História Vier Monde - Descontrolado

Jimin estava feliz naquele dia. Havia passado um bom tempo na floresta e agora estava na casa de Jeongguk se arrumando para encontrar Suga. Estava animado por aquilo porque, de alguma forma, sua relação com o rosado sempre lhe foi um tiquinho mais especial. O dia que lhe explicou sobre o amor e todas aquelas coisas de ciúmes, além do sorvete do amora, realmente significaram um tantão para si. Não, obviamente, que o que outros lhe ensinaram fosse menos especial, mas… Não sabia explicar muito bem sua ligação com ele.

Olhava-se no espelho com atenção, ajeitava suas madeixas cautelosamente. Sentia-se na expectativa com o lugar que Yoongi lhe levaria. Queria de verdade conhecer como era um festival ali, no mundo humano, porque seria mais uma coisa para contar aos seus amigos mágicos quando voltasse para casa, principalmente Jaebum. Já havia riscado da lista o “ver o rio colorido com o Nam” e o “conhecer um lugar especial com TaeTae” e agora tudo que lhe restava mais duas pendências e dentre elas, claro,  “conhecer um festival com Suga”.

Trajava uma de sua blusas listradas favorita, aquela em preto e branco. Os cabelos bem ajeitadinhos para as laterais. Todas as higienes realizadas. Até que o reflexo de Jeongguk surgiu no espelho à frente. Os dois estavam mais tranquilos àquela hora, Jimin acalmou suas emoções fortes e conturbadas e obteve o sucesso de encarar a face alheia sem ser inundado por um turbilhão de coisas.

Ainda era um pouquinho constrangedor saber que seus hormônios estavam agitados e que em qualquer descuido algo semelhante poderia voltar a acontecer, mas tentava deixar isso de lado. Via que estava amadurecendo sua mente com aqueles fatores, mas não era o suficiente. Por alguns instantes queria ter nutrido um pouco mais de conhecimento sobre aquele patamar, se arrependia de não ter insistido no assunto com sua mãe.

— Você está tão bonito… — o Jeon, vestido com sua calça de moletom e sua blusa fina e negra de mangas compridas, elogiava sincero. Jimin reparou também que os cabelos escuros estavam levemente bagunçados, expressando um sorriso tímido à medida que agradecia mansamente. — Blusas listradas realmente combinam com você…

O guarda avançou, parando atrás do rapaz menor cujo permanecia fitando o espelho. Lembrou-se ligeiramente da maneira que o mesmo temeu-os no início, desviando sua atenção à gola alheia que, mesmo estando arrumada, não conteve seus dedos de arrumá-la. Acabou rendendo-se, envolvendo o corpo num abraço, apoiando sua cabeça no ombro esquerdo da ninfa. A mesma aparentou surpreender-se.

— Tem certeza que você quer ir? Sabe, você não precisa. Yoongi entenderia se você acabasse ficando aqui comigo…  

Carente. Manhoso. Duas palavras perfeitas para descrever Jeon Jeongguk naquela noite. Ainda existia a preocupação possivelmente em excesso – porém de praxe –, mas ela era um pouco menor do que estes dois termos.

— Humm, Kook-ah… — respondeu com a manha semelhante, virando-se dentro do abraço dele. — Eu quero me encontrar o Suga e conhecer um festival! Ele é importante pra mim e seria injusto sair com todos menos ele. — justificou-se com um bico nos lábios.

— Não entendo porque sou o último dessa tua lista. — circundou seus braços na cintura do mais baixo, sorrindo terno quando este envolveu seu tronco, encostando a bochecha em seu pescoço macio.

Estava nítido até mesmo para o baixinho o quanto Jeongguk não gostava da ideia de ser “trocado” por Suga. Chegava até a ser engraçado ver tão bem aquele lado mais carinhoso e vulnerável dele.

— Porque o mais importante a gente sempre deixa para o final. — respondeu sem olhá-lo, mas Jimin sorria enquanto falava. — Além de que eu quero me lembrar por muito tempo de você, principalmente, quando já estiver na floresta de novo. Eu amo muito os meninos, de verdade, mas… — mordeu o lábio, envergonhado. — Na verdade, não quero me esquecer nunca.

