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História Vigilância Constante - A Proposta


Escrita por: MonnyPeace

Capítulo 4 - A Proposta


Alguns momentos da vida são difíceis de entender, às vezes você só percebe o benefício de algo ruim quando se atinge um nível superior de maturidade, às vezes os momentos bons são, na verdade, uma armadilha do futuro. Agora, neste quesito da vida, existe uma pergunta, cuja resposta nunca será encontrada, pois ela é variável. “Será que estou fazendo a coisa certa, ou vou me arrepender disso no futuro?” Todas as decisões, ações e palavras são dignas de arrependimento, basta seguir seus pensamentos. Veja o arrependimento não é, necessariamente, um troço ruim, mau ou perverso, só consta que a pessoa em questão repensou os detalhes de algum assunto e, já não concorda com seu antigo “eu”.

Para Alison, o arrependimento não era um sentimento muito comum, ela gostava de fazer o que quisesse, sem pensar muito e, quando algum erro era cometido, suas consequências eram aceitas de bom grado. Afinal, aguentar pancadas era meio que seu trabalho. Contudo aquela situação, aquela circunstancia, não era somente, definitivamente, digna de arrependimento, mas também de uma fuga de galinhas.

- Srta. Alison, por favor, sente-se. – disse Dumbledore educadamente, apontando para a cadeira em sua frente. Mundungus havia empurrado Ali para dentro do compartimento do edifício quando percebeu que ela não se moveria por vontade própria. – Gostaria de discutir algumas cosas com você. Algumas coisas sobre sua família. Sobre Voldemort.

- Não. Não vou trabalhar para você. Recuso-me a tomar partido nessa disputa ridícula. – Alison finalmente se pronunciou ao ouvir o nome do bruxo. Albus Dumbledore arqueou as sobrancelhas.

-Então, a srta. esta ciente de seu retorno? – perguntou divertido.

- Claro que sim. Não sou estupida. Aquele que não deve ser nomeado voltou e o Ministério é covarde demais para admitir. Ou Cornelius só está com vergonha de admitir que não previu o que estava para acontecer.

-Se me permite perguntar, como descobriu? – Dumbledore cruzou as mãos e posicionou-as em cima das pernas.

Ali olhou para baixo, finalmente decidiu se sentar na cadeira de frente ao diretor da maior escola de magia e bruxaria do Reino Unido.

- Começou a acontecer há alguns meses. Alguns duelistas de corjas mais baixas desapareceram. Sumiram como fumaça, ninguém conseguiu acha-los, mas até ai não é surpresa nenhuma, somos muito bons nessas coisas, de desaparecer, é uma habilidade necessária para podermos entrar nos duelos, a discrição. Então os envolvidos nos duelos começaram a ouvir coisas, espectadores estavam fazendo ofertas muito altas, querendo uma conversa particular com os lutadores, quando Bones soube o assunto dessa conversa certificou-se de que  todos os duelistas fossem avisados. Ele apareceu em casa, começou a empacotar minhas roupas dizendo que eu deveria sumir, disse que se eu ficasse seria recrutada. Perguntei alguma coisa tipo “recrutada para o que”, e ele respondeu que um bruxo estava reunindo pessoas por uma causa. Então o Profeta começou a publicar coisas estrambólicas sobre o menino Potter e o senhor. Liguei dois mais dois e entendi que ele voltou.  – Ali encarava o chão durante toda a história, tomando coragem levantou o rosto para a figura em sua frente. – Não vou trabalhar para você. Não posso. Não vou tomar partido. 

- Isso é impossível. Todo mundo precisa escolher qual o melhor lado um dia. Hoje ou amanhã, não faz diferença nenhuma. – disse Dung.

- Faz, ou não teria me chamado aqui. – replicou Alison calma e pausadamente.

- Muito bem pontuado Srta. Tenho convicções de que sua ajuda seria muito preciosa para nós. – treplicou o diretor. Ali franziu o cenho.

- Nós? Quem seria o “nós”?

- Receio que esta informação seja sigilosa, não poderia me arriscar com nomes, acredito que devido a sua profissão, consiga entender o que quero dizer. – Albus Dumbledore olhava para a moça com curiosidade. Era muito mais parecida com Jane do que imaginou, mesmo negando seu pedido, ele podia ver o desejo de ajudar, assim como podia enxergar o contrário, o extinto de autopreservação, ou seria a proteção de pessoas queridas. – Diga-me Alison, qual o sabor de sorvete lhe atrai mais o gosto?

-  Desculpe, mas o que quer dizer com isso?

“Talvez o Profeta esteja mesmo certo, talvez Albus Dumbledore estivesse finalmente perdendo o juízo” pensou Ali. 

- Ora, nada. Meu sabor preferido é o de limão. Qual é o seu Dung?

- Chocolate.

- Chocolate. Bom também.  Srta. Alison?

- Ãnh... Abacaxi.

-Ah! – exclamou Dumbledore. – Igual a sua mãe.

Ali piscou. Sua mãe? Albus Dumbledore conhecia sua mãe? Não, não era possível. Jane havia morrido na primeira guerra. Dumbledore a estava confundindo com alguém. Mas e se não estivesse? Ali se levantou, andou pelo cômodo algumas vezes, a curiosidade e perplexidade a estavam matando. Seus avós nunca falaram muito da filha, para eles a perda foi dolorosa demais, um sentimento que nunca foi embora. Por isso Ali não sabia muita coisa. Sabia que ela foi uma boa pessoa, com foco e persistência louváveis, porém só sabia coisas assim, vagas. Nunca lhe chegara à informação que sua mãe gostava de sorvete, principalmente de abacaxi.

 Então a raiva subiu. Ele a estava manipulando, bem na cara dura. Velho maldito.

