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História Vincere - Gentleman, lembra?


Escrita por: LiinnySilva1618

Notas do Autor


Olá, pessoas!
Como vocês estão??
Espero que bem. <3
Me desculpem pela demora, mas não foi fácil essa semana... Fiz um simulado do Enem na escola essa semana, e também peguei uma gripe incrível. :/
Além disso, o capítulo tava pronto mais tava ruim demais. Pó perguntar pra Brunela que ela vai concordar, mandei pra ela, e sempre no estilo sincerona falou que tava ruim, mermo. E se ela falou, tá falado.
Chefe é chefe, né pai?
Gente, eu tava nesses dias com uma amiga minha aqui em casa, e sabem o que eu fiz? Li os comentários de vocês pra ela. Mano, cês num noção de como ela ficou. Eu tava lá né ~lendo com lágrimas nos olhos, como uma boa canceriana que sonha com príncipe encantado e tudo mais~ e ela ficava dizendo "Lê mais um. Qual você gostou mais?".
"Todos." u.u
Irei responder todos com o maior amor do mundo, porque eu amo vocês. <3
Obrigada as pessoas que me desejaram boa sorte no Enem, e eu desejo o mesmo para vocês. Que realizem seus sonhos, até porque, de uma certa forma, vocês me incentivam a realizar o meu.
A-M-O-V-O-C-Ê-S. <3
Vamos ao capítulo?
Beijos e boa leitura.

Capítulo 10 - Gentleman, lembra?


Fanfic / Fanfiction Vincere - Gentleman, lembra?

 

"A vida é melhor para aqueles que fazem o possível para ter o melhor."

John Wooden

...

O vapor que saia do copo, chegava a aquecer a pontinha do meu nariz, e quando eu virava o conteúdo na minha boca, a temperatura e o gosto de achocolatado, me aquecia também por dentro. Me cobri ainda mais com a toalha em meus ombros, e mexi um pouco o leite quente que estava no copo, conforme o chacoalhava em movimentos circulares. Passei a língua discretamente pelos lábios, para sentir o gosto do que tinha ali restado, e também para que eles voltassem a sua temperatura normal.

Carlos se aproximou de mim, e passou as mãos por meus braços, em movimentos repetitivos, e me olhou atentamente. Abaixei o copo, e o encarei, encontrando seus olhos.

- Como você está? – ele perguntou e eu sorri torto.

- Tirando a baixa temperatura, as vaias, e todo resto, eu estou bem. – disse e ri brevemente.

Carlos sorriu, e passou as mãos em meus braços que estavam sendo cobertos pela toalha novamente, e logo se afastou. Antônio então apareceu, e parecia ainda mais preocupado com meus estado. Sorri novamente, dessa vez para reconforta-lo e garantir que eu realmente estava bem.

O que mais me assustava na realidade, não era o frio que passei junto com Bruno, enquanto estivemos trancados naquele banheiro, e sim o fato que fomos trancados. O pior de tudo, foi que depois que saímos dali, eu tive uma clareza muito maior dos acontecimentos, o que se encaixavam e levavam a crer que a mesma pessoa que manipulou a temperatura do ar condicionado, foi a que nos trancou no banheiro.

Só que ainda tinha outro porém.

O banheiro era feminino, e dedicado a imprensa.

Eu era a única que o usava.

Mesmo que muitas pessoas tivessem a chave daquele banheiro – concidentemente, não eu que seria provavelmente a única a usar – ninguém se quer entrava nele. Era o menor banheiro, e eles só tinham a chave, já que fazia parte da obra do Ginásio.

Eu custava a acreditar, mas quem quer que fosse que tenha feito isso, sabia que eu usava o banheiro com constância, - afinal, ficava o dia todo no Ginásio – e que eu era a única a usá-lo. Mesmo que parecendo fora da realidade, e um roteiro extremamente hollywoodiano, alguma pessoa queria me trancar no banheiro, com uma temperatura capaz de me deixar bastante doente. Essa pessoa só não esperava que Bruno estivesse junto comigo.

