Lou's POV:
Sinto a minha cabeça doer é uma grande vontade de ir ao banheiro. Abro os olhos e pisco quando a claridade invade a minha visão. O meu corpo doía, especialmente no meu ventre. Olho em volto e percebo que estou em um quarto de hospital. O quarto era branco e privado. Havia uma janela grande que dava vista para cidade, alguns aparelhos que monitoravam os meus batimentos, uma cadeira ao lado da minha cama é um jarro com flores em uma mesinha abaixo da janela. Olho para o meu corpo e percebo que estou vestindo uma camisola hospitalar com vários quadradinhos azuis, no meu braço direito havia uma intravenosa que estava ligada a, espera, uma bolsa de sangue? O que está acontecendo? Antes que eu pudesse perguntar, a porta se abre e Will e Meredith entram na sala, acompanhados de uma médica que eu reconheço como sendo a Dra. Arizona Robbins. Will se espanta a me ver acordada, ele acelera a cadeira em minha direção e pega a minha mão a apertando com força.
_Hei, que susto você me deu – ele diz. Sua voz sai rouca e sei que ele andou chorando.
Seu terno preto estava amassado e a gravata havia sumido. O cabelo estava bagunçado e eu sabia que o havia puxado com o nervosismo.
_O que aconteceu? – eu pergunto.
_Você desmaiou no restaurante, e perdeu muito sangue, mas ninguém me disse ainda o que você teve – ele olha bravo para Meredith que dá um sorriso fraco.
_Estávamos esperando você acordar.
_Bem, eu já estou aqui. Podem me dizer agora.
Arizona dá um passo a frente e um suspiro pesado.
_Então Louisa, eu acredito que você não sabia, mas o que aconteceu com você foi algo normal, por mais que triste.
_Não estou entendendo.
Elas se entreolharam e me olha com uma cara de compaixão.
_Louisa, não tem jeito mais leve de dizer isso, mas você teve um aborto.
_O que?!
Will e eu gritamos na mesma hora. Eu estava grávida? Como assim? Como eu não sabia disso? Eu deveria saber não deveria? Eu olho para ele que tem o mesmo olhar confuso que eu.
_Você sabia? – ele pergunta.
Eu faço que não com a cabeça, atordoada demais para responder. Eu estava grávida, grávida do homem que amo. Espera, eu estava, eu perdi o meu filho, o meu filho com Will. Eu não consigo tirar a sensação de inutilidade que me invade, eu não fui capaz de segurar o meu próprio filho, que era provavelmente um milagre, já que nas circunstâncias de Will isso era quase impossível. Lágrimas começam a rolar dos meus olhos e eu cubro o rosto com as mãos.
_Como isso aconteceu? Como eu não sabia?
_Bem, o aborto aconteceu por que você teve um descolamento de placenta, o que fez você sangrar e perder o bebê. Você estava apenas de dois meses, esse casos podem acontecer nessa época. E sobre você não saber, a sua mestruação continuou normal não foi?
Faço que sim com a cabeça.
_Então por isso você não percebeu, isso é raro, mas acontece. O importante é que você não teve sequelas e amanhã de manhã terá alta.
As palavras dela giram em minha mente e eu me sinto tonta novamente. Ouço ela é Will conversarem sobre algo, mas não consigo registrar as palavras, tudo que eu penso é em meu filho. Coloca a mão na mão barriga, é como se eu sentisse um vazio dentro de mim, lágrimas rolam dos meus olhos e eu tampo o rosto com a mãos.
_Louisa – Meredith diz ao meu lado, abro os olhos por e a vejo olhando carinhosamente para mim – Eu sei que você não está se sentindo bem, mas isso é normal, doloroso eu sei, mas normal. A maioria das mães perdem os filhos antes do terceiro mês até mesmo as que tentaram a vida toda.
Fico pensando nas palavras dela. Talvez a minha situação não seja tão ruim, existem casos bem piores que o meu, pessoas que sofreram mais. Porém eu ainda sinto aquela sensação de vazio dentro de mim, que não quer ir embora.
_Ei você é forte, pode passar por isso, eu te conheço – ela fala me olhando com seus olhos azuis – Eu sei que não é fácil, você sabe que eu já passei pela mesma situação, mas você pode dar a volta por cima. Olha para mim, hoje eu tenho três filhos lindos, é um dia você também vai ter.
_Precisam ser três? – eu pergunto.
Ela sorri.
_Não, acho que dois já estão de bom grado para o senhor nervosinho ali – ela fala apontando para Will.
Eu dou um sorriso, fraco, mas um sorriso e peço ela para me ajudar a ir ao banheiro. Ela me ajuda a me levantar e eu me encaminho para o banheiro. Penso nas palavras de Meredith e reavaliou minha situação, ela passou pela mesma coisa e consegui seguir em frente, eu posso fazer isso também. Sei que essa sensação de vazio vai demorar sair, mas um dia ela vai embora. Respiro fundo e ergo a cabeça, lavando o meu rosto na pia do banheiro. Amarro o meu cabelo em um coque improvisado e sigo com o meu suporte para a bolsa de sangue e volto para o quarto. Meredith e Arizona já haviam ido embora, restava apenas Will no quarto. Ele é sua cadeira estavam sentados ao lado da cama e ele tinha o rosto escorado na cama.
