História Vivendo com você - 27

Dois meses depois:

Eu caminhava calmamente pelas ruas da minha pequena cidade em direção ao anexo. Enquanto olhava as paisagens da minha cidadezinha, eu pensava em como a minha vida mudou desde de o dia que Lily foi morar em nossa casa, dois meses atrás.

Primeiro havíamos reformado a casa. Como tínhamos um terreno grande, aumentamos a casa, acrescentamos mais três cômodos na casa, mais dois quartos, um no qual usamos como sala de jogos/quarto, e um escitório pra will, que me leva ao segundo ponto, algo que me deixa muito feliz de dizer. Will voltou a trabalhar.

Com a fisioterapia, Will conseguiu finalmente movimentar o braço esquerdo, mesmo que bem pouco, e seus movimentos no braço direito estão bem melhores agora. Ele estava bem mais disposto e montou sua própria empresa, mesmo que pequena, a qual ele divide que com seu sócio, Greogrie, um velho amigo que ele reencontrou um mês atrás. Ele também contratou um estagiário, Pedro, que o ajuda com algumas coisas que ele não consegue fazer.

O terceiro fato, é que Will e Tayna tiveram a primeira audiência sobre a guarda de Lily, depois de um exame de DNA exigido pela juíza que confirmou a paternidade de Will. Depois de analisar todos os fatos e de Will e Tayna brigarem no meio do tribunal, a Juíza decidiu por um recesso, e a nova audiência séria na terça, assim que voltarmos para Londres.

Eu não podia reclamar de minha vida, eu estava muito feliz, e a minha felicidade estava aumentada ao ver o namoro de Martin é Terena fluir tão bem. Eles já tinham um mês e meio de namoro e ele estava contando os segundos para terça-feira, quando ela finalmente mudaria para seu novo apartamento em Londres. Tom estava feliz em ter uma figura masculina em sua vida, além de papai e Will, ele é Martin se devam muito bem.

Sou tirada dos meus pensamentos assim que viro a esquina em frente ao castelo e vejo uma cena que me deixa de olhos arregalados. Patrick e esposa, andando de mãos dadas, mas o que meu chocou mesmo, foi reparar na grande barriga redonda que denunciava que ela estava grávida. Abaixo a cabeça e tento passar despercebida, mas pra minha infelicidade, quando estava quase chegando em casa, ouço a voz de Patrick me chamar.

_Louisa.

Viro o meu rosto devagar e forço um sorriso, a sua cara era de surpresa e espanto.

_Patrick, Cristen, quanto... Tempo – a minha voz s mais falsa do que eu queria.

Cristen sorri e passa a mão na barriga.

_Como pode ver, temos novidades – ela diz.

Posso ver a cara constrangida de Patrick é aquilo faz meu sorriso falso ficar um pouco mais verdadeiro. Eu olho para a barriga de Cristen e faço uma cara surpresa.

_Sim, eu percebi. Meus parabéns.

_Obrigado – ele responde.

_Quanto tempo? – eu pergunto.

_Dois meses – ela fala animada.

_Que bom.

Eu olho desesperada para a porta do anexo, rezando para Will, Nathan, Lily ou até mesmo Jesus, saírem dali em meu socorro, mas tudo que eu vejo é Cristen colocar o braço em volta da cintura de Patrick e abanar a mão no ar.

_Ah Louisa, crianças são uma benção, você deveria arranjar uma pra você – ela pisca um olho para mim.

Eu dou um riso forçado.

_Digamos que já tenho uma em casa.

_Ah sim a filha de Will, eu fiquei sabendo – ele fala com a voz séria, parecia desapontado, o que me faz franzir o cenho.

_Mas eu me refiro a crianças, Lily... É Lily né?

_Sim.

_Pois então, Lily é adolescente, você tem que esperimemtar a gravidez, é simplesmente a melhor época da vida de uma mulher.

Ficar gorda e inchada é realmente maravilhoso, eu penso.

_Talvez um dia.

_Vamos amor, sua mãe está nos esperando – Nunca amei tanto uma fala de Patrick.

Agora meu sorriso era totalmente sincero. Cristen da um pulo, como se a fala de Patrick tivesse causado uma lembrança em sua mente.

_Ou sim, claro. Louisa, foi um prazer. Venha nos visitar qualquer dia – seu sorriso era animado.

Talvez a gravidez deixe as pessoas sem noção, eu penso.

_Claro.

_Bem, vamos Pat. Foi um prazer te ver de novo Louisa.

_Igualmente.

