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História Vier Monde - Descoberta


Escrita por: bullshift e markie

Notas do Autor


BOM, OLHA QUEM VOLTOU? E VOLTOU ACOMPANHADA SIM SENHOR <3 Deem olar para Lhhy aka Jacqueline meu bebê que me ajudou a desenvolver essa minha ideia MALUCA.
Aliás, umas explicações antes de comer: Vier Monde (o nome da fanfic) significa Quatro Luas que é algo a ser explicado no decorrer dos capítulos, ok? (Aliás, agradecimentos para a @Proud pela enorme ajuda <3)
Enfim, mantenham a mente aberta para essa fanfic, certo? Por favor, juro que vale a pena.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Descoberta


Fanfic / Fanfiction Vier Monde - Descoberta

Era a terceira vez que inspecionava a floresta naquele dia, estava com uma sensação estranha rondeando o peito. Sabia que poderia ser apenas seu sexto sentido bagunçado, mas Jeongguk tinha quase certeza de que algo não estava em seu devido lugar. Verificou em seu relógio de pulso e suspirou, ainda possuía algumas horas antes de anoitecer e seu turno terminar, então usaria esse tempo para ter certeza de que o acampamento mirim estaria seguro.

Sentia-se satisfeito quando resolviam fazer passeios por ali, afinal, o Bosque das Flores Secas – o nome do local onde a pequena floresta se encontrava – já não era tão frequentado quanto antigamente. Lembrava-se de quando iniciou ali como guarda florestal e todos os finais de semana eram repletos de famílias, casais e amigos que tiravam o dia para apenas sentar na grama, aproveitando da natureza e da comida boa. Atualmente era difícil ter mais do que cem pessoas por ali e isso o magoava profundamente.

Jeon não entendia porque um lugar tão lindo não era reconhecido.

Suspirou, acreditando fielmente que pelo menos ele poderia aproveitar e preservar seu local de trabalho, sua zona de conforto. Continuava caminhando por entre as árvores, olhando sua extensão para cima e para os lados, até mesmo cumprimentando alguns animais. Parecia bobo, mas além dos rapazes que conhecera anos antes, na faculdade, os animais também faziam parte da sua família. Até porque aquela floresta representava bastante o que ele era, o que ele significava no mundo. Uma mistura de cores, tamanhos e cheiros diferentes que significavam muito mais do que um nome, do que Jeon Jeongguk.

Olhou ao redor, de repente tendo seus pensamentos cortados pela velocidade com que um coelho passou ao lado de seus pés, o fazendo estranhar. Algumas aves gritavam acima das árvores, indo na mesma direção que o pequeno coelho manchado.

Algo definitivamente estava errado.

Então caminhou rápido na mesma direção em que os animais estavam indo. Mas não conseguiu manter a pressa quando seus olhos encontraram fios alaranjados caídos, formando uma trilha até um corpo deitado perto de uma das maiores árvores que eles possuíam por ali, acompanhado de alguns animais pequenos. Era um... homem? Um garoto, talvez. Não sabia dizer ao certo. Aproximou-se com receio, tentando entender por que raios ele estaria ali, no meio da floresta e.... nu. Suas maçãs do rosto esquentaram assim que percebeu, mas no mesmo instante as pernas do outro se encontraram com a barriga, numa forma de se encolher e esconder do frio.

Foi então que se apressou de novo, tirando seu próprio casaco para colocar sobre o corpo do outro. Abaixou-se na frente dele, encarando-o enquanto esperava uma outra reação do mesmo. Os fios alaranjados caíam sobre os olhos fechados dele, a pele extremamente clara era lisa e aparentemente macia, como se ele fosse um recém-nascido. Os braços se fechavam em frente ao peitoral enquanto as pernas juntas aqueciam as coxas. Ele parecia estar num sono pesado, como se dormisse ali há anos, quase como em um coma.

— Ei, ei... — falou baixinho, de forma inconsciente. — Você consegue me escutar?

Sentia-se idiota, mas a sensação se esvaiu assim que o corpo se mexeu. O rapaz de fios alaranjados rapidamente se sentou no chão, o casaco de Jungkook caído sobre suas pernas. Os olhos escuros paralisaram sobre a face do moreno, sua cabeça inclinou-se para o lado.

