As minhas mão suavam enquanto eu dirigia novamente rumo a casa de Tayna. Lily ia ao meu lado, olhando para a janela, com os fones de ouvido e batendo o pé no ritmo da musica. Ela usava uma regata branca com o símbolo de um triangulo preto com uma listra no meio, a mesma causa de ontem, e tênis. Seu cabelo estava solto e, embora ela tentasse esconder, eu sabia que estava nervosa. Afinal ela deu um tapa na cara da mãe, e espera, eu também dei um tapa na cara de Tayna. Eu nunca fui muito agressiva, mas aquele tapa lavou a minha alma, e se ela vir com ignorância de novo, vai ganhar outro.
_Fique calma Clark, não faça besteiras – Will me alertou quando nos despedimos no hospital.
Ele e Nathan foram para a fisio e eu e Lily iríamos à casa de sua mãe pegar suas coisas e depois iríamos ao shopping, eu decidi assim, por que independente do clima que ficasse depois de nossa “visita” a sua antiga casa, o shopping melhoraria o clima. O que anima mais as pessoas que gastar dinheiro sem limites?
Will me disse que Tayna não iria desistir assim tão fácil de Lily. Na breve conversa que tiveram a sós, ela o disse que lutaria com unhas e dentes para arrastá-la de volta, sim essas foram suas palavras, e aquilo me doeu. Como uma mãe podia agir assim com a própria filha? Eu não era mãe, mas se fosse, eu faria tudo para que a minha filha fosse amada e cuidada para sempre.
Paro um pouco na frente da porta branca e respiro fundo. Lily estava do meu lado, agora sem os fones e eu podia ver seu maxilar trancado. Pego sua mão transmitindo conforto. Ela me olha sem entender.
_Eu sei que está nervosa, mas tudo vai se resolver, logo, logo estaremos torrando o dinheiro do seu pai.
Ela deu um pequeno sorriso e respirou fundo.
_Vai dar tudo certo – ela disse enquanto expirava forte.
_Sim, vai sim.
E então ela bateu na porta com força. Eu podia ouvir gritos exagerados vindo do lado de dentro, pareciam ser de crianças eufóricas. Ouço o barulho de algo se quebrando e risadas, olho para Lily confusa e ela da de ombros.
_Meus meios-irmãos – ela fala simplesmente.
Alguns segundos depois um garotinho abre a porta. Ele se parecia com Lily, tinha a mesma cor do cabelo e alguns traços de seu rosto a lembravam, mas era só. Ele tinha os olhos azuis e uma expressão confusa no rosto ao analisar minhas meias de abelhinha.
_Joseph – Lily o chama.
Ele balança a cabeça e olha para ela. Sua expressão muda de confuso para um sorriso.
_Lil – ele fala e abraça pelas pernas. Ele se afasta e sua expressão confusa volta – Ondi você tala? – ele fala atrapalhado em sua língua infantil.
O garotinho parecia ter uns três, ou quatro anos. Ele chegava só até o meio das pernas de Lily e estava suado e a sua bermudinha azul estava suja de iorgut.
_Onde está Tayna? – ela pergunta já entrando na sala.
Eu a sigo e o menininho fecha a porta atrás de nós.
_Na colinh...
_O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – Tayna o interrompe vindo da cozinha com um pano na mão.
Ela usava um short azul marinho e uma regata branca. Seu cabelo estava preso em um coque improvisado e impressionantemente ela estava descalça. Ela cruzou os braços ao nos ver ali e o menininho correu para algum lugar com medo de seu tom de voz elevado. Lily revirou os olhos entediada.
_O que você acha? – ela fala.
_Não faço a mínima idéia, se está pensando em levar algo que está na minha casa, pode ir esquecendo – ela me olha finalmente reparando em mim – E você sua mulherzinha o que faz aqui?
Ignoro o mulherzinha e dou um sorriso falso.
_Vim trazer Lily.
_Pois pode ir levando de volta. Vocês não queriam tanto ela? Pois fiquem com ela. Pelo menos até a justiça os obrigar e trazer ela de volta pelos cabelos.
Lily jogou aos mãos pra cima.
_Ah pelo amor de Deus. Eu só vim buscar algumas coisas. Espere aqui Lou – ela disse indo pela escada sem se importar com as ameaças de Tayna. Escuto seus passos pesados e logo depois a porta batendo com força.
Tayna passa as mãos pelo cabelo com raiva. Ela olha para o chão por uns instantes e logo vejo seu olhar nas minhas pernas e depois a sua cara de desgosto. Finjo não reparar e cruzo as minhas pernas e ajeito as alças da minha bolsa azul na minha mão. Tayna finalmente me olha, seu olhar era de cansaço e frustração.
