História A Dream or a Nightmare? - Never Say Never

Abri a porta do apartamento com uma chave que o Norman tinha me dado antes de sair e adentrei no local fechando a porta em seguida. Olhei para a sala e o Norman estava no sofá dormindo com a televisão ligada, fui em direção à escada de fininho tentando não fazer barulho. Coloquei os meus pés no primeiro degrau e logo depois no segundo e terceiro.

– Onde a senhorita pensa que vai?- dei um pulo ao ouvir a voz que eu menos queria ouvir no momento. Me virei para trás e me deparei com Norman se levantando do sofá e andando na minha direção com os braços cruzados. – ou melhor..o que você estava fazendo até agora para chegar só as..- ele olhou para um relógio na parede.- só a meia noite e toda molhada?

Engoli em seco e respirei fundo.

–Eu estava na festa com o Mingus. O Chandler me trouxe mas o pneu do carro dele acabou furando e eu acabei me molhando com a chuva.– falei tentando ficar calma.

– Por que o Mingus não te trouxe? –perguntou levantando uma das sobrancelhas. Fiquei tensa. Eu deveria ou não deveria contar? - Esquece, nem precisa falar nada. Pode subir pro seu quarto e se limpar.- Olhei para baixo e a minha blusa estava um pouco suja por causa da roda do carro.- Boa noite.

-Boa noite.- falei lhe lançando um sorriso ao qual o mesmo retribuiu. Virei as costas e continuei a subir a escada, entrando no meu quarto e indo direto para o Banheiro. Tomei banho,me vesti e sequei o meu cabelo, passando a prancha logo depois. Fui deitar para dormir umas 2 horas da manhã.

                                  [...]

Acordei com o barulho do despertador do celular e bufei levantando da cama. Sabe aqueles dias em que tudo o que você quer é voltar para a sua cama e dormir de novo? Então, é isso o que eu mais queria. Ta que eu não bebi e nem nada. Mas eu me sentia um caco. Fui para o banheiro e fiz minha higiene e uma make básica. Coloquei uma calça jeans preta, uma blusa branca simples e um casaco com quadrados azuis escuros e azuis claros com as mangas levantadas até os cotovelos.

Assim que eu estava prestes a sair do quarto, escutei um grito e uma risada de algum lugar do corredor. Sai rapidamente do quarto e vi a porta do quarto do Mingus aberta. Me aproximei e dei de cara com Norman rindo igual a uma hiena e o Mingus deitado na cama todo molhado com uma cara de tacho. Comecei a rir e logo os dois notaram a minha presença.

–Do que você ta rindo, hein Melany?- Mingus perguntou.

-Ah..de nada não, esquece.- falei voltando a rir e sendo acompanhada por Norman. Vi Mingus se levantando lentamente da cama enquanto eu dava pequenos passos para trás, ainda rindo. E como o esperado, ele veio correndo na minha direção, mas, antes que eu pudesse me virar e sair correndo, ele segurou o meu braço e me puxou para um abraço, me molhando. Soltei um gritinho  e comecei a dar tapas em seu braço, rindo e sendo acompanhada pelo pai e pelo filho.

–Me solta, seu doido. – gritei me debatendo.

–É o que? Acho que não ouvi direito. Me solta o que? – ele falou tentando parecer autoritário. Comecei a rir mais ainda e ele começou a sacudir o cabelo, espirrando água na minha cara. Soltei outro gritinho.

–Tá!!– falei me rendendo– Pode me soltar por favorzinho, Mingus lindo do meu coração?- falei com uma voz fina e ele me olhou começando a rir, comecei a rir  também.

Mingus afrouxou o abraço e rapidamente me deu um beijo na bochecha. Congelei enquanto arregalava os meus olhos. Por que ele tinha feito aquilo? Ele era doido? Fiquei encarando aqueles olhos esverdeados por alguns segundos e pareceu que uma espécie de corrente elétrica percorreu por todo o meu corpo. Até que um barulho de tosse surgiu no quarto, fazendo com que virássemos o nosso olhar para o Norman, que estava com uma cara séria.