Eles me dão um aceno de cabeça e seguem viagem. Eu finalmente solto o ar que nem sabia que estava prendendo. Passo as mãos pela minha saia azul cobalto para secar o suor que se acumulou ali e sigo em passos largos até o anexo, abrindo a porta quase que correndo, com medo de que eles pudessem voltar e me convidar para ser madrinha da criança.

Me encosto na porta e respiro fundo, ficando ali por alguns segundos, apenas respirando. Então me abaixo e tiro os meus saltos com estampa de morangos e sigo em direção a sala, posso ouvir Nathan e Will conversando sobre algo. Eu entro na sala e eles param de conversar na mesma hora. Estão aprontando alguma.

_Louisa que cara é essa? – fala Nathan.

_Está parecendo que viu um fantasma – completa Will.

Eu me senti no sofá, ou melhor, me jogo nele, afundando no meio das almofadas.

_E vi. Dois na verdade. Patrick e sua linda esposa grávida.

_Gravida? – Nathan fala espantado.

Faço que sim com a cabeça e Will ri, jogando a cabeça pra trás e colocando a mão na barriga.

_Qual a nossa maldição com ex namorados? – ele diz.

Eu dou um sorrisinho e dou de ombros.

_Onde está Lily?

_No quarto. Você e Treena arrumaram tudo?

Treena e eu passamos a tarde toda em casa, arrumando os últimos detalhes da festa de aniversário de Tom, que seria amanhã no pátio do castelo. Nós fizemos muitas coisas, mas tudo ia dar certo, a festa do meu pequeno sobrinho iria ser perfeita.

_Sim, Tom está animado. E eu mal posso esperar pra usar meu vestido de princesa – eu digo rindo.

Treena e Tom se vestiam se rei e rainha, eu e Will nós vestiríamos de príncipe e princesa. Não preciso dizer que foi difícil convencê-lo de vestir a roupa, mas eu consegui.

_Mal posso esperar pelas calças coladas e espada na cintura – Will fala irônico.

Nathan ri.

_Vou adorar fotografar isso.

Will lhe lança um olhar mortal e eu rio. Me sento direito no sofá e solto os meus dois coquinhos, deixando meu cabelo cair solto pelos meus ombros. Ele havia crescido muito e batia quase no meu bumbum, e eu tinha que admitir que eu gostava muito dele assim.

_Lou – Will me chama e eu me viro para encara-lo – Nathan e eu vamos sair.

Olho de um para o outro tentando descobrir o que estão aprontando.

_Aonde vão?

_Eu quero que Will faça alguns exercícios ao ar livre, e aqui é melhor do que em Londres.

_Claro, já que estamos no meio do nada – Will fala irônico.

Eu rio me levando do sofá. Vou até Nathan, dou um beijo na bochecha dele e dou um selinho em Will.

_Tudo bem, divirta-se. Eu vou ficar aqui é tomar um pouco de...

_Chá – eles falam em um uníssono interrompendo.

_Como sabem?

_Por que é você, Clark, o que mais você faria?

Boto língua para Will e rio.

_Culpada. Bem, vou para a minha cozinha, até mais tarde.

Ouço eles rirem e me encaminho para a cozinha, já pegando a chaleira.

Eu estava deitada no sofá, olhando para o jardim e bebendo um delicioso gole de chá, quando Lily brota do meu lado, me dando um baita susto.

_Louisa – ela grita.

Eu engasgo cm o chá e toso um pouco.

_Que susto Lily, quase me mata.

_Desculpe, mas vá já largando essa xícara.

Eu coloco a xícara em cima da mesinha ao lado da cadeira e a encaro, esperando ela falar.

_O que foi?

_Bem, você vai levantar daí, e vai se arrumar, nós vamos sair.

_ O que?

Olho para ela sem entender. Ela parecia animada e decidida. Ela estava usando uma blusa amarela e um short jeans, o que não era muito comum em seu guarda roupa. Os cabelos estavam presos em um coque improvisado e ela me olhava como se esperasse alguma ação.

_Isso mesmo que você ouviu, por que ainda não se levantou? – ela pergunta batendo o pé no chão, impaciente.

_E será que você pode pelo menos me dizer aonde vamos? – eu me levanto e fico em pé ao seu lado, cruzando os braços esperando ela me responder.

Ela ri e balança a cabeça.

_Isso é segredo.

Ela pega o meu braço e começa a me arrastar em direção ao seu quarto. Sem me dar direito de protestar. Chegamos lá e ela fecha a porta atrás de nós.

_Senta – ela fala apontando pra cama.