Ninguém arriscaria mexer com o Capitão da seleção.

Ou arriscaria?

- Está melhor? – Antônio perguntando se abaixando na minha frente, eu afirmei com a cabeça. – Quando você saiu do banheiro, eu pensei que você tinha entrado em um congelador, de tão branca que estava.

Soltei o ar pelo nariz e dei um outro gole no achocolatado que me entregaram.

- Era mais ou menos isso. – digo e passo a barra da toalha que estava em meus ombros, na minha boca, para limpar qualquer sinal do leite. – Mas já foi.

- Eu senti sua falta, mas eu também não sabia onde Carlos estava, por isso decidi esperar até que vocês voltasse. – o jovem senhor tentou justificar-se e eu assenti.

- E como ficou a reportagem ao vivo? – questionei preocupada.

Antônio colocou uma mão em meu ombro, em uma atitude carinhosa.

- Assim que começaram as vaias, desligamos a câmera. A Glenda deu um jeito para parecer tudo planejado, e ninguém perceberia o que realmente aconteceu. – ele diz e sorri de lado, enquanto eu maneio a cabeça positivamente. – Eu sinto muito pelo que está acontecendo com você.

Sorrio de maneira triste para ele, e Antônio retribui. Segura uma das minhas mãos e faz um carinho terno nela.

- Eu também sinto, mas está tudo bem. – respondo e ele me dá um abraço rápido, logo se afastando.

Olho para o achocolatado dentro do copo, e suspiro. Poderia repetir mil vezes que estava tudo bem, e convencer a todos que estavam ao meu redor, que aquilo realmente era verdade, mas nem isso me faria acreditar que estava realmente, alguma coisa bem.

Enquanto eu estivesse cobrindo o vôlei nas Olimpíadas, nada estaria bem.

Tinha plena convicção disso, principalmente depois do que aconteceu.

Mas nada, nem ninguém me faria desistir do meu sonho.

Não sou mulher de parar em qualquer trombada, e se alguém acha que vai me derrubar está muito engado. Porque eu posso até cair, mas acabo sempre me levantando.

Esse é meu sonho, e eu vou vencer.

xxx

Devolvo o copo para a mulher que tinha me entregado, e agradeço. Me levanto da cadeira que tinham levado para mim, e ando até Melinda, que conversa com algumas pessoas da equipe médica. Ainda com a toalha nos meus ombros, minha temperatura continua baixa, e por isso mesmo, a seguro com firmeza, para que ela não caia.

Espero que o assunto se encerre, e logo as pessoas se afastam, ficando apenas Melinda, que para ao me ver.

- Melinda, eu vim te agradecer. – digo para a menina, que sorri abertamente.

Ainda não sei o que ela é da equipe médica, mas quando eu e Bruno fomos resgatados com a sua ajuda, e depois de Bernardinho que abriu a porta com sua chave, a menina nos tratou da forma mais profissional que pode, cuidando do nosso estado de saúde, e claro, tentando evitar que a gente tivesse uma possível hipotermia.

- Imagina, eu não fiz nada. – ela dá de ombros e coloca uma mão em meu braço. – E como você está? Sua temperatura já subiu?

Assinto com a cabeça, lembrando que da última vez que medi, estava poucos graus da adequada.

- Me deram um chocolate quente, e essa toalha para me esquentar. – digo me divertindo com o cuidado que recebi da equipe médica e das pessoas que ajudavam na organização do Ginásio. A poucos minutos atrás, não esperava apoio de ninguém. – Já me sinto bem melhor. Estou pronta pra outra.

- Não fala isso nem brincando. – uma voz masculina fala atrás de mim, e eu me viro com o cenho franzido mas já reconhecendo de quem se tratava.

Bruninho está com a jaqueta verde da seleção, os cabelos como sempre bagunçados, só que desta vez mais que o normal, e tem uma outra jaqueta em que carrega no antebraço.

Melinda se afasta apenas fazendo um carinho em meu braço, e eu sorrio de lado, olhando para ela brevemente, e logo mantendo meu contato visual com Bruninho, que parece bem mais tranquilo do que antes.

