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História Vivendo a Vida Um Porre de Cada Vez - Ela Surgiu


Escrita por: Karinaisa

Notas do Autor


Acho que o momento mais aguardado está chegando...

Capítulo 24 - Ela Surgiu


Fanfic / Fanfiction Vivendo a Vida Um Porre de Cada Vez - Ela Surgiu

O Covil – 11:23

 

Ino POV’s on

           

            –Cheguei, suas vagabundas! – Gritei arreganhando a porta do Covil, após largar minhas malas no corredor.

            –Loira! – Gritou Gaara, que foi o primeiro a levantar-se do sofá, correndo na minha direção.

            –Ruivo! – gritei também, pulando nos braços dele e me agarrando em seu pescoço enquanto ele me girava no ar.

            –Oi, cadela descolorida, estava com saudades! – Falou a bicha pálida, empurrando meu namorado para longe e me abraçando.

            –Sai, sua boqueteira, fiquei sabendo que aprendeu técnicas novas em Tóquio, precisa me contar tudo, piranha. – Falei, já correndo de mãos dadas com ele para onde estava Tenten, jogada no sofá, enquanto Gaara rosnava abandonado no canto da porta, indo pegar as minhas malas, como se não estivesse ansioso para que eu usasse nele as novas técnicas que aprenderei.

            –E ai, raposinha. –Cumprimentei Naruto com sarcasmo, dando-lhe um beijo no rosto enquanto ele boiava, normal. – Oi, Bastardo. – Dei oizinho, balançando as mãos para o Uchiha sempre emburrado no sofá, jogando video game com o loiro.

            –Sai da frente da TV, Ino. – Foi a resposta que ele me deu. Chato.

            Mas eu, sendo quem sou, não poderia fazer outra coisa senão puxar o fio da TV da tomada.

            –Todo mundo se arrumando para a festa. – Gritei, batendo palminhas, antes de ser atacada pelos homens que me encaravam exalando ódio com os joysticks na mão.

            –Que festa? – Rosnou Sasuke, massageando as têmporas, enquanto deixava lentamente o controle sobre a mesa de centro, focando toda sua energia em não me matar.

            –A festa de volta às aulas, oras! – Respondi o óbvio, já caçando o telefone na bolsa.

            –Porque ninguém me avisou que tinha festa? – Perguntou Naruto, indignado.

            –Porque não tinha porra de festa nenhuma até agora. – Respondeu Sasuke. De fato, ele saberia se houvesse uma festa, já que ele é o primeiro a ser convidado para absolutamente tudo.

            –Pois é, mas agora tem e você vai! – Exclamei logo, antes de ouvir a ladainha de “não tô afim, passe outra hora”. Ele até tentou começar seu discurso de chatice habitual, mas eu já o interrompi de uma vez. – Nem tente, Bastardo. Eu só consegui colocar todas aquelas piranhas pra trabalhar de última hora porque eu disse que você ia.

            –Como você consegue organizar essas coisas assim do nada? – Questionou o loiro, surpreso.

            –Eu tenho meus contatos, queridinho. E não se esqueça de que eu sou a presidente do Comitê de Festas da Faculdade.

            –Esse órgão nem existe. – Comentou o Uchiha, com indiferença.

            –Não existia, desde que eu o criei logo depois de me matricular! Queridinho!

            –Vai ter Open de Ciroc? – Perguntou o Bastardo, como se ele tivesse que se preocupar com o preço da bebida.

            –Relaxa, eu resolvo isso. – Respondi, já mandando uma mensagem para minhas escravas particulares. – Enfim, estejam todos prontos às 22:00. Vai ser na Lust, encontro vocês lá.

            –Oba, festa! – O gay deu seu típico gritinho do sofá, ao lado de Tenten, que já fuçava seu celular, provavelmente mandando mensagem para Neji, perguntando a que horas ele chegava, mas a poupei do esforço.

            –Relaxem os cus, vocês dois. – Falei para Naruto e Tenten. – Os Hyuugas chegam às 21:00.

            –E a Sakura-chan? – Naruto fez a pergunta que Sasuke estava se coçando para fazer.

            –Acho que ela só volta segunda mesmo, mas eu vou tentar. – Menti. – Bem, adeus, crianças, vejo vocês mais tarde. – Me despedi, pegando no braço de Gaara, enquanto ele pescava as chaves do carro recém reformado em cima do balcão.

            –Está indo preparar a festa? – Perguntou Sai, inocentemente.

            –Não, querido, eu estou indo pro Motel. Adeus!

 

 

 

 

Mansão da Akatsuki (Antiga Mansão Uchiha) – República dos Veteranos

 

Itachi POV’s on

 

            Parei meu carro na vaga habitual, constatando pela disponibilidade dos carros, que Pain ainda não havia voltado, Kakashi já havia chegado para sua consulta com Tobi e Deidara estava em casa. As primeiras duas informações eram importantes e necessárias, a terceira era um interesse que eu não sentia há muito tempo.

            No fim das contas, Sasuke e eu realmente passamos o mês todo no Vale e voltamos apenas há três dias, para que ele tivesse tempo de se organizar para voltar a faculdade na segunda. E depois das turbulências do primeiro dia ficou tudo bem, não se falou mais no carro e nem na corrida, e pudemos passar algum tempo juntos, aproveitando a paz que aquele lugar proporcionava. Ele estava perdoado por ora e eu também.

