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História Video Games - Vaca louca


Escrita por: AlaaskaY

Notas do Autor


Oláá, vamos saber ainda mais sobre a Amy-doida nessa capítulo :3 uashuauhsh Tô sem muito o que falar agora, então vamos logo nisso! Boa leitura e até embaixo.

Capítulo 22 - Vaca louca


Angelina

Saio do quarto de Jess mais certa ainda.

Amy era louca. Ninguém em um estado normal inventaria uma gravidez e depois cometeria suicídio. Louca, maluca, doida. Completamente doida. Sinto pena dela. Precisava de ajuda psiquiatra, psicológica, não sei. Entretanto, ninguém notou, exceto Nathan, que chamou ela de louca hoje mais cedo. 

Nathan.

Por que, Nathan? Por que você não a ajudou? Por que você conseguiu fazer eu me apaixonar por você? Eu mal consigo controlar meus pensamentos fixados em seu sorriso cafajeste, em seus ombros largos, seu perfume almiscarado e sua risada rouca. Respiro você, droga.

Tudo seria tão simples se Amy não tivesse tomado aqueles remédios todos. Tudo seria tão simples para mim e para Nathaniel se ele não tivesse se envolvido com uma Amelia comprometida antes.

— # —

Estou do lado de fora, com a cabeça deitada no colo de Alyssa. A grama verde e bem aparada do campus faz pinicar um pouco minhas coxas, a parte que o short jeans não cobre. Hamster está dormindo em minha mão, encolhido entre ela e meu estômago. Alyssa brinca com meu cabelo, fazendo tranças bem rentes a raiz, para depois desfazê-las e recomeçar todo o processo.

— Quer dizer que Nathan manteve um caso com Amy… mas já não estavam mais juntos quando ela foi pro buraco? — Aly repete.

— É o que ele diz — assinto, irritada.

— E que Nathan acha letras uma faculdade de fracassados mas escreve no Notebook uma história digna para qualquer editora? 

— Isso.

— E que aquele dia no telhado vocês deixaram Amy morrer porque a trepada tava boa?

— Aly! Não deixamos ela morrer… Chamamos uma ambulância.

— O que dá na mesma.

Bufo.

— Vai me ajudar ou não?

Alyssa tira um fio de cabelo que cai no meu rosto e coloca atrás da orelha.

— Calma, docinho, só estou analisando as coisas — ela sorri. — Como posso ajudar?

A olho nos olhos, em desespero, seguro a mão dela que se divertia em meus cabelos.

— Me dê uma luz — aperto os lábios. — Diga o que eu devo fazer. Estou tão confusa.

Alyssa suspira.

— Você ama o Nathaniel?

Fito a grama, verde e brilhante pela luz projetada pelo sol, lembrando de como eu nunca tive uma noite tão feliz quanto aquela, antes do desastre ocorrer.

— Amo — respondo.

— Então descubra o que levou Amy a se matar. Descubra se Nathan tem uma relação nisso. Dependendo do que você descobrir, vai saber se vale a pena investir nesse amor ou não.

— # —

O velório de Amelia Williams é hoje.

Vários alunos estão no estacionamento da faculdade, entrando em seus carros ou pegando carona com os amigos para ir até o local do funeral. Estou encostada no Miata de Alyssa, esperando ela aparecer para irmos, quando Nathaniel para a picape em frente a mim.

— Olá, anjo… esperando sua carona? — ele abre um sorriso contido e esperançoso. Meu mundo para quando o vejo, no instante em que seu sorriso entra em meu campo de visão, sinto meu estômago saltar, meu rosto esquentar e meu coração bater em ritmo frenético dentro de mim.  Eu gostaria tanto que todo o meu ser colaborasse para não enviar esses sinais óbvios de que sou loucamente apaixonada por ele. Estou magoada demais para deixar de sentir tristeza, e apaixonada demais para deixar de sentir alegria nesse instante por estar vendo-o.

— Estou — respondo, sem desviar o olhar. — Alyssa.

Nathan concorda com a cabeça, fitando o volante do carro. Alguns instantes se passam até seus olhos voltarem a buscar os meus.

— Vem, vamos comigo — diz.

Suspiro.

— Eu…

— Por favor — suplica.

Mordo o lábio inferior. Será que vou me arrepender disso depois? Não sei. Entro na picape.

— # —

— Você quer saber mesmo sobre Amy? — Nathaniel fala, muito bem concentrado na estrada a sua frente.

Já faz cerca de dez minutos desde que estamos juntos dentro daquele carro, ficamos em absoluto silêncio, até agora que ele o cortou.