- Vim te trazer essa jaqueta. – ele fala e me estende, e eu aceito, segurando em meus braços. – É minha, mas pode ficar. Tinha duas dentro do meu armário, e acho que você ainda deve estar com frio, tanto quanto eu até agora.

Concordo com ele, porque é verdade. Mesmo que já tenham se passado bons minutos desde que o banheiro foi reaberto, eu ainda consigo sentir meus músculos doloridos, e minha pele sensível, como se tivesse sido queimada, depois do que passamos lá dentro.

- Obrigada. – falo me referindo a blusa, e eu maneia a cabeça positivamente, agora com os braços cruzadas.

Bruno parece tenso e eu franzo o cenho, enquanto ele me observar. Vejo seu pomo-de-adão subir e descer, e ele trava o maxilar, olhando para os lados e constando que ninguém estava próximos a nos. Bruno chegou perto de mim, quase fazendo com que existisse contanto entre nossos corpos e logo se inclinou, me envolvendo em seus braços, enquanto sua cabeça estava em meu ombro.

Me surpreendi com seu ato inesperado, e arregalei os olhos brevemente, mas como um instinto o envolvi com os braços também em troca.

- Eu tenho que falar com você à sós. – ele fala e eu concordo. – Tem que ser agora, vai ser rápido, eu prometo. Eu vou para parte de fora do Ginásio, e você me procura lá. Mas antes de sair, disfarça e conversa com alguém.

Analiso o que ele fala e assinto com a cabeça, sem questionar, mesmo que ainda confusa. Bruno se afasta, e faz um carinho em meu braço, logo se virando de costas para mim, e se afastando. Franzo o cenho com a discrição que ele exigiu ao ter que falar comigo, e abruptamente sinto medo, do que ele está tramando. A desconfiança é infundada, mas é inevitável senti-la.

Ando calmamente até uma cadeira e deixo a toalha que antes estava em meus ombro, no móvel, e logo depois visto a blusa verde da Seleção que Bruno me entregou. A blusa fica longa para mim, e também bastante larga. As mangas parecem vários centímetros maiores que meus braços, e eu sorrio devido a diferença de altura entre mim e Bruno.

- Eu acho que a blusa ficou um pouco grande. – Melinda me surpreende com seu comentário, e quase me assusta. Viro-me para ela e sorrio grandemente, pela brincadeira da menina. – Mas nada que uma agulha, uma tesoura e um pouco de linha não concertem.

Levanto um pouco os braços mostrando para ela como as mãos estão compridas, e ela ri de uma forma solta, o que é repetida por mim. Dobro um pouquinho o pano, tentando dar um jeito na situação, e ela continua me observando.

- Aline, eu queria te fazer um convite. – ela fala e eu inclino a cabeça levemente para o lado, em dúvida. – As meninas, - ela aponta para algumas garotas da comissão méica e eu sigo com o olhar, e quando olho elas acenam para mim, e eu repito o gesto para elas sorridente. – Estão querendo ir para uma balada que tem aqui em Saquarema hoje. Eu não sei muito bem onde fica, mas duas das garotas tem carro, e vão nos levantar. Elas juram que é um lugar legal... O que você acha de ir com a gente?

Sou surpreendida novamente, só que esta vez é por seu convite. Olho para as garotas novamente, e elas sorriem e conservam animadamente, e eu tenho a impressão que elas são pessoas legais. Olho novamente para Melinda, que tem as sobrancelhas levantadas para cima, enquanto espera minha resposta. Solto o ar pelo nariz, e assinto.

- Vamos lá. – digo e dou de ombros, animadamente. – Mas elas estão a favor disso?

Melinda assente.

- As meninas são todas suas fãs. A gente é mais tietê de você, do que dos meninos de vôlei. – dou uma risada contida, mas logo observo o que ela ainda tem para falar, quando ela fica um pouco séria. – Além do mais, a gente está com um pouco de raiva dos meninos depois das vaias. O único que estará seguro em nossas mãos foi o que não vaiou... – ela estala os dedos, como se buscasse o nome dele. – Fugiu o nome agora.

