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História Video Games - Maktub


Escrita por: AlaaskaY

Notas do Autor


Oeeeeeeee, último capítulo uhuuu
É sempre difícil me despedir, porém às vezes é necessário.
Sério, obrigada por todo o apoio, serei eternamente grata e feliz por isso. Ainda tenho leitoras da época de YATS e é extremamente gratificante, me sinto honrada. Obrigada a todos que chegaram até aqui, amo muito vocês. Deem play na música Couting Stars - One Republic

Capítulo 27 - Maktub


Nathaniel

Uma espessa camada de neve varre toda Nottingham. A grama verde do campus está coberta e o carvalho agora é só galhos brancos. Nossa sorte é que os aquecedores da universidade pegam, porque o frio corta até a alma. Particularmente, acho esse frio todo aliviante, não muito contra o calor, mas o frio me deixa mais… como posso dizer, atraente. Minha pele está lisa, perfeita, meu cabelo está brilhante, e até os banhos se demoram mais a acontecer. Além disso, o calor me faz sentir um camarão, e não muito contra as chuvas, mas as chuvas me fazem parecer um alface e me dão nostalgias… e não, nostalgia não é nada bom.

No inverno eu só me sinto… eu, mas mais atraente. Há algo gratificante em ser eu, atraente.  

Fechei o semestre com notas boas, abaixo do meu excelente de antes, mas o suficiente para passar. Hoje todos se despendem e voltam para casa, curtir o natal com a família e esquecer um pouco o saco que é estudar. Minhas malas estão abertas em cima da cama, com algumas mudas de roupas, mas há ainda muito a se colocar. Decidi que termino depois, agora eu tenho uma missão, e embora não tenho muitas esperanças vou tentar e ponto, pois ainda me chamo Nathaniel Humphrey. Eu tenho que conseguir meu final de semestre feliz.

Deixo meu quarto e percorro os corredores. Até chegar ao meu destino sou barrado umas dez vezes. Amigos se despedindo, garotas jogando charme pra ver se conseguem ser chamadas nas férias e, o de sempre, “festa no seu apartamento, hein?! Levo umas bebidas”.

Mas não dou muita bola, estou alheio demais, desesperançoso demais.

Bato na porta duas vezes e espero. Logos minutos se passam, acho que não há ninguém. Dou uma suspirada, talvez eu deva ir e voltar mais tarde, embora corra riscos de essa ser minha última chance. E quando estou prestes a me virar, o rangido surge e uma ponta de esperança me invade.

Angelina inicialmente me encara, inexpressiva. Não posso deixar de dizer que ela está bonita. Veste um suéter talvez grande demais, verde, que realça muito seus olhos, saia plissada e meia-calça escura. Suéter-e-meia-calça, é uma bela combinação, admito.

— Feliz natal — digo e tiro um embrulho de dentro do bolso de meu velho casaco de couro preto. Estende-o e Angelina pega, arqueando levemente a sobrancelha.

— Feliz natal — murmura e arrisca um sorriso. 

Ela fica brincando com o embrulho na mão, desconcertada, me olhando no olhos e desviando o olhar o tempo todo.

— Não vai abrir? —  pergunto finalmente.

— Ah… claro — Angelina se apressa em rasgar o embrulho azul com pontinhos cintilantes, as unhas puxando e arranhando o papel. Ela amassa-o na mão e encara a capa preta do livro, o título vermelho, o nome do autor e um pequeno desenho na parte inferior. — Meu Deus, Nathan! Isso é incrível!

Angelina pula em meus braços em um abraço confortante, rodeia os braços em torno de meu pescoço e eu fecho minhas mãos em sua cintura. Fico sentindo o cheiro de baunilha de seus cabelos em um certo tipo de inebriação. Faz tanto tempo que não ficamos tão próximos assim que eu seria capaz de me perder.

O problema do começo é que sabemos que o fim um dia chegará e nem sempre estamos prontos para ele.

Angelina me solta e fita meu livro publicado em suas mãos, e sorri.

— Estou feliz por você.

Eu também estou feliz por mim, Angelina.  E eu sinto muito pelas vezes que eu fui um babaca e menosprezei o que você e o Jess faziam por medo. E eu sinto muito por todos os meus outros erros… que com certeza você sabe quais são. 

   Não digo nada durante um tempinho. Só balanço a cabeça, até dizer quase que involuntariamente.

— Desculpa.

Angelina franze a sobrancelha e sua boca se afina em uma linha.