— Eu.... Onde nós estamos? — mexeu a cabeça, tirando o cabelo do rosto. — Você consegue me entender?

Fora a vez de Jungkook inclinar a cabeça, como um cachorro confuso.

— Consigo.... Por que eu não conseguiria?

Aproximou-se mais dele, achando tudo aquilo muito estranho. Ele falava em coreano, ele estava na Coréia do Sul. Por que raios Jeongguk não entenderia?

Os olhos negros então caíram sobre suas próprias mãos, encarando os dedos pequenos e branquinhos com certa surpresa, aos olhos do outro. Era como se jamais tivesse visto suas mãos antes, como se fossem algo novo e totalmente inédito. Decidiu chegar mais perto então, tocando no ombro dele que recuou, mais assustado ainda.

— Ei, calma. — ditou baixinho. — Eu só quero ajudar. Aliás, meu nome é Jeongguk. Qual é o seu?

Viu lábios carnudos e vermelhos sendo mordidos, uma dúvida presente na expressão facial que o guarda florestal sentia entender. Sentou-se então na frente dele, ajeitando o casaco sobre as pernas dele, imaginando que o frio logo o deixaria doente.

— Você não está com frio? Céus, está congelando aqui.

O de fios alaranjados continuou sem dizer nada. Alternando seu olhar entre seus dedos do pé que tocava com a ponta dos dedos da mão e o rosto liso do moreno a sua frente. Levantou as mãos até ele, deslizando os dígitos por todo o desenho da mandíbula e nariz de Jungkook.

— Eu me chamo Park Jimin. — falou, fascinado com o rosto a sua frente. — Não sei como os seres humanos suportam com tão pouco pelo.

Achou o comentário estranho, mas soltou um sopro como riso e se levantou, estendendo as mãos para ajudá-lo a levantar. Jimin pegou uma das mãos do outro que fez uma nota mental sobre como a pele dele era macia. Ele ficou de pé com certa dificuldade, vestindo o casaco alheio enquanto sentia o moreno mais alto o encarando com o canto dos olhos, meio desconcertado. Mas a diferença de altura era até que berrante, o mais baixo se ajeitou por baixo da veste alheia, precisando de ajuda para fechar o zíper, notando só então que grande parte de suas coxas ficavam cobertas pela peça. Jungkook não achava ser tão maior que o alaranjado até aquele momento.

Jeongguk pensou por um momento em indagá-lo sobre sua origem e de como viera parar na floresta naquelas situações, mas achou melhor não o fazer naquele momento. Conforme encaminhava-se à casa presente nas proximidades, tivera a interrupção pelo soar de folhas na terra, fazendo seus olhos voltarem-se ao ser que acabara de encontrar. Ele erguia-se do chão.

— Oh, me desculpe. — na hora não entendeu os motivos de se desculpar. Aproximou-se do indivíduo misterioso e lhe auxiliou a pôr-se de pé novamente. — Você está bem?

O dono de fios alaranjados soltou um breve riso nasal.

— É bastante diferente caminhar desse jeito também...

O moreno também não compreendeu o que ele dizia, mas tentou não o fazer por notar que a fala saía mais pessoal. Desta vez ao caminhar o segurou e usou menos velocidade, vendo que o garoto aparentava tentar se acostumar com o ato. O cenho de Jeongguk franziu-se com a observação, afinal, ele não era tão novo para não saber andar direito.

Contudo, quando se mostrou mais ou menos adepto às ações, estacionou no meio do caminho. O Jeon olhou para ele, indagativo, preocupado se havia acontecido algo que seus olhos não captaram.

— Para onde está me levando?

Logo o guarda entendeu suas razões por ter parado de repente.

— Para um lugar mais quente, onde poderei ajudar você.

O dono de fios alaranjados hesitou por mais alguns instantes vestindo uma expressão pensativa, como se avaliasse a proposta, mordendo outra vez seus lábios vermelhos ao olhar o rosto de Jeongguk. Esse pediu um voto de confiança ao pequeno, que ainda inseguro aceitou ser guiado por seus conhecimentos.

Caminharam juntos pela trilha para finalmente encontrar o casarão. Foram saudados por um ambiente mais quente e acolhedor, repleto de um aroma de chocolate quente.

