História Violetas Na Janela - Três da tarde

Matt ergueu os olhos, encarando o castanho com tédio, deixando seu celular de lado. O Stilinski mais novo andava de um lado para o outro no quarto, mordendo a pontinha do polegar. Isso já passado alguns minutos após eles terem visto o vídeo. Aquela movimentação toda do castanho já começava a deixar o Daehler tonto.

Stiles já havia deixado de lado a ideia de sair dali de “cabeça quente.” Matt não deixou que o colega saísse, pois realmente acreditou que Stiles agrediria o outro.

Talvez não fosse uma mentira...

— céus, Stiles, da pra parar? — o castanho arremessou um travesseiro contra o Stilinski. Que o fitou, sem se importar com a “agressão.”

Matt o observou o outro se sentar na cadeira da escrivaninha, antes de perguntar:

— e então? O que você vai fazer? — o Daehler entrelaçou os dedos fitando o rapaz em expectativa, estava tão ansioso quanto o Stiles de minutos atrás.

— eu não sei... Realmente não sei! — Stiles murmurou pensativo, fitando o castanho em seguida. — Passei uma semana querendo saber quem era, agora que tenho a resposta não sei o que fazer. — o castanho levantou-se de seu assento e rumou até a cama, se sentando ao lado do rapaz.

— conversar? Isso seria uma boa, não acha?? — o Daehler se jogou na cama voltando a se entreter com o celular.

Stiles passou a fitar o rapaz com desconfiança.

— você pode estar certo. — o Stilinski repetiu o ato do outro, deitando-se na cama. E passou a encarar o teto. E desviar sua atenção para fitar o outro castanho. O som de ‘ tec, tec, tec’ que os dedos do Daehler faziam quando tocavam as teclas digitais do celular, já estava incomodando.

Matt encarou o Stilinski de soslaio parando o que fazia, virando o celular minimamente para o lado contrário dos olhos curiosos do colega.

— bom... Eu já vou indo. — o Daehler se levantou, se espreguiçando em seguida.

— como assim já vai? Você não vai lá comigo?! — Stiles se sentou na cama, fitando o rapaz.

— qual a necessidade da minha presença?

— apoio moral!??!

— acho que você pode resolver isso sozinho. — o castanho apontou o celular em direção ao Stilinski, o recolhendo em seguida. — E eu tenho um... Um compromisso. — comentou o rapaz, sem desviar a atenção da tela do aparelho.

Deixando o Stilinski curioso, ele não largava esse celular já fazia alguns minutos.

— o que pode ser mais importante do que ajudar o seu parça aqui? — Stiles inquiriu, arqueando levemente a sobrancelha, enquanto cruzava os braços.

— esse compromisso... — Matt desconversou.

— e eu não posso saber qual é!?

O Daehler negou com a cabeça.

•×•

Depois de levar o Daehler para casa e almoçar. Stiles se encontrava deitado em sua cama. O castanho estava inquieto, se remexia na cama a todo momento em busca de uma posição confortável para dormir, que ele não encontrava. Stiles não sabia lidar com aquela informação.

O que fazer!?

“conversar? Isso seria uma boa, não acha?? ” a voz do seu colega rechonchudo ecoou em sua mente.

O castanho sentou-se na cama decidido, olhou para o relógio do criado-mudo ainda eram três da tarde.

Stiles pegou as chaves do seu jipe e rumou para o andar debaixo. Iria tirar essa história a limpo, ainda hoje. Ele queria saber quem era que vinha deixando as flores na sua janela há uma semana, e agora que sabia faria corpo mole? Não, não mesmo.

•×•

Stiles encarava, com toda a sua incerteza, a residência dos Hale’s. A casa parecia silenciosa. Mas os castanho sabia que a casa não estava vazia, já havia visto alguns vultos ali dentro. O castanho respirou fundo várias vezes, encostou sua cabeça no volante e logo a retirou ali, mexeu no retrovisor várias vezes. Se ele estava nervoso? Imagina! Mais do que o habitual, como era de costume nos últimos dias.

“Estou enrolando e perdendo tempo.” Foi o que o castanho pensou, passando-se alguns minutos ainda dentro do carro.

Stiles, respirou fundo, tomou coragem e desceu do automóvel. Caminhando a passos lentos em direção a casa dos Hale’s, como se não quisesse chegar ao seu destino, mas na verdade era o contrário. O castanho tocou a campainha e esperou pacientemente.

Até uma Malia descabelada abrir a porta.

— Stiles?! — a jovem franziu o cenho.

— eu mesmo, onde está o seu primo? — o rapaz foi direto ao ponto.

— oi para você também, meu amigo. — Malia sorriu se encostando no hall da porta.

— oi Malia tudo bem!? — o castanho forçou um sorriso. — agora, sério, cadê o Derek?

— hã... Acho que ele está dormindo. — a jovem de cabelos castanhos coçou o queixo pensativa.