Aquilo fez o guarda sorrir e sentir o peito doer ao mesmo tempo. Isto é, ficava imensamente feliz com as palavras da ninfa, mas não deixava de lembrar-se de que logo ele voltaria para a floresta. Era um fato que sentiria falta, mas Jeon ainda não havia pensado em como lidaria com isso.

Assim que afastaram o abraço, Jimin puxou o mais alto para mais perto antes de selar os lábios de forma rápida. Assistiu as madeixas alaranjadas saírem depressa pelo quarto, nunca havia o visto tão animado com algo quanto aquilo. E, mesmo que não quisesse, sentia ciúmes, afinal, por que Yoongi era tão importante para ele? Por que Jimin preferia o outro a si mesmo? Queria tanto ficar abraçado com ele a noite toda…

No entanto, antes mesmo que pensasse em mais alguma coisa lá estava o som da campainha entrando pelos ouvidos. Mas, de súbito, apressou os passos até a sala, impedindo o menor de abrir a porta o segurando pelo pulso. Recebeu um olhar interrogativo, porém não conseguia absorver e lidar com aqueles sentimentos tão presentes. Abaixou o tom de voz sem perceber ao dizer.

— Pode me dar um beijo antes de ir?

Aparentemente a cor dos olhos de Jimin continuavam a mudar, mas o brilho de sempre permanecia imutável e tão hipnotizante quanto antes. A vontade de ficar com o menor por ali era quase que palpável, mas deveria reconhecer que não deveria ser tão egoísta. Ele queria se divertir, concordava com o feito, só… estava preocupado. Além de carente, claro.

— Um beijo? Mas…

Jimin não foi capaz de concluir a fala por causa do semblante que tomou as feições do moreno. Era como se ele implorasse em silêncio.

Daquela forma, rendeu-se ao se aproximar do corpo alheio, segurando seu rosto com as duas mãos e avançando contra os lábios dele. Tocou-os como segundos atrás, mas Jeongguk não tardou muito a aprofundá-lo. Em segundos a mente da ninfa esvaziava e se concentrava no modo firme que o Jeon segurava sua cintura, ora desviando-se pelas costas, pressionando levemente seu corpo no dele.

No meio daquele beijo Jeongguk confirmou pela milésima vez que não havia beijo semelhante ao de Jimin.

A campainha tocou pela segunda vez e agora batiam na porta. Que garoto apressado, pensou por um momento. Foi obrigado a findar o ósculo, mas antes de fazê-lo não resistiu de mordiscar os carnudos inferiores que agora possuíam uma instigante coloração avermelhada. Sorriu morno para o espírito da floresta, encaminhando-se para receber o amigo.

— Pensei que não fosse abrir isso hoje. — o guarda-florestal foi surpreendido por não estar somente Yoongi ali, Namjoon o acompanhava. O mesmo logo se justificou que apenas encontrou Yoongi e o mesmo lhe arrastou até ali. Jeongguk riu nasalmente com o dito. — Jiminie está pronto?

Logo o Jeon abriu caminho para ambos, olhando para a ninfa parada onde havia deixado anteriormente. O brilho que brotou nos olhos do rosado não foi ignorado pelo moreno, e mais uma vez ele não acreditava que estava com ciúmes dos dois. E nem era pela primeira vez.

— Woa, Jimin está bonito com essa roupa. — Jeongguk se distanciou da entrada, ouvindo por alto a risada acompanhada de um agradecimento tímido do alaranjado. Naquele mesmo minuto Namjoon adentrava o lugar.

— Tome conta dele lá, hyung. Sério, você sabe como são esses festivais de música…

— Você está me estranhando? É óbvio que eu vou cuidar dele. E é só um festival, Jeongguk… Deixe de ser tão desconfiado. — dizia ao passo que Jimin se aproximava, já devidamente pronto e aparentemente ansioso. — Vamos nos divertir, certo?