_Olha Loutiza...
_Louisa – eu corrijo.
Ela revira os olhos.
_Louisa – ela fala meio irritada – Ela quer ficar com vocês e eu não vou impedir. Mas já vou avisando que não vou desistir de tê-la de volta, e nem vou deixar vocês me proibirem de vê-la.
_Nunca iríamos impedir que você visse sua filha, ao não ser que ela não queira – eu falo meio irônica pelo fato dela ter privado Lily e Will desse direito.
Ela parece perceber e trava o maxilar.
_A questão é que – ela fala entre dentes – Meu marido é advogado, e eu já estou dando entrada nos papeis, vou exigir minha filha de volta.
_Will também já deu entrada em papeis para o teste de DNA – eu falo meio irritada – E ele quer a GUARDA, de Lily. Ou pelo menos que ela tenha seu nome.
_A guarda dela? – ela começa a rir e eu a olho sem entender – Primeiro, ele não vai ter, nunca. E segundo vocês acham que Lily é perfeita? Pois saiba que ela fuma, bebe escondido e olha que magnífico, foi expulsa de duas escolas diferentes, a ultima na semana passada, por que nem se dignou a aparecer para as provas, uma gracinha de menina.
Eu engulo em seco e respiro fundo. “Se controle Louisa, não mande essa mulher para o inferno”.
_Se Lily tem tantos problemas, por que não a expulsa logo?
_Por que ela é minha filha!
_Ah ela é sua filha? – eu grito perdendo a paciência – Se ela fosse sua filha você não deixaria ela passar por tudo isso, não deixaria que ela se envolvesse com gente que não deve. Você conversaria com ela e resolveria seus problemas. E SE VOCE FOSSE A MAE TAO AO QUE DIZ, ELA NÃO TERIA ESSES PROBLEMAS – eu grito e ela me olha surpresa.
Ela abre a oca para falar, mas não sai nada. Ela então fica calada e olha para o nada.
_E tem mais – ela me olha – Lily pode ter quantos problemas for. Pode se drogar na minha sala e chegar bêbadas as sete da manha. Eu vou conversar com ela, mostrar que é amada e não precisa disso, e ela vai ter um lar bom, repleto de gente que a AMA de verdade, coisa que você sua mulherzinha soberba.
Seus olhos se arregalam mais e posso ver suas veias pulsarem com rapidez. Mas ela não fala nada, só fica calada olhando para as próprias mãos. Sinto-me orgulhosa de mim, era tudo verdade. Lily seria amada e se fosse preciso, eu seria uma mãe para ela, com cafuné, café na cama e tudo que se tem direito.
Alguns minutos de silencio se passam e Tayna finalmente me olha, seu olhar era de raiva.
_Que seja – ela diz e volta para a cozinha.
Eu respiro fundo e passo a mão pela a minha testa, tirando o suor que se acumulou ali com o meu ataque. Alguns minutos depois, vejo Lily empilhando caixas e mochilas no topo da escada. Seu olhar era um misto de tristeza e raiva. Eu subo a escada e alguns minutos depois, nos duas já havíamos colocado tudo no carro e Lily carregava a segunda caixa enquanto eu pegava a minha bolsa nós pés da escada.
O garotinho de antes vem correndo junto com outro idêntico a ele. Eles estavam visivelmente tristes e aquilo apertou meu coração.
_Você vai bola? – perguntou o outro garotinho.
Lily colou a caixa no chão e olhou para eles.
_Sim, Bread. Estou indo morar com meu papai e a namorada legal dele – ela fala e eu me surpreendo por ela me chamar de Legal.
Joseph me olha e seus olhos correm para as minhas pernas, ele volta seu olhar para Lily.
_A galota abelhinha? – ele pergunta.
Ouço Lily rir e rio também.
_Sim, ela mesma.
_Ela é bonita – fala Bread acanhado e com os dedos na boca.
_Obrigada – eu respondo com um sorriso.
_Vai querer levá-los também? – me assusto com a voz pesada de Tayna atrás de mim.
Me viro e conto ate três para minha educação não ir embora.
_Vamos Lily – eu chamo.
Ela se levanta, mas Bread puxa a sua perna, ela volta sua atenção para ele.
_O que foi? – ela pergunta.
Ele lhe entrega um porta retrato de moldura preta, com uma foto dos três fazendo careta.
_Pla você não se esquecer da gente – ele fala.
Lily sorri e os abraça. A cena me comove e eu sorrio com aquilo. Lily podia ser durona por fora, mas por dentro era como Will, uma manteiga derretida. Ela se levanta e pega a caixa de novo.
_Vamos Lou.
