História Good Boy - A ideia do Namjoon

Minha mãe sempre foi minha maior companheira, mas depois que ela se separou do meu pai e nós dois passamos a ter apenas um ao outro, ela ficou muito mais próxima de mim e fazia o impossível para me ver feliz.

— Então, mãe, ele se chama Kim Taehyung.

— E de onde você conhece ele?

— Bem, quando eu entrei na faculdade, ele já era de lá. Aí ele ficou lá por um semestre e saiu para o intercâmbio com o Nam e o Jin. Antes eu não tinha muito contato com ele, porque nós não éramos da mesma turma. Mas aí, ele voltou do intercâmbio um pouco diferente e eu acabei ficando com ele na festa e... – Minha mãe mantinha a cabeça apoiada na mão direita e me olhava com cara de apaixonada. – Para de me olhar assim. – Pedi envergonhado.

— Kookie, você acha que está apaixonado. Mas eu tenho certeza. – Ela sorriu. – Você nunca me falou de alguém com tanta doçura na voz. – Corei. — Mas me fala aqui, e o Jimin? Vocês não tinham um caso?

— Então, mãe, o que eu tinha com o Jimin, não era nada sério. E aí, por causa de ciúmes, ele brigou comigo no dia da festa e eu decidi que não ficaria mais com ele.

— Você está certo disso, meu filho? Jimin parecia que gostava tanto de você e você dele. Eu acho que às vezes você tem que dar um desconto para essa questão dos ciúmes.

— Mãe, Jimin gostava tanto de mim, que agora já está saindo com o primo do Suga.

— Então vocês dois estão resolvidos e de namorado novo?

— Eu não namoro o Tae, mãe. A gente só... fica. – Eu confesso que fiquei um pouco incomodado de falar que o Tae era apenas meu “ficante”, eu realmente gostava muito dele para taxá-lo dessa forma; mas fazer o quê? Era isso mesmo.

Eu e minha mãe ficamos ali até boa parte da noite conversando sobre relacionamentos. Até do meu pai ela falou e me pareceu que ela tinha saudades dele.

Contei para ela sobre como foi meu passeio com o Tae e ela sempre me ouvindo e me apoiando em tudo.

Por fim, decidimos ir dormir. Dessa vez ela me chamou para ir dormir com ela e eu fui. Quando nós deitamos, ela me deu um beijo de boa noite e sussurrou no meu ouvido:

— Tudo o que eu quero é que você seja feliz. – E me abraçou.

Já eram 13:10 quando recebo uma mensagem do Tae: “Cheguei”.

— Mãe, já estou indo lá no Nam. O Tae chegou. – Eu gritei para ela.

— Tá bom. Mande lembranças para os meninos. – Ela gritou de volta. Minha mãe conhecia todo mundo, menos o Tae, porque eu já era amigo deles antes da faculdade. Nós estudávamos no mesmo colégio, porém em turmas diferentes.

Saí de casa e o Tae estava encostado no carro do outro lado da rua. Quando me aproximei, ele tirou os óculos escuros que usava, para que eu pudesse olhar em seus olhos, segurou meu rosto com as duas mãos e selou nossos lábios num selinho demorado.

— Como você está? – Ele me perguntou.

— Bem e você?

— Melhor agora – Ele sorriu e abriu a porta do carro para mim. Entrei, enquanto observava ele dar a volta e entrar do lado do motorista.

No meio do caminho, recebo uma mensagem: “Quero conhecer meu genro”. Não consegui me conter e comecei a rir.

— O que foi? – O ruivo perguntou.

— Minha mãe quer te conhecer. – Falei.

— Que coincidência. – O olhei confuso. – A minha mãe também me disse que quer conhecer a pessoa que está me fazendo sorrir mais. – Engoli em seco.

Quando chegamos na casa do Nam, já estava todo mundo lá. Nos acomodamos na sala e ele começou a servir suco de uva para nós.

— Ah, antes que eu esqueça, minha mãe mandou lembranças a todos. — Eu disse e eles agradeceram.

De repente, Namjoon começou:

— Pessoal, chamei vocês aqui, porque estou precisando da ajuda de todos. – Ficamos o encarando esperando ele continuar. – Como vocês sabem, meu aniversário de namoro com o Jin está chegando e...