            Eu voltei a trabalhar na mesma madrugada em que chegamos, na realidade eu nunca deixei de trabalhar, só estava fazendo isso pelo celular sem que o Sasuke soubesse, como fiz a vida inteira, em todas as nossas “férias”, mas, de todo jeito, eu fui para a empresa e estive enfiado nela nos últimos três dias, sendo perseguido pelas minhas secretárias e diretores que buscavam minhas assinaturas com tanta determinação quanto cães perseguem gatos.

            E agora estou entrando na Akatsuki. Por quê? Bem, eu poderia dizer que vim apenas para ver os progressos do Tobi, mas Kakashi me manda relatórios semanais bem detalhados. Cruzei o Hall de entrada, subindo as escadas para a ala leste. Também poderia dizer que vim para ver se Pain já havia voltado, mas sei que ele vai me ligar quando chegar. Andei diretamente até a quarta porta do corredor, batendo nela uma vez. A verdade, é que eu vim só pra isso:

            –Entre. – Ouvi Deidara dizer através da porta e entrei.

            –Estava com saudade? – Perguntei, de forma cretina, para o loiro que estava jogado na cama com um pote de sorvete.

            –Seu filho da puta! – Ele gritou e eu segurei o controle remoto que ele havia arremessado, antes que acertasse meu rosto. Tudo bem, eu já esperava por isso. – Como você pode sumir assim do nada? Por mais de um mês? – Ele continuou gritando e eu fiquei apenas esperando o momento em que ele ia se tocar que nós nunca assumimos um relacionamento e ficar constrangido por me cobrar as satisfações que eu não devo a ele. – Eu te liguei mais de 500 vezes e você não me deu nem “oi”, ninguém sabia onde você estava e eu... – Suas bochechas começaram a ficar rubras em meio a sua fúria que ia morrendo aos poucos, dando espaço para o constrangimento, como eu sabia que faria, deixando-o tímido, acanhado e completamente delicioso.

            A voz dele sumiu e eu caminhei sem pressa até a cama, em cima da qual ele se descabelava, puxando-o pela cintura sem nenhum cuidado.

            –Eu também senti sua falta. – E finalmente a língua dele estava se mexendo como deveria, dentro da minha boca.

 

 

 

Jato particular dos Hyuuga – Algum lugar no céu entre Tókio e Konoha

 

Hinata POV’s on

 

            –É o meu último aviso, sua biscate mirim! – Esbravejei para Hanabi, com todo meu ódio. – Senta a bunda ai e fica quieta, antes que eu te faça engolir isso ai que você chama de cara! – Sim, eu sei que é estranho me ver falando assim com alguém, e até eu assustei com o que acabo de dizer, mas o que posso fazer? Irmãos realmente despertam o nosso pior lado e comigo não é diferente, principalmente quando a cadela intrometida que eu acho de irmã está tentando me foder.

            –Para de mentir, Hinata. Eu sei que você está namorando! – Gritou ela, mais alto, finalmente conseguindo chamar a atenção do nosso pai na poltrona da frente, que levantou a cabeça, olhando para trás com a sobrancelha erguida, me fazendo engolir em seco.

            –Como seu eu fosse permitir que algo assim acontecesse. – Bufou Neji, sentado ao meu lado, salvando meu pescoço por um motivo que eu desconheço. Talvez ele realmente apoie minha união com Naruto, por mais que teime em não admitir. Ou talvez ele só queria evitar a Terceira Guerra Mundial. Enfim... O que importa é que funcionou, pois meu pai voltou a ler o livro chato dele e eu pude respirar de novo.

            –Obrigada. – Sussurrei de canto para meu primo, que abria novamente a Constituição que carregava para todos os cantos.

            –Pelo quê? – Respondeu com indiferença e eu tive que conter o riso. Quem diria, Neji.

            –Não adianta ficar adiando, queridinha. – O filhote de cruz credo voltou a se pronunciar, com a linguagem juvenil de biscate dela. – Ele ainda vai descobrir.

            –Cuida da sua vida. Não é como se você fosse uma santa. – Respondi, com raiva, tentando ignorá-la para pensar no vestido com o qual iria para a festa de hoje a noite encontrar Naruto-kun depois de tanto tempo... Bem que nós podíamos pular a festa e ir direto pra cama... E foder até de manhã... E...

            –Eu sou a queridinha do papai. Não importa o que eu faça, ainda serei a predileta. – A cadela voltou a falar, me arrancando dos meus devaneios deliciosos. Vaca.

            –Tá, agora seja a queridinha do papai em silêncio. – Rosnei, ignorando-a, mas como a boa piranha horrorosa que ela é, fez questão de colocar suas músicas horrorosas o mais alto possível. Aiai, Kami, dai-me paciência ou minha irmã vai visitá-lo mais cedo do que imaginávamos.

            –E então, Neji, soube que você recebeu uma carta da Promotoria. – Falou Ayumi, a filha de um dos sócios do meu pai, que deu em cima do meu primo a vida inteira e pelo visto ainda não desistiu, tentando puxar assunto como sempre.

            –Sim, você não? – Perguntou ele, sem desviar os olhos da leitura, deixando a garota completamente sem graça.

            Sinceramente, ela é linda, minha família ficaria radiante se os dois tivessem um relacionamento, ela não é chata, é inteligente e corre atrás dele desde criança como um cachorrinho, e ele nem sequer olha pra ela. É fato que ele tem um pseudo relacionamento com a Tenten e, para nós mulheres, isso é quase sagrado, mas ele é só um cara solteiro e está subindo pelas paredes pela falta de sexo, ele não tem compromisso nenhum com a Tenten e só chutou essa garota a viagem inteira. Eu não entendo mais nada. Será que ele gosta mesmo da Tenten? Porque eu sei que ela gosta dele, por mais que não vá admitir nem em um milhão de anos. Mas se eles se gostam porque não ficam juntos de uma vez?