— Perdoo você, baby — diz e leva a mão até meu queixo, acariciando levemente. E me abraça de novo, começa a soluçar em meu peito e eu solto um soluço também. — Eu amo você, Nathaniel… mas não quero mais você.

Sinto minha alma se rasgar ao meio, meu coração fustigar, o machucado que já havia parado de latejar naquele instante se abre novamente, com toda a força e dor de uma ferida profunda. E entendo também que o que estou sentindo agora em nada se compara com o que eu fiz Angelina sentir. 

— Ei, acho que você manteve Peter porque ele significa algo para você, mais importante do que qualquer pessoa, você só tem que parar para ouvir… sabe, seu coração — sussurra.

Assinto com a cabeça.

— Entendo — murmuro.

— Quer entrar? Mas já estou de saída — avisa. 

— Certo.

Ela abre passagem e entro em seu quarto. Em seguida, bate a porta.

Sua mala está aberta em cima da cama. Angelina corre até ela e fecha, em movimentos rápidos e desajeitados. 

— Onde vai ficar? — pergunto, olhos fixos na marca de batom na parede. 

— Numa moto, hotéis, calçadas, quem é que sabe? — responde, jogando a mala no chão. 

— Como assim?

Angelina suspira.

— Estou indo, só indo, sem destino. Com Jess.

Droga, quando penso que não pode piorar.

— Vocês estão…?

— Jess é meu amigo, meu melhor amigo — dá de ombros. — Nós dois precisamos um do outro… para curar nossas feridas. Não há ninguém no mundo que nos entende melhor, a não ser nós mesmo.

Balanço a cabeça, afirmativamente, sem conseguir olhá-la nos olhos.

— E você? O que vai fazer? — indaga.

— O de sempre. Meu apartamento. Festas — cerro os maxilares, de repente sinto-me quase inferior, como se eu não mudasse nunca, e sei que é verdade.

Angelina para a minha frente e abre o livro, o que me surpreende um pouco, pois esperava que ela já tivesse visto o suficiente. Mas não. Ela percorre algumas folhas e para na página de agradecimentos iniciais.

— Palavras duras rendem grandes atitudes. Para Angelina Campbell — lê e sorri. Avança mais uma página. — Eis o oriente é Julieta, e o sol! William Shakespeare. Ótima escolha. Essa frase diz tanto sobre amor e… e… paixão.

Aí pela primeira vez no dia me sinto orgulhoso de verdade,

— Sabia que você ia gostar, anjo.

Ela dá de ombros.

— Você nunca erra — sorri e caminha até a porta que range ao abrir. — Essa é a hora que dizemos até logo e boas férias.

Tudo bem. Certo. Tenho que fazer isso. Mas juro que é a última vez. Depois, acabou para sempre. Abruptamente, passo por ela e depois empurro-a para dentro de novo, com a boca na sua. É um beijo curto, mas profundo, que diz “adeus”, o que é estranho porque beijos não costumam dizer adeus, mas sei que aquele é o último nosso para sempre, porque nosso problema não tem solução, que nosso amor foi bombardeado vezes de mais, por mim.

— Até logo e boas férias — sussurro em seu ouvido e saio do quarto sem olhar para trás.

Jesse

Meu reflexo no espelho mostram um cara magro, talvez magro demais mas com o abdome suavemente definido, um cordão escuro com uma pedra de fluorita pendem sobre o peito. Os olhos cinzentos me encaram de voltam, com pequenas olheiras embaixo deles, os cabelos castanhos caem sobre as sobrancelhas. Quando pisco sinto um fio ou outro se encaixar nas pestanas. Não é uma visão ruim, ou pelo menos é melhor do que antes. Já há uma ponta de brilho aparecendo em meu olhar, é um começo.

Suspiro e pego minha camiseta no armário, jogando-a por cima da cabeça. Pronto para deixar tudo para trás, Jesse Humphrey?

Sim, já é tarde.

Jogo minha mochila nas costas e caminho até o interruptor. Antes de apagar a luz, dou uma última olhada para meu quarto e uma memória me invade novamente. Na verdade, é a última memória que tenho dela e pela milésima vez tenho a sensação de que se minha resposta tivesse sido diferente, o caminho seria menos tortuoso.

— # —

— O que está fazendo? — perguntei. 

— O que acha?

— Hã… Olhando o sol nascer? Me acordando às 6:35 da manhã?

— A primeira parte, sim — ela revirou os olhos, como se eu fosse um grande imbecil ou algo assim.

