Luna Valente
- Matteo, desde quando você se sentiu atraído por mim? – falei enquanto fazia carinho no meu futuro marido.
- Não sei. Acho que desde o dia em que você chegou. – ele brincava com barra do meu short de pijama – Por que a pergunta?
- É que eu estava me lembrando da primeira vez que quase rolou algo entre nós.
- No dia que você quase quebrou meu violão?
- Esse mesmo.
FlashbackOn – Primeira semana na casa dos Balsano
Eu estava lendo um livro sentada no sofá da sacada, ainda tenho que me acostumar com essa nova rotina. Novo fuso-horário, nova casa, nova família. O pior de tudo é ter que conviver com o Matteo, eu odeio aquele garoto.
- Pensando em mim? – o idiota apareceu do meu lado.
- O que? Da onde tirou uma coisa dessas? – falei saindo dos meus pensamentos.
- Ouvi você dizer meu nome, pode confessar que estava pensando em mim.
- Cala boca garoto. A última coisa que eu faria na vida é perder meu tempo pensando em você. – fechei meu livro com raiva – Eu só estava lendo meu livro, numa boa, você é quem veio mi tirar do meu momento de paz.
- Gosto de deitar na rede e ficar olhando o céu, a vista daqui é bonita. Vou ficar aqui e os incomodados que se retirem. – ele deitou na rede.
- Se isso foi uma indireta pra que eu saísse, deu errado. Vou ficar aqui. Essa sacada pertence ao meu quarto também.
- Ótimo, fica ai no seu canto lendo que eu fico aqui no meu tocando violão e olhando as estrelas.
- Você não vai tocar violão.
- Claro que vou.
- Não. Não vai. Não vou conseguir ler com barulho. – fui até ele e tirei o violão de suas mãos.
- Arranja outro lugar pra ler então. – ele puxou o mesmo das minhas mãos.
- Vem cá, numa casa tão grande como essa o único lugar que você tem pra tocar é aqui, do lado da minha janela?
- Sempre fiz isso. Você é que devia ir pro jardim aproveitar o espaço pra ler. – eu estava com raiva, muita raiva.
- Me dá essa porcaria de violão de uma vez. – de novo tirei o violão da mão dele e coloquei no chão.
- Então me dá esse seu livrinho idiota de romance, se eu não vou tocar, você também não vai ler. – e assim que ele puxou meu livro, eu me desequilibrei e cai por cima dele na rede. Nossos olhos se arregalaram, nossas respirações se mesclaram e nossas bocas estavam a dois centímetros de distância. Indo contra todos os meus pensamentos, meu corpo me dizia que eu tinha que beijar aqueles lábios perfeitos e me deixar ser tocada por aquelas mãos firmes que me seguravam pela cintura.
- Com licença. – Helo pigarreou e falou logo em seguida, me fazendo sair rapidamente de cima de Matteo. Graças a ela não perdi o controle.
Estive a ponto de beijar o Mauricinho. O que está acontecendo com você Luna Valente?
FlashbackOff
- Nesse dia eu xinguei tanto minha irmã mentalmente que você nem consegue imaginar.
- Isso quer dizer que você teria me beijado se ela não tivesse chegado?
- Óbvio. Luna, eu tinha uma garota gostosa, de pijama, no meu colo, a centímetros da minha boca. Meu corpo me pedia pra enfiar a língua na sua boca de uma vez. Mas a Heloísa apareceu e eu tive que esperar dias e dias para finalmente conhecer seu sabor delicioso.
- Sabor de morango, diga-se de passagem. – eu ri e ele revirou os olhos.
- O dia em que eu pensei que fosse presenciar uma guerra.
- Vai dizer, sua fantasia era ver duas garotas se estapeando por você. Eu duvido que você não tenha pensado nisso nem por um segundo naquele dia. – arqueei uma sobrancelha.
