1. Spirit Fanfics >
  2. Vivo, ou apenas existo? >
  3. A técnica da resistência

História Vivo, ou apenas existo? - A técnica da resistência


Escrita por: Hueitir10-NEW

Notas do Autor


O terceiro capítulo do dia – para assim, familiarizarem com a história -, tenham uma ótima e deliciosa leitura.

Capítulo 3 - A técnica da resistência


Fanfic / Fanfiction Vivo, ou apenas existo? - A técnica da resistência

Já haviam se passado três horas. Alguns tenentes se reuniam ao longe para conversar; enquanto outros ficavam para observar. O tenente Homes em nenhum momento saiu de perto de nós. Seus olhos pareciam procurar detalhes em cada corpo humano imposto em sua frente.

Foi quando escutei um estrondo ao meu lado. Um dos novatos, praticamente desabou, e no seu olhar de cansaço já estava bem exposto a sua desistência do Exército.

 

Vivo, ou apenas existo?

Capítulo 3: A técnica da resistência

 

Pode parecer fácil para alguns ficar em pé durante horas, mas não é. As pernas logo começam uma iniciação de "treme-treme" e a sinistra "dormência" parece arranhar suas canelas em pedaços.

Há apenas sete pessoas em meu grupo. David e Paulo parecem estar aguentando o máximo que podem - não os conheço muito bem, mas sinto aquela pontada de esperança deles não desistirem, deles serem fortes e continuarem.

Ao longe, o irradiar do céu azul está se vangloriando com luzes amarelas que parecem invadir todo o recinto. Está amanhecendo.

"Duas horas é o que falta para acabar esta pequena prova." - murmura Homes.

"Pequena." - sussurro.

"Sim, pequena." - a voz de Homes me surpreende ao ter me escutado, e eu petrifico.

Seus olhos, que encaravam os outros componentes do grupo, parecem agora estar encarando os meus; de um jeito bem grosseiro. Homes tem uma barba raspa que compõe sua boca - que o faz ter uma expressão tão séria.

Olho para os lados, e um pequeno número de pessoas parece estar desistindo da "pequena" prova. E eu me pergunto se pelo menos vinte novatos restarão nestas duas horas - espero realmente que o meu corpo aguente.

Uma dor de cabeça se instala em minha cabeça e cria malditas raízes. Volto o meu olhar seriamente para frente; inspiro, e expiro. E o silêncio se transforma em um som de soco. Paulo - o que é meu colega de sala, ao qual se revelou ser gay - simplesmente é derrubado pelo tenente Homes que lhe desfere um soco, e logo se põe a segurar a manga da camisa de Paulo.

"O que eu fiz?!" - indagava Paulo, sem entender. Sinto que o soco doeu só pela sua expressão.

"Você por acaso é fresco?" - perguntava Homes, com um olhar bem próximo ao de Paulo. - "Desde que começou essa prova, você não para de olhar para a minha bunda.".

Os tenentes ao longe parecem gostar do que estão vendo, uma diversão em pleno amanhecer. Mas eu não estou me divertindo. Olho para o David, que agora está com a cabeça baixa, tentando ignorar que um tenente acabou de bater em um simples novato.

Paulo é puxado por Homes. Os dois se encaram de um jeito nada legal. Paulo logo abaixo a cabeça, e começa a sair de perto de nós, enquanto um tenente reserva - de pele morena - o guia para dentro do quartel.

"Espera aí, ele vai ser expulso do exército?" - minha voz se forma, o que faz o David olhar pra mim com espanto, não só ele, como todos do local; principalmente o tenente Homes.

"Não é da sua importância, soldado." - resmunga ele.

"É que eu não sabia que podia ser levado socos." - minha voz não parece se calar.

"Seu direito é de permanecer calado." - fala ele, vindo em minha direção. Apenas sua voz ecoa no campus. - "Ou também quer ser expulso daqui?".

É quando meu punho o atinge com tanta força que tento não me surpreender pelo pequeno passo para trás que o Homes faz ao ser acertado. E quando menos passo a perceber, ele revida-me em um único soco. E tudo se apaga em meu campo de visão.

"Ele acordou." - sussurra uma mulher de vestido branco, enquanto meus olhos abrem-se com dificuldade. Todo o quarto ao qual estou tem textura cinza. Estou deitado, e uma pequena dor é iniciada em meu nariz.

Olho para o lado, e o tenente Homes me encara. Eu, a enfermeira e Homes em um pequeno quarto do hospital do Exército.

"Pode me deixar a sós com ele?" - murmura Homes em tom grosso para a enfermeira.

"Sim, senhor." - responde ela, que sai dando um pequeno sorriso para mim. Talvez seja um sorriso de boa sorte, porque eu vou precisar.