— É, não se preocupe comigo hoje, Kook-ah. Suga hyung sempre cuida bem de mim.

Era inevitável. Talvez não fosse tão óbvio para Jimin, mas Yoongi conhecia bem o feitio de Jeongguk quando estava com ciúmes. Ele olhava fixo, pressionava a língua em uma das suas bochechas, exatamente como fazia naquele momento. Yoongi somente fez uma careta desentendida pelos sentimentos alheios. Até porque, qual o sentido daquele ciúme todo?

— Não lhe dê nada inadequado. — referia-se às bebidas alcoólicas. — Espero que se divirtam.

Daquela forma, os dois se despediram e Namjoon acabou ficando consigo. Jeongguk soltou um longo e audível suspiro, despencando o corpo no sofá antes de encarar o teto.

— Por que está desse jeito hoje? O que te mordeu? Com certeza não foi o Jimin.

O moreno deveria imaginar que seria questionado, porém não julgava o ato ruim. O ponto era que nem ele sabia explicar o que estava acontecendo consigo naquele dia, estando mais carente. Ele não possuía aquele feitio, pelo menos não de transparecer tanto suas emoções da forma que fizera. 1) ele queria que Jimin permanecesse com ele naquela noite, 2) não se sentia muito tranquilo sabendo que a ninfa depararia-se com uma multidão de coisas novas e “suspeitas”, por mais que Yoongi desse sua palavra – certo, essa parte talvez fosse alguma desculpa para o primeiro item, mas ele não ligava de fato –, 3) bom… só estava com saudades dele. Tinha saudade de passar um tempo maior com ele a sós.

— Sei lá o que me mordeu. — respondeu simples.

— Acho que foi um bichinho que se chama ciúmes. — sentou-se no braço do sofá do moreno.

— Eu não estou com ciúmes! Eu só… — revirou os olhos, bagunçando os próprios fios castanhos. Seus olhos que antes fitavam o teto desceram até a figura de seu amigo, estava frustrado. — Sei lá, cara.

Namjoon torceu os lábios, ver o amigo confuso e frustrado daquele jeito o deixava agoniado. Sim, estava óbvio que era ciúmes, mas… Também estava óbvio que Jungkook não deveria sentir. Era apenas Yoongi, afinal. E Jimin o amava tanto…

— Vamos, relaxe. — bateu na perna dele, sorrindo. — Vamos nos distrair, huh? Aquelas cervejas que trouxemos da última vez ainda estão aí?

— Sim, pode pegar se quiser. — o guarda apontou a geladeira, fechando os olhos enquanto suspirava.

Não entendia direito o que acontecia, mas esperava que Jimin voltasse logo. Havia se acostumado com o menor por perto, sempre parecia que algo estava faltando quando ficava sozinho. Como havia se apegado tão rápido e com tanta intensidade?

Apenas abriu os olhos quando algo gelado tocou sua pele, Kim estava sentado no braço do sofá outra vez, a lata fria apoiada em sua perna.

— Nah, não vou beber. Preciso esperar eles voltarem e…

— Não vamos beber tanto, cara, só o suficiente pra você ficar tranquilo, hm? Pegue logo. — o mais velho encostou a superfície gelada no amigo.

Realmente fazia sentido, estava preocupado demais, não era tão necessário assim. Abriu a lata e sentou-se no sofá, dando espaço para que o moreno fizesse o mesmo. Fizeram um pequeno brinde e tomaram um gole, o líquido amargo e gelado fazendo Jeongguk já respirar mais tranquilo.

Com o mais novo já mais aliviado, ambos conseguiram jogar conversa fora como há tempos não faziam. Apesar da diferença de idade aquelas eram companhias que gostavam de ter, mas os horários dos trabalhos não batiam para que pudessem conversar a sós.

O mais novo se abriu com o amigo que, após algumas cervejas, só conseguia fazer piadas com a situação de Jeon. Ele estava tão apaixonado que chegava até mesmo a ser engraçado.