- Não seria uma má ideia. – dei um tapa nele – Mas eu estava com tanto receio de que as duas se virassem contra mim e eu apanhasse que a única coisa que eu queria era tirar vocês do mesmo cômodo.
- Ela ficou uma fera. Acho que no fundo ela percebeu que tinha rolado alguma coisa.
- Bem provável. – o assunto parecia ter terminado, quando ele começou a rir loucamente.
- O que foi?
- Lembra do dia em que acabou a água do meu banheiro? – ele continuava a rir e eu lembrei do quanto fiquei vermelha naquele dia.
FlashbackOn – Alguns dias depois do termino com Simón
- Com licença Marrentinha. – Matteo entrou no meu quarto, sem bater, enrolado numa toalha.
- Ficou maluco? Eu podia estar sem roupa. – falei me enrolando na coberta, eu estava vestida, mas foi meio que um impulso – O que está fazendo aqui vestido assim?
- Acabou a água do meu banheiro e vou ter que tomar banho aqui. Se importa? – eu não conseguia prestar atenção no que ele dizia. Só pensava no fato de que ele estava só de toalha na minha frente – Luna?
- Que?
- Ouviu o que eu disse?
- Ouvi. – falei ainda um tanto boba com aquele corpo – Vai de uma vez.
- Prometo que não demoro. - ele entrou no banheiro e eu tentei voltar a me concentrar na musica que estava ouvindo, o que seria difícil depois do que eu vi.
Em alguns minutos eu ouvi a porta do banheiro se abrir de novo e olhei assim, como quem não quer nada. Engoli seco com o que vi. Matteo saindo de cueca e secando o cabelo. Senti meu rosto pegar fogo com meus pensamentos.
- Valeu pelo empréstimo, Marrentinha. – ele virou e eu coloquei uma almofada no rosto – Luna, você ta bem?
- Estou.
- Por que está com uma almofada no rosto?
- Por nada. – ouvi ele rir e também ouvi os passos dele se aproximando. Droga. Ele tirou a almofada do meu rosto.
- Você está parecendo uma pimenta.
- Sai daqui Matteo. – olhei enfurecida pra ele que pareceu perceber o porquê do meu rosto corado.
- Se eu já te deixo assim vestido, imagina...– aquele idiota estava adorando me ver desse jeito.
- Sai daqui antes que eu faça picadinho de você, Balsano.
- Tudo bem, eu saiu. – disse e deu alguns passos – Mas antes vou fazer isso. – me roubou um selinho e saiu correndo. Maldita hora em que meus hormônios resolveram se descontrolar.
FlashbackOff
- Você estava brincando com a sorte nesse dia. Minha vontade era te esganar.
- Não. Sua vontade era pular no meu pescoço e fazer amor loucamente comigo.
- Matteo eu era uma adolescente inocente e pura. Você me levou pro mau caminho.
- Ah, claro. Eu me senti violado nesse dia. – ele fez uma cara de medo – Sério, você estava exalando hormônios e raiva, tive um pouco de medo. – ele estava brincando com a sorte hoje de novo.
- Não tem a mínima graça.
- Era engraçado sim, linda. Você ainda era um pouco inocente nesse sentido.
- Falou o senhor profissional. Imagino que com esse discurso você tenha levado metade de Buenos Aires pra cama antes de me conhecer.
- Um quarto talvez.
- Hum. – pensar que ele era assim me dava um pouco de inseguridade.
- Mas minha fase cafajeste passou. Agora sou um cara de família.
- É bom mesmo. Se não eu já mostro quem é que manda aqui.
- Minha ciumenta linda. – me beijou. - Já que estamos relembrando momentos, o pior deles foi o dia em que o desgraçado do Gastón nos atrapalhou.
- Esse dia foi engraçado. – e constrangedor.
- Ah, mas não foi. Não foi mesmo.