- Bruno. – digo sem pensar duas vezes.

Melinda continua a estralar os dedos e nega com a cabeça.

- Não. Lembrei, Lucarelli.

Sorrio, mas logo ele se desfaz, por analisar o que ela me falou.

- O Bruno me vaiou também? – pergunto com os olhos perdidos.

Meu coração inexplicavelmente parece se encher de ressentimentos, e de mágoas e eu apenas tento pensar no que Bruninho me disse, falando que tentou fazer com que eles parassem, e evitar tudo aquilo. Solto o ar e me vem à cabeça que pelo visto ele deve ter se sentido à vontade para vaiar depois que todos começara. Ele resolveu “entrar no clima”. Rio amargamente do meu pensamento, e mordo o lábio inferior, revoltada.

- Você não sabia? – ele pergunta e eu nego com a cabeça. Melinda parece tentar se justificar. - Na verdade eu não vi direito, mas alguns dos meninos estavam comentando isso. – ela encolhe os ombros. – Falaram que foi ele que pediu para começar a vaia. Disseram que ele está te sondando, por estar desconfiado ainda. – Melinda me olha de uma forma sofrida. – Eu nem deveria estar falando isso, me desculpe, mas acho que você merecia saber.

Sinto como se minhas pernas ficassem de repente, muito fracas para conseguir aguentar o peso do meu corpo. Uma pontada de dor aguda atinge minha cabeça, e um desconforto muito grande atinge meu peito. Um nó se instala em meu pescoço e eu sinto vontade de chorar.

Mas eu não vou.

Levanto a cabeça e sorrio, da forma mais plastificada que acho ser possível. Analiso Melinda, que ainda tem em seu semblante uma espécie de receio, e dou de ombros, como se estivesse bem.

Fazer o papel da donzela indefesa me estressa, e por isso mesmo é que isso não condiz com minha realidade.

Qual é, sou de Aries ou não sou?

- Aceito, Melinda. – digo e ela parece brevemente confusa. – Vou para balada com vocês.

xxx

O carro finalmente para no estacionamento e logo descemos para esperar as outras pessoas, que ainda estavam para chegar no outro carro. Tiro o espelho da minha carteira e olho para meu reflexo, satisfeita com que eu vejo. Meu batom vermelho parece assumir toda a atenção da maquiagem do meu rosto, mas o delineado de gatinho também deixa a combinação ainda melhor. Meu vestido preto, levemente colocado até minha cintura, e depois solto me dá um ar de menina sexy que eu adoro. O salto agulha completa ainda mais o poder do meu look.

E era isso que eu queria sentir aquela noite.

xxx

Melinda dança ainda mais que eu, e emudece os homens que passam a sua volta exibindo partes expostas de seu corpo completamente definido. A menina veste um short jeans, e um blusa preta com detalhes dourados na gola levemente aberta. Seus cabelos estão soltos, e livres dos lacinhos que os prenderam o dia todo. Seus brincos são grandes e as pulseiras variadas dão a impressão de um look ainda mais bem pensado. A sapatilha aberta cor dourada, completa.

- Faz tempo que eu não venho para uma balada. – digo em um tom de voz que tenta ser mais alto que a música.

- Eu também. – Melinda diz em resposta.

A música atinge nossos tímpanos, com a mesma força que um tiro é lançado contra um corpo, com uma única diferença: a música é vigorante. Em meio as luzes, e o som alto que chega a balançar a estrutura, sinto que mais nada do mundo é capaz de me atingir. Tenho a sensação que sou capaz de qualquer coisa, e que nada poderia de fato me afetar nunca mais. Sorrio conforme a batida e levanto os braços ainda mais para o alto, como se ela pudesse me envolver.

Na minha mente não existe mais vaias, nem Globo, ou Bruno. Não tem mais banheiro trancado, ou frio. Só existe felicidade, alegria e muito amor.

