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História Vivendo a Vida Um Porre de Cada Vez - Desejos...


Escrita por: Karinaisa

Notas do Autor


Oi, gente, me perdoem pela demora, é que eu estive enrolada com as provas da facul, mas agora as coisas vão ficar mais tranquilas e eu espero conseguir postar mais rápido!
Mas de qualquer forma eu queria dizer pra vocês não se preocuparem, pois pode demorar, mas vai sair! Eu não abandonaria vocês!
Boa leitura!!

Capítulo 27 - Desejos...


Fanfic / Fanfiction Vivendo a Vida Um Porre de Cada Vez - Desejos...

Come, come, fly into my palm

And collapse

Oh oh, suppose you'll never know

Nobody knows where they might end up

Nobody knows

Nobody knows where they might wake up

Nobody knows

(Psapp - Cosy In The Rocket)

 

 

Universidade de Konoha – 09:45

 

Ino POV’s on

           

            –O que é isso? – Perguntei, me referindo a coisa vermelha que Sasuke comia, enquanto caminhava ao seu lado (leia-se: corria atrás dele) pelo pátio da faculdade.

            –Um tomate. – Respondeu simplesmente, como se fosse absolutamente normal.

            –Um tomate? Sério? Porque você não pode ser um pouco mais normal e comer uma fruta como todo mundo?

            –Ino, tomate é uma fruta. – Mas heim?

            –Você é estranho! – Exclamei por fim e ele finalmente parou para me encarar.

            –Sabe, você tem razão. Eu sou mesmo estranho, se eu fosse você não deixaria que me vissem andando comigo por ai, pode prejudicar a sua reputação. – Falou ele, com sarcasmo, antes de me largar falando sozinha e me dar mais um perdido.

            Bastardo maldito!

            Bem, basicamente depois do fiasco de noite romântica entre ele e a Testuda, Naruto e eu resolvemos bancar os cupidos, mas ninguém disse que seria fácil. Primeiro porque o Sasuke é naturalmente evasivo e depois porque até mesmo a Sakura resolveu ficar arisca, tanto que ela acordou mais cedo e veio de ônibus pra faculdade só para não ter que ouvir nenhum dos meus maravilhosos planos de como coloca-la de volta na cama do Bastardo, o que, obviamente arruinou nossos planos de chegada triunfal e todas as piranhas, assim como, viemos pra faculdade com cara de múmia, ai que terror!

            –E então? Descobriu alguma coisa? – Perguntou Naruto, juntando-se a mim, a caminho da mesa onde nossos amigos comiam.

            –Bem, o Sasuke come tomate no café da manhã. Fora isso, nada. – Respondi com desanimo. – E você?

            –Sakura está fugindo de mim como o diabo foge da cruz. – Respondeu, não mais feliz do que eu.

            –Sakura está fugindo de todo mundo. Não que seja fácil pra ela se esconder vestida como um esquimó. – A testuda desenterrou todos os moletons de inverno ontem e desde então tem se vestido como se estivesse no inverno russo.

            –Verdade, tá calor, qual é a do moletom? Algum tipo de ritual feminino? – Eu ia responder que a esquisitice do Sasuke talvez fosse sexualmente transmissiva, mas Sai, roubou minha vez de falar, sumonado do inferno, nos agarrando pelos braços.

            –Eu digo qual é a do moletom. – Falou a bicha, praticamente se pendurando em nossos braços. – Insegurança pura. Ela deve se sentir feia, gorda e esquisita, por isso não quer se mostrar nem chamar o mínimo de atenção, mal sabe ela que está fazendo o exato oposto.

            –Isso foi cruel, Sai. – Falei, mas ele apenas continuou sua explanação.

            –Ou talvez ela só queira algo confortável por ainda estar dolorida. Meu Kami, o pau do Sasuke deve ser...

            –Tá, chega de teorias. – Dessa vez foi Naruto que o fez calar a boca. – Aqueles dois precisam se resolver logo. Eu vou procurar o Teme. – Avisou o Uzumaki, já se retirando.

            –E eu vou atrás da testuda. – Falei, indo para o lado oposto, largando a bicha maldosa sozinha.

 

 

 

Sakura POV’s on

 

            Não é que eu queira me afastar, eu só não quero ficar perto... Ok, isso não faz o menor sentido... Mas não é como se qualquer coisa fizesse.

            Eu deveria estar feliz, eu acho...

            –Finalmente achei você, vadia fujona.

            –Ino! – Droga, ela me pegou.

            –Não, não, a sua avó. Lógico que sou eu. – Falou ela, me arrastando pelo corredor. – Agora vem, precisamos comer.

            –Eu já comi, acho que vou para o auditório pegar um bom lugar pra palestra de volta as aulas. – Disse, tentando escapar, mas ela apenas me puxou com mais força.

            –Essas palestras são um saco, e eu já tô cansada de você fugindo. Chega dessa palhaçada, vem logo.

            Vendo que discutir não adiantaria grande coisa, resolvi ir com ela, como se houvessem outras opções...

            O refeitório estava mais lotado do que de costume e a porca fez questão de passar sorrindo e rebolando bem pelo meio, fazendo Sai revirar os olhos pra ela, quando chegamos a mesa em que sempre sentamos. Tenten, Neji e Gaara não deram muita atenção a nossa chegada, aparentemente ocupados com as novas camisetas do time de futebol e Hinata veio falar comigo. Graças a Kami, nenhum sinal do lobo ou da raposa.

            –Você está bem? – Perguntou Hinata, segurando a minha mão com alguma preocupação. – Você sumiu.

            –Estou, Hina. Só acordei mais cedo e resolvi vir logo. – Ela fez cara de “até parece”, mas sendo quem é, apenas me deu um sorriso compreensivo em seguida.

            –Sakura-chan! – Droga! Estava muito bom pra ser verdade.

            Tentei me esquivar do Naruto, mas foi uma péssima decisão já isso me fez bater de frente com o Sasuke.

            –Ah... Oi. – O cheiro dele me invadiu arrepiando todos os pelos do meu corpo e eu apertei o moletom ao redor dos braços por instinto, recuando um passo antes de conseguir gaguejar o cumprimento.

