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História Vivo, ou apenas existo? - Trinta e oito soldados


Escrita por: Hueitir10-NEW

Notas do Autor


Como prometido, aqui está o capítulo 8.
Que tenha uma leitura ‘muito gostosa’ <3

Capítulo 8 - Trinta e oito soldados


Fanfic / Fanfiction Vivo, ou apenas existo? - Trinta e oito soldados

Quando o capacete é retirado de minha cabeça, escuto uma quantidade exorbitante de aplausos. Todos estão olhando para uma pessoa da primeira fileira, estão aplaudindo o tenente Homes.

"Ele apertou o botão." - penso. Formo um sorriso.

Homes se levanta, e o vejo ignorar os aplausos, ele está procurando algo. E então os seus olhos me fitam, e ele para. Era eu que ele estava procurando.

Eu espero uma expressão feliz vindo dele, mas o que eu vejo, é uma expressão de raiva misturada com confusão em seu rosto.

 

Vivo, ou apenas existo?

Capítulo 8: Trinta e oito soldados

 

Apenas uma pessoa foi retirada do exército, e o motivo foi que a pessoa não havia pulado do avião. Parece que só em ter pulado do avião e ter demonstrado coragem, já seria algo de conquista.

"Esse exercício nos mostrou que devemos fazer o máximo de silêncio possível." - murmura David, lembrando-se de como foi o seu fim no jogo. - "Você desencadeou bastante armadilha, hein." - ri ele. Lembro-me do tsunami, e das paredes que se fechavam.

"Sim." - rio. - "Hoje receberemos a farda verde.".

"Finalmente." - celebra Carlos, entrando no quarto. - "Daqui a duas horas temos que estar no campus, receberemos lá as fardas.".

Vou aproveitar estas duas horas, e ir tomar banho no banheiro masculino do quartel - rezo para que esteja vazio.

Eu nem acredito quando olho para toda a extremidade do banheiro e vejo que está sem ninguém. Pego uma toalha reserva, coloco as roupas que irei vestir após o banho no batente rupestre ao lado, e entro em uma das cabines que fica bem no fundo.

Retiro minhas roupas atuais e ligo o chuveiro. Enquanto a água molha meu corpo, tento decifrar a expressão fria naquela hora do tenente Homes após me olhar. Meus pensamentos logo se cessam, dando origem à pensamentos da família, lembrando de minha mãe que cantava enquanto cozinhava, e do meu pai que sorria ao escutá-la cantar.

"Estou na lanterna dos afogados." - canto, bem baixo, enquanto me levo pelos meus sentimentos. - "É uma noite longe, para uma vida curta. Mas já não importa, basta poder te ajudar." - meus ouvidos estão focados apenas em minha voz e no barulho do chuveiro. - "E são tantas marcas, que já fazem parte, do que eu sou agora, mas ainda sei me virar." - desligo o chuveiro. E enrolo a toalha em minha cintura.

Saio da cabine - enquanto enxugo os meus olhos -, quando os abro atentamente, tento fazer com que um grito não saia da minha boca ao ver o tenente Homes lavando as mãos, apenas uma toalha segura sua cintura.

"Voz bonita." - elogia ele, de uma forma fria. Há sinceridade em suas palavras.

"Obrigado." - agradeço. Olho para os lados, procurando um túmulo para me esconder pelo restante do dia. Maldita hora que resolvi abrir a boca no banheiro.

Ele desliga a torneira e olha com frieza para mim. Tento não olhar para seus músculos e para o seu peitoral tão rígido.

"Por que você se sacrificou no jogo?" - indaga ele. Olhando bem nos meus olhos. Então era isso que estava lhe perturbando.

"Eu..." – respiro lentamente. - "Não sei.".

"A maioria dos soldados não se importam com o companheiro que está ao lado." - murmura Homes. - "Elas só pensam em completar a missão e ganhar o mérito. Elas nunca se sacrificam por ninguém, e nem devem fazer tal ato. Então por que você... Fez o que fez?".

Uma sirene ecoa - até pelo banheiro, para a minha surpresa -. É o momento que eu me preparo para sair do local, mas quando passo por ele, seu braço segura o meu com força.

"Ainda não me respondeu, soldado." - ordena ele, sua voz está em um maldito tom autoritário.

Sua mão está segurando o meu braço com tanta força. E falo a única frase que me vêm à cabeça:

"Para mostrar para você que eu não sou igual a... Todo mundo."

Sua mão me solta lentamente, e eu saio em passos ríspidos do banheiro.

“Maldito seja.” – penso. Só agora me dando conta de que eu estou apenas de toalha no corredor do quartel, volto no mesmo momento para dentro do banheiro.

Por sorte, o tenente Homes já está tomando banho em uma das cabines. Coloco a roupa rapidamente e saio, enfim, do local.

Todos foram ordenados a vestir uma camisa normal branca, e foram encarregados de irem para o campus – exterior - do exército. Enquanto nos encaminhamos para lá, tento falar com o David que está ao meu lado.

