História Violetas Na Janela - (Des)encontro

O sol escaldante daquela manhã fazia com que as bochechas de Derek ardessem um pouco, tornando-as um pouco mais avermelhadas. O que escondia um pouco a vermelhidão que a irritação de minutos atrás havia lhe causado. Ele não havia gostado nada, nada do que havia presenciado ao sair do vestiário masculino, que era onde o Hale se encontrava após o treino do time de basquete.

“foi apenas um beijo, Derek. ” murmurou para si mesmo, o moreno, enquanto caminhava por algumas salas e aulas e saía do prédio da escola, parando no meio do caminho.

“e você não tem nada haver com isso. ”

Pensar naquilo o desanimou um pouco.

O moreno olhou para o céu, colocando em seguida uma das mãos em frente aos olhos, pois a luz emanada do sol lhe irritou os olhos. Derek logo voltou a fazer o seu percurso. A bola de basquete - que o Hale levava consigo - quicava do ladrilho antigo da escola, para a palma da mão de Derek. Enquanto o Hale caminhava em direção às arquibancadas do campo de lacrosse.

Uma cantoria escapava dos seus lábios, apenas ruídos pois ele esquecera parte da letra, enquanto o mesmo mantinha o ritmo apressado.

Ainda sentia a irritação corroer suas veias. A cena de Theo aos beijos com o Stiles ora ou outra, irritantemente, persistiam em sondar a sua mente com imagens vívidas.

O moreno apressou o passo, e as quicadas da bola ficavam mais rápidas a cada passo dado, ele encontraria seus amigos ali. Era quase certeza de que ele encontraria o Raeken também. E ele não sabia como se portaria com a presença do seu rival de crush.

Derek avistou ao longe seus amigos, assim que pisou no gramado do campo de lacrosse. O moreno segurou a bola e a colocou debaixo do braço, caminhando na direção dos mesmos.

Jackson, Lucas, Josh, Donovan, Ethan e Aiden estavam ali. Sentados em uma única fileira de bancos. Eles conversavam sobre o jogo que se aproximava quando Derek chegou e os cumprimentou. Para a sua sorte o Raeken não estava ali como ele supusera, o que lhe deu um breve alívio. O moreno participou da conversa animadamente, mesmo que lacrosse não fosse exatamente a sua área. Eles permaneceram ali sentados, em meio a conversas por um bom tempo, pois era o horário vago de ambos.

— esse ano nós vamos esmagar aqueles otários de Devenford. É a nossa última chance. — Jackson soltou, socando o ar em animação, enquanto os sete caminhavam de volta para sala de aula. — principalmente acabar com um certo loiro boboca. — o Whittemore sorriu grande, esfregando as mãos uma nas outras em histeria.

Os gêmeos soltaram uma gargalhada contida com a palavra usada pelo rapaz, coisa que Josh não fez. E Derek revirou os olhos para a, infantil, rivalidade do amigo.

— quanta animação. — Derek soltou fitando o rapaz de soslaio que caminhava ao seu lado, após dos gêmeos, seu amigo estava bastante animado.

— eu ainda faço você largar o basquete e vir para o lacrosse. — o Whittemore tornou a tocar naquele assunto. Mesmo sabendo que resposta sempre seria a mesma.

— não, nem comece. — o Hale arremessou a bola em direção ao rapaz.

Ethan e Aiden se abaixaram evitando serem acertados pela bola. O Whittemore gargalhou conseguindo - mesmo que de mal jeito - segurar a bola. A jogando de volta para o dono.

— não custa nada tentar... — o loiro sorriu dando de ombros, enquanto o Josh abria a porta da sala. E ambos adentraram a mesma, que estava praticamente vazia.

Praticamente...

— eu não... — o Hale se calou quando seus olhos encontraram o Raeken, que se levantou e caminhou em direção ao grupo.

Theo esbanjava um sorriso, o rapaz parecia animado com algo. O Hale revirou os olhos imaginando qual seria o motivo dessa animação.

Danny e Ethan seguiram para os seus respectivos assentos. e Aiden seguiu o irmão. Sentaram próximos a Scott e Allison, que acenaram assim que eles entraram na sala.

— passem. — o Raeken estendeu uma das mãos em direção q Josh, Donovan e Jackson. O que Derek estranhou. — eu consegui, vamos, cinquenta pratas... de cada. — os dentes do Raeken apareciam a cada milímetro que seu sorriso aumentava.

Donovan, Jackson e Josh trocaram olhares desconfiados, e o fitaram de volta.

— como vamos saber se você conseguiu mesmo? — Josh questionou-o desconfiado da veracidade, os outros dois também estavam tão desconfiados quanto. E Derek tentava se colocar a par do que estava acontecendo ali. E ignorar a presença do loiro.

