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História Video Games - Omoplatas


Escrita por: AlaaskaY

Notas do Autor


Oeeeeeeee, demorei pakas (quem ainda usa essa palavra, criatura), né? Era pra eu ter postado ontem, mas fiquei horrivelmente ocupada :c escola, estágio, projeto, curso, reposição, trabalho voluntário... vish, acabei perdendo a noção do tempo e fiquei sem postar, mas aqui estou e acho que as coisas vão melhorar, porque semana que vem não tem aula \õ/
Enfim, sem mais delongas, deem play na música I'm Not Yours - Angus and Julia Stones, logo depois These Four Words - The Maine, link nas notas finais
Boa leitura e até embaixo :3

Capítulo 24 - Omoplatas


Jesse

Ele é baixado, baixado e baixado até repousar na terra molhada.

O pastor diz algumas palavras, as pessoas atiram flores e o coveiro começa o árduo trabalho de cobri-lo.

E Amy se foi. Literalmente.

A chuva desaba ao meu redor, bate em meu guarda-chuva e escorre pelas laterais. Enquanto o caixão mogno escuro some cada vez mais, lembro-me de uma noite barulhenta em uma época que parece terminada séculos atrás. Mas só faz alguns meses.

— # —

Entrei no apartamento de Nathan com dois amigos meus. Não estava surpreso em vê-lo cheio de pessoas vomitando, dançando e transando no tapete da sala-de-estar. Todas as noites eram assim, todas as férias são assim.

Mas aquela noite era diferente. 

Ela me viu primeiro. Quando a vi ela já me olhava. Seu corpo se mexia junto com a música, se afogava na música, sentia a música, parecia que se pertenciam. Era belo.

Não hesitei, caminhei em sua direção como uma criança caminha em direção a Disneylândia. Ela sorriu ao ver o que eu estava fazendo, contudo não parou de dançar.

Eu cheguei, senti o cheiro de suor, baunilha e álcool exalando dela, era bom e se eu pudesse cravava aquele cheiro para nunca mais sair em mim, como prender ao meu nariz.

— Jesse Humprey — olhei em seus olhos e arrisquei um sorriso contido, tímido.

— Oh, mais um Humphrey — abriu um sorriso desdenhoso e colocou o braço em volta de meu pescoço, envolvendo-me em sua dança — Amelia Williams.

— # —

Me viro e vou embora. Odeio essas lembranças. Deus, o quanto gostaria de não tê-la notado aquela noite. Eu não estaria aqui agora, eu não estaria infeliz.

Talvez ela nem estivesse morta.

Logo eu chego a faculdade e uma notícia se espalha: Angelina está no hospital. Não acredito, não faz sentido. Até que Alyssa confirma e não espero um instante até partir ao Hospital.

Angelina

Encaro o teto branco, piscando. Depois, desvio o olhar e demoro um pouco para distinguir a porta também branca, as paredes com textura azulada e o garoto sentado na ponta da cama, os olhos escondidos pelas mãos.

Todo mundo me diz que tenho sorte. Tive apenas uma concussão, uma hemorragia interna, uma perna e um braço quebrado. Tenho sorte, porque se o carro tivesse se chocado em mim com apenas um pouco mais de força e rapidez, eu estaria morta.

Não me importaria, você sabe, de estar morta. Morrer é a forma mais eficaz de fugir da realidade. Agora entendo Amy. Dizer que as coisas estão terríveis é eufemismo. Quero dizer, eu gostaria mesmo de morrer.

Lembro-me de quando eu era uma garotinha, ouvir minha mãe chorar e gritar, clamar Deus, perguntando por que ainda estava viva. Papai chegou em tempo de ouvir minha mãe preferir isso. Ele trouxe-a junto ao peito, sussurrando coisas baixinhas como “pronto, pronto, estou aqui”. Aos poucos, o soluços foram se suavizando, os tremores chegavam em períodos de tempo cada vez mais distantes, até que o silêncio surgiu, restando somente o cantarolar confortante de papai, como uma mãe envolvendo o bebê até pegar no sono. Jamais me esquecerei o que meu pai disse a seguir. Ele chegou bem junto ao ouvido dela e murmurou ternamente: “Querida, você não quer morrer, quer que a dor morra”. 

