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História Vincent - Esboçe as árvores e os narcisos.


Escrita por: ohmystress

Notas do Autor


Van Gogh, é isso.

Capítulo 1 - Esboçe as árvores e os narcisos.


Crianças escondiam os sorrisos por trás das xícaras de porcelana detalhadas, enfeitadas com seus vestidinhos de musselina e laços mal-feitos. Velhas tricotavam, casais seguravam as mãos com determinação e paixão e o céu era pintado nas mais alucinantes e lindas cores de violeta e azul-china.

Em suas mãos os mais ternos sentimentos e momentos eram criados, aqueles carregados de simplicidade, pois grande era sua paixão pelo simples mesmo que nem o simples te quisesse. E pessoas caminhavam pela neve tão alva quanto tua pele, em passos não tão melancólicos quanto os seus. Montes, gramas, ratinhos silvestres e finalmente você. Pintado nas cores mais cinzentas e púrpuras existentes seus olhos eram dissimulados e rasos, você não sabia se retratar sem com que um arrepio percorresse sua espinha e te enchesse do medo de si próprio.

E você tentou dizer-lhes, nas tuas poucas palavras e nos teus sorrisos sem brilho, você tentou, mas eles não ouviram, eles não sabiam como. Fale de novo, talvez agora eles escutem.

Deitado sobre a grama mal cuidada do quintal mal cuidado você observava o céu matutino. As aves e as nuvens tortas que dissipavam-se aos poucos. E você se comparou com elas, como se cada partícula sua aos poucos evaporasse e sumisse, mas sem o sol quente para contribuir, porque sua vida não era nada além de frio glacial, daqueles que nos doem as juntas e os dedos amortecem.

Você vivia constantemente em um inverno branco e nebuloso, é por isso que suas paisagens preferidas eram aquelas que seu pincel coloria em tons quentes de laranja e amarelo. O verão que para você era frio, você às vezes almejava o calor, o calor que a solidão não é capaz de dar.

E você tentou dizer-lhes, nas tuas paisagens frias e nos teus olhos cabisbaixos, você tentou, mas eles não ouviram, eles não sabiam como. Fale de novo, talvez agora eles escutem.

Você criou vidas e histórias só suas. Amava cada traço mal traçado, cada rosto anônimo criado em sua mente, rostos criados e emoldurados em um quadro antes branco como companhia para a alma amarga como café e carente como um recém-nascido que precisava ser amamentado. Você suavizava suas faces com seu jeito amoroso de artista, salvando-os e libertando-os como ninguém faria contigo. Suas mãos cheias de amor, ninguém soube ama-las.

Você gostava da garota com a xícara de chá em uma tarde sem nuvens e a refez decenas de vezes. Gostava de como ela estava dispersa de todo o resto, talvez porque ela lembrasse você, talvez porque você soubesse que ela não pensava no preço do arroz e nem no garoto do outro lado da mesa. Ela lutava e sofria silenciosamente por sua sanidade, assim como você.

E você tentou dizer-lhes, nas tuas distrações e nas tuas conversas dispersas, você tentou, mas eles não ouviram, eles não sabiam como. Fale de novo, talvez agora eles escutem.

Ninguém foi capaz de te amar, não da maneira necessária e nem com a sinceridade necessária. Então, não houve mais esperanças, nem nos autorretratos ou nos personagens mal traçados que lhe acarinhavam, nem no pincel velho ou na paleta azul e amarela. Mas mesmo assim você os amou de verdade, cada pessoa e cada traço, cada carinho migalhoso e também as palavras vazias. O que você amou, amou com sincera profundidade porque tudo que te restava era amar. E em uma noite cheia de estrelas (pintadas pelo Criador em proporções e tamanhos não tão hiperbólicos quanto aos do seu pincel) você tirou sua vida assim como os amantes geralmente fazem. 

Mas poderiam ter lhe dito, Taehyun, este mundo não foi feito para uma pessoa tão bonita como você.

E na neve antes tão alva quanto sua pele existe agora o carmesim. E nos olhos antes melancólicos de seus autorretratos existe liberdade. E na ignorância que ofereciam existe saudade (estranho, não?).

E você tentou dizer-lhes, nos teus passos enfraquecidos e nos teus olhos sorridentes em busca de uma bóia, você tentou, mas eles não ouviram, eles ainda não ouvem, não sabem como. E talvez eles nunca o façam. 



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