— Hobi Hyung? — o moreno chamou o amigo pelo apelido, ouvindo uma resposta distante. — Você poderia vir aqui, por favor?

Assim, dentre alguns instantes a figura amiga chegou no que era uma espécie de recepção. Instantaneamente seus olhos se focaram na terceira pessoa que àquela altura sentia-se um pouco confusa com o olhar curioso dirigido a si.

— Esse é Park Jimin. Ele estava no meio da floresta e eu precisava pegar algumas roupas para ele. Você pode ficar um pouco com ele e dar-lhe algo quente? Volto o mais rápido que conseguir e nós vemos o que faremos.

Era óbvia a intriga dos dois ali. Hoseok não conseguiu proferir alguma coisa pela surpresa, mas assentiu ligeiramente ao pedido do outro. Jeongguk saiu do local no mesmo momento, não dando de certa importância ao horário de seu turno. Por alto, tinha certeza que ainda havia bastante tempo até ele terminar.

Enquanto o mais novo saíra, Jung Hoseok ficou com o garoto pequeno e aparentemente frágil. Ele, sem dúvida, mostrava-se um pouco assustado com o ambiente que lhe rondava. Tudo parecia ser muito novo aos seus olhos, cujos passeavam por toda estrutura da casa.

— Você está machucado, Jimin? — mostrou um assento confortável ao mesmo, que ao aceitar, pôs-se ao seu lado. O rapaz pequeno apenas balançou a cabeça negativamente. — Fique aqui que eu vou pegar um pouco de chocolate quente, ok?

O menor franziu as sobrancelhas suavemente, porém fez como demandado.

Seus pés esfregavam-se no chão, batendo um contra o outro enquanto ele olhava ao redor agora com mais calma, sentindo-se confortável por estar sozinho. Encolhia-se dentro da jaqueta, se questionando o que eram todas aquelas coisas. Havia uma mesa repleta de papéis e livros por cima, de diversas cores, o que coçou a curiosidade do alaranjado. Algumas canetas também estavam ali, perto da janela que era rodeada de quadros com paisagens daquela mesma floresta onde ele estava há pouco. Antes que percebesse, já estava de pé, passando uma das mãos em uma das pinturas, revezando sua atenção com a outra mão que folheava – desajeitadamente – um dos livros já abertos.

Símbolos em ordem estavam gravados ali e sua curiosidade quase o forçava a tentar aprender o que era. Mas acabou sendo interrompido por passos ritmados e uma voz que murmurava alguma canção qualquer.

— Aqui está, seu chocolate quente! — Hoseok sorriu abertamente para o rapaz, se aproximando dele para lhe entregar a xícara. — Cuidado porque está quente.

Park não soube o que fazer, nem ao menos sabia como segurar aquilo. Esticou as duas mãos com as palmas viradas para cima, no formato de uma bandeja. O moreno, por sua vez, apoiou a xícara ali sem soltá-la, não possuía muita noção do que deveria fazer. Mas Jimin recuou as mãos, fechando-as perto do corpo enquanto resmungava: — Ouch, como vocês seguram isso?!

— Desse jeito aqui... — Hobi continuou com os dedos enlaçados no apoio da caneca, mostrando perto do rosto alheio como se fazia. — Então você coloca na boca e toma.

Aproximou-se mais ainda do corpo branquinho, colocando os lábios na xícara e virando, lentamente, quase rindo de toda a atenção que recebia. O cenho deste estava franzido, até mesmo surpreso. Nunca havia visto algo parecido, era realmente fascinante. Hoseok então estendeu a bebida para ele, esperando que ele seguisse seus passos. Com certa dificuldade, prendeu seus dedos aonde deveria, quase colando a caneca em sua boca, mas antes sentindo o cheiro. Era delicioso, apesar de inédito. Estendeu a língua para dentro do recipiente, fechando os olhos para sentir melhor o sabor.

Era.... Diferente. Não diria ruim, afinal, já havia provado coisas piores, mas nada nunca teve um gosto parecido como aquele. Então reparou que o guarda florestal a sua frente o encarava, provavelmente estranhando o fato de ter colocado a língua dentro da xícara. Jimin se esquecia que era um humano como ele, que deveria se comportar como ele. Tocou com os lábios na caneca, virando levemente para que pudesse beber melhor.