            –Oi. – Ele fez questão de erguer o meu queixo para analisar minha expressão, me obrigando a olhar pra ele. – Com frio? – Perguntou, e eu demorei alguns instantes pra entender que ele falava da minha blusa gigantesca, mas o que me surpreendeu foi a seriedade dele, a expressão firme e os lábios fechados. Deve ser a primeira vez que ele se dirige a mim sem um sorriso cretino. Acho que sinto falta...

            –Sim... Eu... eu devo estar ficando resfriada ou algo assim. – Recuei mais um passo e ele tirou a mão do meu rosto, maneando a cabeça para o lado com cansaço e então o sorriso cretino finalmente apareceu, só que dessa vez com um ar rancoroso.

            –Desculpe, eu esqueci de fechar a janela quando dormimos juntos. – Todos os nossos amigos se calaram e olharam na nossa direção, me fazendo desviar os olhos de vergonha, e ele apenas cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha pra mim como se esperasse que eu dissesse alguma coisa.

            –Pois é, – eu ri, sem graça, tentando sair da situação com naturalidade, – que descuido nosso.

            –Como se você fosse se lembrar da janela, vivendo seu maior sonho. – Sai fez seu comentário venenoso e o Sasuke literalmente rosnou pra ele, fazendo-o se encolher quietinho num canto.

            –Oh, sim. Sonhos... – Falou o Bastardo com um sorriso maldoso. – Você costuma ter sonhos muito agitados, não é, Sakura? – O que ele estava insinuando?

            –Como assim? – Perguntei, realmente não entendendo o que aquilo significava.

            –É, ela tem. – Foi Ino quem respondeu, rindo e obviamente tentando aliviar o clima absolutamente tenso. – Espero que você não tenha descoberto isso da mesma forma que eu. – Falou ela para Sasuke, tentando tirar a atenção dele de cima de mim pra que eu conseguisse respirar, mas sem sucesso.

            –Eu também espero que não. – Ele nem ao menos desviou os olhos para responder e suas íris estavam me paralisando.

            –Do que vocês estão falando? – Perguntou Naruto, descaradamente se colocando entre Sasuke e eu para romper o contato visual ao perceber o meu desespero.

            –Nada. – Ele piscou os olhos de abismo de repente, parecendo atormentado, e sua expressão voltou ao nilismo total antes que ele simplesmente nos desse as costas e saísse andando.

            –Que porra foi essa? – Perguntou Gaara, depois de um minuto de silêncio, enquanto todos nós observávamos o Sasuke atravessar o refeitório até se enfiar em algum corredor e desaparecer.

            –Tensão sexual. – Respondeu Neji, como se estivesse cometendo pleonasmo em verbalizar o óbvio.

            –Merda. – Bufou o loiro antes de sair atrás do melhor amigo e eu me aproveitei do momento de torpor para fugir também.

 

 

 

 

Naruto POV’s on

 

            –Que merda de cena foi aquela? – Perguntei, me enfiando no elevador, quando o Bastardo pressionou o botão para fechar as portas.

            –O que você quer, Dobe? – Perguntou ele com cansaço, se escorando na parede metálica.

            –O que foi aquilo, Sasuke? Você quase expôs a Sakura na frente de todo mundo.

            –Eu expus a Sakura? – Perguntou antes de soltar uma de suas risadas malignas de Uchiha. – Como se ninguém soubesse que transamos...

            –Não é porque tudo mundo já sabe que você...

            –Pode parar. – Me interrompeu, ficando novamente irritado. – Se a Sakura não quisesse se expor, ela teria se dado ao trabalho de vestir alguma coisa além da minha camiseta antes de fugir da minha casa com lençóis ensanguentados. Ela se expos sozinha e ainda me fez parecer o vilão da história quando contou cada detalhe do que fizemos pras amiguinhas dela. O engraçado é que a Ino correu atrás de mim a manhã inteira, mas ela não tem coragem nem de olhar na minha cara para dar bom dia.

            –Tudo bem. – Falei, reconhecendo que a culpa (só dessa vez) não era dele. – Você razão sobre isso, mas calma, cara...

            –Calma o caralho! – Gritou quando as portas do elevador se abriram no 1º andar e um bando de bichos (novatos) nos encarou assustados, tomando coragem para entrar no elevador com a gente. – Está ocupado. – Falou para os novos estudantes pressionando novamente o botão para fechar as portas e deixando todos paralisados lá fora.

            –Eu ainda não entendi porque você está tão irritando. Você mesmo disse que não falaria com ela enquanto ela estivesse sendo infantil e ela obviamente não está sendo madura.

            –Que merda, Dobe. – Rosnou, chutando a parede e deixando um amassado no metal. – Eu só queria saber se ela está bem.

            –Eu já disse que está. Eu conversei com ela, lembra? Ela não está arrependida nem nada. – Repeti o que havia dito para ele mais cedo, mas não pareceu ser de grande ajuda.

            –Não é isso... Porra, ela praticamente teve uma hemorragia na minha cama, eu queria saber se... – Ele passou as mãos pelos cabelos com impaciência e eu senti vontade de rir da situação, mas me contive apenas para ver se ele iria concluir a frase constrangedora. – Ah, você entendeu. – Bufou por fim e eu balancei a cabeça com divertimento contido. Quem diria, o Sasuke apaixonado consegue ser mais chato e explosivo que o normal.

            –Bem, realmente, quanto a isso só ela pode te dizer, mas acho que ela está bem, sim, só está confusa. Pensa bem, diferente de você que sempre fugiu desse momento por um motivo que só você sabe, ela quis isso a vida toda e agora que ela conseguiu, não sabe o que fazer. É como um cão perseguindo carros, o que ele faria se pegasse um?

            –Isso não faz o menor sentido.

            –Nenhum de vocês faz. – Constatei dando de ombros e ele bufou. – Ela vai falar com você quando estiver pronta, até lá tente não ser tão babaca.