“está brincando comigo!” Pensou o castanho, fitando a garota que ainda sorria pra si.

— dormindo é!? Sei.

Stiles passou pela a amiga e entrou na casa, ele já esteve ali várias vezes então sabia bem onde procurar pelo outro. Caminhou bem direção a sala, encontrando Laura e Cora sentadas assistindo um filme qualquer juntas do seu patriarca. Ele as cumprimentou e decidiu ir direto ao quarto do moreno. O castanho subiu a passos apressados aquela escada, ignorando os chamados de Malia.

O castanho enfim chegou a porta do quarto do Hale, a encontrando entreaberta. E a abriu sem cerimônias.

É... Ele devia ter batido.

Pois assim que entrou, olhou o moreno. Que com certa dificuldade – usando de uma mão, esta que estava enfaixada – erguendo um shorts. O tecido deslizou sobre as nádegas avermelhadas do rapaz, cobrindo-as Stiles notou que parte das costas do Hale estavam mais ou menos da mesma coloração, beirando o roxo. Uma espécie de tira escura “cortava” o dorso do moreno, ao meio, na horizontal.

Stiles pigarreou ignorando seu rosto em chamas.

O moreno se assustou com o som repentino, virando-se de abrupto dando de cara com quem ele menos esperava encontrar ali, Stiles. O Hale caiu sentado nada cama ao de deparar com o rapaz, um resmungo, misturado a um ‘merda’, desgostoso escapou dos seus lábios

— Stiles... O-o que faz aqui? — Derek engoliu em seco, coçando o braço esquerdo, olhando para os lados.

O castanho semicerrou os olhos. Observando o movimento do Hale, principalmente o braço do moreno preso a uma tipoia.

Stiles suspirou irritado.

— o que aconteceu? — Stiles fechou a porta atrás de si e apontou para o braço do rapaz, fingindo estar surpreso. Ele realmente imaginou que o moreno havia se machucado na queda.

Ele estava numa linha tênue entre a preocupação e a irritação com o rapaz.

Derek moveu seus olhos de um lado para o outro, em busca de uma resposta decente para o outro.

— hã... uma briga!?... — murmurou o Hale. Olhando sério nos olhos do outro, mas nem mesmo ele acreditaria no que havia dito, porém prosseguiu. — e como pode ver eu me sai... Mal. — o moreno levantou minimamente o braço machucado,, esboçando uma careta. — ai....

— oh, coitado. — Stiles fez um biquinho. E o Hale balançou a cabeça concordando com o que o castanho acabara de falar. — deve ter sido uma briga e tanto. — Derek confirmou novamente com a cabeça. — Meu gramado, com as marcas da sua bunda que o diga, sem contar na minha pobre câmera.

— o que? Eu não se... — O moreno mordeu a parte interna da bochecha. É. Seu plano, de se fazer de desentendido aparentemente não havia dado certo.

Ele estava prestes a colocar o plano B em prática.... Correr!

Mas quando ele fez menção mover o corpo para frente, a voz do outro o fez parar.

— para de palhaçada, Derek. — Stiles esbravejou. — eu sei bem como você conseguiu isso.

O rapaz apontou para o braço do moreno.

— acha que aquela câmera estava lá só de enfeite!? — o castanho o fitou de forma acusatória.

— … — o moreno tentou balbuciar algo mas nada saiu. Ele fora pego no flagra, realmente achou que a câmera era só para assusta-lo (o que realmente funcionou, muito...) e não que estivesse gravando.

— fala de uma vez, Derek. — o, impaciente, Stiles deu mais dois passos a frente. Não deixando que o outro falasse. — você me ignora por mais de uma semana e me apronta uma dessa?? por que fez isso? Você é doido!? E se você tivesse, sei lá, quebrado o pescoço!? — o castanho deu mais passos enquanto gesticulava de forma exasperada com as mãos, logo estando frente a frente com o Hale, cruzando os braços em seguida.

Derek intercalou seu olhar do chão para o castanho, repetidas vezes, sem saber ao certo o que falar.

— eu... Sinto muito, eu tentei conversar com você... — o moreno abaixou o olhar, assim como os ombros, sem saber o que dizer para o castanho.

— não era mais fácil conversar comigo? se desculpar? — Stiles ajoelhou-se em frente aos moreno, queria encara-la nos olhos. E assim o fez.

— eu tentei... várias vezes, mas... Sempre que eu olhava para você. — o moreno ergueu seu rosto minimamente, para encarar melhor o castanho. — para o seu rosto. Para o olho roxo, resultado do soco que você levou no lugar do Raeken.

Stiles torceu o nariz em lembrar do ocorrido. E Derek prosseguiu.

— a culpa tirava toda a coragem que eu tinha. — Derek fez menção em tocar o rosto do Stilinski, mas desistiu. O castanho o encarou com um olhar curioso. — foi em uma dessas tentativas de falar com você, quando fui a sua casa, que acabei esbarrando na sua mãe. E ela deu a ideia das flores e...