Agora, de repente me pergunto se também não é o meu caso. Provavelmente não. Estou estilhaçada na cama de um hospital, o garoto que eu amo beija caras em becos e vielas, sem contar que minha vida sempre foi sem graça, e quando chego na Exphire o interessante também é tragédia. Essa história sequer é minha. Alguém roubo-a de mim quando provocou a própria morte. É como se eu não fosse importante para o decorrer disso tudo, é como se eu fosse uma narradora em 3° pessoa que não participa ativamente ou o suficiente para revolucionar. 

 Mamãe tem papai, isso foi o suficiente para fazer a dor morrer. Eu não tenho ninguém para ajudar minha dor morrer.

— Jess — sussurro e me surpreendo quando escuto minha própria voz. É a primeira vez que falo algo por livre e espontânea vontade, todas as outras foram para mostrar aos médicos que não fiquei com sequelas. 

Ele ergue a cabeça e sorri.

— Oi — não acredito no quão cansado está o cara a minha frente. Meu Deus, o que a vida faz com as pessoas. Seu cabelo castanho mogno está enorme, precisa urgentemente fazer a barba e seus olhos… Meu Deus, seus olhos são o que mais deixam transparecer os machucados em sua alma. São tão vazios, tristes, atormentados que tenho vontade de chorar.

Será que também estou assim? Estou, não estou? Me encontro no mesmo abismo que Jesse.

— Lembra-se quando nos conhecemos? — pergunto e aliso o lençol, melancólica. — Eu estava sozinha naquele ônibus, já fazia horas. O ônibus parou, você entrou, acho que foi seu cheiro que senti primeiro. Bom, suave, puro. E quando olhei nos seus olhos, pensei: meu Deus, quero ele para mim. Triste, não é? 

Jesse respira profundamente.

— Eu podia ter pensado nisso antes de Nathan pensar — ele desvia o olhar, angustiado. — Acho que eu amo mesmo Amy, sempre amei, não é?

— Quem sabe — aliso a ponte do nariz. Eu não sei, nem ele sabe… alguém deve saber. — Mas você merecia alguém melhor.

Penso no quanto ela foi desonesta com ele. Sim, ele merecia, merece. Depois, penso que Jess não foi tudo isso também… Talvez eles apenas não eram um para o outro, outro para um. Tem sentido.

Jess se levanta.

— O que deu em você? Para se atirar em frente ao carro? Para Alyssa proibir Nathan de te visitar aqui? Vai me contar um dia?

Engulo em seco.

— Talvez — murmuro.

Jess suspira, se aproxima de mim e dá um beijo doce em minha bochecha.

— Ei, minha oferta ainda está de pé, sabe? Eu, você, numa moto. — sorri. — Vou no banheiro, fazia duas horas que eu estava esperando você acordar e mesmo um deprimido sente vontade de mijar.

Reviro os olhos. Me sinto só um pouquinho melhor, o que é um bom começo.

— Cuidado com a mira, sabe — brinco. — O foco é o fundo, não a tampa.

— Haha, segura para mim… ops, esqueci que você está debilitada — mesmo de costa consigo ver seu sorriso facínora. 

— Sorte sua, assim não torço nada ao meio! E nada significa pênis, o.k?

Ele caminha até o banheiro enquanto observo suas omoplatas sobressaindo-se na camiseta, não sei que tipo de maníaca sou, mas desde agora percebo que omoplatas são sensuais, ou as de Jess são. Quanto a porta do banheiro fecha, a tristeza volta a me atingir com a força de uma surra. Sinto tanto por Jess, sinto tanto por mim. Entendo como ele se sente, o quanto é difícil levantar da cama toda manhã, seguir com os estudos, sorrir para as pessoas mesmo sem vontade e tentar manter as aparências.

Quando algo se quebra dentro de você, não há nada que junte os cacos novamente e o deixe em perfeito estado como costumava estar. É como Jess está, é como estou.