— E então? — o rapaz mais alto perguntou, tinha a sensação de que era a primeira vez de Jimin tomando chocolate quente.

— É.... É gostoso. Diferente. Quente. — respondeu, olhando o líquido se mexendo dentro do recipiente. — Como é o nome mesmo?

Hoseok então sentou-se, puxando sua xícara de cima de um armário baixo de arquivos. Nem ao menos havia visto quando ele deixara a bebida ali.

— Chocolate quente. É algo que o ser humano inventou para não morrer de frio e mesmo assim ser doce, não tem coisa melhor.

O olhar do alaranjado então voltou a passear pela sala repleta de coisas. Era a vez de observar as lâmpadas e janelas, que para ele mais pareciam vagalumes gigantes e construções com algum tipo de material invisível – e maligno – no meio.

— O que achou do lugar? — a pergunta surgiu subitamente, assim logo chamando a atenção do pequeno.

— Não sei dizer... — ele inclinou a cabeça para baixo, pensativo sobre a questão. – Não é um lugar onde eu definitivamente ficaria todos os dias da minha vida, mas deve ser bom para se proteger de alguma tempestade. – cessou suas palavras por um breve tempo. — Acho que me sentiria meio.... Preso. Você não se sente assim às vezes?

O Jung achou a pergunta intrigante e lhe mandou um olhar significativo. Era algo natural ter um lar para morar, por quais razões ele agiria daquela forma? Indagar sobre aquilo lhe lembrou de suas aulas de filosofia, onde debateu sobre a liberdade. Achou melhor deixar a fala pelos ares, sem uma resposta. Até porque Jimin teve sua atenção focada ao exterior pelos vidros gélidos.

— Você mora aqui mesmo? No meio da floresta? — o pequeno virou-se para o outro depois de um tempo observando os céus acinzentados, constatando seu, agora, semelhante mexendo em alguma coisa que não sabia denominar, porém pequeno, retangular e com uma luz suave. Aquilo deveria ser divertido, porém notara o acastanhado rir breve antes de lhe olhar.

— Eu moro na cidade, Jimin. Aqui é apenas o meu trabalho. Por quê? Onde você mora?

A defesa do Park instantaneamente ergueu-se, assim como fizera ao ser levado pelo moreno alto. Sua memória ainda era fresca do dia em que os homens da cidade quiseram cortar suas lindas árvores. Ninguém podia tocá-las para cometer algum mal. Elas eram especiais, e seu coração sentia os sentimentos sôfregos de cada uma delas, igual a qualquer animal se fosse o caso.

— Você não é daqueles homens maus que cortam árvores, uh?

— Não... — respondeu com estranheza, ignorando o fato de ter suas perguntas ignoradas. — Eu sequer sabia quando fizeram isso, mesmo que eu esteja trabalhando há mais tempo que o Jungkook por aqui. Nós apenas cuidamos delas, Jimin. — Com o dito, foi perceptível a maneira que o menor relaxou. No mesmo momento o chocolate quente havia terminado.

— Onde estão as outras pessoas?

Em momentos Jimin aparentava conversar em códigos ou com sentenças que apenas ele entenderia o significado. Sua mente sempre encontrando indagações sobre costumes humanos, como se ele mesmo não fosse um. Hoseok pairou na fala alheia, tentando compreendê-la.

— Pessoas?

— Sim! — mostrou-se entusiasmado de repente, aproximando-se do assento que o outro havia lhe cedido inicialmente. — Aquelas pequenas, de rosto inocente e risonhas!

O guarda ponderou por alguns instantes para conseguir alguma hipótese das pessoas de que ele estaria falando. Foi quando se lembrou das crianças que normalmente viam ali com suas escolas, para acampamentos. Porém, se Jeongguk havia acabado de encontrá-lo, como ele sabia das pequenas crianças?

— Você fala das crianças? Se for, ainda não é época de elas chegarem aqui...