Eu em sento divagar e olho para ela. Por mais que eu estivesse intrigada com essa situação, eu estava me divertindo vendo a sua animação enquanto ela abria o closet e começava a tirar roupas de lá.

_Lily – eu a chamo mas ela me ignora - Lily- eu falo mais alto.

Ela olha para mim.

_O que?

_Será que pode me dar uma luz, pra eu saber ao menos que roupa usar?

Ela ri e recomeça a mexer no closet.

_Não vai precisar, eu já tenho a sua roupa, bem... Aqui – ela puxa um vestido do closet e se vira para mim.

Eu reconheço o vestido na hora. Era o que ela praticamente me obrigou a comprar quando fomos ao shopping dois meses atrás. Olho para ela sem entender. Lily nunca me deixou usar aquele vestido, disse que seria só para um dia especial, e agora me diz para vesti-lo? Eu não sei aonde iríamos, mas não era um simples passeio pela cidade.

_Vamos Louisa, levante, ou vou ter que vestir ele em você? – ela diz perdendo a paciência.

Eu resolvo parar de me questionar sobre o que estava acontecendo e finalmente me levanto da cama e paro na sua frente. Ela sorri vitoriosa e me entrega o vestido, já apontando para o banheiro.

_Vista-se e depois se sente na cama, eu vou te maquiar.

Lily me maquiando? Ok essa era a parte mais estranha.

_Tudo bem senhorita mandona.

30 minutos depois eu já estava vestida, maquiada, uma maquiagem bem feita devo admitir, finalizada com um lindo batom vermelho. No meu cabelo ela fez um lindo penteado com uma trança. Eu me surpreendi com as habilidades de Lily com cabelo e maquiagem, ela era muito talentosa e eu adorei o resultado. Eu me surpreendi por ela ter me deixado usar meus saltos de estampa de limão, que ficaram muito bonitos com o meu vestido maravilhoso. Agora Lily e eu caminhava nos pelo jardim. Ela usava uma calça jeans, blusa preta e tênis. Seu cabelo estava preso em uma trança lateral e seu rosto era de alguém que estava tramando alguma coisa.

Quando chegamos perto do labirinto, ela para de uma vez, como se lembrasse de algo.

_Droga, esqueci meu celular. Vou buscar, fique aí, já volto.

Antes que eu pudesse protestar, ela corre em direção ao anexo e some de vista. Eu me sento em um dos bancos que tinham perto da entrada do labirinto e fico olhando as estrelas que pintavam o céu escuro. O sol havia se posto a pouco tempo e a noite estava linda. Uma brisa boa bate no meu rosto e eu fecho os olhos, sentindo uma paz enorme me invadir. Abro meus olhos e levo um susto ao ver Nathan parado a minha frente. Ele usava uma calça jeans e blusa preta, roupas bem diferente s do uniforme de enfermeiro que ele usava quando saiu da minha casa.

_Você me assustou – eu falo.

Ele sorri.

_Desculpe. Venha.

_Pra onde?

_So venha Louisa.

Abro a boca para falar, mas ele estava entrando no labirinto. Começo a segui-lo com medo de que ele se afastasse demais e eu ficasse perdida naquele lugar. Quase corro pra alcança-lo enquanto ele se movimentava rapidamente pelo labirinto. Ele finalmente para, quando já estávamos perto da parte central do labirinto e eu paro também.

_Chegamos.

_Sera que alguém pode me dizer o que está acontecendo? – eu pergunto.

Ele apenas ri e aponta com a mão para o resto do caminho.

_Você sabe o caminho, siga até o meio, vai ter alguém te esperando.

Em um piscar de olhos ele já estava saindo do meu campo de visão. Suspiro cansada de todo esse mistério e sigo caminho para o meio do labirinto. Antes que eu chegue, vejo algumas pequenas luzes natalinas enfeitando as paredes do labirinto, olho para o chão e posso ver pequenas pétalas de rosas de diversas cores diferentes. Continuo andando e um sorriso se abre no meu rosto quando vejo Will parado perto da última volta. Ele usava um smoking preto, camisa branca e gravata borboleta. Seu cabelo estava bem arrumado e ele segurava uma rosa vermelha em sua mão direita. Ele estava lindo, absurdamente lindo.

_Boa noite Clark.

_Boa noite Traynor. Pelo jeito, todo esse mistério foi arquitetado por você.

Ele sorri culpado e se aproxima de mim, até sua cadeira encostar nos meus pés.

_Sou culpado disso Clark, mas foi por uma boa causa.

_E qual seria?