— Posso saber o por quê?

— Não é bonito? Todas essas cores. Amarelo, laranja, vermelho… 

Rosnei baixinho e me cobri completamente com o lençol.

— Qual é, Amy, volta a dormir…

— Por que, Humphrey? — despejou, desdenhosa. — É tão bonito! É tão infinito! E você só sabe dormir, humpft, se pelo menos seu coleguinha de quarto estivesse aqui você teria um pretexto pra não ver comigo, mas não, não tem! Sabe por quê? Porque ele nem dormiu no quarto! Então para de graça e vem ver essas cores comigo! É lindo, Jess! Quero dizer, em outro lugar bem longe daqui alguém está tendo a mesma visão que eu… é incrível! Fascinante!

— Que tal… estou morrendo de sono? É um ótimo pretexto! — falei. Embaixo do lençol eu ainda conseguia vê-la sentada no parapeito da janela, as coxas desnudas, os cabelos grossos e volumosos caindo pelos ombros e o fino queixo virado em direção ao sol lá fora.

Escuto seu suspiro cansado.

— Tudo bem, quem está perdendo é mesmo você… afinal, esse poderia ser seu último nascer do sol, mas se você prefere continuar dormindo…

— Sim, amor, eu prefiro — murmurei, fechando os olhos e cedendo de novo ao sono. — Vem cá, deita comigo, baby, vem…

Mas ela não se deitou. De um lugar muito, muito distante, eu escutei a porta se fechar. Ela tinha ido para sempre e aquele não foi meu último nascer do sol, foi o dela.

— # —

Durante semanas, eu me perguntei no fundo do meu âmago: Se eu tivesse sido um bom namorado e visto o nascer do sol, ela ainda estaria viva? A resposta é não.  

Amy já tinha definido tudo, quando falou “esse poderia ser seu último nascer do sol”, ela já sabia que aquele era o seu último. Estava tudo armado, pronto e bolado em sua mente. Esse é meu último nascer do sol — estava lá. Além disso, eu nem era o suficiente. Amy tinha outros para preencher o espaço que eu não consegui alimentar. Nathaniel, por exemplo.

E agora, Amelia, sinto muito, mas estou seguindo em frente. Vou pegar minha moto e dirigir por aí, longe de você, e quando eu voltar, não vai ter mais você, porque você morreu. E espero que aonde quer que esteja, que esteja feliz, em um lugar bonito, vendo o sol nascer infinitamente, e que saiba que não guardo rancor e espero que você também não guarde rancor de mim, afinal eu realmente gostei de você. Talvez, no lugar que agora você está, o sol esteja nascendo e você vai olhar para ele e dizer: “Isso é tão incrível!”. E aí eu concluo que a morte não pode ser tão ruim assim.

Mas eu nunca saberei e tudo continua um mistério até que eu próprio morra. E, bem, espero que não seja tão cedo.

Aperto o interruptor e o quarto fica escuro.

— # —

Entrego o capacete para Angelina e coloco o meu em minha cabeça.

— Não vou parar até que estejamos com cãibras — aviso com um sorriso maldoso.

— Baby, essa é minha ideia de diversão — sorri ela.

Eu retribuo o sorriso, subo na moto e ligo-a.

— Não vai se arrepender, vai, morena? — pergunto, já com o pé no acelerador.

Sinto Angelina pular na moto atrás de mim e envolver os meus quadris com os braços.

— Talvez, mas já vamos estar longe de mais para voltar! — ela ri. — Além disso, acho que estávamos destinados desde aquele dia no ônibus.

— Tipo, Maktub? — pergunto.

— É, Maktub — afirma. — Estava escrito.

E então dou partida.

Angelina

Remexer no passado tem um grande preço.

Se eu tivesse deixado as coisas em paz nada disso teria acontecido. Se eu tivesse deixado Amy morrer em paz nada disso teria rolado. Se eu tivesse apenas aceitado sua morte, sem querer descobrir os motivos, consequentemente eu ainda estaria com Nathaniel Humphrey. Mas aí, eu estaria vivendo uma mentiria, estaria com alguém que eu não conheceria direito e que dividia seu amor com outros. No que isso é bom? Doar tudo e receber metades.

É tão mais fácil perdoar e seguir em frente, longe dele, é claro. Porque, meu querido, quando você é traído o que importa é só sua dor, não os motivos de quem traiu. Amar é escolher uma pessoa só ao topo da sua vida sentimental, e quando você descobre que não teve o mesmo tipo de consideração, acabou. Não posso viver com a ideia de que a qualquer instante Nathaniel vai pisar em mim novamente, é doloroso demais. Então eu disse “boas férias e até logo”. Permiti um último beijo e acabou. Estou indo, não sei para onde, mas estou indo.