— Você quer fazer uma festa surpresa? – Suga o interrompeu.

— Não. Eu...

— Vai levá-lo para jantar? – Jimin perguntou.

— Não, gente. Eu quero pedi-lo em casamento.

Todo mundo ficou calado observando a situação.

— Casamento? – Tae quebrou o silêncio.

— É. Na verdade, não casamento na igreja e aquela baboseira toda. Eu queria fazer uma cerimônia simples num lugar bonito, para oficializar nosso relacionamento. Eu quero viver com o Jin para sempre.

— E ele não sabe disso, certo? – Perguntei.

— Não, ele não sabe. Por isso eu chamei vocês e ele não. Quero que me deem conselhos e ideias do que eu posso fazer. Será que ele aceitaria?

— Aceitaria – Tae disse direto. – Jin é louco por você, Namjoon.

— Ah então, o que eu faço? – Nam já ficou todo animado.

— Você pode casar no meu sítio. Lá é um espaço bonito, pode ser ao ar livre ou você pode colocar aquelas tendas enormes. Não é muito longe daqui e é grande. – Tae ofereceu.

— Sério, Taehyung? Você faria isso por mim?

— Claro Nam, porque eu não faria?

— Só lembrando que antes do casamento, tem noivado, despedida de solteiro... – Hoseok já ficou todo sorridente.

— Se ele fizer despedida de solteiro, você vai ficar em casa junto comigo, palhaço. – Suga deu um soquinho no braço dele. – Mas noivado, você pode fazer lá em casa ou podemos ir para algum lugar...

— Eu pensei em fazer um noivado assim: uma recepção simples, para anunciar a todos que vamos nos casar e já distribuir os convites do casamento. Porque eu não quero ficar noivo e depois de tempos, casar.

— Está certo. Já anuncia para todo mundo que ele é seu, antes que ele resolva ir para despedidas de solteiro alheias. – Suga olhou torto para Hoseok.

— Min Yoongi – Hobi chamou alto – Então por que a gente não se casa também? Porque você reclama da despedida de solteiro, mas nunca anunciou para todos que eu sou seu.

— Hoseok, a gente já mora juntos.

— Não interessa. Isso não significa nada. Agora eu quero uma aliança.

Sim, a situação ficou mais complicada do que eu imaginava. Eu tomei um susto com o Namjoon querendo pedir a mão do Jin, e agora Suga e Hobi começaram a discutir por questão de ciúmes, aliança, casamento e despedidas de solteiro.

— Então vamos fazer um casamento coletivo? – Nam sugeriu. – Vocês se casam e eu não fico tão nervoso por estar casando sozinho.

— Eu quero. Mesmo se não for coletivo. Agora eu quero me casar, Yoongi.

Suga coçou a cabeça e colocou mais um pouco de suco.

— Em casa a gente conversa, Hoseok. O foco aqui agora é Jin e Namjoon. – Ele cortou o assunto. – Nam, qualquer coisa que você precisar, pode contar conosco.

— Isso mesmo. – Eu disse. – Ajudamos com os preparativos, com a lista de convidados, com os convites... o que você quiser. E não se esqueça que a Dawon trabalha com eventos.

— Obrigado, gente. Muito obrigado. Vou contratar a Dawon mesmo. – Ele sorriu.

— Você vai pedi-lo quando? – Tae perguntou.

— Estou pensando se peço hoje e faço a festa de noivado no dia do nosso aniversário, ou se peço no dia no nosso aniversário.

— Peça hoje e faz a festa no dia no aniversário de vocês. Já tem a aliança? – Perguntei.

— Não, mas eu sei qual que eu vou comprar. Já andei olhando isso e já decidi.

— Então vai fundo. – Eu disse.

— Vou mesmo.  — Ele disse sorrindo. — Pessoal, vou ali na cozinha pegar uns pães de queijo que eu deixei assando para nós, só um momento, me ajuda, Jimin?

— Uns o quê? – Perguntei.

— Pães de queijo. É comida brasileira. – Tae disse sorrindo para mim.

— Yoongi, eu quero conversar com você, posso? – Hoseok chamou.

— Ai, Hobi... Está bem. Fala. – Suga respondeu de má vontade.

— Me acompanhe, por favor? – Ele levantou e saiu andando.

