História Vizinho das cores - Péssimo vizinho

A vida não foi tão legal com Kyungsoo quando decidiu colocá-lo na família Do, uma família composta só por mulheres.

E não é exagero dizer que ele é o único homem da família. Possui cinco irmãs mais velhas, duas tias e primas também do sexo feminino. Kyungsoo é o sexto filho, o caçula e o único homem. Nem cunhados, tios ou primos ele tinha, porque todas suas irmãs, primas e tias são solteironas e ferradas na vida amorosa. Seu pai havia abandonado sua mãe por outra mulher quando Kyungsoo tinha apenas 9 anos, ou seja, sua mãe é mais uma mulher com o carma dessa família. Até mesmo sua avó possui o estado cívil 'solteira'.

Pois é, a família Do é muito azarada.

Tudo isso sobra para Kyungsoo, que nas datas comemorativas é obrigado a ouvir músicas tristes e o choro de diversas mulheres. E como ele odeia datas comemorativas, senhor! Ir para casa de parentes comemorar deveria ser ótimo, mas para o Do essas saídas só lhe dão dor de cabeça.

A celebração da vez é 'ação de graças', uma tradição americana que reúne diversas pessoas para comer e se divertir juntos. Um lado bom da família Do é sua união, porque estão sempre se reunindo nas datas comemorativas para se divertir.

Porém a palavra diversão para aquele amontoado de mulheres é bem diferente do conceito "diversão" do garoto. Elas preferiam ouvir músicas tristes, assistir filmes tristes e falar mal de seus ex-namorados. Argh, Kyungsoo odeia isso! Mas por ser o mais novo da família, todas o ignoravam quando protestava.

Naquele momento, suas parentes estavam diante da TV de tela plana da sua tia assistindo "A culpa é das estrelas". O filme estava quase no final e havia lenços de papel pela casa toda. Kyungsoo, nem um pouco sensibilizado com a história do filme, sentia vontade de afundar a cabeça de todas elas dentro do sanitário mais próximo. Estava de saco cheio de aturar tanto drama toda vez que se reuniam!

— Aish, não faz nem quatro horas que chegamos aqui e vocês já estão jogadas na sala se lamentando!

— Shhhh, fica quieto, D.O! – rebateu uma de suas irmãs.

Kyungsoo revirou os olhos. Odiava "D.O", apelido que suas irmãs colocaram em si quando criança. Sempre odiou os apelidos idiotas que suas irmãs colocavam em si, mas com o tempo havia se acostumado com os apelidos e adjetivos que elas lhe colocavam. Passou a vida toda com cinco mulheres dentro de casa, já estava acostumado com guerras.

Sua relação com suas irmãs é competitiva, afinal, como em toda família normal, todas tentam ser a filha favorita da Omma.

Sim, você realmente leu filhas, porque Kyungsoo sempre foi tratado como outra menina. Seus pais realmente não esperavam algum dia ter um menino, tinham gerado somente meninas até então e a casa possuía apenas de coisas femininas, tal como roupinhas de bebê e sapatinhos rosa. Foi uma grande surpresa para todos quando os médicos disseram que havia um órgão masculino ali.

Porém, mesmo sendo homem, o pobre garoto não tem a aparência mais viril da face da terra; Portador de uma pele extremamente alva, baixa estatura, traços infantis e delicados, olhos grandes, lábios avermelhados em formato de coração e fios negros curtos – mesmo com suas primas e irmãs insistindo pra deixar crescer e parecer ainda mais com uma menina. Mas, apesar de aparência mais delicada, Kyungsoo sempre fez seu máximo para parecer másculo. Sua necessidade de ser viril era tanta que o garoto costumava usar roupas largas e swag e até treinava expressões másculas no espelho de casa.

Naquele ano, a família havia decidido se reunir na casa de Sana, uma tia de Kyungsoo, para celebrarem a semana de ação de graças. Isso mesmo, semana. Para o azar de Kyungsoo, aquela tradição não duraria apenas um dia, e sim sete dias. Era tradição da família. Todas se encontravam muito animadas, todavia o único homem não estava com um pingo de animação para passar sete dias com 12 mulheres loucas e temperamentais na mesma casa.

Isso mesmo, 12 mulheres. Suas cinco irmãs mais velhas, a vovó, sua Omma, suas duas tias e suas três primas – também mais velhas. Kyungsoo não suportaria tanta mulher junto, ainda mais porque suas parentes são completamente loucas, e fazem de tudo para tornar sua vida impossível.

Quando o filme acabou, suas parentes continuaram na sala chorando por um tempo, ainda sensibilizadas com a história do filme. É horrível contemplar a cena de várias mulheres com o rosto contorcido de choro e maquiagem escorrida, mas aos poucos elas foram se recuperando. Após melhorarem, começaram a dialogar normalmente, até que Sana, de repente, levantou-se do tapete com os olhos arregalados.

— Meninas, já são quatro horas!

Como se tivessem escutado algo de grande importância, todas levantaram-se correndo (menos a vovó) e seguiram para outro cômodo. Kyungsoo ficou confuso e seguiu aquele amontoado de solteironas, encontrando todas na sacada, olhando para casa vizinha. Kyungsoo franziu o cenho, confuso.

— Mas o que vocês...

— Shhh, olha ele ali!

Sana apontou para um homem de roupão na sacada do lado. Todas suas irmãs, tias e primas observaram quando o homem se virou na direção delas e deu um breve sorriso, arrancando suspiros das mesmas.

Assanhadas.

— Qual a cor de hoje? – Sana gritou para o outro.

O homem sorriu de lado e abriu o roupão, expondo seu corpo malhado com apenas uma boxer preta cobrindo-o. As meninas (nada discretas) começaram a gritar, eufóricas. Kyungsoo estava muito chocado, seus olhos quase saltando de sua órbita. O que estava acontecendo?

Ele ainda encarava o homem, perplexo. Este, parecendo notar a confusão de Kyungsoo, acenou para o alvo. O Do ficou confuso e olhou para os lados, perguntando-se para quem ele havia acenado. Apontou para si mesmo e o moreno assentiu com um sorriso, em seguida gesticulando com os lábios um "olá". Kyungsoo entrou em um estado catatônico, sem reação, só saindo do transe quando o homem saiu da sacada.

— Q-quem é esse?

— Kim Jongin, o vizinho das cores.

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