— minha mãe sabia!? Filha da puta... — Stiles praticamente gritou, surpreso. O moreno arregalou os olhos confirmando com a cabeça, vendo o castanho tampar a boca com a mão. — desculpa vó. — o Stilinski fitou o teto, levantou-se e se sentou ao lado do moreno, que virou seu corpo minimamente para encarar o castanho.

Stiles respirou fundo e olhou para o Hale.

— ainda acho que você deveria ter vindo conversar comigo, e se você tivesse se machucado? — Stiles olhou para o braço e para a mão do moreno. — mais gravemente.... — a mão do castanho pousou no joelho do moreno, o apertando de forma reconfortante.

— teria valido a pena. — Derek afirmou. E olhou fundo nos olhos do castanho.

O Stilinski sorriu de forma tímida, encarando os olhos esverdeados do moreno, que fazia o mesmo.

— o que...

batidas na porta interromperam o castanho, que fitou a o objeto, logo voltando a fitar o moreno, que havia soltado um: a não. Uma voz bem conhecida chamou pelo moreno, era Talia. Derek passou a mão enfaixada de forma exasperada pelos seus cabelos.

— me ajuda a pular essa janela?!! Posso me esconder na sua casa? — o moreno pediu nervoso.

— Derek!? — a voz da Hale mais velha acompanhada das batidas ecoou pelo quarto novamente.

— você não aprende mesmo!? — Stiles o fitou de forma curiosa, estranhando o nervosismo do moreno. E irritado com o descaso do outro.

— Eu só desloquei o ombro. — o moreno revirou os olhos. Despertando novamente a vontade, no castanho, de bater no Hale. — eu consigo, vamos! — o moreno se levantou. — elas estão me tratando feito um bebê desde o hospital, nem deixam eu comer, me dão na boca.

O moreno choramingou fitando o outro. Stiles quis rir do drama feito pelo outro, mas se levantou e caminhou até a porta, ignorando as súplicas do rapaz machucado.

— olá senhora Hale. — o castanho sorriu cortês para a mulher. Que trazia consigo uma tigela com sopa. A mulher lançou um olhar sério para o castanho, que se retratou sorrindo. — Talia... — a Hale, enfim, sorriu para o mais novo.

— oh, Stiles. Não sabia que estava aqui, veio fazer uma visita para o encrenqueiro!? — a mulher apontou com o queixo, para o moreno ( que girou os olhos nas órbitas). Stiles sorriu simples concordando com a cabeça, saindo do quarto. — já está indo!?

— sim. Só vim ver como ele estava. — Ele balbuciou. Talia sorriu balançando a cabeça em confirmação. — Sabe, Talia, o Derek estava me contando que adora quando a senhora da comida na boca dele, faz ele se sentir mais amado. Mesmo ele tendo dezoito anos.

Stiles fez questão de falar alto o suficiente para que Derek escutasse, recebendo um resmungo seguido de um: “é mentira. ” do mesmo.

— ainda bem que vamos ficar nisso por um bom tempo, não é mesmo!? — a mulher piscou para o castanho, e entregou no quarto.

Stiles caminhou em direção a escada ouvindo: “ você me paga, Stiles. ”, “eu posso comer sozinho ”, “pelo amor ”, “eu posso usar a mão, aí, eu uso pé, só me deixa. ”

O castanho gargalhou descendo as escadas, sendo alvo dos olhares curiosos de: Malia, Cora, Laura e Alexander.

•×•

Matt encarou mais uma vez o seu reflexo no espelho, que ele havia cuidadosamente colocado sobre a cômoda. O castanho olhou pelo reflexo o amontoado de roupas que estavam jogadas em cima da sua cama, roupas essas que ele havia experimentado uma por uma. Mesmo já devidamente vestido, ele ainda estava indeciso se aquela era boa o suficiente.

O castanho até pensou em trocar novamente a que estava usando, mas o som de uma buzina e a voz de seu pai lhe tiraram essa possibilidade.

— seu amigo chegou. — o homem avisou, parado em frente a entrada do seu quarto. Strauss sorria para o filho. Era bom velo sair com os amigos, coisa que ele não fazia.

— hã... OK, eu já vou indo. — o castanho caminhou até o mais velho e o abraçou.

— qualquer coisa me liga. — Disse o mais velho, vendo o filho sair porta a fora.

O castanho caminhou a passos apressados e m direção ao carro, de cor prateada, estacionado na frente da sua casa. Com a permissão do motorista ele entrou no automóvel.

— a onde vamos? — o Daehler colocando o cinto de segurança, virando seu rosto para fitar o motorista. Ele estava um pouco nervoso.

O loiro ergueu o óculos escuro que usava, que havia escorregado para ponta do seu nariz, quando este tinha abaixado a cabeça para olhar o castanho.

— segredo... — com essa simples resposta e um sorriso fino nos lábios, o Whittemore pisou no acelerador.