Não posso negar e dizer que não tinha bebido, porque eu tinha. Aliás, perdi as contas dos copos. Virei um após o outro, e ainda tinha um em mãos, que irritantemente sempre acabava espalhando o liquido no chão, e deixando respinga-lo.

Foi exatamente isso o que aconteceu, só que desta vez tudo caiu em meu braço.

Abaixei o copo, e olhei para minha pele onde a bebida vermelha tinha caído. Fiz um bico, não podendo estar mais chateada. Disse para Melinda que ia para o banheiro, e ela apenas sorriu, concordando. Passei entre a multidão de pessoas, esbarrando em alguns, levando uns xingamentos de outros, mas sem me importar muito. A música ainda toca, as pessoas ainda pulam, as luzes ainda acendem, apagam e giram. Trocam de cores, e volta para as anteriores. A batida é cada vez mais repetitiva, mas ninguém parecia se importar. O mais importante é que todos estavam felizes, e realizados.

Quando paro na porta do banheiro e giro a maçaneta, pareço estar entrando em um mundo diferente. Jogo o copo em um lixo que tinha no banheiro, e ando um pouco zonza até o lavatório. Coloco as mão sobre o mármore, e me olho no espelho, ressentida com o que encontro ali.

Não é mais a mesma pessoa.

Agora é uma mulher triste, que se afoga na bebida para esquecer, e completamente acabada.

Minha maquiagem está borrada, assim como meu batom. Não tinha beijado ninguém desde que tinha chego na balada, mas agora com o álcool escorrendo por minhas veia, eu pretendia. Deixo a minha carteira em cima da pia, e ligo a torneira, lavando minhas mãos que grudam. Pego um pouco de sabão, e continuo a lava-las.

Olho novamente para o reflexo atrás do espelho, e percebo que tem alguém atrás de mim.

É um homem.

Não tinha trazido nem meus óculos, nem minhas lentes de contato para a balada, e devido a bebida minha visão estava ainda mais embaçada, por isso, não consegui ver quem era aquele homem.

Em puro instinto feminino, viro-me abruptamente com o a mão fechada em punho disposta a acerta-lhe com um soco no rosto, que seria capaz de desmaia-lo, se fosse no local desejado. Esse era um dos golpes que eu aprendi lutando, e sempre dava resultado.

Por isso mesmo nem consegui disfarçar a minha frustação, ao perceber que tinha sido fracassada.

Antes que eu conseguisse atingir o rosto do homem com um soco ele segurou meu pulso no ar com a mão trocada, e o apertou com força, para que eu não tentasse agredi-lo novamente.

Mas estava atentada para tentar.

Olhei atentamente para o homem, e ele me prensou contra o mármore, com o cenho franzido. Foquei meus olhos ainda mais nos seus, e finalmente percebi quem era.

- O que você está fazendo aqui, Bruno? – pergunto para ele, que tem faíscas saindo de seus olhos.

O jogador solta o ar com força e maneia a cabeça negativamente.

- Você está no banheiro masculino, sabia? – ele fala e eu arregalo os olhos.

A situação em si não é engraçada, mas o fato de que eu tenha entrado em um banheiro errado me faz rir de uma forma descontrolada, o que causa desagrado em Bruno.

Pude notar isso apenas observando sua expressão.

Mas não estou nem aí. 

- Não percebi. – disse dando de ombros.

Bruno soltou meu pulso, mas antes passou os dedos ali, como se estivesse esperando que não tivesse machucado.

- Melhor você sair daqui. – ele fala e eu me viro de costas para ele, enquanto volto a ligar a torneira. – O que você está fazendo?

- Vim aqui para limpar meu braço, - disse e passo a mão molhada em cima de onde tinha caído bebida, e também já estava grudando. – É isso que eu vou fazer.

Sem nem olhar para trás, continuei fazendo meu serviço da melhor forma possível, tentando eliminar o grude que tinha ficado na minha pele, em decorrência da bebida que tinha caído ali. Em um breve momento, olhei para Bruno que tinha seus braços cruzados em frente ao peito, mas não pude ver ao certo como estava sua expressão.