–Mingus, vai se arrumar logo porque se não vocês vão se atrasar para a escola.– Norman começou olhando para o Mingus.- E Melany, eu preciso falar com você.- falou olhando para mim. Me arrepiei. O que poderia ser?– Te espero na mesa.

Norman virou as costas e saiu do quarto. Gelei. O que houve? Será que ele está bravo comigo? Senti as minhas bochechas cotarem.

Olhei para o Mingus e ele me olhou.

–Não liga para ele não, ele deve estar só querendo te proteger. - Falou e eu franzi o cenho. Me proteger do que? Mingus pareceu notar a minha cara de interrogação e continuou. –Porque você faz parte do elenco e está sob a responsabilidade dele e tal.

Assenti meio que ainda confusa e indo para o andar de baixo, onde encontrei Norman sentado na mesa comendo algumas panquecas. Assim que entrei na sala ele levantou o seu olhar na minha direção e fez um gesto para que eu sentasse em uma cadeira na frente dele e assim fiz.

–Então...sobre o que você queria falar?– perguntei enquanto me servia de algumas frutas.

–Ah, eu só queria te falar que a sua mãe me ligou falando que estava com saudades de você e pedindo para que você ligasse para ela.– Soltei um suspiro pesado, sentindo os meu ombros relaxarem. –Ah, e eu também tenho que te entregar isso. – ele pegou um bloco de papel e me entregou.

Peguei o papel e li o que estava escrito na primeira folha (capa) “Roteiro de The Walking Dead, Season 6 part 2”. Eu não tenho muita certeza mas eu acho que naquela hora os meus olhos brilharam, fazendo com que o Norman risse.

– Comece a ler ainda hoje pois você ainda precisa aprender algumas coisas para a sua personagem e a sua primeira cena começa semana que vem. Qualquer dúvida é só me perguntar. – Norman falou e eu assenti, animada para começar a ler.

Depois de alguns minutos, o Mingus desceu e começou a tomar café junto com a gente.

                                     [...]

A minha primeira aula seria de Música e infelizmente o Mingus não estava nessa classe.

Entrei na sala de aula após ter me despedido de Mingus, que de novo fez questão de me trazer até a sala.

A sala estava praticamente vazia, com exceção de umas três pessoas espalhadas por ela. Me sentei em uma das carteiras perto da janela na primeira fileira e esperei a aula começar.

Assim que o sinal tocou, os alunos começaram a entrar na sala rapidamente. Revirei os olhos e soltei uma risada. Algumas coisas nunca mudam. Depois dos alunos entrarem, uma mulher que parecia ter por volta dos 27 anos, entrou na sala fechando a porta logo em seguida. Se direcionando à mesa do professor.

–Bom dia, Pessoal.– a professora falou e todos responderam “Bom dia” em coro.– Bem, como já deve estar bem claro, eu vou ser a professora de Música de vocês. Podem me chamar de – ela pegou uma caneta de quadro e escreveu o nome dela.– Srt.Peyton ou apenas Peyton mesmo. Enfim...como eu ainda não conheço vocês, eu quero propor uma proposta divertida para todos nos conhecermos melhor..– ela foi interrompida por algumas batidas na porta, que logo foi aberta por ninguém mais e ninguém menos que Chandler Carlton Riggs. Sério que até aqui?

–Me desculpe pelo atraso, senhorita. Eu posso entrar?– ele perguntou do jeito galanteador dele. Revirei os olhos.

–Claro, entre.–A professora falou fazendo um gesto para que ele entrasse. Ele entrou na sala e no mesmo instante o seu olhar deu de encontro com o meu, o que o fez travar o maxilar e me fuzilar com os olhos. Gelei. Rapidamente desviei o meu olhar e ele se dirigiu lá pro final da sala,comprimentando algumas pessoas cuja uma das vozes eu reconheci ser do Sam. Eu nem tinha percebido que ele estava na sala.  – Você deve ser o Chandler Riggs, não é mesmo?- a professora perguntou erguendo uma das sobrancelhas.