— Agora eu posso me aproximar delas, não posso? Um certo dia eu fui tentar ser gentil e brincar com elas, mas pessoas maiores as levaram dizendo que eu era perigoso... — o interior do alaranjado aparentou encolher-se num sentimento triste por ter sido incompreendido. Ele achava aqueles pequenos seres tão bonitos, era óbvio que nunca faria mal algum a eles, nem a ninguém que não tivesse mal intenções.

— Jimin, você está me deixando um pouco confuso. — assumiu com certo humor. — Você não parece ter motivos para ser perigoso.

Estava pronto para rebater, contudo ultrapassou pela porta de madeira o ser que anteriormente completava o trio de pessoas, claramente cansado. Não diria ofegante, mas respirando um pouquinho mais descompassado. Talvez estivesse tentando fugir do frio, ou ainda se sentia apenas preocupado pelo estado que deixou o alaranjado.

— O trânsito estava ótimo, essa é uma boa notícia. — disse por alto, olhando para o rapazinho. — Trouxe roupas que, bem, não vão ser do seu tamanho, mas elas irão te aquecer bastante. — estendeu uma sacola de papel que prontamente foi aceita. Jimin olhou curioso para dentro dela.

Era espantoso a quantidade e diversidades de vestimentas que os humanos necessitavam para se esquentarem enquanto tudo que tinha eram bons pelos, Jimin refletia por um instante. Pousou a sacola na cadeira que sentara, retirando da mesma um conjunto completo com luvas e cachecol inclusos. Foi então que se recordou de que eles deveriam ter uma forma de agradecimento específica, então rumou ao Jung para murmurar-lhe algumas palavras, para, por fim, virar-se novamente para Jungkook.

Obrigado, Jeongguk.

Jeongguk. Jeongguk.

O moreno observava o dono de fios alaranjados, Jungkook estava suspirando num ritmo descompassado que lhe atingiu de repente. Era estranho, mas depois de ouvir Jimin dizendo seu nome, as coisas tornaram-se insignificantes de uma hora para outra. Seus olhos só conseguiam prestar atenção nele, em como seus lábios eram rosados e cheinhos, os olhos pequenos e brilhantes, a pele macia e imaculada. Estava perto o suficiente para até mesmo afogar-se no cheiro do Park que, mesmo longe, percebia o que estava acontecendo. Havia falado o nome do Jeon e, como o bom e velho espírito da floresta que era, esqueceu-se do que isso fazia com seres humanos. O “enfeitiçado”, por sua vez, ainda salivava encarando a mesma pele macia que ele queria marcar com toda a rapidez e vontade que tinha.

E não negaria uma vontade que vinha tão de dentro. Jamais.

Passou reto por Hoseok que o encarava, perdendo o sorriso gradativamente. Jimin pisava em um de seus próprios pés com o outro, receoso com o que poderia acontecer. Mas não conseguia fazer muito do que apenas observar, sentindo o calor que emanava de Jeongguk quando o mesmo praticamente colou os corpos, soltando seu hálito doce e quente contra as bochechas gélidas do alaranjado. Os lábios quase se roçavam, os olhos abertos se encaravam como se tudo o que acontecesse ali durasse milhares de segundos a mais. Só que o Park sabia o quão errado era beijar alguém enfeitiçado, mesmo que a curiosidade sobre o gosto alheio o atingisse como uma pulga atrás da orelha.

Hoseok, então, como num pulo, puxou seu amigo. A respiração de Jungkook, o mais novo, ficara descompassada com certa violência. Mas apesar de tudo, não deixava de encarar o alaranjado a sua frente. Hobi continuou o puxando, sendo ignorado com total sucesso.

— Ei, Jungkook! Pare com isso. – o arrastava para o outro cômodo da casa. – Que merda você está fazendo?

Era como se o outro não o escutasse, estava interessado apenas em passar pela barreira que Hoseok era naquele momento. Só que quando percebeu, já estava trancado em um dos escritórios, sem nem ao mesmo perceber o que havia acontecido.

— Eu falei o nome dele... Droga, sempre esqueço que não posso falar.

Hoseok virou-se levemente, tentando fitar o baixinho.

— Como assim?

Ignorou sutilmente o mais alto, voltando sua atenção para as roupas trazidas mais cedo. Com certa dificuldade Jimin desceu o zíper da jaqueta, jogando-a no chão enquanto tentava adivinhar o que deveria vestir primeiro. Só não imaginava que nesse meio tempo um Hobi-Cor-De-Tomate quase explodiria por ali.