— Isso aí vai dar uma briga... – Taehyung disse.

Eu me levantei para esticar um pouco as pernas.

— Imagina os quatro se casando, que bonitinho. – Eu disse e nós dois começamos a rir.

Taehyung se levantou, me abraçou por trás e disse no meu ouvido:

— Sabe o que é bom, Kookie? – O toque do mais velho me fez arrepiar.

— Não, o que? – Virei o rosto um pouco de lado e o ruivo mordeu o lóbulo da minha orelha.

— Fazer as coisas escondido. – Tae me virou para que eu pudesse ficar de frente para ele, me puxou pela nuca e me beijou. Quando ele enfiou a língua na minha boca, Namjoon e Jimin voltaram para a sala.

— Eu não acredito nisso que eu estou vendo. –Tomei um susto e soltei do Tae. Os dois nos olhavam boquiabertos e nisso Hobi e Suga voltaram.

— O que foi que aconteceu? – Suga perguntou.

— Vocês estão juntos? – Namjoon perguntou quase que aos berros.

— Sim. – Taehyung respondeu sério.

— Nossa, eu achei que o Jimin estava ficando doido no dia da festa. – Nam começou a rir.

Eu fiquei muito envergonhado com a situação e não conseguia parar de rir. Notei que Jimin estava me olhando torto e eu fiquei sem graça.

— Vocês estão mesmo juntos? – Perguntou Hoseok.— E eu fiquei aqui secretamente tentando fazer vocês dois se acertarem, e vocês não me falam nada?

— Hoje você está tão dramático, Hobi. – Disse Suga. – Isso é coisa deles. Eles contam se quiser.

— Cala sua boca, Yoongi. – Hoseok respondeu e veio caminhando até nós dois e nos deu um abraço. – Estou muito feliz por isso. Significa que meu papel de cupido está ótimo. Parabéns.

Nós sentamos para lanchar e ficamos ali falando do “casamento” até umas 18:00 e então decidi ir embora. Jimin já tinha saído, porque ele ia se encontrar com Woozi. Suga e Hobi decidiram ir embora na mesma hora que eu. Desejamos boa sorte para o Nam e saímos.

— Vou chamar um táxi. – Eu disse.

— Jungkook, eu vou te deixar em casa. – Eu realmente ficava sem graça com aquilo. Não gostava de incomodar as pessoas.

— Não precisa, Tae.

— Kookie, entra no carro. – Ele abriu a porta para mim.

Entramos no carro e Tae sugeriu:

— Vamos tomar um sorvete? – Eu acho que fiz uma cara de criança, porque o mais velho riu de mim. – Vou tomar isto como um sim.

Fomos na direção de uma sorveteria que tinha perto da minha casa. Nós literalmente agimos igual a uma criança quando fomos pegar o sorvete, tinha tanto sabor, e muitas guloseimas para colocar por cima.

Nos sentamos numa das mesas que ficava perto da porta e ficamos ali deliciando o sorvete. De repente, meu celular toca e era minha mãe.

— Oi, mãe. – Atendi.

— Jungkook, você vai demorar? – Ela parecia preocupada.

— Não, porque, aconteceu alguma coisa?

— Não, filho. Só não demora, está bem? Estou precisando de você aqui.

— Eu já estou indo. – Desliguei o cel.

— Aconteceu alguma coisa? – Tae perguntou.

— Com certeza. Mas minha mãe não quis me contar. Ela nunca me liga assim para falar que está precisando de mim, ela sempre espera eu chegar em casa.

— Deixa eu te levar para casa, então.

— Não precisa, Tae. É aqui perto. Eu posso ir andando.

— Jungkook, para de negar minhas caronas. Vou te levar e pronto.

— Desculpa, Taehyung. Eu só não quero incomodar.

— Você não me incomoda. O que me incomoda, é você ficar evitando minhas caronas.

— Ei, Tae. – Me aproximei dele. — Me desculpe, está bem? – Dei um beijo gelado nele e fomos para o carro.

Quando Taehyung virou o carro na minha rua, eu vi uma caminhonete parada na porta da minha casa e gelei.

— Não pode ser. – Eu disse.

— O que foi? – Tae pareceu preocupado.

— Meu pai está aqui.