– Sim, sou eu mesmo. A senhorita vai querer um autógrafo? – Perguntou convencido e a turma riu.

–Não, muito obrigado. Eu só vou te pedir para se sentar aqui na frente para que eu possa ficar de olho em você para que não ocorra desentendimentos.– a professora respondeu com toda a calma do mundo.

–Mas aí na frente não tem lugar!- Chandler questionou.

–Tem sim.– a professora falou olhando para mim e eu gelei. Ah, não… – aqui do lado dessa menina linda.– ela apontou pra mim e eu me encolhi na cadeira sentindo o meu rosto queimar.

Senti o Chandler sentando na cadeira ao meu lado e o encarei. Ele me olhou de cima a baixo e soltou uma risada abafada, olhando para frente em seguida.

–Onde estávamos..?– ela parou para pensar um pouco–  Ah, a minha proposta é que cada pessoa que eu chamar vai vim aqui na frente e falar alguma música que ela goste muito e que  se identifique. – Assim que ela falou aquilo a turma fez um “aah..” como reclamação. –Ah pessoal, vamos vai ser legal. Quem quer começar?– todos ficaram quietos. – Então eu vou ter que escolher..

–Eu vou, professora.– uma voz feminina surgiu do fundo da sala, o que fez com que todos olhassemos naquela direção. Era uma das garotas que se eu não me engano era líder de torcida e estava se pegando com o Chandler na escola.

–Muito bem, venha aqui pra frente por gentileza. – a professora falou e a garota levantou, indo rebolando até a professora. Ela era aquelas típicas garotas patricinhas de filmes: corpo “escultural”, loira de olhos azuis e usava roupas um tanto quanto curtas. Quando ela passou em frente ao Chandler, ele olhou ela dos pés a cabeça e ela logo virou para trás piscando um dos olhos para ele. Revirei os olhos. Affe.

–Muito bem..agora fale o seu nome, idade, de onde é, fale um pouco da música que você escolheu e depois pode cantar um trecho dela. – a professora falou.

–Bem, como muito de vocês já devem saber, o meu nome é Sofia Evans. Eu tenho 17 anos, sou de Los Angeles e sou capitã das cheerleaders. – quando ela disse isso alguns garotos gritaram “uhuul” em comemoração, isso incluía o Chandler. – A música que eu escolhi é He like that do fifth harmony, porque além delas serem umas divas, não tanto quando eu, claro.– revirei os olhos. – Essa música fala exatamente o que eu tenho e os meninos amam. – nessa hora os meninos começaram a bater palmas e comemorar, pude perceber algumas meninas revirando os olhos, fiz o mesmo.

– OK, Ok. Silêncio, turma.– os gritos cessaram. – Muito bem, Srt. Evans. Pode começar a cantar um trecho da música, por favor.

—You got that good boy attitude and yeah, I kind like it
You got the tats on your arm got a bad girl excited
You put that bass in the beat, won't you beat it up inside it?– ela começou a cantar e o meu queixo caiu, ela cantava muito bem –
I got that pumps and a bump and you know you wanna try it
Pumps and a bump, pumps and a bump
He like the girls with the pumps and a bump
Pumps and a bump, pumps and a bump
I be that girl with the pumps and a bump
He like that bang, bang, bang
He like that bomb, bomb, bomb
He like that love, love, love
I’m like that drug, drug, drug
He trip when he on it, one taste and he want it

– Muito bem, muito bem. Vamos parar por aqui porque se não, não vamos conseguir ouvir outros alunos.– a professora começou. – Você foi muito bem, srt. Evans. Eu recomendaria você entrar no coral da escola.

–E eu vou. Porque pelo o que eu vi nas apresentações do ano passado...Vocês vão até me agradecer por ter entrado.. – revirei os olhos de novo.

— OK, pode ir se sentar Srt. Evans.– a professora falou e a garota jogou os seus cabelos pro lado e foi rebolando até o lugar dela.