O encarou, meio desconcertado do problema. Então ergueu uma peça de roupa na frente dele, esperando o mesmo respondê-lo, ainda abobado. Colocou uma calça virada para o moreno que negou, girando os dedos indicadores, como se dissesse “depois”. Ergueu então uma camiseta branca, recebendo um aceno de cabeça em troca. Encarou os buracos daquele tecido, imaginando qual entraria onde. Sentiu as mãos do outro perto das suas, nem ao menos havia o visto chegar perto. Mas não negaria ajuda naquela altura do campeonato.

— Este aqui vai na cabeça... — Hoseok falava, tímido. – E estes nos braços.

Esperou que ele terminasse, apenas descendo a barra até sua cintura. Pegou de dentro da sacola a peça íntima que Jungkook havia pego, ajoelhando-se em frente ao ruivo para, com muita dificuldade, passar a peça pelos seus pés pequenos. Subia o tecido até vestir o Park, respirando aliviado. Já melhorava muito sua situação.

Fez o mesmo processo com a calça e o moletom, vendo o pequeno rir quando vestiu as luvas e o cachecol, sempre com uma careta no rosto.

— Isso parece uma coleira e esses negócios na mão me deixam sem sentir nada.

— Mas é exatamente para isso, senão você sente frio.

A cara de surpresa então fez o Jung rir, imaginando de onde o baixinho havia saído, afinal, ele nem ao menos conhecia janelas e luvas. Quem, em pleno século XXI, não conhecia essas coisas?

Assim que o menor trajara todas as vestimentas e conseguira se ajeitar parcialmente dentro delas, Hoseok lhe achou fofo, assimilando-o a uma criança num inverno rigoroso a caminho do colégio. A aura de Jimin exalava uma inocência que homem nenhum teria, e isso era o mais curioso de toda a história. Os olhos do Jung caíram ao relógio de pulso e constatou que os ponteiros se aproximavam do final de ambos os turnos.

— Você sabe algo sobre sereias, guarda? — perguntou subitamente, encarando os tecidos que cobriam seu corpo do pescoço aos pés. Embora não se passasse muito tempo, queria tirar aquele tecido grosso de seu pescoço por achar desconfortável, mas sentia-se um pouco acuado por ter sido entregue com tão boas intenções.

— Um amigo nosso – apontou para a porta onde Jeongguk estava. — Vive falando sobre coisas assim, então eu sei alguma coisa. Por quê?

— Elas usam o canto para hipnotizar e encantar as pessoas, né? — esperou o outro acenar positivamente. — Então, é praticamente a mesma coisa comigo. A diferença é que eu só preciso falar o seu nome e, pronto, dá nisso.

As engrenagens da mente de Jung Hoseok trabalharam por um breve tempo, assim rapidamente compreendendo as palavras do outro. Podia ser meio bizarro, muito bizarro na verdade, mas não poderia desmentir o ocorrido quando o presenciou. Tinha guardado com exatidão a cena dos olhos do amigo instantaneamente mudando e uma tensão instalando-se sobre eles. Era também, apesar de tudo, um tanto curioso.

— Interessante. E estranho. – não conseguiu achar muito o que dizer naquele momento. Mas sentiu-se instigado a contar da novidade para Taehyung, já imaginando uma possível reação. — Isso demora para passar? Por quanto tempo acha que isso pode durar?

Park Jimin desviou o olhar antes de soltar um suspiro fundo. Ele não sabia a resposta daquilo.

— Bom... Você o privou, provavelmente ele já está lúcido novamente. Na verdade, eu só sei dos efeitos, não da durabilidade... — mostrava-se um pouco sem graça. — Me desculpe.

O maior, ao absorver as palavras alheias, resolveu conferir o estado do parceiro e amigo. Enfiou a cabeça pela fresta, abrindo a porta com cautela, procurando a presença mais alta. Jeongguk estava escorado na mesa com seus braços cruzados e com seus olhos vidrados no assoalho, notando então Jung Hoseok na porta.