[...]

Jimin estava meio confuso, mas sentia como se já conhecesse um lugar como aquele.

Isto é, lembrava muito a situação em que esteve com Hoseok quando foram juntos ao estádio de beisebol. Eram muitas pessoas reunidas, a única diferença aparente até então era que não existiam cadeiras, apenas um local mais alto onde pessoas estavam enquanto um grande aglomerado se formava bem a frente.

O ruivinho tomava cuidado para não sair de perto de Yoongi, sua mão apertada contra o tecido da jaqueta do mesmo. Min caminhava com certo foco, Jimin conseguia perceber que ele sabia para onde estava indo. Ambos apenas pararam de andar quando chegaram mais ao fundo, afastados de onde todas as pessoas estavam reunidas pulando e cantando. Os olhos da ninfa ainda observavam tudo ao redor, queria ter certeza de que não esqueceria de nenhum detalhe quando fossem embora, estava hipnotizado pelas luzes coloridas que se movimentavam ali, nunca havia visto nada parecido!

— O que está achando? É muito diferente do que já havia visto? — Yoongi questionou, sua cabeça se movia levemente no ritmo da música. — Eu adoro aqui, é um dos meus lugares favoritos.

— É bonito e divertido. Esses festivais costumam acontecer bastante, Suga hyung? Na floresta só temos um por ano, sabe? — sorriu, seu corpo ficava agitado com as batidas dos sons no fundo.

— Sério? Apenas um? Por aqui temos diversos tipos de festivais… Por mais que pareçam todos iguais é bem diferente, cada um tem seu estilo e atrações próprias, mas geralmente são anuais também. — falava devagar, perto do mais baixo para que ele entendesse.

Jimin estava curioso sobre aquilo, o mundo dos humanos era realmente fascinante.

— Oh, entendo… E vocês fazem alguma brincadeira? Na floresta todo mundo se reúne e brincamos bastante, a gente pode até ganhar presentes! Podemos também ficar com o ancião da floresta, o Shinji, ele conta muitas histórias interessantes. — aquela lembrança esquentava seu coração, adorava realmente os festivais.

O de fios rosados fez uma careta, sorrindo apenas de ver o outro animado. Aquilo realmente parecia importante para ele, esperava que o seu festival fosse divertido também. Queria deixar boas lembranças com a ninfa.

— Aqui não fazemos brincadeiras, Jiminie… — riu, abraçando o ombro dele. — Nos festivais daqui costumamos só ouvir música, dançar e beber alguma coisa.

— O que vocês costumam dançar? E beber? Não sabia que faziam isso em festivais… — encolheu os ombros, curioso.

— Dançamos de qualquer jeito, se você se sentir bem do modo como se mexe, já vale. — deu de ombros, olhando ele. — E nós bebemos algo que nos deixe mais animados ainda, sabe? Para aproveitar… Você quer? Eu irei buscar um para mim, posso trazer um pra você.

A ninfa fez um bico, imaginando se haveria problema beber algo enquanto ficavam ali apreciando o festival. Bom, estava com Min, não poderia ser um problema. No mesmo instante assentiu, vendo Yoongi se afastar enquanto pedia alto para que não saísse dali. Se manteve no mesmo lugar então, estático. Seu corpo apenas se movia de um lado para o outro, aproveitando das batidas animadas das músicas.

Ficou brincando com os dedinhos enquanto olhava ao redor, as luzes coloridas eram parecidas com as que viu na ponte, junto com Namjoon. Deixava tudo mais bonito e interessante, na sua opinião.

Então, enquanto ainda esperava Yoongi voltar, sentiu uma mão quente rondando sua cintura, o puxando para perto ao mesmo tempo com que ouvia risadinhas. Tentou se virar e quando conseguiu, encontrou olhos desconhecidos e um sorriso que julgou imediatamente como maldoso.

— Nossa… Que gracinha. — o homem que ainda o puxava pelo quadril disse sorrindo. — Será que você me daria uma chance?

