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História Vivo, ou apenas existo? - O fim dos tempos


Escrita por: Hueitir10-NEW

Notas do Autor


Tenham uma excelente leitura <3!
Leitores fantasmas, também tenham uma excelente leitura, hahah.

Capítulo 22 - O fim dos tempos


Fanfic / Fanfiction Vivo, ou apenas existo? - O fim dos tempos

Dizem que nunca nos livramos da morte, e que ela sempre tem horário programado para nos atacar, não há sorte ou azar na questão do nosso último dia de vida. É premeditado, É inconclusivo. E após eu ver o corpo do Rimon caído ao chão, eu percebo bem que tudo isso foi assassinato. Alguém o matou.

 

Vivo, ou apenas existo?

Capítulo 22: O fim dos tempos

 

Minha consciência está perdida em vários timbres de luzes, e eu estou andando pelo corredor sem ter para onde ir. Quanto mais longe pareço ir, sinto que o cheiro de morte continua á entrar pela minha narina, adentrando toda a minha alma, procurando lugar para se aprisionar em mim. As pessoas correm na direção contrária á minha; todos querem ver o soldado morto no chão.

Os timbres se contorcem em minha visão, é quando vejo o rosto desfigurado de David, ele põe sua mão ao redor da minha cintura, e eu percebo que tenho que colocar minha mão em seu ombro, enquanto ele me leva em passos lentos para o nosso quarto. Carlos logo aparece, e corre para abrir o quarto. Minha visão está marrom igual barro, laranja igual a luz solar, e azul igual um céu clareado; o roxo de veneno perpetua sobre todo o local.

Quando sou colocado na cama e escuto a porta se fechar, é que percebo que eu não estou chorando, tudo está travado dentro de mim. Principalmente minhas reações.

“PEDRO! FALA ALGUMA COISA!” – O grito de David me faz olhar para ele. Ele está lacrimejando, mas por quê?

“David, você está assustando ele.” – empurra Carlos vagarosamente, fazendo com que David saia de perto de nós. Escuto o barulho da porta novamente e é aí que eu percebo que David saiu do quarto. – “Está tudo bem, Pedro. Se tiver que chorar, chore.”. – sussurra Carlos. – “Se quiser que eu saia do quarto para você ficar sozinho, diga.”

Treinos; Exército; braço enfaixado; sushi; realidade virtual; parque; atentados; beijo; natal; campeonato; viagem para longe; chip; fuga; briga; advertência; cheiro; morte. Como tudo isso foi me ocorrer em tão pouco tempo? Por que a vida toda está me jogando essas palavras como se fosse uma tormenta de tiros? O meu único pedido agora era ver a cara de Homes, e vê-lo dizer que está tudo bem, e que tudo vai passar. Mas ele não aparece.

No outro dia, todo o Exército teve que encerrar suas atividades. Então nada de treinos rotinais, nem reuniões, nem muito menos anúncio de Campeonato. Os avisos eram apenas que no dia posterior, haveria o túmulo para Rimon, onde todos iriam se reunir para homenagear por suas poucas conquistas.

“Como você está?” – indaga Carlos, aparecendo com um tipo de guloseima, e me estendendo. Estamos no quarto.

“Bem.” – falo, com os olhos vermelhos. Eu chorei um pouco durante a noite, mas nenhuma das lágrimas foi de tristeza, eu sabia bem o que cada uma das gotas significava. Elas demonstravam raiva, por saber que alguém dentro do Exército matou o Rimon. – “Como está o David?”

“Está na enfermaria, parece que uma dor de cabeça se instalou nele desde ontem, por isso ele não dormiu aqui.” – explica Carlos. – “Você vai amanhã para o enterro, não irá?”

“Sim. Há quantas pessoas no restaurante?”.

“Muitas, é horário de almoço.” – comenta ele.

“Ótimo, preciso que você faça uma coisa. Tudo depende disso.” – digo, pensando na ideia que tive enquanto cada lágrima descia na noite anterior.

“Claro, o que é para fazer?”