            –Me recuso a receber conselhos amorosos de alguém que não conseguia nem comer a própria namorada.

            –Amorosos?

            –Aff! Vai cuidar da sua vida. – O elevador se abriu no andar da enfermagem e ele saiu andando pela multidão de branco que me prensava contra a parede metálica, fugindo da minha vista, mas não importava, eu já tinha dito o que queria dizer e a palestra já vai começar.

 

 

 

Sakura POV’s

 

            Apenas mais um corredor e eu estaria salva. Afinal, dentro do auditório ninguém vai me infernizar e se tentarem posso facilmente me perder da multidão. Bem, talvez não tão facilmente com essa blusa... Aliás, porque as pessoas se incomodam tanto com o que eu visto? Acho que assim que o Sasuke se sente o tempo todo, mas... O quê? Não... Hoje não...

            –Oi, vagabunda, há quanto tempo... – Falou e biscate, me encurralando no corredor.

            –Me poupa, Karin. Minha paciência já se esgotou por hoje e não é nem meio dia. – Disse logo, tentando passar, mas ela apenas atravessou meu caminho de novo.

            –Por isso está fugindo das suas amiguinhas biscates? – Karin aparentemente tem sido como um abutre, esperando pacientemente que eu saísse do ninho para me pegar sozinha, bem não é atoa depois da surra que ela levou da Hinata e da Tenten, mas posso lidar com ela sozinha.

            –Minhas amigas são princesas Disney perto de você, mocreia. Agora sai da minha frente. – Novamente tentei passar, mas ela me empurrou e eu consigo sentir meu sangue subindo. Ah, piranha...

            –Você não achou que ia quebrar meus óculos na festa da Akatsuki e ficar por isso mesmo, não é, cadela? – Gritou, fazendo sua voz enjoada subir até que eu ouvisse meu próprio crânio rachar, em seguida bateu na minha mão derrubando o livro que eu acabara de comprar no Centro Acadêmico. E sabe a paciência? Ela mandou um beijo.

            –É, eu quebrei mesmo, e quebro de novo! – Gritei de volta, enfiando as unhas na cara dela pra conseguir arrancar aquelas porras de fundos de garrafa que ela usava. E então tudo parou. Primeiro veio o barulho estalado, então a ardência, os cabelos cobrindo meu rosto e... Ela me deu um tapa na cara... Um fodido tapa da na cara! E eu fiquei realmente horrorizada quando os 12 demônios do 7º círculo do inferno que haviam se apoderado do meu corpo voaram pra cima dela, rugindo como uma pantera. Ahh...mas eu vou matar essa desgraçada!

            Nós rolamos no piso que duas cadelas de briga, se unhando, e quando eu finalmente consegui arrancar a porra do óculos (que já tinha virado questão de honra), ela me puxou pelo pescoço, rasgando minha blusa e eu voei pra cima dela de novo, puxar cabelo é coisa de bicha eu fui logo no soco, essa vaca me paga!

            E eu nem sei quanto tempo ficando ali nos embrenhando como duas ariranhas retardadas até que alguém finalmente nos separasse, nos puxando do chão e jogando uma contra cada parede.

            –Sasuke! – Karin deu seu gritinho esperançoso com os olhos brilhando e eu me limitei a bufar.

            A faculdade toda estava na maldita palestra, mas é claro que só ele precisava ser o único que escolheria vir pelas escadas e passar por este corredor. Ninguém merece.

            –Eu nem vou perguntar o motivo disso. – Falou ele, olhando pra mim e eu apenas arrumei a postura, ajeitando no corpo o que restou da minha blusa, enquanto a vadia ruiva se jogava nos braços dele.

            –Sasuke-kun, que bom que você apareceu! – Eu revirei os olhos junto com ele e ela voltou a falar. – Essa louca quebrou meus óculos sem motivo nenhum, como na festa da Akatsuki!

            –Bom, então compra outro como fez da primeira vez. – Respondeu ele, sem muita paciência pra ladainha, afastando as mãos dela. – Ou você pode usar aquelas lentes de contato verdes que você comprou para se parecer com a Sakura na festa de volta às aulas. – O quê?

            –O quê? – Gritou a ruiva com a mesma surpresa com a qual eu gritei internamente.

            –Ela não contou? – Ele sorriu todo seu sarcasmo e por um instante eu tive medo do que ele diria. – Sakura é a garota de vermelho. Aquela que eu estava perseguindo.

            –Espera! – Karina berrou, colocando as mãos na cabeça, mais perdida que filho de puta no dia dos pais. – A Sakura... O QUÊ?

            –Talvez devesse comprar um aparelho auditivo quando for ver os óculos, Karin. Aparentemente seu problema não é apenas de visão. – Respondeu ele simplesmente, enquanto a Uzumaki colapsava e simplesmente saiu andando, topando com o meu livro três passos a frente e pegando-o do chão como se tivesse achado um objeto caído ao acaso.

            –Queria mesmo um Manual de Utensílios Cirúrgicos... – Comento, analisando o MEU livro e simplesmente saiu andando com ele sem nem olhar pra minha cara. Bastardo maldito!

            E criatura do cabelo vermelho ainda estava paralisada e em choque, enquanto Sasuke já virava o corredor em direção ao auditório e eu resolvi segui-lo, em busca do meu livro.

            Apressei o passo para alcançá-lo e então me mantive andando em silêncio ao seu lado até que eu conseguisse pensar em uma frase que fizesse sentido o bastante para ser pronunciada, mas ele foi mais rápido.

            –Então esse é o motivo do moletom... – Falou, obviamente referindo-se as marcas de chupão que eu e ele bem sabíamos por que estavam ali e que agora eram visíveis graças ao estrago que Karin havia feito na minha roupa. – Era só ter usado um lenço, a não ser que... – Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele seguiu o próprio raciocínio, puxando as mangas da minha blusa até os cotovelos para ver as marcas de suas próprias mãos em meus pulsos, coisa que eu imaginei que ele também já soubesse que estava ali, mas pela expressão que ele fez esse não parecia ser o caso. Achei que ele estivesse consciente de todas as marcas que deixou, elas foram feitas tão deliberadamente, e não me incomodavam nem um pouco, embora seja melhor não mostrar, me surpreende que o incomode de alguma forma.