— só trabalhamos com provas, Raeken. — Lucas sorriu de forma prepotente, não cairia assim tão fácil na lábia de Theo.

— minha prova está bem aqui. — Theo sorriu apontando o dedo em riste para o Hale, os três indivíduos encararam o moreno seguindo o dedo do rapaz.

— espera, eu? Do que diabos vocês estão falando? — perguntou Derek, no seu perfeito estado de confusão. Encarando cada um dos quatro ali. A bola de basquete jazia apertada embaixo do seu braço.

— daquela aposta que você se negou em fazer. — Jackson murmurou baixinho. Derek virou sua cabeça de abrupto em direção ao Whittemore, o encarava como um falcão encara um filhotinho de coelho, algo relacionado em beijar e Stiles e ganhar cinquenta prata, os pontos aos poucos se ligaram em sua mente. — o Theo aceitou... — Jackson terminou com um fio de voz, com o olhar furioso do Hale pesando em si.

— vocês deram continuidade à essa idiotice... — não era uma pergunta, mas Josh, Lucas e Jackson manearam a cabeça positivamente.

— pois é, eu consegui. — o Raeken se vangloriou chamando a atenção dos demais. — e pelo visto ele gostou, quem sabe eu não consiga algo à mais... — Theo sorriu de canto, fazendo questão de dar ênfase no “algo à mais. ”

Aquilo fez sangue do Hale ferver. A bola de basquete quicou furiosa para o fundo da sala assustando os gêmeos e Danny. Derek direcionou seu punho, que estava cerrado desde que vira o loiro, no rosto do Raeken.

O sorriso que outrora brilhava com os dentes esbranquiçadas do rapaz sumira, dando lugar ao semblante de surpresa. Theo sentiu o gosto férreo invadir sua boca, e um líquido quente escorrer pelo canto de sua boca ao queixo, manchando sua camiseta.

— Qual o seu problema? — o rapaz perguntou com uma das mãos tocando o lábio machucado, cobrindo parcialmente a sua boca. Os outros três encaravam o Hale atônitos demais para fazer algo.

— você... — Derek agarrou o loiro pelo colarinho, o encostando na mesa do professor. Theo sentia a respiração pesada do moreno de olhos esverdeados bater em sua cara, o moreno o encarava com fúria, aquilo o assustou. — você é uma babaca.

O moreno ergueu mais uma vez o punho e estava prestes a desferir os próximos socos quando uma voz bastante conhecido, e apreciada, por si ecoou pela sala. “parem vocês dois. ” – mas ele não deu muito importância para ela, seu foco era deixar o outro lado do rosto de Theo inchando.

Braços circularam a sua cintura o puxando para trás. O moreno bufou impaciente, em meia a irritação e raiva moveu seu braço para trás. Acertando o cotovelo em algo macio e duro.

O cotovelo foi certeiro no olho esquerdo de Stiles, que tentava inutilmente separar os dois galos de rinha. O castanho até então caminhava ao lado do coordenador da escola, que o “convidou ” a apresentar a instituição a um novo aluno. Quando o trio iria mostrar a sala de aula do rapaz eles ouviram o barulho da confusão.

O homem e o rapaz permaneceram encarnando a cena tão atónitos quantos os amigos do Hale.

O moreno se virou quando mais uma vez escutou uma voz tão conhecida por si, mas dessa vez não a ignorou.

— porra. — o castanho praguejou levando sua mão ao olho atingido.

Derek virou seu rosto no mesmo instante, soltando o loiro do seu agarre.

— S-Stiles... — ele balbuciou assustado, por ver o Stilinski caído no chão com a mão no rosto.

— não, é o chapeleiro. — o castanho conseguiu dizer, sentindo meio zonzo e massageando o local dolorido.

Derek vagou com olhos por cada rosto ali, vendo a surpresa estampada em alguns.

O novo aluno correu em direção ao Stilinski, tentando ergue-lo.

— você está bem? — o loirinho perguntou, conseguindo com a ajuda de Scott levantar o castanho. Que limitou-se a balançar em confirmação.

— Stiles, e-eu.. Me. — o moreno estava desnorteado com o ocorrido, não sabia o que dizer é como dizer naquele momento.

— levem o Raeken e o Stilinski para a enfermaria. — Ennis, o coordenador apontou para os gêmeos, que confirmaram com a cabeça. — depois terminem de mostrar a escola para o Dunbar. — ele apontou para o novo aluno. — e Derek Hale... Para a diretoria.

— da próxima vez eu deixo eles se matarem... Merda... Tem dois de vocês agora!? — o castanho murmurou olhando de Scott para Liam, fazendo os dois rirem.