            Bem, acho que eu não sou a pessoa certa pra dizer isso já que, aparentemente, Naruto também gostava de mim há tempos e demoramos anos pra ficar juntos, exclusivamente porque nenhum de nós tinha coragem pra admitir. Bom, parece que nós criamos nossos próprios empecilhos, mas pelo menos eles estão juntos de alguma forma e por mais que ninguém admita a relação, aparentemente, eles são bem fieis. Nunca vi ela dar bola pra ninguém e ele menos ainda.

            Hanabi ainda estava no mantra “irritando minha irmã mais velha porque eu não tenho mais o que fazer”, mas o meu mantra “ignorando a pirralha” já estava vigorando há tempos e convenhamos que eu tenho muito mais anos de prática.

            Peguei novamente meu celular, segurando-o de uma forma que ela não pudesse ver a tela, para o desespero dela, que não faz nada além de cuidar da minha vida, lendo as últimas mensagens do grupo de amigos (no qual estavam Naruto, Sakura, Ino, Gaara, Sai, Tenten, Neji e eu. Sasuke era adicionado ao grupo periodicamente por Naruto, mas saia logo em seguida com a frase “para com essa viadagem”), enfim.

            Ino havia dito que deveríamos nos encontrar diretamente na balada porque cada um viria de um lugar e eu teria que passar na casa dos meus pais (mais conhecido por mim como “o inferno na terra”) antes de ir pra lá, bem pelo menos eu poderia pegar algum vestido mais chique do que os que estão no Hospício, principalmente porque Ino já deve ter fuçado todos eles e agora devem estar amassados e amotinados sobre a minha cama.

            –Aiai. – Ouvi Hanabi suspirar, finalmente quieta em seu acento, depois de cansar de me espionar, olhando para a tela do próprio celular.

            –Cansou de ser uma praga? – Perguntei.

            –Olhar pra ele me acalma. – Respondeu ela, alisando a tela do próprio celular como uma retardada mental. Parecia eu sonhando com o Naruto, cruzes. Só falta o monstrinho estar apaixonado agora.

            –Tá apaixonadinha? – Perguntei por maldade e ela corou. Essa coisa tem vergonha na cara agora? Mas que surpresa.

            –É mais um amor platônico na verdade. – Ela falou com alguma tristeza e eu quis sentir pena, mas a vontade era rir até não poder mais. – Ele nem deve saber que eu existo. – Suspirou novamente.

            –Quem é? – Questionei, me controlando para no zombar dela por ser mal amada. Desde quando eu sou tão má?

            –Ele é da sua faculdade, talvez você pudesse me ajudar.

            –Quem? – Perguntei, dessa vez mais interessada e ela virou o celular me permitindo ver a foto e eu quase engasguei.

            –Naruto Uzumaki.

            –Vai sonhando, queridinha!

 

 

 

Mansão da Akatsuki – Escritório Principal

 

Kakashi POV’s on

 

            –... mas o Deidara-senpai disse que o pote de doce ficava no lugar mais alto do armário justamente para que o Tobi não pegasse. – Explicava o mascarado, em sua gesticulação exagerada e espontânea, e eu ri, sabendo que seu humor derivava do humor alheio, explicando porque ele fazia tanta questão de manter todos ao seu redor felizes.

            Estava conversando com Tobi a mais de uma hora e entender a evolução de sua segunda personalidade era de suma importância para qualificar até que ponto ela poderia ajudar ou ser destrutiva. A personalidade “Tobi”,cultivada em um ambiente exclusivamente animado e tolerante, feliz e infelizmente, mostrava-se cada vez menos depressiva. Isso era bom por mostrava que pelo menos uma das suas personalidades era de alguma forma saudável, por outro lado quanto mais segura fosse a marcara, menores a chances de que Obito escolhesse tira-la algum dia.

            O que me levava a segunda parte da consulta...

Sentei-me no divã ao lado dele com excessivo cuidado para as próximas ações.

            –Tobi, foi muito bom conversar com você hoje e eu fico muito feliz que esteja se dando bem com todos os seus amiguinhos,mas precisamos nos despedir agora. – Falei de forma gentil, porém incisiva, vendo-o encolher-se minimamente com medo do que viria a seguir e esse era o único momento em que ambas as personalidades se conectavam de alguma forma, pois o Tobi apenas não temeria qualquer contato ou proximidade.

            Levei minha mão direita até a máscara, sentindo-o retesar todo o corpo sob meu toque, porém sem ousar fugir como se uma parte dele ainda gritasse por liberdade.

            –Obito. – Falei colocando a máscara de lado, enquanto o Uchiha despertava a minha frente.

            –Kakashi... – Sussurrou ele, virando o rosto com timidez para o lado, procurando esconder naturamente as cicatrizes. Como se eu me importasse com elas...

            –Eu senti sua falta. – Não consegui evitar dizer, como não pude hesitar em levar meus dedos ao seu queixo, puxando seu rosto e obrigando-o a me encarar. – Já conversamos sobre você se esconder de mim.

            –Eu não posso evitar... – Respondeu, acanhado, recusando-se a olhar em meus olhos.

            –Você sabe que não me importo com as cicatrizes. – Declarei, vendo-o fechar-se novamente em sua melancolia constante.

            –Não são só as cicatrizes, é tudo o que vem com elas.

            –Eu estou aqui para lidar com isso e com tudo que venha de você. Eu estou aqui para você. – Quão anti profissional é se apaixonar por um paciente?