Caminho em direção a um jarro de água que tinha ao lado da janela e tomo um gole, sentindo minha garganta agradecer por isso.
_Louisa – ele me chama.
Olho para ele e vejo um misto de cansaço e triste em seu rosto. Ele suspira e eu me deito de novo na cama, pegando sua mão na minha livre da intravenosa.
_Eu sei que pra você, isso deve ser mais difícil do que para mim, muito mais, mas não quero que você se sinta uma incapaz.
Me surpreendo por ele saber o que estava pensando, e ele me olha como quem diz “ eu te conheço bem, Louisa Clark”.
_Talvez não era a hora, acredite, eu ficaria muito, muito feliz se tivesse dado certo, mas não deu. Estou tão triste quanto você, mas fico feliz de que nada de mais grave tenha te acontecido – ele abaixa a cabeça e respira fundo, vejo uma lágrima escorrer pela sua bochecha – ah Lou, quando lembro do seu estado, você sangrando dentro da ambulância, sem dar sinal de vida, eu achei que fosse perder você, eu não sei o que teria feito se tivesse te perdido Lou eu, eu, não suportaria...
_Ei – eu o interrompo pegando o seu rosto nas mãos e enxugo as lágrimas que se acumulam ali – Eu estou aqui não estou? Achou mesmo que eu te deixaria para a coitada a Lily te aturar sozinha? Eu não sou tão má.
Ele ri e beija os nós dos meus dedos. E chego perto do seu rosto e lhe dou um selinho demorado, tentando transmitir a ele que estou bem. Nós ficamos ali algum tempo, na nossa bolha, até que uma enfermeira entra e troca a bolsa de sangue vazia por uma com soro e alguns remédios para a dor, que eu aceito de bom grado, pois a dor em meu ventre era grande, não só fisicamente.
Algum tempo depois, Lily, Treena, Rita, Nathan e Martin vieram me ver. A visita deles foi boa para mim, me animou um pouco e por algum tempo eu consegui pensar em outra coisa, mas é claro que assim que restaram apenas Will e eu, aquela sensação horrível de vazio voltou novamente. Eu acordei no meio da noite e Will estava dormindo tranquilo em sua cadeira, com a cabeça apoiada no encosto, ele parecia tão sereno e tão preocupado ao mesmo tempo. Fiquei algum tempo admirando o seu belo rosto. Realmente o meu noivo era um homem muito bonito, isso era notável, seus cabelos castanhos estavam bagunçados, a boca entreaberta e os olhos estavam preocupados e ele parecia estar sonhando. Uma enfermeira entra, e eu peço a ela que faça silêncio, para não acorda-lo. Ela checa os meus aparelhos e mede a minha e troca o meu soro vazio. Antes de sair ela dá uma boa olhada em meu noivo e sai envergonhada. “Tudo bem querida, eu sei que ele é um pedaço de mal caminho”. Rio da situação e viro para o lado, caindo no sono.
_Vá com calma Louisa, cuidado aí – Will diz enquanto eu me levantava da cama.
Reviro os olhos para ele, rindo. Já falamos sobre isso mil vezes. Depois que ganhei alta hoje de manhã e voltamos para casa, Will estava superultra cuidadoso. Ele não me deixava andar muito, pra todo lugar que ele pudesse me levar, eu tinha que sentar em seu colo e ele me levava na cadeira, até para o banheiro ele me levou. Já passava das quatro da tarde e eu estava cansada de ficar deitada. Arizona disse que eu poderia andar normalmente, mas deveria evitar pegar coisas pesadas e fazer exercícios por um tempo. O que trouxe Nathan de volta nossa rotina, já que agora era ele me ajudaria ainda mais com Will, como para tirar e coloca-lo na cama e na cadeira de banho e até para trocar de roupa. Não que não gostasse de ter Nathan por perto, mas eu gostava da independência que Will e eu adquirimos com o tempo.
_Louisa cuidado. Não, pare, sente aqui – Will fala enquanto eu caminho para o banheiro.
Eu usava um shortinho de malha preto é uma regata branca, meu cabelo estava preso em um coque improvisado e eu usava um par de chinelos brancos. Paro no meio do caminho e me viro para ele, rindo.
_Will, calma, eu só vou ao banheiro. Olhe mais dois passos e pronto – eu gesticolo mostrando o caminho e ele fecha a cara.
_Mas você não pode se esforçar.
_São apenas alguns passos, Arizona disse que seria bom eu andar.
_Tudo bem, vá. Mas eu vou estar aqui esperando.
Faço um sinal de joia com os dedos e entro no banheiro.
_Deixe a porta aberta – ele grita.