            Achei que ele fosse soltar algum tipo de piada sarcástica, enquanto ele continuava a me encarar com expressão indecifrável, mas ele apenas suavizou os músculos faciais para a máscara habitual e voltou a andar pelo corredor permitindo que eu continuasse acompanhando. E nesse tempo todo eu ainda estive pensando em algo com sentido para dizer, mas continuei sem sucesso até que ele me vencesse novamente.

            –Eu entendi. – Falou ele de forma resoluta de repente e sua voz rouca fez um arrepio percorrer a minha espinha do cóccix até o pescoço. – Eu te machuquei, por isso está fugindo de mim. – Esclareceu como se fosse óbvio e a minha voz finalmente resolveu voltar.

            –Você não fez isso e eu não estou fugindo.

            –Você continua sendo uma péssima mentirosa, docinho. – Ele me chamou daquele jeito de novo e eu tive que morder os lábios para não gemer. Por sorte ele ainda se recusava a olha para minha cara, enquanto caminhávamos pelo enorme corredor do auditório que nunca me pareceu tão curto.

            –Olha só, eu não estou fugindo de você, estou fugindo de todo mundo. E de qualquer forma eu não tenho a intenção de ficar andando atrás de você como mais uma menininha apaixonada. Eu te conheço o bastante pra saber que isso não cola. Eu já tentei, lembra?

            –Você está sendo infantil, Sakura. Nós éramos amigos antes de transar e isso não tem nada a ver com quantas mulheres andam atrás de mim, até porque não é isso que eu quero de você. Você literalmente saiu correndo na manhã seguinte e eu só queria saber se você está bem. – Explicou ele com simplicidade e eu senti as bochechas corarem ao perceber que meu comportamento era realmente ridículo, mas ainda assim eu preferia tranquiliza-lo quando a isso e continuar mantendo distância por um tempo, pelo menos até que a ferida de fechasse e eu conseguisse olhar pra ele sem sentir borboletas no estômago.

–Você tem razão. Desculpe por fugir, eu só fiquei... nervosa. Eu estou bem, nós transamos, foi perfeito, mas... – Eu ainda estava tentando terminar o raciocínio quando ele finalmente parou para me encarar, realmente surpreso, me fazendo parar com ele no meio do corredor.

            –Perfeito? – Perguntou em meio a uma risada irônica. – Tem certeza que foi perfeito? Porque os seus hematomas e o colchão que eu joguei fora ontem discordam de você.

            –O que tem de errado com o colchão? – Perguntei, não pegando suas referências pela segunda vez no dia.

            –Nada. – Respondeu depois de um suspiro cansado, me entregando o meu livro que ele esteve mantendo como refém. – Boa palestra, Sakura. – E foi embora. Eu nunca vou entender esse homem.

 

 

Corporações Uchiha – Escritório Central – 16:00

 

Itachi POV’s on

           

            –Você é o pior padrinho da História. – Foi a primeira coisa que Pain disse ao atender ao telefone.

            –Sou? – Perguntei sem muita certeza quanto ao que ele falava.

            –Sim, já que você nem ao menos foi ao meu casamento.

            –Nunca imaginei que você fosse se casar na capela do Elvis. – Respondi, entendendo do que se tratava. – Mas eu não sou um padrinho tão ruim assim já que eu paguei a Lua de Mel.

            –Tecnicamente eu me casei no meu carro. – Isso era mais a cara dele, impulsivo como sempre foi, mas suspeito que tenha sido ideia da Konan, ele teria feito algo exagerado como mandar aviões de caça escreverem no céu com fumaça.

            –Que romântico. – Zombei, arrumando alguns papéis na mesa para a próxima reunião. – Vou ligar para a Konan mais tarde para dar os parabéns.

            –Lá vem você querendo conversa com a minha mulher. Sim, porque agora é mesmo MINHA MULHER.

            –Coitada, não sabe onde se enfiou. Não que vá mudar muita coisa agora, afinal vocês já moram juntos há anos.

            –Nós e esse bando de loucos, estou realmente pensando em comprar uma casa. – Sempre temi o dia em que o Pain quisesse deixar a Akatsuki, gosto de tê-lo lá para controlar as coisas, isso facilita a minha vida.

            –Entendo que você queira mais privacidade, mas sabe que eu gostaria de ter você na Akatsuki para controlar essa zona ou vai realmente virar uma zona.

            –Eu sei, e a Konan já vetou meu plano de casa nova, dizendo que precisa cuidar do que ela chama de “nossos filhos”. É brincadeira, nem me casei ainda e já estou adotando um bando de marmanjos. Não se preocupe, Itachi, não vamos a lugar nenhum. – Explicou, me tranquilizando.

            –Fico feliz em saber.

            –E não se preocupe, eu sei do motivo da sua ligação e sim, eu fiz o que me pediu por email.

            –E então?

            –Realmente existe um dossiê do caso Mikoto. Algum desocupado deve ter reunido todas as merdas e como seu pai calou a boca de todo mundo naquela época foi abafado até agora e só voltou na Deep Web. Está a venda por um preço absurdo, mas...

            –Eu não me importo em pagar desde que seja a única cópia. – Respondi imediatamente, já sabendo que os envolvidos da época não demorariam a aparecer com a história depois que Fugaku morreu.

            –Imaginei que fosse dizer isso e já comprei pedindo os originais, obviamente que ele me cobrou o dobro, mas aceitou. Eu já tenho todos os documentos e informação o suficiente para apagar o sujeito se você quiser, mas acho que ele estava falando a verdade, era só um jornalista aposentado querendo fazer uma grana, não parece estar envolvido com nada mais profundo. De todo jeito, o problema maior é que ele admitiu já ter vendido uma cópia dos documentos para alguém.

            –Orochimaru. Esse é o plano de contingência dele, ele pretende me chantagear com essa merda.