_Você vai ver – ele pisca pra mim e sorri – Mas eis aqui uma pista para você.

Ele ergue a rosa e eu a pego, levando- a até o nariz e sentindo seu aroma maravilhoso. Como eu amava rosas.

_Como isso pode ser uma pista?

_Você vai ver – ele se afasta com sua cadeira, me dando passagem – Vá na frente Louisa.

_Por quê?

_Não estrague a surpresa Clark, apenas vá.

Levanto os braços em rendição e sorrio, enquanto caminhava em direção ao centro do labirinto. Ouço a cadeira dele me seguindo e posso sentir os seus olhos analisando o meu corpo.

Finalmente chego ao meio do labirinto e meus olhos não acreditam no que veem. Levo a mão a boca, surpresa com o que vejo. O espaço estava todo decorado com diversas variedades de rosas e flores, luzes penduradas iluminavam o espaço é delas desciam várias fotos, minhas com Will, minha família e nossos amigos. Reparo em algumas de quando eu era criança e até mesmo de Will como um bebê gorducho é uma criança melada de chocolate. Havia também uma mesa redonda de ferro francesa preta, com pratos e taças em cima e duas cadeiras.

Mas o que me deixou mesmo de queixo caído foi o desenho que as fotos formavam. Do lugar onde eu estava, as fotos se uniam formando a palavra “Clark” e no chão, várias pétalas de rosas formavam a frase “Casa comigo?”. Lágrimas começam a sair dos meus olhos eu me viro para encara-lo. Ele me olhava com um sorriso enorme nos lábios e segurava uma caixinha de veludo preta aberta que continha um lindo anel com uma enorme safira azul.

_E então Clark – ele diz, parecia nervoso – Você me faz o homem mais feliz do mundo. Desde de o dia que te vi pela primeira vez, com sua saia rasgada e um sorriso constrangido, eu sabia que mudaria a minha vida, mas não sabia que seria tanto. Cada dia que você chegava com suas roupas ridículas e sua total incapacidade de esconder o que sente, eu me apaixonava mais por você, mesmo que ainda não soubesse disso. E quando você raspou minha barba e sorriu olhando nos meus olhos, eu sabia que estava totalmente ferrado. Eu me sinto um tolo, quando lembro que eu quase desisti de você, quase joguei fora a nossa casa em Londres, os nossos cafés da manhã na cama e as nossas tardes no jardim. Quase joguei fora a vida com a minha filha e todos os dias eu olho pra você e agradeço aos céus por você ter Aparecido em minha casa. Eu não poderia escolher outra pessoa para dividir a vida comigo, anão ser aquela que me devolveu a vida, eu te amo Clark, quer ser minha esposa e me aturar até eu ficar velho e rabugento?

As lágrimas saiam dos meus olhos como cachoeiras e eu já estava soluçando. Isso foi tão lindo, eu nem acredito que tudo isso estava acontecendo. Como eu amava esse homem e eu não tinha nenhuma palavra pra dizer a não ser:

_Sim, Sim, sim.

Ele suspira aliviado e seu sorriso aumenta. Estendo a minha mão e ele coloca a aliança em meu dedo. Era linda, tão linda quanto o homem a minha frente. Pulo em cima dele, quase derrubando nós dois da cadeira e o beijo, beijo com todo o amor que eu sentia por ele, beijo como se fosse a última vez que fosse beija-lo. Sinto o gosto salgado das minhas lágrimas que escorriam dos meus olhos, mas não ligo. O beijo com toda a intensidade até ficarmos totalmente ser oxigênio.

_Ah Clark, eu te amo tanto – ele fala enquanto fazia carinho em minha bochecha.

_Eu te amo Will, amo muito. E nada vai me fazer mais feliz do que ser a sua esposa por toda a vida, mas deixe eu te falar, você já é rabugento.

Ele ri.

_Sou culpado disso. Mas o que importa, Lou, é que você vai ser a minha esposa e eu mal vejo a hora de isso acontecer.

_Eu também, eu te amo Will Traynor, vou amar o resto da minha vida.

_Eu também te amo Louisa Clark, e prometo que você vai ser a mulher de Aleijado mais feliz do mundo.

_Não estrague o momento Will.

_O momento ainda nem começou Clark, a noite ainda te reserva muitas surpresas, mas agora eu só vou beijar a minha noiva.

Eu rio e o beijo de novo. Beijo o homem que amo e que vai ser meu marido, e eu nem podia acreditar que o destino fosse me fazer uma surpresa tão grande. Eu mal podia ver a hora de me tornar Louisa Traynor.