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História Vigilantes - Encontro com o mal


Escrita por: VerenaSantori

Notas do Autor


Voltamos! Uuhuuu!

Espero que gostem S2

Boa leitura!

Capítulo 13 - Encontro com o mal


Fanfic / Fanfiction Vigilantes - Encontro com o mal

O nariz de Alaizabel jorrou sangue imediatamente. Ela ainda estava desmaiada quando Uriel afastou-se dela e saiu batendo a porta atrás de si. Eu levei alguns segundos para processar o que acabara de acontecer e tomar uma atitude. Rasguei um pedaço do vestido de Alaizabel, enrolei-o no dedo e depois encaixei em sua narina esquerda. Logo o pano empapara-se com sangue, mas ela não morreria daquilo. Eu tinha coisa mais urgente para resolver.

— Uriel, espera! — chamei, vendo-a passar correndo por Suri e sumir pelas portas do galpão.

Nunca havia corrido com tanto empenho na vida. Pensei que vomitaria os pulmões, mas consegui alcançar Uriel a meio caminho floresta adentro. Estava tão esbaforido que a empurrei contra uma árvore e deixe-me cair sobre os ombros dela, cansado e resfolegante.

— Saia de cima de mim! — bradou ela se sacudindo, os olhos cintilando na noite.

— Me fale... A verdade — pedi me recuperando — O que ela disse... Eu quero a verdade.

— Sobre qual parte? — resmungou ela malcriada.

— Não dormimos juntos, porque não queria me condenar a viver na Terra pra sempre? — as palavras soaram vergonhosamente sinistras, mas achei melhor não comentar o fato.

Ela bufou antes de revirar os olhos e focar em algum lugar a esmo. Começara a ventar e a luz amena da lua projetava sombras grotescas em meio à mata.

— Você é uma boa pessoa. Merece decidir o que quer fazer com a sua vida, só isso.

— Uriel...

— Olha, ta tudo bem, Noah — ela finalmente me encarou e havia certa resiliência em seu olhar — Tive muitos anos pra me conformar com isso. Além do mais, Suri deseja ascender mais do que tudo. Não posso negar esse direito a ela. Estou fazendo o possível, ta legal? Agora, se já terminou...

Segurei-a pelo braço para que não fugisse de mim e vi sua expressão moldar-se em protesto, mas antes que ela praguejasse o primeiro xingamento eu já a estava beijando.

Um misto de sensações queimou meu corpo, fritou meus pensamentos e sugou minha alma para algum lugar distante. Aquele era o único lugar em que eu queria estar, a única pessoa com quem eu queria estar. Uriel alegaria que era seu lado nefilim me seduzindo, mas eu sabia que era mais do que isso. Havia entre nós uma atração natural, que mexia da forma mais enlouquecedora comigo. E por mais que tivesse dúvidas pesando na cabeça, sempre que estava com ela, eu me rendia completamente.

— Sabe que isso não ajuda... — senti as mãos frias de Uriel me afastando com delicadeza, como se também lhe fosse doloroso se desconectar de mim.

— Eu não sei de mais nada — falei entristecido. Encostei minha testa na dela e fechei os olhos num suspiro cansado — não sei mais o que estou fazendo, o que estou... Sentindo...

Ela se afastou um pouco mais, o rosto pálido muito claro em meio à escuridão. Não havia traços de humor em seu semblante.

— Mas eu sei o que preciso fazer. E você vai me odiar por isso, mas não temos mais tempo. Preciso matar Alaizabel.

As palavras soaram desconhecidas aos meus ouvidos, como se eu não as tivesse ouvido direito. E enquanto Uriel passava por mim decidida a fazer o que acabara de me confidenciar, eu pensei na garota amarrada a uma cadeira numa sala abandonada de um galpão no meio do nada. Aquela garota fora por muito tempo como a primeira brisa do verão pra mim, iluminando meus piores dias. Sua alegria, seu sorriso... Tudo nela era contagiante e bonito. Perguntei-me como uma alma tão gentil poderia acabar daquela maneira tão fria e cruel. Perguntei-me ainda se não existia outra maneira.

— Você não pode matá-la! — entrei berrando no galpão e ouvi minha voz ecoar pelas paredes finas.

— Ela nunca vai falar, Noah — murmurou Suri sentada junto à fogueira. Parecia ter deliberado durante todo aquele tempo sobre que destino teria minha amiga — não podemos mais esperar. Em breve seremos descobertos e corremos risco deixando-a viva.