            –O Itachi já sabe, não é? – Foi mais uma afirmação do que uma pergunta.

 

            “–Tem certeza de que isso vai funcionar? – Perguntei a Itachi, incerto sobre sua proposta de hipnose.

            –Só depende de você. – Ele respondeu com total tranquilidade.

            –O quê? – Levantando-me, indignado. – Eu não tenho toda essa experiência com hipnose. Não sou qualificado pra isso. – Declarei, não querendo de maneira alguma expor Obito como cobaia.

            –Ninguém se importa com ele tanto quanto você. Você vai fazer dar certo.”

             

            Lembrei-me das palavras exatas que Itachi havia usado no dia da Hipnose e decidi responder com sinceridade.

            –Acredito que sim, ele te perguntou alguma coisa? – Questionei, um pouco preocupado.

            –Não, mas você não está nem ao menos tentando fingir que é apenas meu médico. – Ironizou, confirmando que o sarcasmo é mesmo a marca registrada de todo Uchiha, seja ele quem for.

            –Como se isso tivesse dado certo em algum momento. – Ri, respondendo com a mesma ironia, novamente sem poder me controlar ao passar os braços ao redor do seu corpo.

            –E acho que não vai dar certo nunca. – Ele me encarou com toda a ousadia que seu sangue carregava, mas ainda inseguro demais em sua situação para dar o primeiro passo, que, infelizmente, nunca partia dele. Eu, por outro lado, não pensei duas vezes antes de selar meus lábios aos dele.

 

 

 

Mansão da Akatsuki – Garagem

 

Pain POV’ on          

 

            –No fim, o quarto era imenso e com vários ambientes, poderíamos até ter levado a sua amiga Hana. – Falei, apertando o controle remoto para que os portões da garagem se abrissem, lembrando-me da garota da festa, preocupado que Konan mantivesse seus amigos do orfanato, sabendo o quanto aquilo era importante para pessoas como nós.

            –Se ele soubesse que a Hana nem existe... – Ouvi-a sussurrar em meio a uma risada.

            –O quê? – Perguntei, pensando ter ouvido errado.

            –Nada, amor. Eram as nossas férias, tínhamos que ser só nós dois. – Disse por fim e eu não tinha como contrariar já que concordava em essência com aquilo. – Tem certeza de que pegou tudo quando fez as malas? – Perguntou, em meio a um bocejo.

–Acho que não esqueci nada dessa vez. – Falei ao estacionar, virando-me para Konan, ainda sonolenta depois de ter dormido praticamente a viagem toda de volta.

            –Eu, por outro lado, nem consegui encontrar minha calcinha naquela mesa de Poker. – Respondeu ela, massageando novamente as têmporas, provavelmente ainda com dor de cabeça depois do porre.

            –Eu ainda não consigo acreditar que você tenha feito aquilo. – Ri, lembrando da cena dela completamente nua, dançando em uma taça de champagne gigante.

            –Shh. – Sussurrou ela, com o indicador sobre os lábios, indicando silêncio. – O que acontece em Vegas, fica em Vegas. – Ela sorriu e eu a beijei, sem nunca conseguir evitar os lábios dela. Céus, eu amo essa mulher!

            –Bem que poderíamos ter nos casado. – Brinquei, mas com o fundo, o meio e a tampa de verdade.

            –Queria jurar seus votos ao Elvis? – Perguntou, caindo na risada e eu a acompanhei, recostando a cabeça no couro do banco, com preguiça, assim como ela, sem a menor vontade de sair dali, como se descer daquele carro nos levasse de volta à realidade e assim que pisássemos fora dele, as férias estariam oficialmente acabadas.

            –Eu juraria meus votos pra uma pedra, desde que eles me unissem a você.

            –E pra um pedaço de papel? – Perguntou ela, de repente, fuçando o porta luvas atrás de uma folha qualquer.

            –O quê? – Perguntei sem entender.

            –Juraria pra um pedaço de papel? – Questionou novamente, enquanto dobrava a folha rapidamente com o talento que só ela tinha para origamis.

            –Claro...? – Respondi meio incerto, sem saber o que ela pretendia, mas ela apenas sorriu continuando a dobrar até que um anjo de papel de formasse.

            –Pronto! – Falou animada, tirando um grampo do cabelo para prender o anjo ao penduricalho do espelho retrovisor a nossa frente. – Já podemos começar. – Disse, tirando a flor branca do cabelo e segurando-a entre os dedos para então iniciar seu discurso. – Eu, Konan, prometo que vou – ela se virou para mim, segurando minhas mãos entre as suas, enquanto eu tentava encontrar a noção do que fazer com a boca que não fosse aquele sorriso estúpido esculpido no meu rosto, completamente sem palavras – cuidar dos seus machucados depois das brigas mesmo que você diga que nem está doendo; te ajudar a tirar todos os 47 piercings todas as vezes que você precisar ir ao banco; te acordar meia hora antes de qualquer compromisso mesmo que você diga que só precisa de cinco minutinhos; prometo fingir que não sei dos seus trâmites com o Itachi, mesmo que você seja um péssimo mentiroso; prometo não te culpar pelas besteiras que você fizer nos meus sonhos; prometo ficar do seu lado, mesmo quando todas as circunstâncias apontem pra você; e, acima de tudo, prometo te amar mesmo que doa. – Quando ela terminou meus olhos estavam úmidos com algo que eu reconheci como acúmulo de suor masculino nas pálpebras. – Sim! Eu te aceito como meu legítimo esposo! – Concluiu, tirando nossa aliança de compromisso da minha mão direita, colocando na esquerda em seguida, dando tudo por resolvido.