–Quem vai ser o próximo?- perguntou olhando para a Turma, mas todos ficaram em silêncio. – É sério pessoal? Vamos, qualquer um de vocês.– silêncio – Então vamos lá… Que tal...você? – perguntou parada na minha frente. Gelei.

–Eu?– perguntei com medo da resposta.

–Sim, você mesmo.– disse simples e eu balancei a minha cabeça em negação enquanto me abaixava na cadeira. Todos começaram a rir e a professora lançou um olhar de repreensão para a turma.– Vamos, não precisa ficar com vergonha. Ninguém vai rir de você.– disse me lançando um olhar de confiança. Concordei com a cabeça e me levantei, ficando do lado da professora.

–Fale o seu nome, idade, de onde você é e fale um pouco da música que você escolheu.– repetiu o que ela tinha falado antes. Respirei fundo.

–Eu me chamo Melany Montez, tenho 17 anos e vim do Brasil.– quando eu falei isso, pude perceber um certo interesse surgir na turma, que agora me olhava atenta.– A música que eu me identifico é Never Say Never, do Justin Bieber. Pois assim como ele fala, eu acho que nunca devemos dizer que não podemos fazer alguma coisa, nunca devemos desistir dos nossos sonhos e nunca devemos dizer que não somos capazes de alcaça-los. Porque tudo é possível.– olhei para a turma e algumas pessoas bateram palmas, olhei para o Chandler e ele estava sorrindo de canto enquanto olhava para o chão.

– Uau, concordo plenamente com você, nunca desistam dos seus sonhos.– a professora falou sorrindo – Agora você pode cantar um trecho da música, por favor.

Assenti e respirei fundo.

“Pense que você está sozinha.” – falei pra mim mesmo.

—See I never thought that I could walk through fire– comecei a cantar baixinho

I never thought that I could take the burn– comecei a cantar mais alto

I never had the strength to take it higher

Until I reached the point of no return

And there's just no turning back

When your heart's under attack

Gonna give everything I have

It's my destiny

I will never say never! (I will fight)

I will fight till forever! (Make it right)

Whenever you knock me down

I will not stay on the ground

Pick it up

Pick it up

Pick it up

Pick it up, up, up

And never say never– parei de cantar e todos estavam me encarando. Corei. Será que eu fui tão mal assim?

De repente todos começaram a me aplaudir.

–Uau, meu Deus! Menina, que voz, você arrasou. Você com certeza tem talento.–  a professora começou a falar e eu definitivamente corei.— Eu também te aconselho a entrar para o coral, porque definitivamente lá é o seu lugar.

Abri um sorriso assentindo e olhando para a turma, que começou a bater palmas. O meu olhar se encontrou com o da Sofia e ela me lançou um olhar raivoso. Abaixei a minha cabeça e caminhei até o meu lugar, sentando e olhando para o meu caderno em cima da mesa.

– Você mandou bem.– ouvi uma voz grossa falar ao meu lado e logo me assustei olhando para o Chandler, que tinha um sorrisinho de lado aberto, mas logo fechou quando viu que eu estava o olhando.

–Obrigado.– falei baixinho e logo virei a minha cabeça para a direção da professora.

Depois de mais algumas aulas, que infelizmente não foram com o Mingus e sim com o Chandler, o sinal avisando que as aulas tinham acabado tocou e logo os alunos foram saindo das salas. Para a minha sorte nas outras aulas eu não precisei sentar com o Chandler. Assim que eu botei o meu pé do lado de fora da sala, encontrei o Mingus e depois dele me abraçar e perguntar como foi o dia, nós fomos para casa. Fizemos o trabalho de história que tinhamos que fazer juntos e até que ele era bem inteligente.

Depois de jantar uma salada e tomar banho, me deitei na cama e peguei o roteiro para ler. Eu fui lendo, lendo, até que os meus olhos se arregalaram quando eu cheguei em uma parte.

      O que???