Eu reviro os olhos, mas faço o que ele pediu. Depois de fazer as minhas necessidades, eu volto para o quarto, e lá estava o meu cão de guarda, me esperando na porta do banheiro com os braços cruzados. Ele usava uma bermuda caqui e uma regata branca, trazes nada típicos de Will Traynor, mas como ele mesmo disse, hoje ele estava casual.
_Prontinho senhor mandão, e lavei as mãos – eu levanto as minhas mãos para ele inspecionar e ele bufa.
_Boba, eu só estou cuidando para que você não volte para o hospital.
_Eu sei, e agradeço por isso. Mas eu preciso andar, faz parte da minha recuperação, e você sabe, Arizona deixou isso bem claro.
_Ta bem, desculpe. Agora volte para a cama.
Nem pensar que eu vou ficar mofando nesse quarto por mais um minuto, nem que eu tenha que brigar com ele por isso.
_Não senhor. Eu vou para a sala, vou comer algo e assistir TV.
_Ah, mas andando você não vai mesmo.
Eu suspiro cansada desse papo e me sento em seu colo, querendo evitar outra discussão. Ele ri da minha atitude e beija a minha testa, se encaminhando para a sala. Desço da cadeira assim que chegamos a cozinha e faço um grande copo de leite condensado achocolatado para mim.
_Eu achei que você fosse comer – ele diz com a testa franzida.
_E vou.
_Apenas esse leite? Isso não é comida.
Eu faço uma cara de espanto para ele e coloco a mãos no peito dramaticamente.
_Coitada das pobres vaquinhas. Elas gastaram muito sangue para fazer esse mísero copo de leite e você ainda as desmerece que vergonha da sua parte, Traynor.
Eu pego meu copo de leite e um cookie e saio andando balançando a cabeça de um lado pro outro em sinal de reprovação. Me sento no sofá e vejo ele se virar para mim, com um sorrisinho nós lábios.
_Talvez você devesse tomar leite e comer algo junto – levanto a mão mostrando o cookie pra ele – algo saudável.
_Cookies são saudáveis.
_Claro, pra quem quer morrer de obesidade.
Eu rio e olho para ele.
_Will, relaxa. Um cookie não vai me matar, a além do mais, daqui a pouco é a hora do jantar e eu prometo comer toda a salada, palavra de escoteiro.
Ele ri alto e chega com a cadeira na minha frente. A cara de turrão dele estava tão bonitinha que eu tive que dar um beijo dele. Ele riu ainda mais com isso é nós ficamos vendo TV.
Mais tarde, Rita, Martin, Nathan, Treena e Tom vieram para o jantar. Rita e Nathan cozinharam, Lily e Tom foram brincar no quarto dele ( eu estava adorando a interação dos dois) e o resto de nós ficou conversando na cozinha. Claro que Will me fez comer todos os legumes e comer toda a comida até que não sobrasse mais nenhuma migalha. Eu adorava o fato dele estar cuidando tanto de mim, mas já estava exagerando.
Depois que todos foram embora, Lily e eu estávamos sentadas na minha cama, combinando algumas coisas do casamento e marcamos um dia para ir escolher um vestido. Já estava guardando as revistas na cômoda quando percebi que ela estava parada olhando para mim, parecia com receio de dizer algo.
_Lily- eu a chamo – O que foi?
_Ah... Nada.
_Ei – eu coloco a minha mão em cima da dela – Lembra que sou sua amiga né? Pode me dizer qualquer coisa.
_É que eu não quero que você fique triste.
Olho para ela como se perguntasse como assim. Ela suspira e chega mais perto de mim.
_É que, eu também estou triste, sabe pelo bebê. Seria legal ter um bebezinho vestido de vestidos de borboleta e meia calça rosa – ela solta um sorriso fraco.
_Venha aqui – eu abro os braços e ela se senta no meio das minhas pernas. Abraço ela por trás e dou um beijo em seus cabelos – Eu também iria gostar disso, nada me faria mais feliz do que ter um filho com Will, mas talvez não era a hora. Quando for a hora certa, Will e eu teremos um filho e você vai poder ensina-lo a escutar música de qualidade.
Ela ri.
_Como 30 Seconds to mars?
_Claro que sim, e vamos ensina-lo a admirar a beleza de Jared Leto.
Ambas rimos alto e ela me abraça mais forte.
_Sabe Louisa.
_Hm?
_Eu odeio admitir, e você nunca mais vai ouvir isso da minha boca, mas eu adoro o fato de você ser a minha madrasta.
Eu a olho chocada e ela ri.
_Você sabe que eu nunca mais vou esquecer isso né? – eu digo
Ela devia os olhos.
_É claro que eu sei. É com você que eu estou falando.
Eu aperto as bochechas dela é ambas rimos. Eu adorava ter Lily ao meu lado e quando chegar a hora, espero ter uma filha como ela, apesar de que em meu coração, Lily também era minha filha, mas eu nunca diria isso a ela, pra não ser zoada eternamente. Então, vamos manter isso em segredo.
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