            Eu limpei a garganta, segurando as mãos dela, mas sinceramente não fazia nem ideia de por onde começar. Eu sequer sabia como administrar o que sentia, era como o meu melhor sonho virando realidade.

            –Eu, Yahiko, – ela me olhou desconfiada e eu ri – quer dizer, Pain. – Ela riu satisfeita e eu estava novamente perdido no sorriso dela, sem a mais vaga memória de como minhas cordas vocais funcionavam, mas me concentrei, sabendo que eu precisava encontrar uma forma de exteriorizar pelo menos um décimo do que estava sentindo. – Prometo não me irritar quando você se distrair e começar a fazer origami com todos os meus documentos, contratos, certidões, multas, cheques, jornais, certificados... – Ela corou envergonhada e eu ri. – Enfim, acho que a lista é meio longa... – Ambos sorrimos e eu continuei. – Prometo não prestar atenção no relógio quando você disser que já está quase pronta e prometo dizer que você está linda quantas vezes forem necessárias até que você se dê por satisfeita com alguma roupa, afinal, eu vou estar sendo sincero; Prometo que vou procurar o bem nas pessoas, mesmo quando só você for capaz de ver; Prometo que vou melhorar quem eu sou até que eu consiga dizer que mereço você, não que eu acredite que esse momento vá chegar algum dia; Prometo que vou enxugar todas as suas lágrimas, mesmo que não tenha a menor intenção de deixá-las cair; e, acima de tudo, eu prometo que vou te amar e te proteger mesmo que a dor me consuma. – Tirei também a aliança de compromisso da mão direita dela, colocando em sua mão esquerda, enquanto ela sorria, radiante, girando a rosa branca entre os dedos. – Sim! Eu definitivamente te aceito como minha legítima esposa! – Exclamei com um sorriso maior que o rosto, tentando não chorar de novo e ela me beijou, jogando a pequena flor no banco de trás como se fosse um buquê.

            Ela é perfeita.

 

 

 

Ruas de Konoha – 23:00

 

Sasuke POV’s on

 

            Eu ainda não havia recuperado o gosto por dirigir o Mercedes, mesmo sabendo que ele poderia correr tanto quanto um Porsche, talvez mais, muito mais, mas ainda assim não era o MEU carro, era só o meu carro...

            Parei no sinal vermelho, apenas para me contrariar, deixando os pedestres passarem com desgosto. Bem, parece que o Little Bastard se foi, então é melhor eu começar a gostar desse carro de novo ou comprar um novo, porque eu não posso mais entrar em depressão toda vez que for sair de casa.

            O sinal abriu e eu parei de pensar sobre o assunto, acelerando de uma vez em direção a boate. Pelo menos a Ino havia se dado ao trabalho de guardar uma vaga pra mim, uma excelente vaga, aliás, bem ao lado da entrada VIP.

            Estacionei então no espaço em frente a placa na qual estava escrito “Uchiha”, afinal não acredito que qualquer outra pessoa do meu clã estivesse pensando em vir, e entrei.

            –Estamos te esperando há quase uma hora, Bastardo! – Gritou a Yamanaka, atrás da bancada da recepção, cercada por Gaara (escorado em uma parede, entediado e provavelmente contando os segundos para entrar e começar uma briga), Neji e Tenten (que literalmente se roçavam em um canto, nem um pouco preocupados se alguém estava olhando), Naruto e Hinata (achando que estavam apenas abraçados, quando na verdade também se roçavam deliberadamente) e uma perna do Sai (a que não coube atrás do balcão quando ele se escondeu ao me ver; eu já falei que não ia bater nele e não vou, mas é melhor mesmo ele não mostrar a cara na minha frente depois de quase ter matado a Sakura afogada). E por falar em Sakura, nada dela ainda...

            –Não precisava me esperar. – Respondi. – E esses quatro precisam procurar um quarto urgentemente. – Comentei, apontando para os nossos amigos com hormônios demais.

            –Eles não se veem há mais de um mês, paciência. – Falou Gaara.

            –Então deveriam estar em algum lugar trepando e não aqui. – Sugeri, alto para que os quatro ouvissem, mas estavam tão entretidos em seus ósculos nojentos que não escutaram ou simplesmente decidiram ignorar.

            –Eles vieram porque, diferentes de você, eles são bons amigos! – A loira me acusou e eu franzi a testa pra ela. Desde quando minha presença importa tanto? Estava preparando uma resposta do tipo “eu não faço parte do clubinho”, mas ouvi a porta acolchoada da balada ser aberta e o cheiro forte de rosas intoxicar o ambiente, quando olhei para trás havia apenas a calda de um vestido vermelho, sumindo no vão antes da porta se chegar novamente.

            –Enfim. – Falei simplesmente para Ino, já indo em direção a porta, passando a língua nos dentes, sem conseguir me impedir de ficar excitado com o desafio iminente. Olha só quem resolveu aparecer...

            –Sasuke, espera. – Chamou a loira pela segunda vez, fazendo o ruivo bufar ao lado dela. – Você não pegou seu Open de Ciroc. – Falou ela com desdém, balançando a pulseira VIP que deveria dar acesso ao Camarote.

            –Me poupa, Ino. Eu sou um Uchiha. – Observei o óbvio, fazendo-a se lembrar de que eu não preciso de passes para entrar em qualquer lugar, eu simplesmente entro.