Disparo o olhar das lojas e casas de Nottingham para o semblante sério de Nathaniel. Ele está tão concentrado que suas sobrancelhas estão juntadas, os dentes cerrados, vez ou outra diminuindo, fazendo as covinhas em suas bochechas aparecerem e sumirem constantemente.

— Não sei — respondo. O que eu devo dizer, na verdade, é “quero, mas não sei se da sua boca”, mas não consigo, não encontro forças.

Nathaniel me espia pelo canto dos olhos.

— Vou considerar como um sim — ele para o carro no sinaleiro e se volta para mim. — Estávamos juntos bem antes de você. De Jess. De qualquer um. O lance era antigo. Quando comecei a sair com você, já tínhamos parado, eu havia parado, tudo bem? Eu abriria mão de tudo por você, Angelina. E abriria de novo. Agora, Jess e ela? Não tenho culpa disso. Isso nunca foi minha responsabilidade. Isso era coisa dela. Unicamente dela, por favor, entenda. Eu agi como um idiota? Agi, é que… nada daquilo eu considerava importante. Amy e eu? Foda-se! Não me importava, não me importo. Tudo o que me importa é você. Você, que me espionou, me enganou, pegou meu Notebook e arrombou meu quarto. Algo mais que devo acrescentar? Ah, é, fodeu com meu irmão.

— O QUÊ?! — empalideço. — Como você…

Nathaniel gargalha, uma risada seca e vazia.

— Qual é? Caroles? Caroles vende informações em troca de garotas — ele volta a dirigir quando o sinaleiro abre.

Ah, não, não, não. Se não era possível as coisas ficarem piores, ficou. Mal consigo olhá-lo. A ideia dele saber disso quase me faz ter a sensação de que estou suja. Eu devia saber que não podia confiar nela. Aquele dia eu estava tão desesperada que não me importei de tirá-la dali para confidenciar com Alyssa. 

— Nathan, eu…

— O quê? Está vendo? Você também fez o mesmo. Somos farinha do mesmo saco, baby — sorri. — Jess estava com Amy ainda, não é? E você foi lá, e pegou o namorado dela! Que diferença faz entre você e eu? Admita, fizemos a mesma coisa. Não há vítimas nessa história. Há apenas dois garotos, uma garota e uma louca.

Engulo em seco, sabendo que ele está certo. Somos iguais. Não há dois lados de uma moeda, é apenas um. 

Ponho a mão em frente ao rosto, desespero surgindo quando penso que não é bem assim desde o instante em que Amy partiu.

— Mas essa louca está morta, não é, Nathan? — falo com a voz abafada. — Isso muda as coisas para dois garotos, uma garota e uma louca morta.

Nathaniel suspira ao meu lado.

— Acha que é a única que gostaria de saber o que a levou a fazer isso?

— Não — murmuro. — É que… eu não deixo de pensar que… se nós tivéssemos, sabe, ajudado… 

— Ela estaria viva? Acabou, anjo! Acabou! — soca o volante. — Amelia está morta! Nada disso é nossa culpa! — soca novamente. — É culpa dela! Amy era uma vaca louca, UMA-VACA-LOUCA!

No instante seguinte, aperto com força o banco, meu coração quase salta da boca, o som de borracha derrapando soa alto, buzinas eclodem e um único pensamento me invade: vou morrer. 

— Que inferno! — grita Nathan.

Demoro cinco segundos para descobrir o que houve. No nervosismo, Nathaniel parou de prestar atenção na estrada a sua frente, atravessou um sinaleiro fechado e quase levou nós e mais dezenas de pessoas para o triste fim da morte, ou pelo menos para um acidente consideravelmente trágico.

Nathaniel desliga o motor no meio fio e joga a cara no volante, fungando e chorando baixinho.

— Desculpe, Angelina — diz, erguendo o rosto para poder me olhar e revelando verdadeiras lágrimas ali. — Sinto muito mesmo…. é que… parece que ela se matou para destruir tudo a seu redor, sabe? É como uma bomba atômica, não basta acabar com tudo instantaneamente, tem que acabar com tudo para sempre, deixar lá suas marcas para todas as gerações, mesmo 100 anos depois, ainda está lá, a destruição.

Meus olhos começam a marejar, e inevitavelmente me encontro na mesma situação de Nathan.

— Eu sei… mas o estrago já está feito, Nathan — soluço. — Ela já destruiu tudo ao seu redor.

Nathan funga e começa a limpar as lágrimas dos olhos, mas não adianta, elas não param de vir.

— Não poderíamos… só esquecer? — suplica. Nathan cola nosso rosto e me beija. Sua boca tem gosto de gim, nicotina e menta fresca. Sinto a água do rosto dele molhar meu rosto, e sei que também estou molhando o seu enquanto nos beijamos.

