luz…

Um leve peso que vai aumentar conforme  o tempo diminui,conforme vou chegando mais próximo de meu encontro incancelável,meu fio….Este  antes algo como corda de marinheiro foi afinando conforme o tempo até ser esse fio, o peso que carrego pode desequilibrar, mover… balançar e talvez se quebre ou assim como um equilibrista sem atenção caía da corda bamba, às vezes tenho a sensação de estar sem chão, não tenho onde me segurar não existe outro fio para percorrer.

Ele já havia avisado, deu o manual da vida,ensinou a fazer e dar  nós, elos e demais formas de manter a corda firme.

A corda se estende,percorre minha vida desde o nascer ao se pôr, entre o céu e a terra no limite entre o eterno e o mortal, como outros de minha espécie conto apenas com as minhas asas para salvar-me da queda,poucos possuem essa consciência,pois o pensamento é que a corda é firme,não haverá maiores problemas a não ser  um leve balançar, pouco é pensado no peso que se acumula e no fato do fio ficar cada vez mais impossível de se manter o caminhar, tem a falsa impressão que se poderá unir os fios até o final até o seu objetivo, pontas que certamente estão tão distantes que em algum momento irão se dividir…

Após essa reflexão chego no que seria apenas um lugar para se obter condições melhores de vida, lugar famoso por ser a chave de novas portas, faço mais um dos inúmeros trabalhos sozinha, enquanto existe a falsa impressão que eu sou uma tola... Seria eu um carro na contramão? o que de fato há? Sempre foi assim oras de estudos,dedicação a trabalhos,projetos e a apresentação. Esta lá na frente no lugar do professor apresentando algo que é 97% esforço meu, uma pequena hortinha,um canteiro,jardim e por fim esse lindo pomar de conhecimento.

Dizem: “Virtude pare de ser boba”,  “Sério fiz tudo sozinha e ainda vai deixar os nomes?”, “ah você é tão…” Se soubessem o que eu sei, se vissem o que vejo,eu só vejo treino,treino,luta,treino e exercícios...  Só assim darei uma vida melhor para aqueles que vão depender de mim,só assim manterei eu mesma, só assim terei asas fortes o suficiente para levantar voo. afinal não pertenço a esse mundo.