            Finalmente empurrei a porta preta de espuma, entrando no corredor escuro no momento em que a música parou, deveria ser uma troca de Dj’s, mas na última curva antes da pista “Sugar” do Robin Schulz começou a tocar no mesmo instante em que avistei a calda vermelha do vestido pela segunda vez. Agora ela não me escapa. A persegui até a pista totalmente decidido. Aqueles lábios vermelhos serão meus...

            O único problema era que todos os lábios femininos da festa eram vermelhos...

 

She's got cherry lips, angel eyes

She knows exactly how to tantalize

 

(Ela tem lábios de cereja, olhos de anjo

Ela sabe exatamente como te atormentar)

 

            Aquilo não era só uma balada, era uma grande armadilha.

            A atmosfera escura e abafada, onde as luzes piscavam incansáveis e festim voava para todos os lados, surpreendentemente, e para o meu terror, não era um amotinado de corpos se batendo no ritmo de musica e o ar não estava carregado de álcool; o ar estava impregnado de rosas e todas as mulheres com o mesmo perfume desfilavam pela pista, quase em exposição, como se esperassem alguma coisa: a minha chegada.

            Todas as dezenas de pares de olhos verdes, falsos e verdadeiros, me encararam e todas, absolutamente todas, usavam vermelho.

            Desse jeito vai ser difícil encontrar a verdadeira...

           

She's out to get you, danger by design

Cold blooded vixen, she don't compromise

 

(Ela está solta para ter pegar, perigosa por natureza

Megera de sangue frio, ela não se compromete)

 

E vai ser ainda mais difícil se eu não começar procurar.

            Mergulhei no mar de rosas vermelhas, procurando a flor diferente, aquela que tinha o cheiro mais doce. E elas vieram todas de uma vez, mas de perto era fácil reconhecer e com apenas uma olhada em suas íris não tão verdes quanto deveriam, eu já podia descarta-las.

            –Sa-su-ke! – Gritou a mulher que eu reconheci ser a Karin, quando ela se jogou nos meus braços. – Fiquei sabendo que gosta de vermelho. – Falou, praticamente esfregando os seios na minha cara ao mostrar seu vestido, quase que completamente igual ao de todas as outras.

            –Aparentemente você não foi a única que soube dessa informação. – Respondi, com sarcasmo, afastando-a pelos ombros para me esgueirar para o bar, agarrando a primeira garrafa de Ciroc que encontrei, vendo o barman rir da minha situação naquela festa. Engoli os três primeiros goles pedindo por orientação divina e os cinco outros que se seguiram foram apenas pelo hábito, havia deixado claro que não falaria com nenhum delas naquele momento, mas Karin é uma figurinha bem insistente.

            –Você ainda não disse o que achou do meu vestido. – Pronunciou-se novamente, sentando-se a minha frente com as pernas abertas.

            –Ele é exatamente igual ao de todas as outras, aliás, que merda é essa? Vermelho está na moda, baniram as outras cores ou só estava na promoção? – Perguntei de uma vez, tentando entender aquela palhaçada. Isso é obra da Ino?

            –Você não achou que o fato de o Sr. Eu Ignoro Todas as Mulheres Uchiha ter perseguido uma mulher de vermelho na festa de fim de ano fosse passar despercebido, não é? – Ela declarou aquilo como se fosse absolutamente óbvio, e talvez até fosse para quem tem facebook ou sei lá, mas eu não estava nem perto de entender do que ela estava falando.

            –Quê? – E minha resposta evidenciava o meu estado de espírito.

            –Sasuke, meu amor, – ela começou, como se estivesse tentando ensinar semântica a uma criança de 6 anos – todo mundo viu que a única mulher que já chamou sua atenção na história estava de vermelho, tinha cabelo preto, olho verde e cheirava a rosas, você acha mesmo que alguém perderia a chance de te impressionar? Bem, infelizmente, todas essas cadelas resolveram me imitar no mesmo dia, se fosse só uma ou duas eu poderia sumir com os corpos antes que você chegasse, mas já que são todas... – Ela chegou a rosnar, passando o indicador na parte superior do nariz e arrependendo-se ao lembrar que estava com lentes verdes (muita falsas) e não de óculos.

            –Tá. – Respondi simplesmente, indo ao que interessava. – Mas a verdadeira está por ai?

            –Você não percebeu? – Questionou, fingindo-se de indignada. – Eu sou a verdadeira. – Ela disse aquilo como se fosse óbvio e eu não sabia se ria, chorava ou vomitava, preferi me retirar.

            –É, quase isso. – Ela ainda tentou esticar sua ladainha, mas eu já estava longe, afinal tenho certeza que a mulher na entrada era ELA, e ela ainda devia estar por aqui.       

            Atravessei então a pista de dança, tentando desviar daquela cena de crime que eram todas aquelas caldas de vestidos vermelhos sendo arrastados pelo chão, para entrar na área VIP (que estava exatamente igual), a fim de subir as escadas do Camarote e procurar de cima.

Algumas outras piranhas se aglomeraram a minha volta por ali (sério, eu não sei o que está acontecendo com essas mulheres essa noite, a maioria delas já era afim, boa parte eu já peguei e a outra parte pagaria sem muito esforço, mas aparentemente o fato de saberem que eu quero uma pessoa específica está deixando-as completamente loucas), mas não dei atenção a elas, olhando fixamente para baixo, pois tinha certeza que ela estava na pista. No lugar mais difícil de ser pega... Nas luzes pulsadas... Bem no centro e... Achei. Você não pode fugir pra sempre, docinho.