O Hale viu os gêmeos puxar o Raeken para fora da sala e Scott ajudar o tal de Dunbar a guiar Stiles para enfermaria. Logo fora puxado por Ennis. Quando deu por si estava sentado em frente ao diretor. Quer dizer, seu corpo estava, pois sua mente estava longe, vagando por ai.

A imagem de Stiles caído no chão, com a mão no rosto machucado não saía da sua cabeça. A única coisa que ele conseguiu assimilar, alguns minutos depois, foram as palavras finais do diretor:

Suspensão.

•×•

— para onde nós vamos? — Matt tornou a perguntar. Fitando as casas e em seguida as árvores que passavam como um borrão por seus olhos.

— já falei que é segredo. — Jackson revirou os olhos, era a terceira ou quarta vez que o Daehler perguntava em menos de dez minutos. — tenta se distrair... Tira umas fotos minhas.

O Whittemore sugeriu. E sorriu para a cara de constrangido do castanho.

Que só assim, permaneceu calado o resto do trajeto.

Matt estava nervoso e ansioso. Sua curiosidade para saber à onde Jackson o estava levando era gigantesca. Já havia percebido que eles já não estavam em Beacon Hills, meio óbvio. Suas expectativas de um encontro “normal ” foram se esvaindo quando ele reconheceu a cidade na qual estavam, ficara meio óbvio aquando o loiro estanciou a alguns metros de distância da escola Devenford Pret... Em pleno dia de jogo.

— é sério? Sério mesmo? — ele perguntou incrédulo, desviando seu olhar do rapaz para fitar algumas pessoas correrem com copos exageradamente grandes de algum tipo de bebidas em mãos.

— o que foi? — perguntou o Whittemore, como se não tivesse entendido o que o outro queria dizer.

— você veio espionar o jogo de Devenford!?

— eu só vim observar as táticas do meu adversário, coisa rápida. — o loiro inclinou o corpo na direção do castanho, deixando o óculos escorregar até a ponta do seu nariz. Fazendo o castanho recuar até encostar o corpo na porta.

— da na mesma. Esta espionando do mesmo jeito! — Matt ralhou impaciente, enquanto observava Jackson descer do carro e ladear o mesmo. Se sentia um idiota por esperar algo decente vindo daquele loiro idiota.

— olha... Nós ficamos por alguns minutos e depois saímos, e eu te levo... Sei lá. Pra comer um hambúrguer!?

O loiro abriu a porta do carro, encarando o castanho. Inclinou seu corpo, sobre o colo do Daehler, para o interior do automóvel e pegou um pequeno bloco de notas dentro do porta-luvas.

Matt bufou e desceu do carro. Sua vontade era de voltar para casa no mesmo instante.

— ah... Traga a sua câmera. — o Whittemore se lembrou desse pequeno detalhe. — ela filma, né!? — Jackson perguntou como quem não quer nada.

— eu vou socar a sua cara. — o Daehler ameaçou. Tendo a leve impressão de que só estava ali para possivelmente filmar o jogo.

Jackson semicerrou os olhos para o rapaz, mas acabou rindo no fim.

— porque você não diz logo que só me trouxe só para filmar a droga do jogo?! — Matt soltou enquanto caminhavam em direção a bilheteria. Suas mãos suavam dentro dos bolsos do seu moletom, encarou o céu tentando ao máximo não encarar Jackson.

Jackson parou de caminhar, colocando a mão no peito claramente ofendido... Ou fazendo um pequeno drama.

— hei... — ele segurou o braço do castanho fazendo-o parar também, que o encarou com o ato. — eu prometo que não vamos demorar. E eu te levarei... Eu não sei ainda para onde. Mas será melhor do que um jogo de lacrosse de Devenford...

As mãos do Whittemore envolveram o pescoço rechonchudo do castanho, as pontas dos seus dedos se tocavam atrás da nuca do rapaz, fazendo ele o encarar.

Talvez... Só talvez ele tenha, sim, convidado Matt só para ele filmar o jogo... É ele era um idiota. Ele mesmo repetiu tal palavra várias vezes mentalmente para si quando viu o castanho sorrir timidamente para si enquanto se aproximava do automóvel. Se sentiu mal por ver o quão animado o castanho parecia por sair consigo.

— eu juro... — terminou com seus polegares tocando os nódulos das orelhas do Daehler.

— tudo bem... — Matt limitou-se a balançar a cabeça em confirmação, encarando os olhos azuis do loiro por detrás da lente. Mesmo que ainda estivesse chateado.

Jackson sorriu satisfeito, passando o braço por cima dos ombros do castanho e o guiando até a bilheteria.

O Whittemore escolheu os lugares um pouco afastados, porém próximo o suficiente para ele ter uma bela visão do jogo. E manter os olhos atentos em seu rival, o capitão do time, Brett Talbot. O estudando a cada passo, lance e arremesso.

