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História Video Games - Tarde demais


Escrita por: AlaaskaY

Notas do Autor


Oi! Preparadas?! Vem bomba por aí! auhsuahus Esse capítulo ficou meio tenso, mas escrevi-o facilmente. Espero que gostem, se vocês poderem dar play em uma música com aquele ar "tenso" podem, é que tô sem nenhuma em mente para sugerir agora.
Boa leitura e até lá embaixo

Capítulo 23 - Tarde demais


Seguimos andando embaixo dos toldos.

Acredito que esse seja um péssimo dia para velar Amy.

A chuva cai, aumentando gradativamente, batendo com força no asfalto aos nossos pés e nos toldos acima de minha cabeça e de Finn. Ele anda na minha frente, passos compridos e longos, nem se dignando a checar se estou mesmo atrás dele. Seus dreadlocks caem nas costas, balançando conforme seu andar apressado. Por fim, ele entra num bar cinco estabelecimentos a frente do funeral, na mesma rua. 

Finn se dirige imediatamente aos fundos daquela espelunca. É uma mesa simples, de três pés, bancada de mármore e cinzeiro cheio.  Observo e vejo que a maioria da freguesia são velhos barrigudos deteriorados pelo tempo e pelo álcool. Não é exatamente agradável. Me jogo na cadeira ao seu lado, limpo a água da chuva que atingiu meu braço e busco um cigarro em minha bolsa.

— Então — digo.

— Eu sei o que você é, Angelina — confessa, sem delongas.

Pego o cigarro e coloco entre os lábios. O que ele quer dizer? Franzo o cenho.

— Acho que não entendi — falo e ligo o esqueiro. Dou uma tragada curta em meu cigarro. — Quer um?

— Não, ainda não — ergo os olhos e vejo que os seus são exatamente iguais aos da irmã. Tudo bem, talvez mais hostis e inexpressivos, mas inconfundivelmente amendoados. — Você entendeu. Eu sei o que você é. É apenas uma garotinha apaixonada querendo descobrir porque a foda do seu namorado morreu.

  Solto a fumaça, chocada.

— O quê? Não… 

— Não negue.

— Está sendo grosseiro — afirmo, chateada. 

— O que espera? Você não se importa com ela, nunca se importou e agora vem agir como se algum dia tivesse? — ele bate a mão na mesa. — Não é justo, Angelina, eu fui a única pessoa que amou minha irmã, e agora ela está morta.

— Finn, por favor, não me julgue — comprimo os lábios. — Eu não sou tão idiota. Eu pedi sua ajuda, diga logo se não quiser dá-la.

Finn me analisa. É atraente, assustadoramente, não nego. A forma que suas sobrancelhas grossas quase se unem, o formato dos olhos e as expressões vazias se complementam, são únicas.

— Está desesperada — afirma. — É compreensível para uma garota que se envolve com Nathaniel Humphrey. Me lembro que ela ficou parecida  quando estava envolvida. Sabia que eu fui a única pessoa que a ouviu falar dele? — sorri. — Ela o amava e chorava. Ele a usava. Ela pedia e chorava. Ele ria. Ela se envolveu com outro Humphey e chorou. Ele achou interessante e prazeroso. Ela fingiu uma gravidez e chorou. Ele desprezou. Ela tentou seguir em frente com Jess e chorou. Ele achou você. Ela chorou e se matou. Ele é um monstro.

Engulo em seco, meu coração acelera os batimentos agora que estou diante da verdade. É quase difícil acreditar. Sinto o ar se tornar denso e sufocante.

— Amy tinha depressão — alego. — Nathan…

— Ela era sensível — interrompe com uma voz amarga. — Fraca. Não suportava os temporais da vida. É isso que acontece quando você é mimada demais e as coisas falham de uma maneira que nem você mesma pode se ajudar. Você morre. Amy morreu. E Nathaniel é um babaca.

— Mas…

— Eu a amei tanto. Tanto. Minha irmã mais velha, que não estava nem aí para mim quando nossos pais iam viajar — abre um sorriso, exibindo dentes levemente tortos, olhos nostálgicos. — Sempre foi egoísta, mas merecia ter sido amada. 

Suspiro. Será que agora posso falar sem ser interrompida?

— Olha, eu não tenho nada contra ela, nunca tive. Eu realmente só quero entender.

— O quê? — Finn se aproxima mais de mim, dobrando os braços em cima da mesa e curvando o corpo para frente. Seu rosto ainda é uma máscara inexpressiva. — O que eu já falei? Que você é só uma garota desesperada querendo saber por que o casinho do seu amor partiu, é?