Quando nos soltamos, o fito e descubro que nada daquilo ajudou. Não consigo esquecer. Essa capacidade está longe demais para meu psicológico.

— Lamento, Nathan — sussurro, procuro a maçaneta da picape e saio do carro, seguindo em passos rápidos até o local onde a bomba já detonada está. 

— # —

Aliso meu vestido tubinho e entro.

O caixão está disposto no centro, em volta há centenas de pessoas, tomando refrigerante e comendo bolinhos de chocolate. Desprezo essa lógica europeia de amenizar a dor agindo como se nada tivesse ocorrido, e essa lógica inclui comer bolinhos no funeral. Ridículo.

Procuro com os olhos a srta. Williams, mas não encontro. Encontro Jess. sentado na primeira fila de cadeiras. Está jogado na cadeira, desajeitado, parecendo inconsciente das pessoas em seu redor. É realmente deprimente, nada justo com ele venerar tanto a namorada morta, uma namorada que não foi exatamente leal. Alguns dias atrás, meu impulso foi o de contar para ele tudo o que sabia, mas travei, talvez ainda não seja a hora embora é evidente que ela não está muito longe. 

Continuo revirando o ambiente, e acho a srta. Williams na terceira fileira, desconsolada em seu canto, embora todos se dirijam a ela, dizendo palavras confortantes e lamentando a morte de Amy. Ao seu lado há uma homem baixo, os cabelos um tanto desgranhados, expressões tensas, uma barriga sobresselente visível mesmo com o terno escuro. No outro lado há um garotos de não mais de 18 anos, dreadlocks caindo pelos ombros, piercings entre as sobrancelha e acima dos lábios também. Há uma barba esparsa no queixo. Não tenho dúvidas de que seja irmão de Amy, seus cabelos mel entregam descaradamente.

Qual a melhor maneira de abordá-los? O óbvio? Pêsames, sra. Williams é tudo que consigo pensar. 

Caminho até eles, sentindo o olhares deles por cima de mim. Dou um sorriso fraco, solidário e estendo a mão.

— Pêsames, Sra. Williams… de novo. 

Ela se ergue e me abraça.

— Oh, querida, obrigada — murmura, quando me solta. Aponta para o senhor. — Esse é meu marido Reynold — entorta a boca em uma careta quando percorre os olhos de cima abaixo pelo garoto de dreads — e este é meu filho, Finn. Angelina era a colega de quarto de Amelia.

— Oi — cumprimento os dois. — Pêsames.

— Hmm — escuto Finn ciciar, alisando o antebraço.

Troco o peso do corpo de um pé para outro.

— Sra., se não não for nenhum incomodo, se importaria se eu fizesse algumas perguntinhas a respeito de Amelia? — peço, usando minha voz mais persuasiva possível.

Ela pisca, confusa.

— Certo, acho que não tem nenhum problema, não é, Finn? Querido? — olha os dois ao seu lado.

— Tudo bem — diz o marido.

— Hm — diz Finn, sem expressar nada.

Olho a cadeira vazia ao lado de Finn, suas pernas esparramadas barrando a passagem e mordo o lábio inferior, murmurando um com licença ao passar. Ele tira as pernas lentamente, ao mesmo que percorre os olhos de baixo a cima por meu corpo. Por fim, me jogo ao seu lado, sentindo um forte cheiro de água salgada, como se ele passasse o tempo todo surfando.

— Amy tinha problemas psicológicos? É que… esses meses todos que dividimos o quarto, não percebi nada…

— Não, era perfeitamente saudável — responde a Sra. Williams, tirando uma lasca do esmalte da unha tingida em um vinho quase preto.

— Sei — perfeitamente? Está de palhaçada, né? — Por que acha que ela inventou que estava grávida?

— Por que ela quis — responde, dando de ombros.

— Quis?

— Não sei, que seja, Amy sempre foi do tipo que quando quer algo, faz o que for preciso pra ter — a sra. Williams me olha. — Ela é um mistério, santo Cristo, Amy sempre foi um mistério. Do tipo que olhava pra todo mundo com um sorriso que dizia “você não me conhece e jamais conhecerá”. Já respondemos tudo para a polícia, srta. Candreel.

— Campbell — corrijo. O.k, as coisas estão difíceis. —  Eu sei disso, sra. Williams, é que você sabe como é a polícia, não dá muita importância para casos assim, daí eu pensei: posso tentar descobrir algo por mim mesma, por que não? Desculpe se incomodo.

