Entrei em casa rápido, pois eu fiquei preocupado. Meu pai nunca mais veio aqui, porque ele veio agora? Quando cheguei na sala, encontrei meus pais sentados no sofá conversando como velhos amigos. Eu realmente achei aquilo muito estranho.
— Ei, filho. – Ele se levantou e veio me abraçar.
— Oi, pai. Está tudo bem? – Perguntei.
— Está, sim. Venha. Vamos conversar. – Eu confesso que estava com medo. – Estou com saudades, como você está?
— Bem. – Eu estava sem o que dizer e ele pareceu perceber.
— Então, como está a faculdade? – Eu definitivamente não gosto desse tipo de pergunta.
— Está ótima. E lá em Busan, como estão as coisas? – Perguntei, para fugir do assunto da faculdade.
— Estão bem. – Ele olhou para o lado e pensou por um momento. — Huuum... Vamos dar uma voltinha? – Ele voltou a me olhar sorrindo.
— Tá bom.
Saímos da minha casa e entramos na caminhonete dele.
— Pai, essa caminhonete é muito bonita. É uma fiat Toro, não é? – Eu reconheci o carro porque quando ele a comprou, ele mandou fotos dela para eu ver e eu já tinha decorado a placa. Mas eu nunca havia visto ela pessoalmente.
Ele deu uma risada de lado e começou a me dar detalhes do carro. Nós sempre fazíamos isso. Quando eu era mais novo, eu tinha um álbum de figurinhas de carros e motos. Os carros sempre foram os preferidos dele, e as motos, minhas preferidas. Tinha vez que nós passávamos horas falando disso, era tão legal.
Eu não gostava do meu pai perto da minha mãe, porque eu tinha medo dele fazê-la sofrer de novo. Mas ele como pai, era uma pessoa incrível. Depois que eles se separaram, ele mudou bastante. Virou uma pessoa mais madura, mais paciente...
— Onde estamos indo? – Perguntei.
— Surpresa, Kookie. Surpresa. Eu... vou te dar um presente.
Eu não fazia ideia do que ele ia me dar de presente, mas nós seguimos para o local. No meio do caminho, eu contei para ele sobre o Tae e ele me apoiou bastante e me desejou boa sorte.
De repente, meu pai para em frente à loja da Harley Davidson e olha para mim sorrindo.
— Eu não acredito nisso. – Eu disse.
— Você sempre gostou e quis uma moto, não é? – Ele perguntou.
— Sim, mas... – Eu fiquei sem palavras.
Nós entramos na loja e quanto mais eu andava, mais boquiaberto eu ficava. Tinha cada moto linda.
— Pai, você viu o preço dessas coisas? – Perguntei.
— Jungkook, escolhe uma para você.
— Não posso. – Ele me olhou assustado. – Isso é muito caro.
— Filho – Ele pegou no meu ombro. – Eu quase nunca te vejo, não tenho a oportunidade de ficar com você o tanto que eu gostaria de ficar... me deixa pelo menos te dar um presente? Eu não ligo para essa questão de preço. Se você gosta, se você tem carteira e eu posso te dar, por que não? Aceita, por favor.
A única coisa que eu pensei, foi em abraçá-lo. Eu não tinha notado o tanto que ele me fazia falta. Eu tinha apenas acostumado a viver sem ele, mas se acostumar com algo, não significa que você gosta disso. Ele acariciou meus cabelos e me deu um tapinha nas costas.
— Vamos. Escolha uma para você antes que eu pegue uma para mim. – Ele brincou.
O vendedor se aproximou de nós dois e começou a nos guiar pela loja nos mostrando cada moto. Por fim, eu escolhi uma preta com detalhes dourados e, para combinar com ela, peguei um par de capacetes da mesma cor.
— Boa escolha a sua, Kook. Ela é linda. – Meu pai disse enquanto nós prendíamos a moto na carroceria da caminhonete.
No caminho de volta, nós ficamos conversando sobre coisas da vida, quando eu decidi perguntar:
— Pai, por que você decidiu vir aqui agora?
— Kookie... – Ele suspirou fundo e continuou. – Eu recebi uma promoção no trabalho. Porém, para que eu possa ficar com essa vaga, eu terei que me mudar para os EUA. Eles me deram uma semana de folga para vir aqui me despedir de você. Depois que eu for para lá, nós não vamos nos ver tão cedo. – Ele deu uma pausa. — A não ser que... você vá comigo. Tranca a faculdade por um tempo...
Nossa, aquela notícia de fato, eu não esperava. Como assim meu pai vai se mudar para o outro lado do mundo? E me propõe a ir junto?
— Pai, eu sinto muito, mas não posso. Eu tenho a faculdade, tenho minha mãe, tenho o Taehyung. – A imagem do ruivo veio na minha cabeça em forma de soco. Fiquei me imaginando indo para os EUA e largando ele para trás. Eu não podia fazer isso.
Senti uma lágrima descer pelo meu rosto e fiquei apoiado na janela encarando o lado de fora.
