História Video Games - 5 libras

Ficamos em silêncio, observando os dois pombinhos, até eles se tocarem que não estão sozinhos, o que está realmente demorando para acontecer, até eu soltar uma tosse baixinha. Jesse e Amy se desgrudam devagar, e nos fitam.

— Hm, oi, colega de quarto — digo. — Oi, Jess.

Eles riem. Não entendo qual é a graça.

— Mais uma coincidência? — Amy diz. Não respondo, principalmente porque estou começando a não ir com a cara dela. — Minha colega de quarto se formou ano passado, tinha quase me esquecido. É, seja bem-vinda.

— Espero que não se incomode de liberar o quarto às vezes para nós dois… — Jess sorri. Não, não vou liberar, idiota. Esqueça.

Antes que eu responda isso, Alyssa cansou de ser ignorada.

— Oi, tudo beleza? — sorri.

— Alyson, oi! Então você é a amiga da Angelina — Jess sorri.

— Esses são Jesse e Amy — apresento, resignada.

— Alyssa — corrige. — Ela falou de mim? Bem ou mal? Cuidado com a resposta! — brinca Alyssa. 

— Nada de muito degradante, juro — ele abre um sorrisão.

— De onde vocês se conhecem? — pergunta ela, jogando os cabelos por cima do ombro.

Jess pousa a mão na cintura de Amy, que o traz para mais perto. Ó, o amor.

— Enquanto você estava muito bem ocupadinha, Angelina pegou carona com Nathan e eu — conta ele.

Alyssa encara eu, depois Jess, depois Amy, depois eu e Jess de novo. Depois o chão. 

— Ah, Ah. Legal — diz ela. — Melhor eu ir. Tenho uma festa hoje a noite e preciso me arrumar se eu quiser me . Espero ver vocês lá, tchauzinho.

Eu sei bem o que o “me garantir” dela significa, mas não ligo para isso. Quero dizer, ela praticamente acabou de fugir do quarto. Fico observando ela sair desfilando em seus saltos, os cabelos caindo pelas costas, quase chegando a bunda. Alyssa não precisava exatamente se arrumar. Ela era aquele tipo de garota que te fazia praticamente ser invisível, aquele tipo de garota que chamava atenção, por ser o que é.

— É, tô indo também — Jess coça a sobrancelha. — Tchau, meninas. 

Ele se aproxima de Amy e os dois trocam um beijo. Desvio o olhar.

— Tchau, amor — diz ela, manhosa.

Bleh.

— # —

Qual é. Vai ser divertido. Talvez você até trepe essa noite. O.k, talvez você encontre um cara legal… trepar vem depois. Só se divirta. Beba um pouco. Ajude Nathan no “comércio” dele…

— Acho que você está gostosa — Nathan interrompe meus pensamentos, me assustando um pouco. — Mas vou dizer que está linda, porque assim não vai parecer tanto assim que eu quero te comer.

— Ah, que saco — resmungo. Pensando no maldito. — É uma sorte sua eu estar de ótimo humor, Nathaniel. Caso contrário ia voar minha mão nessa coisa sua que chamam de cara.

Ele sorri.

— É legal a forma que você age quando está de “ótimo humor”, imagine se não estivesse.

— Só.. saia da minha frente. Tenho uma festa. Tipo, para hoje.

— Tuuudo bem — ele se afasta, me dando passagem. Passo por ele, olhando em seus olhos. Nathan abre aquele sorriso condescendente, que me irrita de uma maneira inexplicável… e eu retribuo o sorriso, provocando. É que estou mesmo de ótimo humor hoje. Deixo-o para trás. Mesmo de costa, sinto os olhos dele descendo por meu corpo. — Só que você está no alojamento masculino, anjo. A festa é no ginásio, para lá, sacou?

Isso explica o cheiro de urina… cigarros e desodorante masculino. No mesmo instante me sinto uma idiota.

— Sério? — indago, me virando.

Ele gargalha, uma risada contagiante e sem hesitação.

— Acha que por que só eu estou aqui? Eu justamente estava indo quando você lindamente cruzou meu caminho — contou, colocando a mão na parede para se apoiar. Cara, a maneira descarada que ele me olha é ao mesmo tempo gostosa e atrevida.

— Que caralho, Deus! Posso ir com você? — pergunto.

Não faça nenhuma piadinha, não faça nenhuma piadinha, não faça nenhuma piadinha…

— Claro que sim, anjo. Sempre. Seguro até sua mão, se quiser.

Reviro os olhos e dou uma risadinha.

— Não tenho 5 anos e nada desse de novo de “anjo”.

— Você quem manda, anjo.

Dessa vez eu ignoro. Seguimos lado a lado pelo longo corredor.

— Então… eu sei que eu fico dando em cima de você o tempo todo, é só que… é maior que eu e tal. Mas… seu namorado está te esperando na festa? — indaga, fitando os pés. Nathan me olha de esguelha.

Sorrio. Essa versão mais doce de Nathan é mais interessante, apesar de eu sentir até no fundo do meu âmago que estou sendo manipulada. Mas tudo bem, estou de ótimo humor hoje.

— Muito esperto — falo e levanto a sobrancelha.

— O quê? — ele enfia a mão no bolso da frente da calça jeans, como uma mania.

— Você me induzindo a dizer se sou solteira ou não — dou uma risada.

Ele fica em silêncio, aí abre um sorriso sem graça.

— Que merda, você me pegou.

Nesse ponto já saímos do alojamento e atravessamos um trecho de grama do campus. 

— É, eu não tenho um namorado — admito. Na verdade, faz tempo que não tenho um. — O que não significa que vou deixar você encostar em mim.

E aí estamos em frente ao ginásio, rodeados por pessoas. Grande parte se pegando, bebendo e fumando. Paramos. Ele me fita, eu fito ele. Ergo um pouco o decote do meu vestido e sorrio. Nathan tem os mesmos olhos cinzentos de Jess, porém são um tantinho pigmentados com azul, o que lhe dá um charme especial. Ele também retribui o sorriso, exibindo dentes perfeitos e brancos. 

— Aposto que até o final da noite eu faço mais do que isso — provoca.

— Espera aí, você está me apostando? — arqueio a sobrancelha.

— É. 5 libras — ele saca um cigarro no bolso, claramente de maconha. Acende, dá uma tragada e fica com ele pendurado nos dedos.

Tomo o cigarro, trago e devolvo.

— É uma sorte sua eu não precisar de 5 libras — sorrio e entro no ginásio.