“Quais as chances de um tenente ter amizade com um novato?” – indago.

“Nenhuma.” – ri David.

“Falando sério.”.

“Mas eu estou falando sério.” – David faz uma carranca. – “Eles se acham superiores. Não tem pra quê eles fazerem amizades com pessoas que acabaram de entrar e mal sabem deste local obscuro da alma humana.”.

“Local obscuro da alma humana.” – repito. David está se referindo ao quartel como um todo.

“Por que me fez essa pergunta?” – me indaga, confuso. – “E onde está o Carlos?”.

“Por nada... E eu realmente não sei onde ele está.”.

Quando chegamos ao campus, a aglomeração de pessoas realmente é enorme. Há veteranos, tenentes, e todos os trinta e oito novatos restantes - contando conosco. Parece que vai ser uma grande celebração pelo que posso ver.

Logo encontramos Carlos, que nos acena rapidamente. Somos organizados em uma fileira única – para assim a organização da entrega da farda verde ser bem feita.

Um hino de uma música do estado se inicia, e o capitão Carl aparece para todos. Ele grita algo ao qual não consigo escutar da distância – provavelmente não o escuto por causa do hino, ou porque ele realmente não está falando alto o bastante -. Pelo visto sua voz não é tão alta assim como eu achei que fosse.

 “Entrega das fardas!” – Exclama ele, após darem uma pausa no som do hino, que logo volta a tocar.

Olho para David e Carlos, que me dão um aceno positivo com a cabeça, enquanto recebemos com delicadeza cada farda – as fardas são entregues para cada um dos novatos por um soldado veterano, que nos agracia com uma mão indo em direção a sua testa.

Toco a farda verde, agora em minhas mãos. E sinto uma comoção remoer todo o meu corpo por inteiro. Agora sou realmente do exército. E não é nenhum exercício instrutivo que vai me fazer sair daqui. Não é nenhum exercício de resistência, e nem muito menos uma realidade virtual que vai me tirar daqui.

Eu estou fixo no exército. E só agora percebo que tudo realmente está começando. Algo novo. Sinto um frio percorrer por meu corpo enquanto o hino aumenta de volume, e observo o capitão Carl tomar um drinque de uma bebida de cor azul, enquanto o sol agracia o seu rosto.

“Acho que o soldadinho aqui não precisa mais de exercícios instrutivos.” – sussurra uma voz em meu ouvido direito, que me faz ter um calafrio intenso.

Dou uma recuada, e vejo o rosto sério do tenente Homes se formando em um sorriso fechado.

“Acabaram?” – indago.

“Acho que sim. Você me surpreendeu na realidade virtual.” – enaltece Homes. – “Um soldado que chega até o final em um capacete Near, e me surpreende por vez, não merece mais os exercícios sofredores.”.

"Realmente, bem sofredores por sinal.” – sussurro, dando um leve toque em meu braço direito – que acabou ficando roxo por conta dos objetos pesados -, ele agora está de volta á sua cor normal de pele.

"Parabéns, soldado." - diz ele, levando sua mão rapidamente para a sua testa. - "Espero não me desapontar com você.".

"Não irá, senhor." - falo, levando minha mão direita também para a minha testa. Homes se vai em passos lentos.

Os capacetes Near continuarão como propriedade do exército. De acordo com o Capitão Carl, nós ainda iremos ter bastantes exercícios com os capacetes, não agora, mas sim em alguns meses depois. Enquanto isso, teremos cada um uma longa rotina diária no quartel.

"Imagina quando formos recrutados para missões, para guerras, para treinamento especial." - fala David animado.

Carlos caiu no sono, deitado retamente em sua cama, com um grosso lençol repousando sobre seu rosto. Parece não se incomodar com nossa voz.

Olho para os dois, e olho logo após para mim. Estamos usando uma farda que nos guiará por todo o restante do percurso do exército. A farda verde.

"É realmente incrível." - murmuro. - "O tenente Homes veio me avisar que chegou o fim dos exercícios instrutivos.".

"Já era a hora, principalmente depois do que você fez lá na realidade virtual." - diz David, analisando-me. - "Imagino se você tivesse apertado o botão. Um novato em vez de um tenente.".

"Mas... Eu não apertei, e fim de conversa." - concluo, dando um sorriso. - "Tenho que ligar para a minha família.".

"Otário. Babaca. BABACA!" - berra minha irmã pelo telefone.

"Você também é um amor de pessoa." - ironizo. - "Onde estão pai e mãe?".

"Saíram.".

"Toda vez que eu ligo, eles estão fora de casa." - murmuro. - "Eles estão lhe alimentando direito?".

"Eu tenho DEZESSEIS anos. Otário babaca." - grita ela.

"Com mentalidade de seis." - bufo. Paro para pensar nos meus pais, que mal estão vivendo em casa, deixando minha irmã só naquela extensa casa. - "Eu prometo lhe contar tudo depois sobre o exército.".

"Posso te visitar?" - indaga minha irmã.