Após falar sobre tudo para Carlos, eu me dirigi até ao restaurante, e realmente, o aglomerado de pessoas era enorme. Há tantas pessoas servindo pratos, por isso eu sempre venho mais cedo quando é hora de almoço. Enquanto eu sigo para os recipientes. Ponho um punhado de feijão com pouco arroz, só isso é o que me consome no dia de hoje. Olho para todo o local e percebo que dificilmente há um local vago. É quando vejo uma mão me chamando ao longe enquanto grita meu nome. É o Homes, ele está na mesa com o... Rique.

Me aproximo, com a mesma expressão de sempre. O soldado que acabara de comer ao lado de Homes, sai, fazendo com que eu me sente no local. Rique me olha com um sorriso.

“Está tudo bem entre nós, não é Pedro?” – indaga Rique.

“A gente estava conversando sobre tudo ter sido um mal entendido.” – explica Homes, e algo em seus olhos demonstra que isto não é verdade.

“Que bom.” – falo.

“Então... Como você está?” – indaga Rique.

“Bem.” – repito a mesma resposta que dei para Carlos.

É quando pego meu celular, e aperto na chamada para Carlos. São necessários apenas dois toques para que a chamada pare. Carlos sabe muito bem o que fazer agora. E é quando eu espero, enquanto olho para o Rique, que come com vagareza.

“Depois eu quero conversar com você, sobre o Rimon.” – sussurra Homes ao meu lado.

“Certo.” – comento, terminando de comer as pequenas migalhas que restam de minha comida.

E é quando um toque surge, uma chamada de um celular. Rique logo põe a pegar o dispositivo do seu bolso rapidamente, e olha para o número, no mesmo instante põe o celular de volta em seu bolso. Deu para ver uma capa chamativa em seu aparelho, é como se estivesse acabado de comprar.

Pego o meu celular disfarçadamente por debaixo da mesa, e aperto para ligar para “Rimon”, e por pura coincidência, o Rique retira o celular do seu bolso novamente, e sei bem para o que ele está olhando, para a palavra “Pedro” que está bem destacada na tela do aparelho. Seus olhos se fixam nos meus.

“Por que o celular do Rimon está com você?” – indago, olhando com seriedade.

“É que o Capitão Carl me mandou guardar o celular, porque depois iremos verificar o número dos familiares, ligar, e dar a notícia.” – fala ele em uma resposta rápida, na ponta da língua, como se tivesse preparado para caso alguma pergunta do tipo surgisse.

“Mas já estamos há várias horas após o ocorrido, vocês já deveriam ter ligado para os familiares.” – falo, levantando a voz.

“Mas já ligamos.” – comenta Rique. – “Só que ainda falta um grande aglomerado de amigos.”

“Você está mentindo.” – digo, olhando para o Rique, e logo após para o Homes. – “Mentindo de novo.”

Levanto-me, pego o prato e levo-o até a prateleira. Começo a sair do local em passos ríspidos. Sinto uma raiva emanando dentro de mim a cada respiração que eu dou. Minhas suspeitas e meu plano parecem estar indo conforme o planejado.

Eu permaneci o resto do dia em meu quarto, enquanto ignorava as várias chamadas que procedia em meu celular. O tenente Homes não parava de me ligar, e eu não atendia nenhuma de suas chamadas. Ele sabe onde é o meu quarto, então por que não vem até mim?

Olho para o quarto vazio, os lençóis tão arrumados. E percebo que o tenente desistiu de me ligar. Ele deve estar querendo saber o pôr que da minha reação na mesa do restaurante. E é quando o trinco da porta se mexe, mostrando o tenente Homes ao lado de David.

“Ele foi me procurar para saber onde era o seu quarto.” – fala David, e é a primeira vez que eu o vejo após o próprio ter saído do quarto no dia anterior. – “Enfim, qualquer coisa me chame.” – conclui ele, saindo.

A porta se fecha, e agora apenas eu e o Homes ficamos no quarto. Continuo deitado. E em passos lentos, Homes se aproxima e senta no canto da cama, bem próximo aos meus pés.

“Você acha que o Rique matou o Rimon?” – indaga ele, me surpreendendo pela pergunta.

“Não sei.” – murmuro. – “Apenas deduzi.”