 

She's something mystical in colored lights

So far from typical, but take my advice

Before you play with fire, do think twice

And if you get burned, don't be surprised

 

(Ela é um coisa mística em luzes coloridas

Tão longe de ser comum, mas escute o meu conselho

Antes de brincar com fogo, pense duas vezes

E se você se queimar, não fique surpreso)

 

            –Vai a algum lugar, Cherry? – Perguntei em inglês, gostando daquele jogo, e puxando-a pela cintura, quando ela tentou fugir, percebendo minha aproximação tarde demais, ou talvez ela quisesse ser pega...

            –Está me perseguindo, Sr. Uchiha? – Questionou ela, com ousadia, arreganhando os lábios de sangue em uma risada cretina.

            –Agora sabe quem eu sou? – Ironizei, prensando o corpo dela ao meu, enquanto dançávamos.

            –Sua fama de rebelde é meio vasta. – Ela riu. – Mas você não parece rebelde pra mim.

            –O que eu pareço pra você?

            –Apenas um playboy mimado, com faminha de badboy. – Ela está me testando, corajosa. – Só mais um gangster de papel. – Eu fui obrigado a rir e os olhos dela permaneceram audaciosos até que eu a virasse na pista, puxando-a pelos braços contra o meu corpo novamente, mas dessa vez de costas, mantendo as mãos dela cruzadas em seu tronco, evitando que ela escapasse, então afastei os fios negros que cobriam seu pescoço, inalando seu cheiro doce, seu verdadeiro cheiro, antes de sussurrar em seu ouvido:

            –E você é uma rebelde de verdade? – Ela se arrepiou com o meu hálito contra sua pele, soltando um gemido quase inaudível.

            –Está disposto a descobrir? – Perguntou, virando apenas o rosto, deixando minha boca a milímetros da dela.

            –Sim. – Respondi, pronto para finalmente beijá-la, mas ela apenas sorriu novamente, erguendo minhas mãos com as dela e escapando por baixo em um giro.

            –Então vai ter que me pegar. – Ela falou em japonês dessa vez, antes de piscar pra mim e simplesmente sumir novamente na multidão.

 

Got me lifted, drifted higher than the ceiling

And ooh baby it's the ultimate feeling

You've got me lifted, feeling so gifted

Sugar how you get so fly?

 

(Ela me levantou e me fez flutuar até o teto

E ooh baby, é a melhor sensação

Você me deixou nas nuvens, me sinto privilegiado

Docinho, quando você ficou tão estilosa?)

 

            Eu aceitei o desafio sem pensar, mas aparentemente eu não fazia a menor ideia de onde estava me enfiando. A última meia hora foi um terror, era quase impossível encontra-la naquele ambiente escuro onde todas as mulheres estavam exatamente iguais a ela, e quando eu a encontrava, ela fugia novamente me assoprando um beijou e rindo quando as outras garotas me impediam de segui-la, já que não demorou até que todas as pessoas da festa entendessem o que estava acontecendo e deliberadamente tentassem me impedir de concluir meu objetivo. Bom, eu cansei dessa merda, está na hora de apelar.

            Fui até um dos camarotes do térreo e simplesmente o abri, tirando a trava de segurança, então caminhei até um dos sofás de camurça vermelha, sentando-me no centro dele e erguendo a garrafa de Ciroc da qual bebia (já era a terceira).

            –Alguém aceita uma bebida? – Minhas ações tiverem o efeito desejado e logo uma porrada de mulheres de vermelho estavam aglomeradas em cima de mim em todos os cantos daquele sofá, em cima, atrás, dos lados, uma delas (a mais bêbada, imagino) chegou a ajoelhar no chão a minha frente, alisando minha coxa, pronta para começar a me chupar ali mesmo, e devo admitir que por um instante aquela ideia me pareceu imensamente tentadora nas circunstâncias em que me encontrava, mas a missão era outra.

            Assim que a pista foi se esvaziando, tanto das piranhas que vieram pra cima de mim, quanto dos caras que vieram pra cima da minha bebida, foi muito fácil encontrar a única mulher de vermelho no centro da festa. Finalmente. A original. E dessa vez era o fim da linha pra ela.

 

Sweet talking lady, love how you entice

Sugar, with just the right amount of spice

Charming alluring everyone's desire

I’m out to get you

You can't run, you can't hide

 

(Moça na fala doce, adoro como você atiça

Docinho, com a quantidade exata de tempero

Enfeitiça, seduz, é o desejo de todo mundo

Eu estou solto para te pegar

Você não pode fugir, você não pode se esconder)

 

            Sair do meio daquelas mulheres foi um parto, mas, finalmente livre, fui direto para ela, segurando-a antes que pudesse escapar de novo e guiando-a (não tão gentilmente) para o Camarote do outro lado do térreo, mantendo a trava muito bem fechada dessa vez, antes de levá-la comigo para o lugar mais afastado, atrás da cortina púrpura aveludada, prensando-a contra a parede.

            –Parece que eu venci. – Falei, com a presunção tipicamente Uchiha e essa foi a primeira vez que eu vi seus olhos fraquejarem por trás dos fios negros.

            –Parece que eu não devia ter te subestimado. – Ela tentou manter a ironia, mas seu sorriso fraquejou com a proximidade e eu já podia sentir em seu hálito o cheiro do Black Russian. Minha bebida favorita.

            –Não, não deveria. – Minha mão que a segurava contra a parede foi diretamente para sua cintura, trazendo-a para perto, enquanto a outra escorria por seu pescoço, maneando seu queixo e eu só a beijei quando seus olhos se fecharam.