— Tem que haver uma forma, Suri, não podemos simplesmente acabar com isso matando Alaizabel! — rebati afoito.

— Eu avisei para não se envolver! — vociferou Uriel junto à porta do escritório, vigiando-me com impaciência.

— Desculpe Noah — interrompeu Suri desesperançosa — só a morte os envia de volta, sabe disso.

— Não! — exclamei em meu desespero — Tem de haver uma forma melhor... E um exorcismo? Talvez... Talvez possamos tirar isso dela!

— O que você acha que somos? — uma sobrancelha de incredulidade se ergueu no rosto de Uriel.

— E se... — como se a nuvem negra que até então escurecia meus pensamentos tivesse milagrosamente se dissipado, uma ideia estranha me veio à mente — E se a levássemos ao padre Thomas? Ele é um padre, afinal. Saberá como ajudar Alaizabel.

— Não sei se é uma boa ideia, Noah — Suri franziu o cenho em preocupação — Já imaginou como seria estranho entrar na igreja com essa menina, alegando que ela está possuída e que precisamos de um exorcismo? Além do mais, nem sei se isso seria viável para este caso...

— Olha, eu sei que parece loucura, mas tudo isso também é! — rebati com sensatez. As palavras saíam firmes de meus lábios, como se eu nunca tivesse dito nada tão certo em toda minha vida — Precisamos tentar, Suri. Não podemos apenas deixá-la morrer... Por favor...

— O que pensa que vai dizer, hein? — Uriel se pôs em meu caminho e vi seus olhos pegarem fogo, acesos pelas chamas da fogueira — Vai dizer a ele que os próprios pais armaram tudo isso pra sacrificarem a filha que criaram como uma princesa? Qual é, Noah, você ao menos está se ouvindo!? Isso é ridículo!

— Por favor, Suri — ignorei os gritos de Uriel e apelei à única alma capaz de me ajudar — deixe-me ao menos tentar salvá-la... Por favor...

Suri examinou o fogo por uns instantes, depois voltou-se para mim.

— Você confia mesmo nesse padre?

— Confiaria minha vida a ele. Ele vai nos ajudar.

— Então está decidido. Eu irei com você — finalizou ela se levantando e caminhando para a sala onde Alaizabel ainda jazia desacordada.

Antes que eu pudesse seguir Suri, senti a mão de Uriel segurar meu braço com força.

— Por favor, Noah, seja sensato — murmurou ela muito séria — podemos enviar este mal para as profundezas de onde saiu, já sabemos onde a Seita se reúne. Podemos dar um fim nisso sem nos arriscarmos mais. Será mais fácil se apenas me deixar...

— Chega — desvencilhei-me dela com raiva. Eu a queria longe de mim, não sabia ao certo o motivo, ou talvez, lá no fundo, soubesse. Pensar em perder Alaizabel havia reavivado alguma coisa em meu coração, uma esperança idiota de vê-la de novo como ela era. E ter a horrível certeza de que Uriel estava mais do que disposta a matar a melhor pessoa que eu já havia conhecido a sangue frio com certeza criara entre nós um muro de gelo intransponível. — Isso acaba aqui.

Ela ficou calada e virou o rosto para o fogo numa confirmação muda de que entendera meu recado.

Nós três fomos de carro até a igreja. A cidade estava silenciosa, coberta sob o manto da noite, mas podia-se ouvir os uivos do vento e o farfalhar das árvores.

Peguei Alaizabel nos braços e subimos as escadas depressa. Assim que entramos na igreja, olhei para trás.

— Onde está Uriel?

— É difícil pra ela entrar em lugares santificados — explicou-me Suri, que caminhava atrás de mim — Os pecados que cometeu exercem poder sobre ela aqui.

Eu não entendi direito o que aquilo queria dizer, mas não havia tempo para mais esclarecimentos. Precisávamos do padre com urgência e eu estava muito consciente de que corríamos perigo maior na cidade.

— Padre Thomas! — chamei assim que repousei o corpo adormecido de Uriel diante do altar. — Padre!

A igreja era apenas silêncio. Àquela hora não havia mais fiéis ou comitês de eventos. Éramos só nós em um templo sagrado escondido em sombras, com as velas acesas aos mortos como luz de fundo. O cheiro forte de cera pairava no ar e conseguíamos ouvir a água benta gotejando na bacia de pedra à distância.