Quando a porta se fecha, é que eu ponho a perceber do curativo feito em meu nariz, ele socou o meu nariz - provavelmente afetando em minha curta respiração.

"Seu nome." - fala ele, sentando em uma pequena poltrona ao meu lado. Faço uma expressão confusa. - "Qual o seu nome?".

"Ah... Pedro." - sussurro.

"Ahpedro?"

"Só Pedro." - engulo uma pequena quantidade de água que por alguma razão residia em minha boca.

"Bem, Pedro." - seus olhos parecem engolir minha alma. - "Você tem noção do que fez?".

Eu sei bem o que eu fiz, soquei o rosto do tenente que está me encarando neste exato momento.

"Sim, senhor." - sussurro.

Olho disfarçadamente para o local onde eu o bati, e continua do mesmo jeito de sempre. Meu soco deve ter sido algo bem de "gazela" - no sentido pleno, algo fraco -, acho que o seu movimento para trás foi apenas pela surpresa quando eu o acertei.

"E você acha muito certo dar um soco em alguém que tem uma superioridade maior que a sua?" - indaga com seus ríspidos olhos. Nem essa sua forma ranzinza deixa sua aparência feia.

"Não, senhor." - sussurro, olhando agora para baixo. - "Me desculpa, senhor.".

"No exército, desculpa não serve para nada." - resmunga Homes, e agora sinto sua forte mão tocar levemente o meu queixo, levantando-o, fazendo meus olhos olharem para o seus. - "O exército precisa de coragem, como a sua. Mas pense muito bem antes de fazer algo do tipo novamente.".

"Eu não vou ser expulso?" - indago.

"Por mim, não." - explica ele, retirando sua mão de meu queixo, já que agora eu estou o olhando nos olhos. - "Mas em compensação, vou lhe instruir diariamente a como respeitar alguém de autoridade maior que a sua.".

"Como assim?"

"Irei marcar um horário para apenas eu e você termos exercícios instrutivos." - algo em suas palavras me diz que não vai ser nada legal. Tenente Homes logo se direciona para a porta do quarto.

"E o meu amigo?" - pergunto. - "O Paulo, ao que você deu um soco.".

"Saiu do exercito." - Conclui, saindo do quarto logo após, sem esperar qualquer palavra minha.

"Como assim saiu do... Exército?" - sussurro para mim mesmo.

"Quando você vai poder retirar esse curativo do nariz?" - pergunta David, confuso. Seu corpo está encostado ao chão, enquanto seus pés estão erguidos na parede.

"Amanhã." - respondo. - "Por que você está deitado no chão mesmo?"

"Porque alguns novatos estavam comentando sobre isso fazer bom para um corpo em cansaço." - diz David como se fosse algo que a ciência tivesse confirmado para o mundo. - "O Carlos deu uma saidinha, não sei para onde foi.".

"E o Paulo, deu uma saída, de vez. Após levar o soco do tenente Homes." - sussurro, sentando em minha cama.

"De acordo com o que eu escutei, foi ele mesmo que quis sair." - murmura David.

"Como assim?"

"É que ele não ia ser expulso, mesmo com o ocorrido com o tenente." - explica David, virando a cabeça para o lado. - "Mas mesmo assim, ele quis sair do exército, provavelmente esperava outra coisa.".

"Deu nem tempo de me despedir dele." - assinto. - "Me explica novamente o que são exercícios instrutivos.".

"São exercícios que certo tenente faz com certo soldado." - David abaixa seus pés, enquanto fala. - "A maioria dos soldados que fazem o exercício, desistem.".

"Desistem." - repito para mim mesmo.

"Mas você pode nem reclamar sobre esses exercícios, porque certamente ninguém mandou você dar um soco no tenente. Garotão." - fala David rindo. - "O assunto no quartel agora, provavelmente, é só você.".

"Deus..." - suspiro.

De acordo com o que David me disse, o exercício de resistência teve seu fim alguns minutos após Homes ter me acertado no nariz. E pelas normas, alguém de superioridade pode sim dar umas "bolachas" em algum inferior, só o contrário que não pode ocorrer - o que de certa forma é algo completamente irredutível.

Não sei o que me espera nos exercícios instrutivos - mais conhecidos como exercícios disciplinares para soldados que tratam seus superiores de forma inferior -, e tento não pensar muito sobre isso. O que me resta agora é apenas aguardar.


Notas Finais


Este foi um capítulo que em si já mostra que o protagonista terá que enfrentar um desenvolvimento bastante conturbador e desafiador com o tenente Homes. Tantas surpresas esperam todos vocês. Só resta aguardar <3
Agradeço desde já por ter lido até aqui e por estar ávido para os próximos capítulos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...