            Nossas línguas dançaram em valsa lenta e o beijou foi muito mais profundo do que eu pensei que seria. As unhas dela se fecharam nos meus braços e ela gemeu contra os meus lábios, entregue, fazendo com que eu a segurasse com mais força quando seu corpo se tornou mole. O beijo acabou com entorpecência e quando eu voltei a encará-la seus olhos estavam cheios de lágrimas e eu a soltei imediatamente.

            –Você es... – Eu tentei perguntar o que estava acontecendo, mas ela balançou a cabeça em um sorriso melancólico, engolindo o choro.

            –Você ganhou. – Foi tudo que ela disse, antes de passar por mim e desaparecer novamente, indo embora.

           

Sugar, sugar how you get so fly?

 

(Docinho, docinho, quando você ficou tão estilosa?)

 

Empurrei as portar acolchoadas da balada, atravessando o hall às pressas, saindo atrás dela lá fora, apenas para receber a chuva torrencial sobre a cabeça. Não havia ninguém lá fora e ela já havia sumido, mas não estava disposto a desistir, ela não poderia ter ido muito longe.

            Contornei o prédio, indo para o estacionamento e dei algumas voltas por ali tentando encontrá-la, mas não achei ninguém, então peguei a Mercedes, indo procurá-la de carro. Dei umas três voltas no quarteirão antes finalmente avistá-la no ponto de taxi, totalmente na contra mão, mas enfiei o carro de ré no meio da viela e desci ao perceber que ela não entraria sozinha.

            Ela estava meio desolada, em pé e descalça sob a chuva, com a maquiagem borrada, segurando o salto quebrado na mão enquanto esperava, olhando para o nada e só então eu percebi que ela se quer tinha notado a minha presença até aquele momento.

            –Deixa eu levar pra casa. – Falei, me aproximando por trás, assustando-a inicialmente, mas logo ela constatou minha presença, imediatamente melhorando a expressão e recuperando sua dignidade para me responder com firmeza.

            –Não, obrigada. – E voltou a olhar para frente, me ignorando como eu sabia que faria.

            –Vai ficar doente. – Comentei, enfiando as mãos no bolso, com a menor pressa de sair dali.

            –E porque isso é problema seu? – Perguntou, ainda sem vontade de me encarar.

            –Porque eu me importo com você. – Respondi o óbvio e ela finalmente me encarou, fingindo-se de desentendida.

            –Você nem me conhece. – Fui obrigado a gargalhar, lembrando-me da festa de fim de ano.

 

            "–Hi, cherry. – Sussurrei em seu ouvi, sentindo seu perfume forte de rosas, mas seu cheiro doce era inconfundível, enquanto seu corpo endurecia a minha frente e ela finalmente se virou para mim.

            Ela era mais que linda, ela era surpreendente."

 

            –Tudo bem. – Falei, alcançando o limite da minha paciência. – Cansei desse joguinho.

            Deu um passo a frente, empurrando-a contra a parede do prédio na qual ela se escorava puxando sua peruca preta de uma única vez, como gostaria de ter feito dois meses atrás quando ela começou com esse disfarce, permitindo que os fios rosados de seu cabelo escorressem com a chuva por suas costas, e ela me encarou completamente chocada.

            –Você...? – Ela não conseguiu terminar a frase, cobrindo os lábios com as mãos.

            –Você acha mesmo que conseguiu me enganar só por um minuto? – Perguntei, indignado com a ingenuidade dela.

            –Você sabia o tempo todo? – Questionou e eu podia ver a raiva surgindo nos olhos verdes, tão verdadeiros agora.

            –Sakura, não importa quanto perfume de rosas você passe, você ainda tem cheiro de cereja; não importa quanto batom de morango, você tem gosto de cereja; Não importa que roupa você vista, eu conheço seu corpo; e, acima de tudo, não importa quanta frieza você consiga colocar nos olhos, porque ainda são seus olhos e sei onde minha jurisdição termina. – Declarei por fim.

            –Esse é o seu jeito de dizer que conhece sua propriedade? – Perguntou, ofendida.

            –Esse é o meu jeito de dizer que você é minha. – Aquela conversa já estava me cansando. – E entra logo nesse carro. – Esbravejei, soltando-a.

            –Já disse que não, Sasuke. – Ela bateu o pé com petulância, escorando-se novamente na parede, determinada a me irritar. – Você já me desmascarou, agora me deixa em paz!

            –Na boa, qual era o seu plano? – Perguntei, ainda tentando entender até onde iria aquela palhaça.

            –Fazer você se apaixonar por mim e depois pisar em você. – Respondeu simplesmente, com cinismo.

            –E pra isso você precisava me enganar? – Segui a linha de raciocínio ridícula com sarcasmo.

            –Eu achei que estava enganando... – Sussurrou a contra gosto, voltando a olhar pra frente.

            –Se você realmente tivesse conseguido me fazer acreditar que era outra pessoa, seu plano nunca daria certo. – Ri, deixando a minha irritação transparecer.

            –E porque não? – Perguntou, indignada.

            –Porque eu nunca me apaixonaria por outra pessoa. – Ela me encarou completamente chocada e eu engoli em seco ao me dar conta da declaração que havia feito. – Entra logo no carro. – Rosnei por fim, com cansaço e, dessa vez, ela obedeceu.

           

           

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!

Bjuss!! =* Até o próximo capítulo!


Leiam também minha outra fic, Quando Eu Era Um Filhote, que conta a história dos mesmo personagens, porém durante a infância, lembrando que as duas fics se relacionam cronologicamente, mas são completamente independentes:
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-naruto-quando-eu-era-um-filhote-5084844


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