            –E ele vai conseguir? – Perguntou de forma estratégica, esperando ouvir o meu próximo plano, mas as coisas ainda estão se encaixando.

            –Talvez, eu ainda estou trabalhando nisso. – Respondi simplesmente, fazendo-o rir. – Eu vou passar hoje a noite na Akatsuki para pegar os documentos.

            –São só os documentos que você pretende pegar quando vier aqui? – Jogou a pergunta sugestiva no ar de uma forma que me incomodou o suficiente para bufar.

            –O que mais eu pegaria? – Lancei a retórica esperando que o assunto findasse, mas ele parecia determinado a me irritar.

            –Deidara anda muito... diferente ultimamente... E o Sasori anda tendo crises constantes de tendência suicida.

            –O Deidara está diferente como? E o que me interessa as crises suicidas do Sasori?

            –Deidara quase não come, mal sai do quarto e nem sempre consegue esconder todos os hematomas que você anda deixando, o que irrita o Sasori o bastante pra que ele queira te confrontar pessoalmente, e se sentir vontade de te confrontar não é uma forte tendência suicida, eu não sei o que é.

            –Isso é algum tipo de aviso, Pain?

            –É um conselho, Itachi. Cuide melhor do seu brinquedo, ou ele pode acabar quebrando como da primeira vez. – Ele fez referência ao meu primeiro relacionamento sadomasoquista que deu desastrosamente errado e o meu ego rachou dentro dos meus olhos, essa era uma memória que eu realmente gostaria de afastar.

            –Eu normalmente diria algo como “cuide da sua própria vida”, mas acho que já te dei o direito de se preocupar comigo. Portanto, obrigado pelo conselho, vou tomar alguma providência.

            –Disponha. – Ele desligou no mesmo momento que as esperadas batidas da minha porta começaram.

            –Tenho um novo trabalho para você. – Falei, me levantando quando Kakashi entrou na sala.

            –O quê? – Perguntou o homem, confuso, sentando-se a minha frente, enquanto eu me escorava na mesa.

            –Preciso que vá para o Sanatório ficar de olho no Orochimaru. – Fui direto ao assunto e ele piscou em compreensão.

            –Acha que ele vai tentar te trair?

            –Tenho certeza que ele vai tentar me trair, mas ainda não sei quão baixo ele pretende chegar, e como estamos falando do homem que trafica órgãos no tempo livre, prefiro não arriscar.

            –Entendo, mas Orochimaru nunca vai permitir que eu seja aceito como funcionário. Todos sabem do meu envolvimento com a família Uchiha.

            –Orochimaru está falido desde a morte de Danzou e precisou buscar patrocínio, infelizmente para a ele a única empresa que se interessou pela causa foi uma Sociedade Anônima clandestina chamada Mangekyou SA, que agora controla parte da diretoria.

            –E você tem influência sobre essa Sociedade?

            –É uma longa história, o que importa é que você já está oficialmente contratado. – Falei, entregando para ele uma pasta com toda a documentação, junto com seu mais novo crachá no qual lia-se “Dr. Hatake Kakashi – Médico Legista”.

            –Legista? – Questionou imediatamente ao pegar sua nova identificação. – Mas eu nunca trabalhei com cadáveres antes.

            –Não deve ser muito difícil fazer um laudo pericial no Sanatório de Otogakure, todos cometem suicídio. – Falei, dando a conversa por encerrada e voltando ao meu lugar, mas ele parecia ainda ter alguma coisa para dizer ao analisar sua ficha de admissão.

            –Itachi, este trabalho é de período integral, você quer que eu abandone o internato de medicina da Universidade?

            –Não, Kakashi, quero que você abandone o cargo de psicólogo do Obito, aliás, você está demitido dessa função. – Declarei, vendo-o contorcer-se em sua cadeira.

            –O quê? – Perguntou indignado, falando mais alto do que gostaria.

            –É óbvio que a sua relação com ele passou do nível profissional há muito tempo e isso te desqualifica totalmente para tratá-lo, afinal enquanto você for o refúgio psicológico e amoroso dele, ele nunca sentirá necessidade de tirar a máscara. Outro médico já foi contratado para esta função. – Encerrei a questão por decidida e ele me encarou com total rancor, sentindo-se traído. Era compreensível.

            –Você está me tirando de vez da Mansão? – Perguntou por fim, engolindo em seco.

            –Oh, não, eu espero que você volte lá com alguma frequência para ver o seu namorado.

            –Namorado? – Seus olhos se arregalaram em confusão e eu ri.

            –Não pretende assumir um relacionamento sério com o meu primo, Doutor? – Perguntei com ironia e ele se engasgou com a notícia.

            –Vai mesmo permitir isso? – A dúvida era válida, afinal ele tinha praticamente o dobro da idade de Obito e tinha total capacidade de manipulá-lo, mas não acredito que seja esse o caso.

            –Eu te desqualifiquei como médico do Obito, não como namorado, portanto se ele aceitar eu não vou impedir, mas lembre-se que você namora o Obito, não o Tobi.

            –Tudo bem. – Ele respirou fundo ainda tentando processar as novidades. – Obrigado.

            –Não me agradeça ainda, ele ainda precisa aceitar.

            –Certo. – Respondeu, mecanicamente, já se levantando e provavelmente pensando numa maneira de pedir um Uchiha em namoro.

            –Mais uma coisa. – Falei quando ele já estava próximo da saída.

            –Sim?

            –Orochimaru tem o dossiê da minha mãe. – Ele conhecia o caso muito bem, já que foi ele tem quem atendeu a minha mãe na noite do estupro e fez o parto do Sasuke. – Procure-o no Sanatório, deve estar muito bem guardado, mas precisa estar lá. Encontre e destrua.

 

 

 

 

 

 

O Sanatório – 16:40

 

Hashirama POV’s on

 

            –Não me diga que isso é normal! Não tem nada de normal nisso! – Gritou meu marido para o médico que nos encarava com paciência e indiferença complacente, sem fazer muito esforço para ser compreensivo.

