História Vivendo - Uma bailarina solitaria

Ela dançava como se fosse uma bailarina. Não ventava naquele fim de tarde, mas em cima daquele prédio sim, devido à altura. O sol já quase se ia, estrelas iam aparecendo, e ela ainda dançava. Estava esperando o melhor momento do dia, o momento em que sua única amiga apareceria. O vento foi ficando cada vez mais forte, e parecia não atrapalhá-la. A menina dançava com uma saia cinzenta enfeitada com fitas de todas as cores, que ela mesma havia amarrado. Enquanto rodopiava pelo chão sua saia e suas fitas balançavam junto a ela, seguindo o ritmo confuso da menina. Então parou, sentou-se na beira do prédio, onde podia balançar suas pernas. A noite já havia chegado, e junto sua amiga querida a quem foi dizendo:

-Está muito linda esta noite! Tão cheia e brilhante, o que viu de tão interessante do outro lado do mundo?- e nada ouviu de resposta, como esperava. Apenas sorriu e ficou admirando. Logo continuou:

-Bem, hoje fiz muitas coisas, mas nada de tão diferente, andei pela mesma feira de toda segunda, mas sabe o que ganhei nesta manhã? Um pirulito vermelho, e ele tinha formato de coração, guardei o palito, pretendo fazer uma coleção com todos os que eu comer, que acha? Legal não é?

Depois de dizer fez uma pausa, olhando para a imensa lua, estava prestes a chorar, prestes a desabar todas suas mágoas sobre sua única amiga. Por um momento olhou para baixo, para a rua cheia de carros que passavam rápido, “com certeza nem notariam” pensava ela se imaginando caindo até o chão. Mas não o fez, deu um suspiro profundo e continuou a admirar o satélite, que em silêncio a admirava também.

As horas se passavam cada vez mais, e a lua subia de acordo. A pequena menina de uns doze anos apenas pensava sozinha. Não sabia mais quanto tempo estava ali, não só no prédio, ou na cidade, mas sim neste mundo tão solitário. Imaginava o dia em que respostas encontraria, e com as respostas uma companhia viria. Não entendia porque estava ali se nem parte do mundo parecia fazer.