FlashbackOn – Cinco dias após o pedido de namoro
- Ma-Matteo. – eu estava uma pilha de nervos. Sentia os beijos de Matteo por todo meu corpo e suas mãos procurando com necessidade o zíper do meu vestido.
- Luna onde raios está a porcaria desse zíper? – ele perguntou antes de voltar a beijar minha boca e eu indiquei com as mãos onde ficava a abertura.
Senti um vento frio nas minhas costas e as mãos quentes de Matteo logo em seguida, arrepiando toda minha espinha.
- Como você é gostosa Luna. - Ele me deitou na cama e eu tirei o resto da roupa que o cobria - Preciso de você logo. – ele falou e senti sua boca descer pelo meu colo até meus seios e suas mãos irem em direção ao meu ventre, quando alguém bateu na porta – Seja quem for, vá embora.
- Matteo, preciso falar com você. – era Gastón.
- Vai embora Gastón. – eu estava ao mesmo tempo odiando e amando Gastón. Por um lado era torturante não ter a boca de Matteo em mim, mas por outro eu não sabia se estava preparada para mais que isso – Se você preza pela sua vida, só vai embora.
- É sério cara, é muito urgente. – ele parecia aflito.
- Não. Nada é mais urgente do que o que eu preciso fazer. – Matteo estava com raiva.
- Deixa de ser assim, eu só preciso... – ouvimos a porta do quarto abrir e Matteo saiu de cima de mim, nos cobrindo com um lençol - ...de umas camisinhas.
- QUAL A PARTE DO VAI EMBORA VOCÊ NÃO ENTENDEU? – eu queria me esconder num buraco embaixo da terra.
- Foi mal. – Gastón estava sentindo a fúria de Matteo sobre si – Eu não sabia que a Luna tava aqui, acabei de chegar e... Sério cara, não me mata.
- Te dou um minuto pra sair do meu apartamento. Me arrependo amargamente de ter te dado uma cópia da chave. – Gastón saiu correndo, não duvido que Matteo fizesse alguma coisa – Onde estávamos?
- Matteo é melhor não. O clima já era... – no fundo o melhor amigo do meu namorado tinha salvado a minha pele.
- A gente faz o clima, amor... – me beijou.
- Melhor vamos pra casa. – empurrei ele pro lado.
- Eu vou matar o Gastón.
FlashbackOff
- Até hoje não perdoei aquele inútil.
- O lado bom desse dia foi que descobri que você tinha um apartamento. O lado ruim,foi descobrir o que você fazia nele. Pensando bem foi melhor nossa primeira vez não ter acontecido naquela cama. Quantas garotas você já não tinha levado pra lá? Ai, não quero nem pensar.
- Já falei amor, essa fase passou.
- Ainda bem que resolvemos comprar um apartamento novo. Bem melhor aqui do que lá.
- Já passamos por tantas coisas engraçadas.
- Acho que elas aconteciam pra compensar as tragédias que vierem depois. – sorri fraco.
- Nem me fala. – Matteo beijou meu ombro – Cada vez que lembro que quase te perdi me dá até falta de ar.
- Superamos tantas coisas juntos.
- Crescemos juntos.
- Aprendemos a amar, juntos. – me virei ficando de frente para ele.
- Eu posso dizer todos os dias o quanto te amo e sinto que isso não é suficiente. Luna Valente eu te amo muito.
- Também te amo meu amor. Você é a razão da minha vida. Nem sei o que faria sem você e nem quero imaginar.
- Não precisa, nada mais vai nos separar.
- Pra sempre juntos. – falei a frase que estava escrita na aliança de noivado que eu e Matteo usávamos. Em algum tempo iríamos nos casar e ser uma família de verdade. Agora que eu já tenho 18 anos e respondo por mim mesma, não tinha nada que nos impedisse de fazer isso.
Matteo me olhou e eu vi desejo nos seus olhos.
- Eu acho que a gente ta conversando demais sabia? – se virou por cima de mim – Quero uma lua-de-mel antecipada.