- O que acha que está fazendo Dumbledore? Por alguma acaso você acha que pode me chamar aqui, dizer que gostaria dos meus serviços para algo que, possivelmente, vá me colocar a sete palmos do chão e tentar manipular a minha pessoa, jogando uma conversinha mole sobre alguém que eu nem sequer me lembro? Você acha isso justo? Você acha isso certo? Pois eu não acho. Atitudes como essa, Albus Dumbledore, não te trazem aliados.

- Não estou te manipulando. – disse Albus. – Estou constatando um fato. Jane, sua mãe, gostava de sorvete de abacaxi.

- Você é patético. – cuspiu Alison.

 - Ah, sim. Acredito que sim. – concordou Dumbledore com um sorriso no rosto. Ali queria socá-lo. Ele e o maldito mercenário sentado ao seu lado.  – Contudo, quem não é? Bom, acho que vou indo. Tenho alguns assuntos pendentes que necessitam urgentemente da minha atenção. Sabe, o Ministério está tentando afastar Harry Potter de Hogwarts. Um total absurdo. Total absurdo. Dementadores em Little Whinging e culpam o garoto por se defender. Adeus Srta. Dung.

Então aparatou. Alison olhou para o homem que havia ficado para trás, não estava mais com raiva, agora a confusão tomava conta de todas as partes pensantes do seu ser. O que, pelo caralho flamejante de Merlin, havia acontecido ali?

Alison pegou sua bolsa e saiu pela porta, movimentava-se mecanicamente, saiu pela porta do pub e andou. Andou até não saber mais onde estava, andou até seus pés começarem a queimar, andou para entender o que havia acontecido, mas não adiantou. Ela precisava se deitar, precisava dormir, precisava descansar deixar sua mente presa no limbo por algumas horas. Por isso, sem se importar se havia alguém que pudesse ver, ela aparatou para o mesmo beco da noite anterior. Caminhou até o portão de grades brancas, pegou as chaves e destrancou o portal de entrada. Não falou com Felix, não ligou a televisão, não fechou a janela que tinha deixado aberta de manhã, somente se encaminhou para a cama, tirou os sapatos e deitou.

**

 BUM!

Uma Alison assustada levantou rapidamente da cama.

BUM! BUM! BUM!

- Mas o que?

O som vinha do lado de fora. Parecia que alguém estava esmurrando a porta de seu apartamento. Ali olhou pelo olho mágico e viu Peter, um cara que trabalhava na pizzaria de frente para seu prédio e seu vizinho. Alison bufou. Será que ela não conseguiria ter um dia de paz?

- O que você quer Peter? – perguntou de dentro do apartamento.

- Abre a porta Ali. Esqueci minhas chaves dentro do apartamento e o idiota do meu colega de quarto me trancou pra fora. -  ele respondeu visivelmente irritado. – Eu trouxe pizza.

- Do que? – perguntou Alison mais disposta a abrir a porta.

- Só massa e molho. Como você gosta. Ali, me deixa entrar vai. Eu tenho cerveja aqui também.  – Alison abriu a porta.

- Me passa a pizza. – ela esticou o braço em direção à caixa. Peter ergueu a mão esquerda, entregando o pedaço de papelão quadrado. Ali entrou no apartamento e deixou a porta aberta. – Você precisa começar a colocar sua chave no seu pescoço, assim não esquece mais.

Peter riu, ele esticou os braços para abrir o armário e pegar copos para colocarem as bebidas destiladas.

- Talvez eu esqueça de propósito, já pensou nessa possibilidade? – ele perguntou.

- Já. Mas você não seria burro o suficiente.

- Você espera muito de mim. – Ali tomou um gole da bebida em seu copo e ergueu uma sobrancelha. - Mesmo assim, um cara não pode perder as esperanças, não é mesmo?

- Se você diz.

- Posso usar seu chuveiro? – ele perguntou colocando o pedaço de pizza meio mordido de volta na caixa.

- À vontade. -  Peter sorriu.

- Quer vir comigo?

- Não. – respondeu Ali indo para o sofá e ligando a televisão. – Seu pijama está no armário em baixo da pia. Uh Friends!

**

Peter saiu do banheiro com uma toalha na cintura e o pijama nas mãos, ele olhava para Alison que assistia a série de comédia americana muito concentrada.

- Tem certeza que vai recusar? – Peter perguntou. Ali olhou para ele de cima a baixo. Ele podia ver o tom mais escuro em seus olhos. Peter normalmente não ganhava um “não” como resposta, era charmoso e seu sorriso era encantador, mas por algum motivo Alison sempre conseguiu negar a estrutura escultural que era o corpo de Peter.

 - Quando você vai parar de se oferecer pra mim Pete?

- Quando você aceitar. – ele jogou o pijama no encosto do sofá e se sentou ao lado da mulher.

- O que está fazendo? Você está todo molhado Peter! Sai do meu sofá. – Ali gritou e bateu com uma almofada nele.

- Você não disse não. Estou esperando uma resposta. – ele disse enquanto protegia sua cabeça com os braços. Ali não disse nada, somente parou de bater nele. – Está considerando. – Peter olhou para Alison, não foi uma pergunta, ela realmente estava considerando.

- Talvez. O que eu ganho com isso? – um sorriso matreiro, cheio de segundas intenções, se formou no belo rosto do homem.

- Uma boa transa.

-Agora quem está com as esperanças altas aqui? – Alison se inclinou para perto de Peter, apoiou o braço direito no encosto do sofá e moveu seu rosto até o dele. – Coloque o pijama Peter.

Ali se levantou e caminhou até o quarto, na porta virou-se para olhar seu não esperado visitante e sorriu.

- Obrigada pela pizza.


Notas Finais


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