"Agora pode." - digo, com um sorriso no rosto.

“Posso conhecer o local? Ver os homens?” – pergunta minha irmã com uma animação.

Paro para pensar nos pais dos soldados que vieram para o quartel alguns dias atrás, eles estavam andando pelos corredores junto com uma recepcionista. Provavelmente conhecendo o local onde o seu filho se fixa.

“Pode conhecer o local sim. Venha com nossos pais.” – digo. - "Até depois.".

E dito e feito por ela, porque logo no outro dia eu recebi um alerta importante de um dos veteranos, me alertando de pessoas ter vindo me visitar. Eles estavam me aguardando na entrada principal.

Quando chego, recebo carinhosamente minha mãe e meu pai em um abraço afetivo. Minha irmã aparece por trás de minha mãe com o seu boné rosa, e me dá um sorriso. Essa pirralha nunca foi de abraços.

"Você ficou ótimo nessa farda." - elogia minha mãe.

"Como está a sua vida aqui?" - indaga meu pai.

"Exaustante, mas é um exaustante bom." - falo. - "Querem conhecer o local?".

"Ah! Bem lembrado. Uma das recepcionistas do portão disse que ia nos mostrar." - diz minha mãe.

"Me mostra o local, maninho." - sussurra minha irmã.

"Não." - murmuro. - "Você vai conhecer junto com a recepcionista.".

"Por favor." - implora ela.

"Pode levar ela pra conhecer, aguardaremos a recepcionista." - diz meu pai.

"Ah, então tudo bem." - pego na mão dela. Retirando o seu boné, e dando-o para a nossa mãe. Ela parece não se importar. - "Vem.".

Andamos pelo campus, e ela parece se surpreender com os soldados que se exercitam no calor da manhã. Logo me ponho a entrar no quartel. E para a minha felicidade, encontro David no corredor.

"Quem é? Sua filha?" - indaga ele.

"Minha imã." – falo, revirando discretamente os olhos. - "Vim mostrar o local para ela.".

Os dois então começam a se encarar de um jeito estranho, até que finalmente, minha irmã fala:

"Você tem uma cara estranha.".

"Eu tenho o quê?" - David se surpreende com a fala dela.

"Uma cara estranha." - repete ela.

"Não tenho não." - resmunga ele.

"Esse da cara estranha é seu namorado?" - indaga ela do jeito mais normal possível.

"É o quê?!" - David berra. - "Sua irmã fala como se eu não estivesse aqui.".                       

"Ele não é meu namorado, é meu amigo. E eu não namoro homens." – murmuro, com um pequeno receio ao falar isso. - "E para de chamar o David de cara estranha.".

"Cara estranha. Cara estranha. Cara estranha." - sorri ela. Deixando David sem reação, o que me faz rir também.

"Depois conversamos, David." - falo, andando com minha irmã.

"Foi um prazer te conhecer." - acena minha irmã para David. - "Ele é estranho, irmão.".

"Não é.".

Quando enrolamos no corredor – que é aglomerado com portas para os quartos -, alguns tenentes passam por nós. E minha irmã fica interessada na farda preta que eles utilizam.

"Uau." - murmura ela.

"O que temos aqui?" - indaga uma voz bastante conhecida por mim, o tenente Homes.

"Ah, olá senhor." – falo, lembrando dos acontecimentos dos exercícios instrutivos. Não quero que minha família saiba que eu dei um soco em um tenente, e que fui posto em exercícios cansativos. - "Esta é minha irmã.".

"Sua farda é bonita." - elogia minha irmã. - "Seu rosto também, e o seu corpo. Quantas vezes o senhor passou na fila da bel..." - ponho a mão na boca da minha irmã.

"Ela meio que não pensa antes de falar." - digo. E vejo o tenente Homes rir, bem feliz por sinal.

Ele passa sua mão pelo cabelo de minha irmã, e ela sorri com o gesto – talvez ele goste de crianças -. Dificilmente pessoas agradam minha irmã, e pensar que Homes é uma delas.

“Será que a senhorita é igual ao seu irmão em termos de surpreender o próximo?” – pergunta Homes, retirando lentamente a mão do cabelo dela. Um pequeno sorriso se forma em minha boca fechada.

"Ah..." - atenta ela, chamando a minha atenção e a do tenente Homes para o seu rosto, enquanto ela diz as próximas palavras. - "Então este que é o seu namorado, maninho?" - pergunta ela, sem mais, nem menos.

E minha feição congela, juntamente com minha alma que se despedaça em pelo menos trinta bilhões de partículas dentro do meu ser.


Notas Finais


Irmã de Pedro é daquelas que faz o irmão passar vergonha em todos os locais possíveis, hahah.
Os exercícios chegaram ao fim, o que aguarda agora Pedro, David, Carlos e todos os outros tenentes novatos é algo... Que descobrirás nos próximos capítulos \ó/

E para os adoradores de romance yaoi - que é a proposta maior da fanfic - ele está chegando, está florescendo, deixe-o fluir os seus pensamentos.


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