Eu dou um aceno de cabeça para Tayna e saio pela porta. Vejo as duas cruzarem um olhar conflituoso e logo Lily desvia os olhos e vem em minha direção.
Nós já estávamos indo em direção ao shopping, e ela ficava olhando para o porta retrato com o fone no ouvido.
_Você pode visitá-los, ou pode levá-los lá em casa para brincar.
Ela balança a cabeça negativamente.
_Tayna não deixaria, mas eu vou dar um jeito de ir vê-los – ela guarda a porta retrato e olha para a janela – aquilo que você falou? Era verdade?
Eu a olho confusa e ela suspira.
_O que você disse para Tayna. De que eu teria uma casa com pessoas que me amavam e que você ia me apoiar – ela pergunta meio receosa.
Eu lhe dou um sorriso carinhoso.
_Claro que sim Lily. Claro que vão ter vezes que vamos nos desentender, mas eu prometo fazer de tudo para que você seja feliz conosco, e sempre muito amada.
Ela da um meio sorriso, indicando que entendeu e volta a olhar para a janela.
Nós já estávamos caminhando a mais de duas horas no shopping. Eu não estava nem um pouco cansa, mas sim animada. Nós havíamos comprado roupas, sapatos, algumas coisas de decoração, uma colcha, lençóis e algumas toalhas. Tínhamos tudo isso em casa, mas eu queria que o quarto fosse do jeito que ela quisesse. Nós já havíamos comido na praça de alimentação. Lily comeu um sanduíche grande no Mac donald’s e eu comi um menor, mas também era grande e cada uma tinha tomado um refrigerante grande e uma batata média. Agora tomávamos um Milk shake médio enquanto estávamos em uma loja de coisas de bancas aleatórias e músicos. Eu peguei uma blusa florida escrita “flowers” que Lily me disse que era uma musica da beyoncé. Também peguei uma almofada com a silueta do Michael fazendo o Moonwalker, sugestão de Lily, que disse que seria para nós duas termos uma igual, o que eu achei super legal. Ela estava procurando alguma coisa da sua banda favorita.
_Thirty secons o que? – eu disse tentando pronunciar o nome da banda.
Ela riu e revirou os olhos.
_Thirty seconds to mars – ela falou rindo e balançou a blusa – Esse símbolo é deles.
_Ah, o triângulo esquisito?
_Sim Lou, o triangulo esquisito – ela balançou a abeca ainda rindo e voltou a procurar – Você tem que ouvir, são muito bons. A voz do Jared é perfeita, ele é perfeito. O Tomo é maravilhoso, um dia eu ainda vou apertar a bunda dele e o Shannon, ele toca como se fizesse parte da bateria, ele é magnífico. Vou te mostrar “Up in the air”, não tem como resistir a essa musica.
Eu ri da sua animação e balancei a cabeça positivamente. Ela procurou e achou um caderno com o símbolo deles, uma almofada com o rosto dos três, três almofadas diferentes, uma com o rosto de cada um fazendo careta, pegou mais duas blusas que ela disse que era deles. Então ela me entregou uma blusa cheia de bolinhas coloridas e com a frase “Up in the air” em cima e em baixo escrito o nome da banda.
_Eu ia ficar para mim, mas as bolinhas são a sua cara.
_Eu adorei, obrigada.
Ela fez que sim com a cabeça e fomos ao caixa. Passei o cartão de Will pela milésima vez e sorri para a moça simpática que nos atendeu.
Graças a Deus já tínhamos levado as milhares de coisas para o carro, pois só as sacolas que tínhamos nas mãos eram muitas e pesadas.
_Bem, vamos embora? Seu pai já deve ter chegado.
Ela faz que sim com a cabeça enquanto admirava um pôster da sua banda favorita que tinha nas mãos. Nós encaminhávamos para o elevador quando Lily subtamente parou em frente a uma loja. Ela encarava a vitrine vidrada e eu a olhava sem entender.
_O que foi? – eu pergunto.
_Você tem que ficar com esse vestido – ela fala apontando para a vitrine.
Eu sigo seu olhar e me surpreendo ao ver um lindo vestido verde água em uma das manequins. O vestido ia até o meio das coxas e era um pouco rodado, mas não muito. O tecido delicado sumia no corpete do vestido que era de renda da mesma cor da saia e bem delicada, a renda se estendi apara os braços formando uma linda e delicada manga longa. Ele era lindo, realmente lindo, mas não para mim.
_Ah, acho que não é uma boa idéia... Lily aonde você vai? – ela já estava entrando na loja.
_Você vai comprar esse vestido, ou não me chamo Lily – ela disse sem olhar para mim enquanto caminhava para a loja. E eu sem opção e a sigo.
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