“Você disse que ele estava mentindo, logo após o acontecimento com o celular.” – comenta ele, agora me olhando com seriedade. – “Aquilo tudo foi plano seu, de saber se o telefone de Rimon ainda estava em alerta, e se estava com alguém.”

“E se foi, qual o problema?” – indago bruscamente.

“Nenhum, apenas quero saber o porquê de você não atender as drogas das minhas ligações.”

“Eu apenas quero ter um tempo só para mim. Não estou aguentando mais tanta conversa, tantas coisas, entende?” – falo. – “Eu não queria você aqui, agora.” – solto a frase sem pretensão de volta, e acabo me arrependendo.

“Certo.” – diz ele, levantando e se aproximando da porta. Até que seu olhar volta para mim, aquele mesmo olhar que faz com que tudo congele em frieza. – “Só... Não faça nada.” – conclui ele, saindo do quarto, e me deixando sozinho.

As horas passam e chegamos ao dia do enterro. O local do velório será no campus enorme do Exército, podemos dizer que era o único local possível para as homenagens. Há algumas cadeiras posicionadas, mas apenas para os familiares. Os soldados tem que permanecer em pé. Estou endireitado, no meio de David e Carlos, enquanto um hino começa.

“Obrigado Carlos.” – comento, olhando para ele. – “Por ter ligado para o número de Rimon, no telefone residencial do Exército.”.

“Por nada.” – diz ele. – “Você não é o único querendo saber o que realmente houve.” – Carlos me olha após dizer isso. – “Eu falei com o Capitão Carl logo após você ter me contado sobre Rique ter atendido o celular.”

David está confuso sobre nossa conversa, e eu não quero comentar sobre o plano que eu armei com o Carlos. Foram dois planos, e eu sou tão grato por Carlos ter me ajudado que sinto como se toda a raiva e tristeza estivessem dando lugar para a felicidade. Olho para Homes, que está ao lado de vários soldados veteranos, ele não parece me notar diante de tantos soldados com farda verde. Olho também para um dos soldados com farda verde, denominados veteranos de grande duração no Exército, e um deles é o Rique, que parece estar sorrindo de alguma piada que seus amigos ao lado estão contando.

Olho para o Capitão Carl que fala no microfone sobre o quanto Rimon foi um soldado prestigioso, e até o meu nome acabou sendo citado vagamente, só por conta de eu ter sobrevivido junto com ele ao atentado. É neste momento que eu percebo que algumas pessoas olham para mim. Nesse momento olho para Carlos, e dou um sorriso. Carlos parece não entender bem o meu sorriso e meu rosto trêmulo.

Capitão Carl pede para que alguns soldados deem suas homenagens no microfone, e o primeiro a voluntariar-se me faz abrir um sorriso tão largo. Eu não sei descrever a minha felicidade em ver o Rique pegar o microfone, e dar um ‘bom dia’ para todos do local. Fazia tempo que eu estive com tanto prazer por olhar para um rosto tão odioso ao longe.

Dou pequenos passos, saindo da formação dos soldados novatos. Ninguém parece perceber, provavelmente por estarem se comovendo com as palavras do soldado Rique, que fala sobre o quanto ajudou Rimon a conquistar a missão de ouro e comentando sobre toda a coragem que o soldado teve, não consigo escutar a maioria das palavras que entram pelo meu ouvido e saem pelo outro. Estou caminhando tão lentamente, que nem percebo que minha principal expressão no momento é um simbólico sorriso.

Olho para o lado, e percebo que Homes é um dos que notou o meu caminhar. Rique continua a falar enquanto eu caminho. Provavelmente muitos dos que me olham andando devem ter a certeza que eu serei o próximo a falar sobre o Rimon; o soldado dourado Pedro, ao qual sobreviveu ao atentado ao Hospital juntamente á ele. E é quando eu corro, retiro o canivete do meu bolso e enfio no pescoço de Rique, que cai para trás no mesmo momento, dando um grito de dor.

Um braço me puxa para trás, e é quando vários tiros se iniciam, e eu vejo todo o corpo de Rique sendo despedaçado por todo tipo de tiro existente. A sua última visão é a minha.



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