— É como eu disse, Srta. Campbell, eu realmente não sei de nada! —suspira e enxuga o canto dos olhos quando uma lágrima cai. —  Ela nunca foi muito próxima de mim. Não notou? Eu nem sequer sabia de Jess.

— Sr. Williams? — dirijo-me.

Ele coloca a mão em frente ao rosto, parece entorpecido demais.

— Amy era difícil. Para  ser sincero, teve uma vez que ela ficou três dias sem sair do quarto quando tinha uns 15, 16 anos. Lembra-se, querida?

— Não — Sra. Williams.

— Finn?

— Hm — dá de ombros.

— E teve uma vez que vi seu pulso muito machucado, ela acusou Mervin.

— Mervin? — levanto a sobrancelha.

— Nosso falecido gato.

— Teve uma vez que saímos para viajar, e quando voltamos, Amy estava bêbada, dizendo “quero morrer bêbada, Derek me deixou” sem parar — continua.

— Derek?

— O primeiro namorado dela.

— Ah… sim — só concorde, faço uma anotação mental, só pergunte o necessário.

— E depois disso, ficou mais dois dias enfornada no quarto. Ela era complicada — finaliza. — Isso é tudo que me lembro, srta. Campbell.

Está tudo muito claro na minha cabeça, tudo muito óbvio e evidente. Porém, há algo ali que não se encaixa, que está incompleto, sem sentido.

— Finn? — apelo, sabendo que ele é minha última opção.

Ele me olha. Seu rosto é tão vazio, tão frio, tão inexpressivo que chega a assustar. O cara é um cubo de gelo, sério. Suspiro, cansada, quando ele dá de novo de ombros e vira o rosto para o outro lado.

— # —

O caixão está fechado, o que sinceramente é aliviante. Eu realmente odeio ver gente morta, não consigo encontrar um sentindo em ter ali, exposto para todos olharem um corpo. Apenas um corpo sem essência e cheio de formol. Torna tudo mais deprimente, só isso. Portanto, o caixão estar fechado é bem menos agoniante.

Após a palavra do padre, dos pais de Amy e de Jess, uma oração comprida em que todos dão a mão, o funeral é finalizado com mais bolinhos e refrigerante. Depois, é anunciado que às 16:00 o corpo será enterrado. Não pretendo ficar para o enterro, o céu está tempestuoso demais. Estou saindo junto com várias outras pessoas quando uma mão se fecha em meu pulso.

— E? — Nathan ergue a sobrancelha.

— E? — ergo a sobrancelha de volta.

— O que descobriu?

Me livro da mão dele que aperta com força meu pulso e cruzo os braços.

— Depressiva, Amy era depressiva — respondo. — Orgânica, provavelmente.

— Ou seja, louca. Satisfeita?

— Talvez — mordo o lábio inferior. — Ainda tem algumas coisas para serem pensadas.

— Tipo, a hora que seu cu doce vai terminar e irá voltar a se render aos encantos de Nathaniel Humphrey novamente? — ele agarra minha cintura, colando nossos corpos. 

Meu coração explode no peito. Depois desses dias todos, quase esqueci como é estar tão junto a ele, tipo, seu coração batendo contra o meu, nosso calor se confundindo, as respirações se chocando. O efeito me alastra com um desejo enorme de dar uma trégua e me render totalmente aquele ser. Maldito ser.

— Já me rendi — respondo, fechando os olhos. — O problema é que o efeito oscila entre te amar e te odiar.

Deixo o rosto de Nathan juntar ao meu. Nossos lábios, tão próximos, tão juntos, o hálito de menta dele tão…

E aí escuto uma voz de mim, e todo o efeito se quebra, como um copo de vidro encontrando o chão.

— Angelina — me viro abruptamente, chocada, e Finn está ali, encostado na porta, sempre inexpressivo —, podemos falar lá fora?

Demoro um pouco para reagir, processar as palavras, dois ou três segundos, não mais.

— Sim — respondo, automaticamente.

— Anjo… — Nathan pega meu pulso, a voz magoada.

Mas não me viro, me liberto de suas mãos. É preciso ceder, às vezes Apenas caminho para fora acompanhada de Finn. Para longe de Nathan. Lá fora uma chuva ameaça desabar, mas não ligo, porque sei que agora sim algo útil será contado. 


Notas Finais


E ainda tem muita treta </3 mas no próximo capítulo vai vir a maior tempestade de todas, e depois vai acalmar, não dizendo que para uma calma positiva, mas vai e aí é só questão de uns 3, 4 capítulos para acabar isso aqui. 5, talvez? Tomara uahsuhs vai depender da minha imaginação. Não deixem de comentar! Comentários são cruciais <333

Beijos, bye bye :3


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