— Noah?

Avistei a silhueta do padre em um dos corredores. Ele caminhava calmamente em nossa direção, vindo do fundo do templo. Mesmo no escuro pude identificar sua expressão confusa.

— Padre, graças a Deus, precisa nos ajudar! — minha voz saiu embargada e urgente.

— O que houve, Noah? Está tudo bem? —o padre não acelerou seus passos, apenas manteve seu estranho ritmo casual de caminhada — Oh... Quem é essa criança que me trouxe?

— É a Alaizabel, senhor — murmurei segurando a emoção. Fitei o rosto sujo de minha amiga e afastei seus cabelos para que o padre pudesse vê-la melhor — e ela não está nada bem... Nada bem...

— Não... É claro que não está, filho. O que houve com ela? — a voz do padre soava tranqüila e curiosa, como se ele conversasse com uma criança de cinco anos. Mas eu já esperava aquele tipo de reação levando-se em conta termos aparecido com uma garota ferida e desmaiada àquela hora.

— Ela... Ela... — espiei o rosto de Suri em busca de apoio. Ela meneou a cabeça afirmativamente, enquanto me observava junto dos bancos da igreja. Eu engoli seco, respirei fundo e apenas deixei as palavras saírem tremidas por meus lábios — Ela está possuída, padre. Precisamos de um exorcismo. Só o senhor pode ajudá-la...

— Possuída? — padre Thomas arrastava-se pelo trajeto até o altar. Era como se andasse, mas não saísse realmente do lugar — E como tem tanta certeza disso?

— Bem, nós... Ela... Falou com a gente e... Sabia de coisas... — gaguejei, receoso.

— De coisas? Que coisas, meu filho?

— Bem, é que... É que... — fitei Suri procurando coragem e ela lançou-me um sorriso tênue e gentil, que reconfortou meu coração angustiado — Nós somos nefilins, senhor.

O padre parou por um momento, como se refletisse sobre o que eu acabara de dizer. Depois voltou ao seu passeio longo até nós.

— Nefilins... Os raros filhos de anjos. Uma raça peculiar devo dizer. Reza a lenda que conseguem... Pressentir o mal sobre a Terra. Admito que já havia pensado em tal possibilidade quando minhas criaturas começaram a desaparecer misteriosamente da cidade, mas nunca imaginei que toparia com eles bem aqui, na minha casa. Mas agora... Já chega!

Meu sangue gelou nas veias. Uma onda de pavor desceu sobre mim, petrificando-me no lugar. Levei mais tempo para digerir o que ele havia dito do que o esperado, então assisti, com imensa dor, os acontecimentos seguintes em câmera lenta, diante de meus olhos.

Eu vi Suri ameaçar virar-se para enfrentar o padre no mesmo instante em que ele ergueu algo grande e pesado que trazia escondido nas mãos atrás da batina. O objeto acertou a cabeça de minha amiga, levando-a ao chão. Ainda pude vê-la se contrair e gemer baixinho, o sangue escorrendo por sua cabeça e derramando-se sobre o piso polido. Ela tentou se arrastar até mim quando recobrou os sentidos, sua expressão de horror refletia a minha própria, mas antes que chegasse perto o suficiente, ela apagou, imóvel.

— Não! — gritei, destrancando a voz da garganta. Me ergui e tentei caminhar até Suri, mas o padre ergueu novamente seu candelabro de ferro dourado, fitando-me com obstinação — O... O que está fazendo!?

— É realmente admirável você ser um nefilim, filho — falou padre Thomas em tom natural. Ele abaixou o candelabro ensanguentado e o repousou no chão ao lado do corpo de Suri — Não há nada de remotamente impressionante em você. Um garoto tão fraco e sem talento... Tão... Diferente de sua amiga lá fora...

Arregalei os olhos num gesto involuntário quando a imagem de Uriel apareceu em meus pensamentos descoordenados.

Fique longe dela!

A fúria ganhou força dentro de mim e me fez correr até Thomas. Estava pronto para acertá-lo, mas uma dor lancinante atrás da cabeça me fez parar e cair. Antes de apagar vi Alaizabel, desperta, parada ao meu lado, um ornamento de pedra pingava sangue em seu vestido e os olhos opacos me fitando de cima.


Notas Finais


E agora? Será que é o fim de tudo?

Continue acompanhando pra saber mais!

Grande abraço!


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