Repouso a cabeça no travesseiro e fecho meus olhos. Durma, talvez você não acorde mais.

Talvez eu morra.

Sinto meus pensamentos se dispersarem, minha respiração acalmar e… tudo se quebra, sou puxada abruptamente para a realidade quando a porta do quarto se abre.

Nathan me fita.

Eu fito ele.

Ninguém diz nada. 

Desvio o olhar.

Por favor, não. De novo não, por favor. Vá embora, dor, vá embora.

— Angelina — começa. — Sei que é tarde, não estou aqui para te conquistar de novo. Eu sei quando é tarde demais. Sei que fracassei. Já joguei sal na terra, como tia Byanca costuma dizer. E não tenho desculpas para o que fiz. Peter e eu? Capricho meu. Amy e eu?

— Nathan… — interrompo, desesperada.

— Não! Deixe-me falar agora. Amy e eu? Total imaturidade minha. A verdade é que Amy tentou de tudo para me trazer para ela, e eu desprezei. Acredita que ela chegou a dizer que o filho era meu? Humpft… nem estava grávida.

— Nathan…

— Shh! Eu não me arrependo de nada disso, Angelina. Não me arrependo. Só sinto remorso por ter machucado você, Angelina. Isso eu não vou aceitar nunca. A culpa é minha você estar aqui agora, a culpa é minha! E eu me odeio por isso, porque eu daria minha vida para te fazer feliz, e olha só onde estamos! — não consigo olhar para ele, mas quando relanceio o olhar vejo seu rosto molhado. — Não sei mesmo o que dizer sobre Peter e eu, anjo, não há explicação. Eu só… sou egoísta, desprezível, cafajeste, como quiser. Sinto tanto. Tanto. Tanto. Sabe o que mais? Eu te amei desde a primeira vez que te vi. Você, tão tímida naquela rodoviária. Agora, tão quebrada nessa cama de hospital — Nathaniel soluça,  eles chegam aos meus ouvidos e acertam meu coração como um tiro. — Eu morreria por você, anjo, e… estou morrendo por isso. Falhei com você… me desculpe! Anjo, meu anjo… eu sei que não tenho moral nenhuma para te pedir nada e não é pedir para você me aceitar de volta que estou aqui… Eu… por favor… Angelina, me prometa que não vai mais chorar por mim. Por favor. Nunca mais chore por mim… porque se você chorar, Angelina, eu não aguento. Eu… — soluço — morrerei, anjo, eu vou morrer e há algo confortante em morrer por você, baby. Prometa, anjo, prometa.  Eu te amo tanto e o amor é isso, não é? É colocar o sorriso dos outros antes do seu.

Meu cérebro forma as palavras, mas minha boca simplesmente não consegue dizê-las. Eu… eu… eu…

Começo a chorar, tanto, tanto que o mundo fica esparso ao meu redor. É aquele tipo de choro que não se incomoda de enxugar nada. É o pior choro de toda minha vida, a pior dor.

Escuto Nathan desabar no chão, e chorar enrolado em si mesmo no assoalho frio. É tudo tão tempestuoso e infinito.

Vários minutos se passam até que eu consiga murmurar algo.

— Eu… prometo — soluço. Nathaniel soluça junto comigo, continuamente, mas aos poucos a calma se espalha.

Podia ter acabado ali, mas como eu já espero e como nenhuma mentira dura eternamente, não acaba. 

— Parabéns aos dois, espero que queimem no inferno — Jesse despeja e sai pela porta. 


Notas Finais


Musica 1: http://www.youtube.com/watch?v=Uj1AOKUPYTY
Musica 2: http://www.youtube.com/watch?v=QUvVJeC0FZU

Assim mesmo, filho, tu é corno kkkkkkkkkkk parei.
Aliás, todo mundo é meio corno nessa história, repararam? Amy traiu Jess, Jess traiu Amy, Nathan traiu Angelina... que mundo sem amor.
Bem, não deixem de comentar, o fim está cada vai mais próximo, galera :c
Beijos, bye :3


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