- Está esperando o que então? – sorri cúmplice e logo comecei a receber suas caricias e sentir suas mãos passearem em meu corpo.
Todas as vezes pareciam sempre a primeira. A diferença é que agora eu sabia como agir e sabia como fazer, mas o coração acelerado era o mesmo, o mesmo do dia da formatura, o mesmo que vai amar Matteo Balsano todos os dias.
Eu já estava sentindo as marcas deixadas pela boca dele pelo meu corpo e também estava deixando as minhas. As mãos dele deslizaram as alças da minha blusa quando um choro pode ser ouvido.
- De novo não. – Matt levou as mãos a cabeça. Era a terceira vez nessa semana que nós tentávamos transar e um dos nossos bebes acordava.
- Eu acho que eles não querem dividir meus peitos com você. – falei colocando minha roupa para ir vê-los.
- Eu cheguei primeiro, tenho direito sobre eles. – ele disse manhoso, se vestindo também – Acho que a ultima vez que pude tê-los só pra mim foi quando sua barriga estava começando a crescer e eles estavam inchados, parecendo duas bolas de futebol.
- Deixa de ser tarado Matteo, é isso aqui que alimenta seus filhos. – ri vendo a cara de desanimo dele – Vem, pelo visto vamos ter uma longa noite sem dormir.
- Eu até cogito a possibilidade de deixar eles um dia na casa do meu pai, mas pensa se eu consigo ficar longe dessas duas criaturinhas? – ele disse me seguindo até o quarto ao lado.
- Oi meu amor. – disse e peguei Federico no colo – Mamãe está aqui, não precisa chorar. – Luana dormia tranquilamente no berço.
- Sempre ele. O garoto ciumento viu. – Matteo me abraçou, segurando ele também – Campeão, o papai também tem direito a algumas horinhas com a mamãe. – o pequeno só chorava mais ainda.
- Acho que essa não é uma boa estratégia. – ri e comecei a andar com ele pelo quarto e cantarolar algumas musicas infantis.
- Sua voz acalma ele. Você é uma boa mãe, amor. – Matteo falou percebendo os olhos do nosso bebe pesando e o choro diminuindo alguns minutos depois.
- Eles são tão lindos né? – falei e ele pegou Luana do berço – São os frutos do nosso amor.
- Claro, a mistura dessas duas genéticas aqui só poderia dar algo perfeito. – repreendi Matteo, que tinha falado alto demais e poderia acordar Federico de novo.
- Ele dormiu rápido, isso é um milagre, não queira fazer ele acordar.
- Desculpa amor. – nós deveríamos colocar os bebes no berço e voltar pro quarto, mas meu novo coração de mãe não me dizia isso.
- Matt. – falei manhosa – Podemos levar eles pra dormir na nossa cama?
- Eu ia sugerir a mesma coisa.
Desde que nossos bebes nasceram, descobrimos um amor ainda maior e mais forte e agora temos um laço que jamais será desfeito. Um não, dois. Somos pais muito babões e acima de tudo nos amamos.
Ainda somos jovens pra saber sobre a vida, mas já passamos por tantas coisas que podemos afirmar que o amor sobrevive a qualquer barreira quando é verdadeiro.
Quando cheguei na casa dos Balsano a ultima coisa que eu imaginava era que aquele seria o lugar onde eu encontraria e pessoa mais importante da minha vida e que eu seria tão amada por todos naquele lugar.
Aos cinco anos eu perdi minha família. Aos 17, ganhei uma nova de presente. E agora estou construindo a minha própria família. Minha família junto com Matteo. Eu e ele. Pra sempre.
- Eu amo esses nossos novos vizinhos de quarto. – deitei na minha cama com meus dois filhos e meu futuro marido, e eu sabia o necessário para o momento: que eu era feliz com o simples fato dos três existirem na minha vida.
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