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História Vivo, ou apenas existo? - O dourado morto


Escrita por: Hueitir10-NEW

Notas do Autor


Hoje teremos os dois primeiros capítulos postados do ano de 2017 <3
Primeiro esse, e daqui a pouco o próximo.
Preparem-se para bons acontecimentos, rs.

Capítulo 14 - O dourado morto


Fanfic / Fanfiction Vivo, ou apenas existo? - O dourado morto

Tiros.

Explosões.

Desabamentos.

Uma escada que nos leva até o abate. A escada, que agora está soterrada junto com todos os destroços do Hospital. Dá para ver tudo pela televisão do supermercado ao qual eu e o Rimon entramos agora a pouco – para comprar os comes e bebes.

Na televisão, a jornalista destaca os nomes dos sobreviventes ao atentado acontecido no Hospital; e como já era esperado, nem o meu nome, e nem o de Rimon, são ditos.

 

Vivo, ou apenas existo?

Capítulo 14: O dourado morto

 

"O plano é o seguinte." - começa Rimon, enquanto anda ao meu lado. Seguramos uma pequena quantidade de sacolas, que deve dar para nos alimentar ao longo do caminho. - "Nós vamos voltar a pé, pela estrada, para a nossa cidade. O dinheiro que eu tinha dava apenas para os comes e bebes, então essa foi a única opção.".

"É praticamente a duração de um dia andando, correto?" - indago. Analisando o tempo de chegada até o Exército.

"Mais ou menos isso." - ele responde. - "Eu espero que a noite não chegue tão rápido, o perigo está por todas as partes."

Eu até tentei convencer o Rimon de nós voltarmos para o local do atentado, mas o que ele disse logo após, me fez pensar bem:

"Do mesmo jeito que souberam que estávamos no Hospital, irão saber que estamos vivos e que voltamos para lá. Eles observam tudo, sabem de tudo, eles são uma quadrilha, e se não nos matou agora, irá nos matar na próxima oportunidade.".

Fico pensando no tenente Homes, ele vai ficar com bastante raiva por saber que os três homens da quadrilha conseguiram pôr um fim nos dois 'novatos dourados'.

Começo a digerir um biscoito de chocolate vagarosamente. Eu e o Rimon não temos muito mais o que conversar, tudo que acabou de acontecer no Hospital só faz os nossos ossos tremerem ao imaginar nossos corpos soterrados junto aos outros.

E é quando uma hora de caminhada se passa que escutamos a buzina de um caminhão próximo a nós, tenho a plena certeza que o Rimon teve o mesmo susto que eu. O caminhão para de se movimentar ao nosso lado, e uma senhora de idade exclama:

"Carona!"

Olho para o Rimon, que olha para mim, ficamos confusos, até que a senhora nos chama novamente, e somos obrigados a aceitar diante da gentileza. Espero que não tenha nenhuma bomba que vá explodir neste caminhão (está repreendido em nome do Senhor).

Sento na poltrona ao lado da senhora, e Rimon senta em uma poltrona que fica atrás das duas primeiras - bem no centro.

"O que os dois rapazes estavam fazendo caminhando na estrada há essa hora?" - indaga a idosa, que logo dá partida no caminhão.

"É por causa de uns acontecimentos, aí tivemos que... Ir para a outra cidade a pé." - comento, e falo para ela qual é o nosso destino.

"Vocês iam demorar um bocado para chegar lá, ainda bem que meu percurso reflete em passar pela cidade." - sorri ela.

"Obrigado pela gentileza." - agradece Rimon. - "Mas você não teve medo que nós fôssemos ladrões ou algo do tipo?".

"Medo de quê?" - indaga ela, rindo. - "Já vivi o bastante, e se minha morte vier por conta de eu ter sido gentil com dois rapazes, não irei me importar." - ela então me observa. - "Ferimentos e machucados."

"Acredite, não vai querer saber." - sorrio, e então fico em uma expressão séria. - "Qual o seu nome?".

"Aurora." - responde a senhora. Olho para o seu rosto, envelhecido por rugas, seus cabelos grisalhos que caem aos pedaços. Foco o olhar para frente.

"O meu é Pedro, e o dele é Rimon." - falo.

"São namorados?" - indaga ela.

"Ah, não." - sorrio pela pergunta, ela parece até minha irmã em uma versão mais adulta. - "Somos amigos, soldados do Exercito."

"Que estão vindo da cidade onde acabou de ocorrer dois atentados." - murmura ela.

"Sim..." - sussurra Rimon.

"As pessoas, matam por besteira, destroem as coisas por pura loucura." - falo, lembrando dos últimos acontecimentos.

"Ah, meu filho." - diz Aurora. - "Se fomos parar pra pensar em cada tragédia ao nosso redor, nós não iremos viver tão cedo. Há presidiários cortando a cabeça dos policias, isso é verdade. Há pessoas morrendo de fome, há tudo neste mundo acontecendo neste exato momento." - ela dá um longo suspiro. - "Tanta merda no mundo que o máximo que fazemos é falar qualquer coisa, se redimir, e continuar com a cabeça erguida, isso é o ser humano."