Fecho os olhos. Meu Deus. A verdade é mesmo terrivelmente dolorosa. Tenho vontade de pedir para ele parar de ser assim tão estúpido comigo, pois eu não tenho culpa de meus sentimentos por cara idiotas. No meu íntimo, desejo não ser julgada dessa maneira.

— Sim — cedo afinal. Sinto a bile e solto o ar lentamente, extasiada demais. — Feliz? Você não entende. Quando você ama, você vira uma idiota, age como uma idiota, refém de idiotas. 

Finn ri. Estou mesmo começando a me irritar com seu ar tão debochado e seu temperamento colérico. 

— Então fuja enquanto tem tempo, paixão. Nathaniel é um vacilo, é um idiota com marca registrada. É um legítimo monstro.

Bufo. Chega. Eu tentei. Não dá.

— Chega, tá bom? — jogo minha bolsa no ombro e me levanto, decidida.

— Escute o que estou dizendo, Angelina! — ele se levanta também, pronto para me barrar. — Nathaniel é um monstro, idiota, o pior tipo de verme…

— Cala a boca! — exclamo com agressividade, começo a me dirigir para a saída e sei que ele está atrás de mim, em meus calcanhares, sussurrando aquelas coisas na minha orelha, aquelas coisas que não posso aceitar, porque senão vou enlouquecer. 

— Você vai ver o que estou falando tarde demais, Angelina! — zumbe como um pernilongo insistente. — Como minha doce irmã fez, quando tudo estiver fodido demais para escapar de si mesma, dele e da dor! Estou avisando, porque eu sinto a perda dela como ninguém, confie em mim. Quem avisa amigo é. Nathaniel é um monstro que destrói tudo o que seduz!

— Chega! — berro, parando na porta do estabelecimento. Meu rosto ferve, minhas mãos tremem, sinto meu corpo possuído pela raiva. — Você é louco! Me deixe em paz!

 Olho para as expressões amenas e calminhas dele, enquanto sei que as minhas estão fervendo e transparecendo em cada poro de meu corpo. Quem ele pensa que é? Não tem esse direito. Não pode. Não pode estar certo.

Finn sorri.

— Como quiser.

— # —

Eu saio.

Vou direto para o funeral, em busca de não sei o que, talvez de Nathan. Está tudo muito embaçado em minha cabeça. Quando chego, todos já se dispersaram e só há os funcionários da funerária organizando o local. Então dou meia volta e sigo reto na calçada em busca de um táxi que tenha a solidariedade de parar em meio aquele temporal, mas estou sem nenhuma esperança. É horário do rush e a avenida está muito movimentada e turbulenta por causa dessa chuva forte.

As palavras de Finn se repetem em meu cérebro como um gravador acoplado a ele. Sinto vontade de gritar para aquela voz parar, mas estou aturdida demais para qualquer coisa além de buscar um meio de voltar para a Exphire.

Piso em uma poça na calçada e água entra em minha sandálias, produzindo um som irritante. Não ligo muito, já estou mesmo toda ensopada. Finalmente vejo um táxi fazendo sinal que vai parar quando vejo um beco atrás de mim. As vozes que vem de lá são inconfundíveis, e não tenho certeza se estou delirando. 

— Por que não vai no enterro? — pergunta ele.

— Não sei… não senti vontade — Nathan dá de ombros.

— Ela está com muita raiva?

— Não sei se é a palavra. Só está… desconfiando de tudo. Angelina é assim, sempre foi. Qualquer coisa, dá dois passos para trás.

— Bem, você não é nenhum porto seguro, não é? — Peter abre um sorriso de canto, tirando o cabelo dos olhos.

Nathaniel retribui o sorriso.

— Acho que estou constantemente à deriva.

O que vem a seguir não me prepara antes. É chocante demais. 

As palavras de Finn continuam ressoando em minha mente, dando ainda mais força a sensação de tapa na cara que tenho. É um beijo. Um simples beijo. Eu podia morrer e nascer novamente, mas nunca estar pronta para algo assim.

Dou passo para atrás, o suficiente alto devido ao molhado em minhas sandálias para ser ouvida mesmo com a chuva caindo. Eles me olham, a expressão de Nathaniel se funde em um misto de desespero e horror.

— Anjo, não, por favor.

Faço que não com a cabeça, as vistas embaçadas pelas lágrimas, e corro. Corro. Corro. Direto para o trânsito, sem a voz de Finn deixar um segundo de me atormentar.

Quando o carro me atinge, a dor e a escuridão me acertam em cheio. Meu último pensamento antes de tudo se desfazer é a voz dele. 

Nathaniel é um monstro que destrói tudo o que seduz!

 

 

 

 


Notas Finais


e morreu? aushaus não deixem de comentar, acham que Nagelina ainda pode acontecer? Prometo ser mais rápida no próximo! <3 Beijos, bye :3


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