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História Vida Espúria - Olô, Bru?


Escrita por: LarigouKoga

Capítulo 2 - Olô, Bru?


Acordei no susto por causa de um pesadelo que envolvia as cenas com a menina do hospital. Chamei pelo meu pai e ele veio depressa me ajudar a levantar e me acompanhar com as muletas, a mesa do café estava pronta e estava farta, não havia espaço para mais nada.

—Você sempre capricha assim nas refeições? -Me surpreendi.

—Na verdade não, mas é uma ocasião que merece isso. –Sorriu ele.

—Por que? Eu não costumo tomar café com você? -Estranhei.

—Há muito tempo não, você se afastou de mim querida, tudo culpa daquela delinquente.

Eu fiquei encarando ele para tentar entender, os olhos castanhos escuros me passavam uma verdade mas suas feições de ódio no rosto me assustavam, ele é alto e têm cabelos negros, fiquei tentando achar alguma semelhança em mim mas nada.

—Por que não se parece comigo? -Perguntei.

—Você puxou sua mãe. –Respondeu.

—Eu namoro? –Perguntei mais.

—Não sei, você não se abria comigo. –Respondeu rápido.

—Onde está a minha mãe? –Continuei o interrogatório.

—Ela nos abandonou muito cedo. –Continuou.

Estava parecendo uma rodada de ping-pong de perguntas e respostas, até que comecei a comer e ficou um silêncio na mesa. Então meu pai disse:

—Hoje tem sessão de fisioterapia e o detetive quer te fazer umas perguntas, ele ligou perguntando se estava bem e em condições de responder sobre o acidente.

—Mas eu não me lembro de nada. –Respondi.

—Você não é obrigada a fazer o interrogatório ainda, ele quer conversar com você. –Explicou.

—Tudo bem.

Fiz uns exercícios com uma bola, depois tentei andar mas tinham duas barras de ferro de cada lado para me apoiar, era só o começo. Depois da fisioterapia encontrei o detetive Oliveira, conversou um pouco sobre minhas memórias. Uma com minha gata, uma na praça com um garoto e aquela perturbadora com a menina do hospital. Então ele pediu que eu contasse mais sobre a menina do hospital, então eu lhe devolvi a mesma pergunta, pois também não sabia nada sobre ela. Ele achou que eu não iria servir de mais nada por enquanto e me dispensou.

Quando cheguei em casa fui para o meu quarto assistir televisão, e algo diferente aconteceu, um telefone começou a tocar e o som vinha do armário, então peguei o celular mas tinha senha, levei pro meu pai e ele me explicou que achou no local do acidente. Ele também não sabia a senha. Aquilo poderia me ajudar bastante na recuperação da minha memória, então tentei convencer meu pai a pagar para desbloquear o celular, mas ele mudou de assunto dizendo que isso só iria me confundir mais e que eu estava indo bem. Queria saber quem estava me ligando, na tela de bloqueio estava apenas ‘’chamada perdida de Amor’’, mas não comentei isso com meu pai. Fiquei tão curiosa que passei a noite tentando acertar a senha até cair no sono.

     *     *     *

Eu estava correndo de alguém quando esbarrei com uma pirralha, nós duas caímos no chão e eu me levantei rapidamente olhando para trás a procura de algo mas não havia nada além de carros velhos empilhados, eu estava no ferro velho não sei por qual motivo, a garota se levantou com a mão na cabeça e se estressou:

—Porra, você é cega?

Uma garota com pouco mais de um metro e cinquenta, uns cortes no rosto e uma expressão séria estava quase gritando comigo, eu realmente estava assustada naquele momento, nervosa não sabia o que dizer:

—Aa-ah me desculpa, eu estava fugindo do...

Ela me interrompeu:

—Do-o.... foda-se, ta gaguejando pq? Além de cega é gaga?

Ela pegou a mochila toda rasgada do chão enquanto me encarava com aqueles olhos verdes que chegavam a penetrar na alma, se virou e foi embora.

*     *     *

Acordei com o celular tocando em alguma parte do quarto, demorei para perceber que aquilo tinha sido um sonho e para descobrir de onde vinha o som do toque de celular, quando percebi que era o mesmo toque que ouvi no dia anterior me despertei na hora e achei o celular de baixo da cama, havia caído quando dormi de repente.

“Chamada de Amor”   (Atender) (Desligar)

Eu então atendi rapidamente e a voz era de uma garota, uma voz rouca, talvez de sono talvez de choro ou era assim a voz dela.

—Olô Bru? –Ouvi a voz dela tão calma quanto o movimento de uma nuvem visto do chão.

E quando eu ouvi aquela voz eu senti algo inexplicável, algo como quando estava sonhando com a cena do ferro velho, algo como quando entrei no meu quarto e me senti confortável, e além disso aquele “Olô Bru” era tão familiar, eu involuntariamente respondi “Olô” em questão de segundos.

—Você ainda se lembra do nosso “Olô”? -Se surpreendeu ela.

—Nosso? É... eu me lembro vagamente disso. –Respondi.

—Que bom. –Suspirou aliviada.

Eu tinha tantas dúvidas, que abri com um interrogatório:

—Mas por que “Ainda se lembra”? Você ficou sabendo do meu acidente? Você é alguém importante pra mim que eu sei, alguém bem próxima e por que não veio me visitar em casa?

—Então... Eu não sei o quanto posso falar pra você Bru. –Se explicou.

—Começa me dizendo o que eu sou sua. –Fui direto ao ponto.

—É complicado, somos ex namoradas. –Respondeu ela.

Eu fiquei mais confusa ainda, por que estaria escrito “Amor” no contado de uma ex que nem parecia tão presente? nem quando eu mais precisei...

—E por que você me ligou, tem alguma coisa pra me falar? - Perguntei.

—Estava preocupada porra, você também nem pra ficar feliz. – Disse ela.

Ela já tinha se exaltado, então me também me exaltei:

—Ah claro, desculpa por não ficar feliz por uma estranha me ligando no meio da madrugada dizendo que é minha ex, quando nem sequer me procurou quando sofri um acidente, mas eu acho que ainda sim eu fiquei feliz, por saber que eu tinha mais alguém e sua voz me acalmou.

Um silêncio tomou conta da ligação até que ela quebrou o gelo:

—Eu te amo.



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