            –Ninguém internado aqui é normal, Sr. Uchiha, mas para os padrões psicóticos que enfrentamos isso é realmente muito... normal. – Respondeu Orochimaru, fazendo Madara rosnar ao meu lado, já se levantando, e tenho a impressão de que meu marido teria socado o médico naquele instante não fosse pela mão esquerda deste que continuava inutilizada numa tipoia. Deve ter sido um ferimento bem grave...

            –Meu irmão está pintando quadros com o próprio sangue! E sêmen! – O quadro em questão, que Madara havia trazido e agora estava bem a minha frente, em toda sua forma monstruosa e abstrata, mostrava uma estrada de sangue, muito parecida com a pista na qual Sasuke havia corrido no Pico do Falcão, com um borrão branco e vermelho que eu imagino que deva retratar o Little Bastard, e por um instante ver a fixação de Izuna pelo Sasuke me fez temer por meu sobrinho de consideração. Numa avaliação menos sentimental, no entanto, é preciso admitir que Izuna, apesar de sua loucura, tem talento para a pintura e eu nem consigo imaginar quanto essa sangria deve valer para um colecionador, mas tenho certeza de que Orochimaru sabe...

            –Opções cabíveis foram oferecidas, sala de isolamento protetivo, camisas de força, retirada de estímulos criativos, até mesmo um coma induzido, mas o Sr. não aceitou nenhuma das alternativas. – Explicou Orochimaru como se fosse óbvio, e era, mas isso nunca entraria na cabeça de Madara, tentando cuidar do irmão caçula, nem em um milhão de anos.

            –Isso não tem como ser minimamente aceitável! – Respondeu ele como esperado.

            –Então são as minhas mãos que estão atadas agora, Sr. Uchiha. – Meu marido o encarou com raiva, querendo gritar mais, mas se calou ao perceber que realmente ali não existiam outras opções além daquelas e que continuar a discussão seria inútil.

            –Otouto... – Sussurrou, sentando-se enquanto cobria o rosto com as mãos. Madara é o maior soldado que eu já conheci e sua frieza é invejável, mas não quando se trata do Izuna.

            –Amor... – Tentei consola-lo, mas ele escapou no meu abraço, erguendo-se novamente com algo que eu temia ver em seus olhos negros de Uchiha: Determinação.

            –Alguma coisa precisa ser feita. Eu vou resolver essa situação. Vou tirar o Izuna daqui.

Não. Tudo, menos isso.

                       

 

 

Universidade de Konoha: Auditório de Medicina – 16:21

 

Sasuke POV’s on

 

            Aquela merda de palestra de introdução durou a porra a minha vida inteira, ou pelo menos foi o que pensei ao sair de lá com o espírito do tédio no lugar da alma, mas como desgraça pouca é bobagem, nós, os alunos de medicina, ainda temos que assistir a uma palestra específica do nosso curso, o que seria ótimo se o palestrante entrasse logo e começasse a falar, silenciando o murmurinho do tipo: “o que é aquela marca roxa no pescoço da Sakura?”, ou “parece que ela não tão certinha assim” ou ainda “com quem poderia ter sido?”.

            –Boa tarde. – Falou Tsunade Senju, irmã do Hashirama e diretora do curso de Medicina, entrando no palco, mas o barulho não diminuiu, então aumentou “um pouco” o volume do microfone para continuar. – CALA BOCA, PORRA! – E finalmente o mais perfeito silêncio se instalou antes de ela continuar com toda sua gentileza de Trol das Cavernas, para ler os cartões que uma das professoras, Shizune, entregou a ela. – Bem vindos ao terceiro ano de Medicina... – Ela desistiu do primeiro cartão, passando para o próximo. – Este ano será cheio de desafios... – Desistiu do segundo. – Como alunos vocês precisam aprender também a parte prática... – E do terceiro. – Para se tornarem excelentes médicos... – Ela finalmente largou os cartão e começou a falar a verdade. Essa mulher é osso duro de roer, mas gosto disso nela, ela é verdadeira e não tem paciência pra burocracia. – É o seguinte, seu bando de desajustados, vocês acabaram de se formar no segundo ano e até agora só viram a teoria e treinaram em cadáveres, ou seja, vocês não sabem porra nenhuma e até agora vocês só estão preparados para matar alguém com a sua incompetência, mas não se preocupem porque meu trabalho é mudar isso. Esse semestre tem internato, e isso só significa que o pouco de vida social de vocês acabou, vão trabalhar e estudar como um bando de condenados, vão perder alguns pacientes, vão se sentir uns merdas, mas vão salvar outros e pensar que não existe nenhuma sensação melhor. Em dois meses de internato, metade de vocês terá desistido, o que é ótimo, assim eu só me ocupo em ensinar aqueles que valem a pena. Seja uma dessas pessoas e vocês vão descobrir o que é medicina. – Ela tem um ótimo papo motivacional mesmo. – Enfim, como vocês já devem saber os grupos de internato são divididos em trios que vão passar os próximos anos se fodendo juntos, e como diretora do curso eu estou incumbida de combinar as habilidades de vocês para formar grupos decentes, embora fosse muito mais fácil chamar os sobrenomes de vocês em ordem alfabética. No entanto, nenhum de vocês tem habilidade nenhuma ainda e eu tenho mais o que fazer, então pra ninguém desconfiar que eu não faço o meu trabalho eu vou apenas chamar o primeiro nome de vocês em ordem alfabética e vamos logo com isso. Ania, Aya e Ayui; Ayumi...

            –Mas, Diretora, acredito que escolher parceiros diversos não desenvolve nossas habilidades de... – Começou a protestar uma das três meninas no primeiro grupo, mas Tsunade não demorou a interrompê-la.

            –Querida, se você não gosta do seu trio volte para a quinta séria e esperneie, se quiser fazer Medicina abrace suas novas colegas e aprenda a amá-las, porque você não vai ver muita gente além delas nos próximos anos. Ayumi, Baru e... – E a lista seguiu sem mais protestos até o momento fatídico. – Sakura, Sasuke e Takada...

 

 

 

 

 

 

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Um mês depois...