Quem sabe para as estrelas? É isso. Quando me perguntarem para onde estou indo, responderei “para as estrelas, baby”. Porque lá há mistérios, e o que vai acontecer daqui para frente comigo e com Jess é um mistério.

O vento frio açoita meu rosto com força e meu cabelo bate em meu pescoço sem parar. Aperto Jess avidamente. O som dos pneus rolando pela estrada é alto. Acho que eu devia ter colocado mais uma blusa, porque está realmente frio.

— Estamos chegando? — berro por cima do vento, dos pneus, dos outros carros.

Jess dá uma risada alta e gostosa,

— Nem sei onde estamos!

— Acho que faz sentido!

— O quê?!

— Chegar lá! É um mistério!

— Lá onde?! Tá ficando doida?

E eu rio também porque talvez eu esteja.

— As estrelas! É para onde vamos, mas não sabemos como chegar lá, e nem para onde estamos indo, porque é um mistério!

Jess acaba rindo também e sinto o vento bater forte quando ele acelera mais.

— Um mistério! — repete ele.

Nathaniel

Na manhã seguinte, estou na varanda do meu apartamento, observando o branco da neve quatro metros abaixo, embora vez ou outra um carro passa para quebrar a cor. Uma maçã está presa entre a grade e minha palma, que involuntariamente faz movimentos circulares, fazendo assim a maçã girar também. Peter está esparramado no sofá, a poucos metros dali, assistindo um filme romântico e vez ou outra disparando alguma piadinha para me fazer rir.

Acho que finalmente as coisas estão se estabilizando. Por exemplo, eu não acordei nenhuma vez no meio da noite com vontade de gritar.

—- Ei, Noah Calhoun e Allie de Diário de uma paixão não são perfeitos um para o outro? — falou Peter. Olho por cima do ombro para vê-lo me fitar com a enorme cabeleira loira caindo na cara, de um jeito sexy.

— Bleh — faço e mostro a língua em um som de pum.

Peter ri e pula do sofá, se pondo ao meu lado, olhando para o trânsito lá embaixo igual eu.

— Entendi, mas não pensa, sabe… em encontrar sua estrela binária.

— Estrela binária? — ergo a sobrancelha. É uma piada?

— Você sabe… a estrela que precisa de outra para se formar…

Eu rio baixinho.

— Acho que ser gay te deixou um bobo apaixonado — debocho.

— Qual é, Nathan… Pelo menos se apaixonar de novo.

Suspiro.

— Não sei — confesso. — Acho que não — aí eu rio de novo. — Se apaixonar dói… e acho que isso não é para mim, as garotas qu —…e costumam se apaixonar por mim… elas meio que… se matam — gargalho demoradamente. — Se eu ficar na minha e elas ficarem na delas, todo mundo sai seguro e — dou de ombros, mordo minha maçã — vivo. Não é bom estar vivo?

— E os garotos? — pergunta ele.

— Bem... até agora nenhum — dou um sorriso malicioso. Sei aonde ele quer chegar e simplesmente quero que ele chegue.

— Então vamos combinar algo? Eu, você, vivos e — Peter pega minha mão e eu sinto algo aflorar dentro de mim: eu quero. — juntos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Música: http://www.youtube.com/watch?v=hT_nvWreIhg



FINISHEEED!
Alguém puta com o final Neter?! Ah gente, vamos confessar, eles são fofinhos, Nagelina já tinha acabado a tanto tempo e toda a química tinha morrido! Agora Neter <3 <3
Embora que não briguem comigo .-.
Well, eu consegui escrever o 1° capítulo da minha próxima fanfic, mas ficou muito em cima, porque fiquei sem pc essa semana e estou na escola... bem, eu consegui e vou postar, quem for migrar pra lá, perdoem se tiver algum errinho, é que só deu pra revisar uma vez, mas depois vou arrumar. Bem, ela vai ser toda na 3° pessoa, dois narradores e blá blá blá. Espero que gostem. LINK: http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-entre-loucos-2666414
Bem, é isso, quem ficar por aqui, espero que nos esbarramos por aí algum dia, quem for pra EL veeeeem cá, meu louquinho maravilhoso <3333
Amei escrever para vocês, adeus ou até logo *-*


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