Porém, poderia apostar que não era das melhores.

Desliguei a torneira e peguei duas folhas de papel para secar meu braço, passando ali calmamente, como se não estivesse em um banheiro masculino, e que Bruno não estivesse prestes a me matar, mesmo que eu não soubesse o motivo.

Apartei o pedal do lixinho de metal e a tampa se levantou. Joguei o papel ali dentro e tirei o pé, assim fechou-se. Não tive tempo nem de respirar depois dessa ação, porque quando dei por mim, Bruno já tinha sua mão envolta de meu braço, o que me pegou de surpresa, apesar do contato não me machucar.

Gentleman, lembra?*

Olhei para ele, indignada, mas o jogador não pareceu se importa, e começou a me arrastar.

- Ei, qual é a sua, Bruno? – perguntei tentando não ser arrastada por ele, mas minha ação estava sendo um pouco falha.

O filho de Bernardinho apenas suspirou, e continuou tentando me puxar, mas eu em um ato ensaiado consegui me desvencilhar do seu toque, mesmo que com certa dificuldade. Bruno virou seu corpo totalmente a minha frente, e me encarou com o peito inflado, como se aquilo me fizesse intimidar.

Mal ele sabia que eu não era de me deixar intimidar.

Muito menos bêbada.

- Você tem que sair daqui. – ele falou com irritação.

- E se eu não estiver afim? – pergunto com uma sobrancelha inclina e um tom de deboche.

Bruno soltou o ar pelo nariz, e pegou meu braço novamente, puxando para si e fazendo com que meu corpo batesse contra o corpo dele.

- Eu te levo a força. – ele falou com a voz pesada, e eu ri sarcasticamente. – Duvida?

- Duvido de nada vindo de você.

Foi o suficiente para ele soltar o meu braço, e dar dois passos para trás, como se estivesse sendo derrotado. Me olhou com cuidado, e com os olhos levemente arregalados, me analisando.

- Do que você está falando? – ele pergunta, preocupado.

- Nada. – sorrio. – Se assustou por que?

Bruno morde o lábio inferior e se aproxima de mim novamente, pegando o meu braço com um pouco de força, o que chegou a me incomodar. 

- Porque você não foi do lado de fora da quadra quando eu te chamei? – ele perguntou e eu ri.

- Estava planejando alguma coisa contra mim?

Bruno maneia a cabeça negativamente, e afrouxa o toque em meu braço. Sua respiração perto de mim dá a entender que ele também esteja bêbado, e aquilo poderia justificar um pouco seu comportamento estranho, e até mesmo agressivo.

- Precisamos conversar. – ele fala e junta as sobrancelhas, em uma expressão bem mais agradável que as demais. – É sério, Aline, e eu estou preocupado com você.

- Por isso que você está me machucando? – pergunto com uma sobrancelha inclinada.

Bruno parece uma criança assustada com as minhas palavras, e logo solta o meu braço, olhando para a região atentamente e segurando para ver se não tem nenhum machucado como eu tinha acusado. Realmente não tinha, mas eu queria provoca-lo.

- Desculpa por isso, eu estou nervoso... E acabei bebendo demais. – ele passa as mãos por seus cabelos, e suspira resignado. – Olha, a gente precisa conversar.

- Não quero falar com você. – eu falo com convicção e uma firmeza nas palavras que chegava a me orgulhar.

- Por favor. – ele pede e eu pego minha carteira em cima do mármore.

- Tchau, Bruno.

Saio do banheiro e bato a porta com força.

xxx

Minha cabeça estava girando, e eu não tinha mais noção de nada do que estava acontecendo em torno de mim. Depois que sai do banheiro masculino, me sentei em uma banqueta do bar, e passei a tomar vários copos após o outro, e consequentemente falar coisas desconexas. Meu corpo estava mole, minha consciência tinha ido para o espaço e eu sentia-me um objeto perdido em meio ao universo.