 

Hospital de Konoha – Estacionamento – 23:40

 

Ino POV’s on

 

            –Finalmente, cadela, já estava quase dormindo. – Falei para a testuda, quando ela finalmente entrou no carro e eu pude finalmente dirigir para fora daquele estacionamento depois de mais de meia hora esperando.

            –Desculpe, meu paciente começou a tamponar. – Explicou ela, colocando o cinto ao meu lado, como se eu soubesse o que aquilo significava, mas me limitei a revirar os olhos, eu já estava com sono, se ela resolvesse explicar aquela merda, ia acabar matando nós duas.

            –E então, falou com o Sasuke hoje? – Perguntei, indo direto ao que interessava.

            –Falei, sim, como todos os dias, um maravilhoso e sexy ”Bom dia” e um “Boa noite” de arrasar. – Respondeu ela com ironia.

            –Para de me zoar, vadia. Quero saber se falou com ele de verdade.

            –Não temos nada pra falar, Ino. Desencana.

            Resumindo, tem um mês que a Sasuke e o Sasuke transaram, também tem um mês que eles foram confinados (sim, confinados, porque essa vaca não tem tempo mais nem pra mim) ao internato e também um mês que eles mal se falam. Ah, sim, esqueci de dizer que tem um mês que ela está fingindo que não se importa, pobrezinha, deve estar morrendo por dentro. Eu sei que está!

            –Vocês trabalham no mesmo lugar, moram no mesmo prédio e tem os mesmos horários, o filho da puta podia pelo menos te dar uma carona. – Bufei, coçando os olhos de sono por ter que busca-la tão tarde.

            –Acho que ele daria se eu pedisse, mas eu não quero pedir. De todo jeito você não precisa me buscar todo dia, eu já disse que posso voltar de Uber ou sei lá.

            –Não vou largar minha melhor amiga andando por ai na noite como uma desabrigada, vou continuar te buscando até que você criar vergonha na cara e pedir uma carona pro Bastardo. – Falei , decidida, sabendo que me arrependeria dessa promessa mais tarde.

            –Então não reclama, vadia, e para ali naquela farmácia 24h.

            –Seu anticoncepcional acabou? – Perguntei, sabendo que nenhuma outra coisa na farmácia seria importante o bastante a essa hora.

            –Não, mas eu preciso comprar um remédio pra vômito. – Falou a do cabelo rosa, já se ajeitando para descer do carro enquanto eu manobrava a contragosto.

            –Você está doente?

            –Não, mas eu vou ficar.

            –Como assim?

            –Eu trabalhei na pediatria hoje... – Bufou.

            –Crianças fofinhas. – Falei, sem entender o que poderia ter de ruim naquilo.

            –Aquelas coisas deixaram de ser crianças quando ficaram doentes, agora são gremilins cheios de germes que espirraram em mim o dia inteiro e eu certamente vou pegar uma virose.

            –Bem, pense pelo lado positivo, pelo menos você teve a chance de ver o Sasuke cuidando de crianças, isso deve ser impagável. – Falei rindo, mas ela apenas revirou os olhos com ironia.

            –Você acha mesmo que o Sr. Sasuke Deus da Neurologia Uchiha foi cuidar de crianças? É claro que não, ele é o favorito da neurologia, aquele filho da puta. – Disse, irritada, saindo do carro para comprar o remédio, não que eu entenda muito bem o que tudo que ela disse significa, mas, de novo, eu tô com sono, quero que se foda.

            Apenas meia hora depois foi que finalmente chegamos em casa e fomos pra tão desejada cama. #Partiumundodossonhos.

 

 

 

O Hospício – 03:23

 

Sakura POV’s on

           

            Eu acordei sentindo fome. Não era apenas fome, era um desejo quase luxurioso por comida, um tipo muito específico de comida. Joguei as cobertas para o alto e fui correndo para a cozinha, no pé da escada eu já conseguia avistar o pote de nutella em cima do balcão e minhas entranhas gritaram, abri o pote praticamente babando sobre ele apenas para descobrir que ele estava vazio.

–Ino, aquela vadia horrorosa! – Não pude me conter em expressão minha indignação em voz alta.

Pensei seriamente em ir meter a mão na cara dela, mas a casa estava escura e todos estavam dormindo, sem dizer que isso não traria minha nutella de volta. Abri a geladeira atrás de outro pote, mas como eu já imaginava aquele era o último, abri então os armários em busca dos meus amados Baconzitos e nada deles também. Minha língua começou a coçar.

Será que uma mulher não pode comer salgadinho com nutella em paz? Continuei fuçando os armários em busca de algum substituto para os meus desejos, mas só de imaginar o gosto de Doritos com pasta de amendoim meu estômago já começou a embrulhar.

Pensei em voltar para a cama, mas não dava, eu iria morrer se não comesse aquilo logo, então tomei uma decisão nada sensata. Joguei um casaco por cima do pijama, troquei as pantufas por tênis, peguei a carteira, o celular e chamei um uber (já que agora ninguém mais facilitava a chave do carro perto de mim ¬¬). Em menos de meia hora eu já estava entrando pela porta da frente da loja de conveniência do posto de gasolina com meu pijama rosa de cerejinhas, sem nenhuma maquiagem e com o cabelo em pé. Foi uma cena perturbadora.

Peguei 5 potes de nutella, 7 pacotes grandes de baconzitos e fui até o caixa. A mulher do caixa me olhou estranho, mas eu tinha dinheiro para pagar minhas compras então ela não falou nada. Peguei todas as minhas sacolas com um certo desespero e fui chamar outro uber pra ir embora, porém, meu celular, que costuma passar a noite toda carregando, nem havia sido conectado ao carregador e estava sem bateria.

Soltei o ar devagar, tentando não gritar de frustração, e fui até o telefone público que todo posto de gasolina possui. Bom, eu não tinha as moedas certas, então liguei à cobrar mesmo, mas, como eu já esperava, a Ino não me atendeu, porque o sono dela é mais pesado que o de um hipopótamo. Eu poderia ligar pra Hina ou pra Tenten pra acordarem ela? Não, porque eu não lembro o número delas de cabeça. Saco!