Estava nitidamente confuso, começando a ficar assustado. Por que Yoongi estava demorando tanto?

— Me solte… — empurrou o homem pelo peitoral, seus lábios se torciam, não estava entendendo nada. — Chance do que? Me solta…

— Chance de te beijar. — as palavras saíram um pouco enroladas, mas conseguiu entender com facilidade.

O coração saltava no peito, estava assustado. O rapaz voltou a se aproximar, mas só queria se afastar, porém ele agora o segurava pela nuca, os dedos se apertando na pele de seu pescoço. Quando conseguiu sair do aperto, sentiu uma leve ardência no pescoço, o homem o havia machucado.

— Não seja assim! Você é tão bonito… — ele tentou se aproximar outra vez, mas uma voz alta chamou a atenção de ambos.

— Ei, o que você pensa que tá fazendo?! — Yoongi caminhava rápido com as duas bebidas em mãos, entregando-as rapidamente para Jimin. — Saia de perto dele, me ouviu? Ele não quer nada com você!

— Oh, eu não sabia que estava acompanhado, gracinha…

— Ele não é gracinha porra nenhuma, ok? E mesmo se ele não estivesse com alguém, você não tem o direito! — o rosado respondeu ríspido, empurrando o homem bêbado pelos ombros. — Agora saia! Tchau!

Jimin viu o rapaz cambalear para trás, sendo ajudado pelos amigos para ir embora. Seu coração doía de tão rápido que batia, estava assustado e completamente confuso. Como alguém poderia fazer o que ele fez sem ter intimidade alguma? Apenas Jeongguk fazia aquilo e...

Jeongguk ficaria muito nervoso se descobrisse o que aconteceu.

Assim que Yoongi se virou, estendeu um copo para ele, mas fora ignorado enquanto o mesmo inclinava-se seu rosto para os lados, encarando toda a sua pele ao mesmo tempo com que falava palavrões baixinho.

— Ele não te machucou, não é? — negou rapidamente. — Eu mataria ele se tivesse te machucado. Você tá bem?

— Tá tudo bem, não foi nada… Eu estou bem! — sorriu, respirando fundo.

O Min então pegou um dos copos da mão alheia, puxando-o gentilmente para uma área mais afastada onde poderiam conversar mais calmamente. Jimin já estava calmo, o susto havia passado e agora se distraía com a música e as luzes coloridas que continuavam correndo por todo o lugar.

— Certo, agora eu quero ver. — Yoongi começou, chamando a atenção do outro. — Já experimentou a bebida? Vá com calma.

— Ainda não, por que? — aproximou o copo da boca, cheirando levemente. Era um cheiro bom, doce.

— É uma bebida feita com suco e algo que aqui chamamos de vodka, que tem álcool. E se nós ingerirmos muito desse álcool nós ficamos tontos e meio bobos, sabe? — observou a expressão pensativa do alaranjado. — Mas fique tranquilo, não tem muita vodka aí.

Daquele modo, por mais que se sentisse receoso quanto aos efeitos que aquele líquido poderia surtir, acreditava que Yoongi não lhe prejudicaria. Cheirou novamente a bebida por hábito antes de levá-la até a boca, deglutindo uma quantidade pequena.

— Gosto de… Uva. Mas dá pra notar que é diferente. — descreveu pensativo. — É gostoso, Suga.

Jimin sorriu para o mais velho, e este apenas retribuiu sem mostrar o dente, sentando-se no chão próximo de uma árvore. O lugar era aberto, assim era fácil sentir a brisa bagunçando os cabelos à medida que um cantor de música pop americano subia aos palcos.

— A sua bebida é igual a minha, hyung? — Jimin sentou-se confortavelmente ao seu lado.

— Huh? Ah, não é não.

— Eu posso experimentar? — assim que indagou, recebeu um olhar pensativo do mais velho.

— Não é uma boa ideia. A minha é muito mais forte que a sua. Como você não tem costume ficaria alterado fácil.

— Nem um pouquinho, hyung?