- Que menina, linda. – ouvi um cara falar e movo levemente a cabeça olhando para ele.

Um homem alto, com olhos azuis e cabelos negros, de meia idade. Bonito, na medida certa, e tinha um rosto bastante familiar. Parecia que eu conhecia-o e algum lugar, só não sabia de onde.

- Está falando com quem? – questionei, totalmente aérea.

O homem sorriu e mostrou seus dentes brancos e totalmente alinhados da forma mais perfeita que poderia, e se não estivesse tão bêbada, talvez eu também sorriria.

- Da garota mais bonita desta balada. – ele fala e eu fecho meus olhos. – Não quer dar uma volta comigo não?

Tenho a vontade de aceitar o que ele me propõe, porque meu cérebro bêbado quer aventura. E nada melhor do que sair por ai, completamente embriagada e dar uma volta com um desconhecido.

- Não. – digo e coloco minha cabeça novamente no balcãozinho do bar.

O homem encosta em minha cabeça, e faz um carinho terno ali.

- Vai ser rápido. – ele fala e eu nem me mexo.

- Estou cansada. – falo por fim.

- Então bebe mais um pouco. – o homem fala e coloca uma mão em um dos meus ombros, me puxando para trás.

Olho para ele, com exaustão. Não quero ir para lugar nenhum, apenas para o hotel onde estou hospedada e dormir mais do que realmente posso. O homem mantém um copo em sua outra mão, e acho que é o que eu deixei pela metade. Aos poucos ele vai aproximando o copo da minha boca, e ele nego com a cabeça, logo em seguida virando meu rosto de lado.

- Não aguento mais beber. – digo por fim.

- Mais um pouquinho só. – ele insiste e eu nego novamente com a cabeça. – Só abre a boca um pouquinho.

Abruptamente não o sinto mais perto de mim, e de repente vejo ele caído no chão. Estou surpresa, mas minha mente não parece estar trabalhando muito bem para assimilar os acontecimentos.

- É feio tentar dopar as pessoas, sabia meu amigo? – ouço uma voz masculina que não certeza de onde vem e vejo dois seguranças arrastando o homem que antes tentava me pressionar a beber.

Fecho meus olhos um pouco, sentindo uma pontada em minha cabeça e logo alguém envolve seus braços em minha cintura.

- Vou te levar embora. – alguém sussurra em meu ouvido e eu já não lembro de mais nada.

xxx

Estou perdida e afundada em um sono pesado. Não sonho, e se sonho, tudo não passa de apenas um borrão. Alheia a realidade, e indisposta a encara-la, só consigo dormir. Aliás, é apenas isso que eu desejo. A vontade de permanecer na cama me inunda, e eu sou surpreendida pela avaliação de que estou me tornando uma pessoa muito diferente da que realmente sou.

A melancolia parecia ter me atingido como um onda atinge objetos na areia de uma praia, e os levam para si, para o fundo do oceano. A dramatização de situações depressíveis, tinha aparentemente me vencido, e aquilo me deixava consternada.

Quando foi que me proporcionei a isto?

A garota brincalhona e divertida, parecia estar sumindo ao poucos. Ou submergindo. Realmente, estava me afogando, mas ainda tinha salvação. Poderia me acalmar e tentar voltar para a areia da praia, nadando por mim mesma, ou então pedir ajuda, para alguém me salvar.

O problema é que eu sou orgulhosa demais para aceitar que preciso de ajuda, e levando isso em questão só me resta duas opções: nadar sozinha, ou morrer afogada.


Notas Finais


O capítulo tá, uó né? Eu sei... Mas é de transição.
Vai ser importante para os próximos. =D
*Gentleman, lembra? -> Quando ela fala essa frase, é se referindo ao que ela falou no terceiro capítulo da fanfic, ~eu acho~ dizendo que conhecia bem o seu estilo, e que ele era o Gentleman e tal. E que mesmo assim ele a irritava haha
Muito obrigada, por lerem.
Comentem por favor, seus comentários são muito importantes.
Beijinhos, e até. <3 <3


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