Liguei pro Naruto então, mas o filho da puta (beijo, tia Kushina, te adoro) é podre de rico e não coloca nem crédito no celular, sem dizer que não adiantaria muito se chamasse, porque o sono dele é ainda mais pesado que o da Ino.

Bem, vejamos, eu decorei apenas 4 números de telefone na minha vida além do meu: o da Ino, que dorme como um porco; o do Naruto, que é pobre; o da casa dos meus pais, que moram do outro lado da cidade e não podem saber que a filha retardada deles sai de madrugada pra comprar nutella; e o do Sasuke, que misteriosamente passou a ser a única opção.

O Sasuke tem carro, crédito e sono leve, porque mesmo eu não liguei pra ele antes? Ah, sim, porque ele é um FILHO DA PUTA DESGRAÇADO CRETINO DESALMADO DESVIRGINADOR DE SONSAS APAIXONADAS!

Respire, Sakura, pensei enquanto discava o número do diabo, você só quer uma carona, seja gentil ou ele desliga na sua cara, você conhece a peça.

 

 

 

 

O Abatedouro – 04:20

 

Sasuke POV’s on

 

            Estava olhando para o teto com muito interesse havia duas horas quando meu celular começou a tocar. O número era desconhecido e a chamada era a cobrar, mas Itachi ainda não havia voltado da Akatsuki, então resolvi atender, poderia ser uma emergência.

– Alô.

–Ahh... Oi...

–Sakura? – Constatei com alguma surpresa. – O que aconteceu?

–Eu estou... Ah... Eu precisei... – Ela estava tentando elaborar a explicação de algo que parecia constrangedor. Ouvi buzinas ao fundo, ela está na rua? Essa hora? Com quem? – Ah, quer saber? Esquece. Foi uma péssima ideia ter ligado pra você. Desculpa por te acordar...

–Nem pensa em desligar esse telefone, Sakura. Fala de uma vez.

–Eu estou de pijama na frente do posto de gasolina 47. – Ela cuspiu as palavras e depois suspirou. – Vem me buscar?

–VOCÊ O QUÊ? – Gritei para o telefone, enquanto calçava os chinelos mais próximos e pegava a chave do carro.

–Eu sei que é estranho, mas a Nutella acabou e...

–Você saiu de casa sozinha às 4 horas da madrugada pra comprar Nutella?

– Ela ficou em silêncio. – QUAL É O SEU PROBLEMA?

–Não grita comigo... – Ela murmurou com a voz chorosa, enquanto eu estuprava o botão de descer o elevador. O elevador abriu e eu entrei, soltando um suspiro longo e me esforçando em não imaginar os piores cenários.

–Tá. Entra na loja de conveniência e não sai de lá até eu chegar, entendeu?

–Mas a moça do caixa...

–VAI LOGO, SAKURA!

Ela murmurou qualquer coisa incompreensível antes de desligar o telefone e me obedecer (eu espero). O elevador se abriu na garagem e eu fui até o carro tentando colocar meu cabelo no lugar e desistindo imediatamente, meu cabelo tem vida própria e é um rebelde sem causa. No fim eu saí de casa apenas com a calça de moletom e chinelos, o que é uma merda, porque tá frio pra caralho, mas deve ter uma blusa no carro.

Fiz o caminho de 25 minutos em 10 e vesti a blusa pra ir busca a doida dentro da loja, mas assim que desci do carro a avistei sentada na parte escura da calçada, tremendo de frio e chorando, enquanto comia desesperadamente uma mistura nojenta de salgadinho com chocolate.

–Sakura... – Eu já ia começar a gritar por ela ser uma louca desvairada, mas não tive coragem, não quando ela ergueu os olhinhos verdes cheios de lágrimas, fungando o nariz vermelho, com as bochechas sujas de Nutella. Ela ainda vestia um pijama rosa de cerejinhas. Ela estava tão incrivelmente fofa que eu poderia mordê-la. – Vem. – Suspirei, erguendo ela do chão, junto com suas muitas sacolas de comida.

Ela levantou, olhando para todos os lados menos pra mim, segurando os próprios braços, com os lábios até arroxeados de frio. Tirei minha jaqueta e coloquei em volta dela, guiando-a para o carro. Fiz isso mais pelo instinto do que pela racionalidade, já que agora estou semi nu no meio da rua e ela está mais corada que um tomate, o que só aumenta minha vontade de mordê-la.

            Ela continuou comendo em silêncio enquanto eu dirigia e acabei por não falar nada e controlar a ansiedade das possibilidades que rondavam minha cabeça.

            –Obrigada por me buscar. – Falou, lambendo os dedos de Nutella quando chegamos a porta de seu apartamento, sim, eu fiz questão de levá-la até a porta, vai que a doida se perde no corredor. E me ocorreu que essa talvez fosse uma ótima hora para colocar a conversa em dia, mas o Naruto disse que ela falaria quando estivesse pronta então apenas me limitei ao nilismo habitual.

            –Boa noite, Sakura.

            –Boa noite, Sasuke. – E ela entrou, mas apenas quando as portas do elevador se fecharam e eu já estava subindo para a cobertura foi que eu permiti que meu cérebro processasse os fatos recentes, combinados com todas as pequenas pistas que foram dadas ao longo do último mês e minha mão tremeu quando empurrei a porta de casa.

            –Onde você estava? – Perguntou Itachi, sentado em sua poltrona com uma caneca de café como um pai esperando um adolescente que esqueceu seu toque de recolher, e eu fechei a porta atrás de mim, me escorando nela e finalmente permitindo que meu corpo deslizasse até o chão. – O que aconteceu? – Perguntou o Nii-san, vindo até mim.

            –Acho que a  Sakura tá grávida.

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!

Bjuss!! =* Até o próximo capítulo!


Leiam também minha outra fic, Quando Eu Era Um Filhote, que conta a história dos mesmo personagens, porém durante a infância, lembrando que as duas fics se relacionam cronologicamente, mas são completamente independentes:
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-naruto-quando-eu-era-um-filhote-5084844


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