Não tinha certeza, mas talvez Jimin estivesse tentando lhe conquistar com uma espécie de aegyo lançando aqueles olhos pidões e aquela manha na voz. Definitivamente ele deveria parar de assistir televisão.

Suspirou e estendeu o copo, frisando que ele deveria sorver apenas um gole. Não sabia o que rum com energético faria na ninfa, sequer sabia se aquilo o faria mal por não ser propriamente um humano. Mas continuava acreditar que um golinho não ocasionaria em um final ruim.

— Hyung! — o alaranjado exclamou fazendo uma careta. — Como você bebe isso? Desce queimando tudo.

Yoongi não conteve-se em rir baixinho.

— Eu falei que era mais forte, Jiminie. Existem vários tipos de bebidas, mas ainda acho melhor você continuar com o seu suco.

— É… Talvez você tenha razão.

— Sabe, Jimin, antes de eu perder a coragem, posso fazer uma pergunta? — o rosado pronunciou-se de repente conforme olhava o copo em mãos, prestando atenção que uma de suas músicas favoritas começava.

— Claro, hyung. — escutou-o à medida que bebericava mais uma dose do líquido.

— Você acha que os meninos aceitariam tranquilamente alguém na nossa roda de amigos… Sem ser dela?

— O quer dizer com isso?  

Yoongi respirou fundo.

— Sei lá, meio que… Eu estou saindo com alguém há um tempo. Estamos dando certo e eu queria apresentá-la. Mas é estranho, temos nossa rodinha há muito tempo. Parece que seria desconfortável.

— Você está pensando errado, hyung… — franziu o cenho. — Eu também fui novo na roda e todos me acolheram super bem. Não acho que eles tratariam alguém mal.

— Ah, eu sei mas… Seulgi é meio tímida. Você acha que ela se sentiria desconfortável com eles?

— O que é ser tímida?

— Hum… É alguém que fica sem jeito ou tem dificuldade pra interagir com as pessoas. Que fica envergonhada com facilidade e tal.

— Se você falar com os outros, hyung, acho que daria tudo certo. Aposto que ela deve ser muito legal assim como todos os meninos. Ela seria a primeira menina do grupo?

— Mais ou menos… Se ela permanecer no grupo, será a primeira sim. — aos poucos terminava a pequena quantia em mãos. — Vou tomar coragem pra falar com eles. Espero que dê para você conhecê-la também. — sorriu terno. — É a primeira garota que eu sinto que pode dar certo.

Jimin não o deixou sorrindo sozinho.

— Você fica bonito falando dela… Quero que vocês dêem muito certo, hyung. Assim como eu e Jeongguk.

— Obrigado, Jimin. — ambos sentiam o lado esquerdo do peito aquecido. — Lembra-se quando disse que dançávamos em festivais? — observou o outro assentir. — O que acha de tentar? Não me leve a mal mas essa é a minha música favorita.

Um riso divertido escapou dos lábios carnudos.

— Se você me ensinar, nós podemos.

— Então vem. Não sou o mestre nisso mas sei me divertir. — ergueu-se, estendendo a mão para o outro. — Basta me acompanhar.

[...]

Jeongguk planejava como mataria Yoongi e quando o faria, já possuía dezenas de ideias de como faria, o rosado estava realmente em apuros.

Ajudava Jimin a caminhar até o banheiro, a ninfa tropeçando nos próprios pés quando não parava subitamente, rindo de algo bobo. Havia percebido que ambos beberam no festival assim que viu Park, o sorriso nos lábios e os olhos menores que o normal, com certeza estava bêbado.

— Eu não acredito que o hyung deu bebida alcoólica pra você. — resmungou baixo, estava um pouco irritado com a situação. — Como você tomou se é tão ruim?

Certo, não deveria estar tão bravo se havia bebido com Namjoon também, mas era diferente. Ele estava acostumado com isso, Jimin ainda era novo demais em seu mundo para tal coisa. Viu o mais baixo então apenas rir, claro que não responderia uma bronca de Jeongguk.