— Tudo bem, Kookie? — abriu mais a porta, adentrando-a sutilmente. Pelo que pôde notar, o Jeon tinha seu olhar bagunçado, sendo exposto a confusão que habitava sua mente.

— Tudo. – respondeu simplesmente. — O que aconteceu?

A questão, em sua verdade, não se voltava ao fato de não se recordar de todo o ocorrido, e sim ao de desejar entender aquelas emoções fortes e manipuladoras que lhe tomaram com tanto afinco. Foi como se seu corpo estivesse no controle de outros seres e a única coisa posta em seu caminho fosse cada detalhe do pequeno Park Jimin. Como se a existência de todo o resto fosse irracionalmente irrelevante e, tudo que não fosse tê-lo em seus braços, era inútil. Sua fragrância. Sua pele. Seus olhos. Sua boca.

Sua essência.

Hoseok apenas maneou a cabeça negativamente, enlaçando o pescoço de Jungkook com um de seus braços.

— Nosso Jimin te chamou pelo nome. Isso aconteceu.

Apesar de não ter suas dúvidas plenamente quitadas, não insistiu no assunto, pensando que posteriormente as faria ao próprio Jimin. Caminhou com o acastanhado para fora da sala sentindo aquela incerteza presente em seu corpo, logo direcionando o seu foco ao dono de fios laranja, vendo como ele havia ficado adorável com suas roupas.

— Desculpe por isso... — foi a primeira coisa que ele disse quando viu o maior. Sentia-se culpado por aquilo, teria que saber se portar dentre os humanos caso quisesse arrumar uma forma de voltar a ser o que era, e aquele não era um bom jeito de começar.

— Não se desculpe, está tudo bem. Isso só foi.... Bem forte. — comentou com um breve riso. O modo como o recém-conhecido reagiu às suas investidas ainda estava em sua cabeça de modo sutil, onde alguns detalhes destacavam-se e outros acabavam por despercebidos.

— Já deu a nossa hora, Jungkook. — foi a vez do guarda mais velho falar, e isso aparentou despertar o moreno, que no mesmo tempo intercalou olhares entre ele e o Park, expressando exatamente o sentimento de não saber o que fazer. — Acha que ele pode ficar na sua casa? Ou quer que ele fique na minha?

Obtendo um par de olhos confusos e uma ausência de resposta, um som interrompeu o ambiente – era o celular do mais novo. O Jeon atendeu provavelmente no terceiro toque, cessando a música que pareceu incomodar o alaranjado. Seus ouvidos foram saudados por uma voz alegre demais, e só por isso já poderia saber que Taehyung tinha bebido alguma coisa.

Vocês poderiam vir para a minha casa hoje, não? Eu não sei se vou conseguir ver vocês no final de semana junto com os meninos. A faculdade está arrancando tudo de mim, mas hoje é um bom dia.

— Eu não tenho certeza, Tae... Espera.

Dessa forma encostou o celular em seu peito e explicou a situação para o mais velho, e este rapidamente pediu o aparelho emprestado, não contendo a ânsia de contar a novidade para o amigo. Afastou-se um pouco dos outros dois – que acabaram por conversar a sós, provavelmente sobre a possibilidade de Jimin partir junto para alguma das residências –, e explicou com calma o ponto mais interessante da história, do qual resumia-se na espécie de transe que Jeongguk entrou.

Se antes achou estranho apenas o fato de enfeitiçar alguém por chamar pelo nome, achou mais estranho ainda a maneira que o Kim reagiu às suas palavras. Algo como “vocês estão brincando comigo?”, repetiu-se várias vezes, podendo sentir o quão desacreditado ele estava. No entanto, ignorante no assunto como era em comparação ao Taehyung, não compreendeu tamanha surpresa estampada na voz alheia ao dizer:

É sério que vocês encontraram uma ninfa?!

Ele não sabia nada sobre ninfas, mas apenas isso fez Hoseok fitar Park Jimin com outros olhos. Já era um bom motivo para aceitarem o convite de partirem para a residência de Kim Taehyung.


Notas Finais


EU ESPERO DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO QUE VOCÊS TENHAM GOSTADO E ESPERO QUE NOS DIGAM O QUE ACHARAM? TÁ? ESTAMOS INSEGURAS, VAMOS LÁ MIGOS.


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