Matt encarava de soslaio o loiro anotar, com rapidez, algumas coisas no bloquinho que trouxera. Seus olhos giravam nas órbitas no mesmo instante. Ele mantinha a câmera discretamente apontada para o jogo.

Os minutos de Jackson logo se tornaram meia-hora e mais alguns minutos se passaram. Matt encarava tudo inteiramente absorto em seu profundo tédio. E para piorar a sua situação começou a chover. Havia uma goteira em cima do banco em que ele estava sentado, centenas de bancos ali mas a goteira ficava justamente em cima do seu, as grossas gotas de água caíam sobre os seus ombros. Aquilo não era o que ele chamaria de o encontro perfeito, ele ainda tinha dúvidas se aquilo realmente era um encontro.

O castanho ergueu seu olhar algo quente lhe envolver os ombros e corpo, notou então o couro negro da jaqueta de Jackson sobre eles. O castanho fitou o outro rapaz, que lhe lançou uma piscadela. Matt voltou sua atenção para o jogo, apertou os braços envolvendo-os na jaqueta, se protegendo do frio que lhe arrepiava os pelos da nuca, tentando ignorar a sensação estranha que sentia em seu estômago.

— Oh, merda... — o Whittemore soltou de repente, depois de mais alguns minutos. Matt virou-se para encara-lo. — OK, acho que está na nossa hora, vamos. — Jackson falou apressado. Sem deixar que o castanho respondesse o puxou pelo pulso.

O Daehler não entendo o seguiu, como se tivesse outra alternativa...

— o que... — Matt olhou em direção ao campo e viu alguns jogadores da Devenford apontando em sua direção enquanto corriam. Eles haviam acabado de entrar no intervalo do jogo. — me diz que você não está fugindo daqueles jogadores, aparentemente, enfurecidos.

Matt perguntou. Mesmo temendo a resposta.

— é exatamente isso. — Jackson olhou de um lado para o outro, puxou o castanho em direção a um saída, que mais parecia um beco alí.

— posso saber o que você fez para irrita-los? — o castanho perguntou passando por alguns corredores que ele não fazia ideia de onde os levaria. Ainda podia ouvir os passos e os gritos dos jogadores do time rival.

— hã... Acho que eu nasci. — o Whittemore parou, o beco os havia levado a alguns bancos, onde um dia fora uma espécie de praça, ele supôs. Haviam poucas pessoas alí.

— faz sentido. — o castanho murmurou. E Jackson o fez sentar em um dos bancos, ele de frente para Matt e o castanho de frente para si e para a entrada.

— Quando eu agarrar aquela cabeça oca e repleto de cabelos oxigenados...

Jackson ouviu a voz de Brett bem próxima de onde eles haviam entrado. E guardou a resposta que dançava na ponta de sua língua para outra hora. Os passos cada vez mais altos, ao som das risadas dos cães de guarda do Talbot, como ele mesmo os nomeou.

Jackson olhou de um lado para o outro, estava sem saída. Se ele se levantasse iria chamar a atenção, e Matt não tinha cara de quem correria nem dez metros. O loiro retirou seus óculos e os repousou sobre as suas coxas, em seguida segurou o rosto do castanho.

— sei que é muito rápido, então... Desculpa.

Matt se sobressaltou com o susto de ter os lábios do loiro colados aos seus, o castanho se debateu no início mas teve seus braços segurados por um tempo, sem grosseria, pelas mãos do loiro que lhe apertavam os ombros. Jackson encarou de soslaio o trio de Devenford caminhar em direção ao outro lado do pátio, sumindo pela outra saída em seguida. Voltou a encarar o castanho, que o fitava com uma expressão que ele não soube decifrar, o beijo ainda rolava fervoroso. Suas mãos deslizaram, numa rápida subida, pelo braço do rapaz, parando na nuca, puxando Matt para um beijo mais profundo.

O castanho sentiu a língua o Whittemore deslizar para dentro da sua boca, sentiu o gosto de pipoca que o loiro comera minutos atrás estalar na sua boca, quando a língua do rapaz tocou a sua. Não imaginou que seu BV fosse ser retirado daquele jeito, naquele dia, naquele lugar. Sentia-se como uma bexiga sendo esvaziada, Jackson sugara todo o ar dos seus pulmões com aquele beijo. Deixando uma sensação quente na região dos seus órgãos.

Os lábios do loiro cessaram o beijo, eles se fitaram por poucos segundos.

— acho que despistamos eles, podemos ir agora. — o loiro sorriu de lado recuperando o próprio fôlego.

 Matt estava desnorteado demais para mover os lábios e falar algo, apenas deixou ser guiado novamente para o carro.