— Entre no banho que eu vou buscar sua roupa, ok? Molhe bem o rosto. — falou baixinho, o empurrando para dentro do banheiro.

Jimin começou a tirar a blusa, mas se enroscava no tecido enquanto tentava tirar uma das mangas. O guarda suspirou fundo, começando a puxar o tecido para cima até que conseguissem jogá-lo no chão. Suspirou quando o tronco alvo ficou exposto, vendo a ninfa bagunçar os próprios fios e se virar para abrir a calça.

Foi então que avistou o arranhão avermelhado no pescoço do mesmo, um risco fino e comprido.

— Jimin? O que aconteceu aqui? — questionou se aproximando rapidamente.

— Hm? Onde?

— No seu pescoço. Tem um arranhão. — disse sério. — Quem te arranhou?

O mais baixo piscou várias vezes até similar o que acontecia, se virando.

— Oh… Um homem tentou me… beijar? E quando eu disse que não queria ele acabou me machucando, mas não foi nada sério, Kookie-ah. — a calça já estava aberta, o peito subia e descia lentamente enquanto se aproximava de Jeon. — Ele me chamou de gracinha, mas eu fiquei muito incomodado. Não gosto quando alguém me toca, só você.

O acastanhado então engoliu em seco, se afastando levemente. Havia fechado a cara, afinal, odiava a ideia de que alguém tinha  tocado a ninfa de um jeito tão íntimo. O modo como os olhos de Jimin brilhavam em sua direção, ele estava tão lindo, queria beijá-lo muito. Mas sabia bem do que os efeitos alcoólicos poderiam fazer e, bem, não era nada seguro.

Deixaria para conversar sobre o arranhão quando estivessem os dois sóbrios, não tiraria muitas informações úteis naquele momento.

— Certo… Agora tome banho, vou atrás das suas roupas. — respondeu e se afastou.

Apenas voltou quando o som do chuveiro já estava alto, ouvia o outro cantarolando alguma música que deveria ter escutado durante o festival. Deixou as roupas no lugar de sempre, se aproximando do box apenas para checar se estava tudo bem com ele, afinal, era a primeira vez que Jimin bebia algo, muito provavelmente ele teria uma ressaca forte no dia seguinte.

Ouviu alguns murmúrios baixinhos, se aproximando ainda mais.

— Jungkookie-ah? — o alaranjado chamou, respirando fundo. — Pode me ajudar? Eu estou meio tonto e...

Seu corpo travou no lugar, estava nervoso de repente. Se abrisse a porta encontraria Jimin… nu. Ok, já havia o visto assim, mas era diferente. Muito diferente.

— O… O que você precisa? — questionou. — Posso te falar o que deve fazer.

— Meus olhos ardem, acho que deixei cair sabão… Dói, Kookie. — Jimin tentava tirar com a água, mas os olhos continuavam a arder.

Relutou muito para ajudar, não achava mesmo que fosse uma boa ideia. Assim que abriu a porta de vidro esfumaçado, pôs-se a passar os dedos delicadamente pelos olhos alheios, enxugando-os com uma toalha então. Park se segurava em seus braços, estava mesmo tonto.

Os olhinhos se apertavam e Jimin piscava diversas vezes seguidas, a água ainda escorrendo por seu corpo. Ele sorriu e fitou o mais alto, ainda doía mas conseguia enxergar e, então, focou-se totalmente em Jeongguk.

Ele estava com um shorts e a camisa branca, os olhos colados ao rosto alheio, não queria olhar para o corpo de Park, não podia. Porém, as mãos pequenas da ninfa deslizavam pelos seus braços, o puxando para mais perto. A única coisa que podiam escutar era a água do chuveiro caindo e as respirações baixinhas, mas agitadas. De repente ficou quente, Jeon nem percebeu quando entrou de vez no box, os pés descalços agora molhados.

Encarava Jimin e o via se aproximar, os lábios molhados e rosados tremendo minimamente com a ideia de beijar o guarda novamente. Jeongguk queria resistir, mas naquela hora ele simplesmente… cedeu.