"Realmente." - sussurra Rimon.

"A senhora é casada?" - indago.

"Já me casei tantas vezes, rapazes. Mas hoje, não tenho mais ninguém." - fala Aurora. - "Hoje em dia, as pessoas namoram ou casam por tudo, por medo de ficar só, para fazer ciúmes a ex, para fazer raiva para algum inimigo, só não namoram por amor, por isso não dura os relacionamentos..."

Penso no Tenente Homes, que se separou de sua mulher, e após essa frase de Aurora tudo parece estar fazendo sentido em minha mente. Quando não há amor, não há longevidade.

"Amar é algo exclusivo." - diz ela, com uma certeza grande. - "Hoje, dizem amar apenas por ter feito sexo. Dizem amar apenas por namorar um rosto bonito ou um corpo musculoso. Dizem amar, por apenas dizer... As pessoas não amam, elas se iludem no seu minúsculo pensamento.".

"Uau." - fala Rimon. Eu também estou surpreso, ela disse algo que reflete em toda a nossa sociedade, um amor inexistente que pensam ter ao próximo.

"Enquanto estivermos vivendo, pessoas matarão as outras e sempre farão as mesmas merdas que outras estão fazendo em outro local. Um ciclo repetitivo." - conclui Aurora.

"Fico feliz por escutar tanta frase realista em poucos minutos." - falo. A senhora de rosto enrugado e de cabelos caindo aos poucos contém uma alma pura em inteligência.

E só agora que eu olho direito para a Aurora, e lembro-me de suas frases ditas agora há pouco, que percebo que a palavra "Vaidade" significa "Bolha de sabão". Tem cor, mas não conteúdo. Tem aparência, mas não consistência. Tem movimento, mas não permanência. Contém apenas um vazio com nada por dentro.

✺ 

Não demora muito, e logo chegamos à cidade. Já é de noite. Olho para trás e vejo os olhos do Rimon sendo abertos após seu curto sono. Estamos todos literalmente cansados.

O caminhão percorre um longo caminho, e adentra na avenida ao qual fica o Exercito, eu fico surpreso pela senhora ter feito questão de nos deixar até aqui. Olho para ela, e acho que eu formulo o sorriso mais sincero que já tive em minha vida. Aurora me surpreendeu tanto em tão poucos minutos, uma clara demonstração de conteúdo e gentileza que a torna tão especial.

Ela para de frente à porta do Exercito que está aberta. Há apenas dois soldados supervisionando o lado de fora. Olho para ela, e agradeço profundamente, são poucos que fazem o que ela fez por nós.

"Queria muito agradecer de algum modo o que você fez por nós." - falo.

"Não precisa, meninos, deixem de frescura." - sorri ela. - "Só fiz o que era certo.".

"Mas mesmo assim..." - fala Rimon, descendo do caminhão. - "Eu deixei as sacolas com os comes e bebes restantes no fundo, nosso presente." - ela sorri em agradecimento e nos acena.

E aqui estamos nós, de volta ao Exercito. Após participar de uma missão onde fiquei preso nas alturas em uma roda gigante; fui espancado por três homens de uma quadrilha; e que quase morri em um Hospital que quase desabou em nossos corpos. Estamos vivos, agora estamos bem.

"Conseguimos voltar." - sorrio.

"Sim, ainda bem." - fala Rimon, em tom animante. - "Vamos lá.".

Quando entramos no Exercito dá para perceber o rosto de confusão dos dois rapazes soldados, que nos olham sem expressão enquanto adentramos no local.

Ao longe, escutamos um barulho de um microfone alto, exclamando o que eu não sei ao certo... Tentamos nos aproximar mais, e adentramos no Quartel. Não há ninguém nos corredores.

A voz do microfone está vindo da sala principal de reuniões onde reúne todos os soldados, e eu e o Rimon nos pomos a ir até o local.

"Nossos dois jovens, Pedro e Rimon, infelizmente não esperavam a morte." - consigo escutar claramente enquanto nos aproximamos da porta, é a voz do Capitão Carl. - "Avisamos a todos vocês que haveriam mortes, mas eu não imaginava que fosse de dois soldados que tinham tanto a fazer por este local.".

Abro a porta levemente após receber a confirmação de Rimon com a cabeça. Por dentro, há praticamente todos os soldados que se resigna no Exercito, faltando apenas alguns. Enquanto o Capitão Carl fala em um microfone.

"Esperamos realmente acabar com essa quadrilha e fazer jus a morte dos soldados..." - ele simplesmente para, e eu sei bem o porquê. Todos do local estão nos olhando agora. Alguns com a boca aberta, outros exclamando, alguns outros impressionados.

É como se estivéssemos renascido das cinzas.


Notas Finais


Se houver algum erro-ninja, me desculpem e não desistam de mim, hahah <3


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