— Kook, eu não quero que você fique assim. Toda vez que eu puder, eu venho aqui te ver, ver sua mãe...
— Deixa minha mãe quieta. – Eu falei.
— Jungkook, não é porque nós nos separamos, que eu vou deixar de me importar com ela. Eu sei que fui um estúpido no passado. Se tivesse um jeito de consertar isso, eu consertaria, mas infelizmente eu não posso.
Continuamos o caminho em silêncio e eu fiquei pensando que não podia culpar ninguém por isso. Se meu pai recebeu promoção no emprego, é porque ele mereceu. Se meus pais estão separados, é porque tinha que ser assim. E não tinha nada que eu pudesse fazer.
— Obrigado pelo presente, pai. Eu adorei. – Consegui dar uma risada de lado.
— Que bom que gostou. Fico muito feliz por isso.
Cheguei em casa e mostrei para minha mãe a minha moto. Ela ficou super feliz e super preocupada também. Meu pai ia procurar um hotel para ficar, mas nós o convidamos para ficar lá em casa mesmo.
Depois de anos, nós tivemos um jantar em família e aquilo me deixou muito feliz.
Quando eu subi para meu quarto, olhei no celular e tinham 15 mensagens e 5 ligações perdidas do Taehyung. Liguei para ele de volta, pedi desculpas e disse que estava tudo bem.
Decidi ir dormir pois, estava muito cansado.
Minha faculdade estava em reforma nos banheiros do prédio que eu estudava, então as aulas foram suspensas por um tempinho.
Quando foi 15:00, chamei Taehyung para dar uma volta, e disse que dessa vez eu buscaria ele em casa.
Ele me passou o endereço, e assim eu fui. Quando cheguei, vi que ele morava num prédio extremamente luxuoso. Confesso que fiquei com vergonha da minha casa.
“Cheguei. ” avisei por mensagem. “Estou descendo” ele respondeu.
Quando Taehyung apareceu na porta e me viu encostado na moto ele abriu aquele sorriso retangular dele e veio correndo até mim.
— Uau, Jungkook. Que linda. – Ele disse e me abraçou.
— Meu pai me deu de presente. – Eu disse. – Vamos? – Estiquei um capacete para ele.
— Não antes disso – Ele me deu um selinho. Taehyung era tão gostoso, que com um beijo rápido ele já me deixava excitado.
O mais velho sorriu, pegou o capacete na minha mão e colocou na cabeça. Sentei na moto e ele se sentou logo após me abraçando por trás, me fazendo arrepiar de novo.
Liguei a moto e dei partida. Eu já tinha em mente um lugar que levaria o Tae. Fui pilotando até chegar numa estrada. Virei de lado, abri a viseira e falei:
— Dizem que ela é veloz. Vamos testar?
— Vai fundo. – Tae respondeu.
Acelerei e atingi uma velocidade absurda. Senti o ruivo me segurando mais apertado e gritando um “Uhuuuuuuuu”. O vento batia em nós com uma força tremenda e eu comecei a sentir frio.
Diminuí a velocidade, pois já estava chegando onde eu pretendia ir. Saí da estrada e virei num lugar com bastante árvore, e que tinha um caminhozinho de terra. Quando chegou numa clareira, eu parei.
— Chegamos. – Eu disse tirando o capacete.
Tae saiu da moto e me ajudou a me levantar dela. Chegamos até a beirada da estradinha de terra e ficamos encostados no parapeito que dava proteção contra o penhasco que seguia logo à frente.
— Que incrível isso aqui, Kookie. – Ele me disse. Lá de cima, nós tínhamos uma vista incrível da cidade. Dava para ver muita coisa mesmo. – Como você achou esse lugar?
— Meus pais me trouxeram aqui uma vez.— Eu disse virando de costas e encostando no parapeito. – Gostou?
— Eu amei. Aqui é tão lindo.
Puxei o Tae pelo braço e fiz ele ficar entre minhas pernas. Eu estava com saudades de beijá-lo direito, de abraçá-lo...
Passei minhas mãos para seu rosto e o beijei. Ele me abraçou e pediu passagem com a língua, o que eu logo permiti. Comecei a acariciar seus cabelos e desci uma mão para sua cintura, enquanto ele subia sua mão esquerda para minha nuca, onde começou a fazer carinho.
Nosso beijo era calmo e apaixonado. Nossas línguas dançavam calmamente uma com a outra e eu pude senti-lo do jeito que eu queria. Eu não conseguia pensar em mais nada a não ser em como o ruivo me fazia bem, em como eu gostava de estar com ele, em como eu sentia saudades daquele beijo, daquele carinho, daquele ser por inteiro.
Quanto mais nós nos beijávamos, mais eu tinha certeza dos meus sentimentos por ele, mais eu tinha necessidade de estar ali naqueles braços. Eu nunca me senti assim antes. Eu precisava dele.
Taehyung puxou meu lábio inferior entre os dentes, colocando fim ao beijo e me abraçou bem forte. Eu apoiei minha cabeça no seu ombro esquerdo e fiquei ali com os olhos fechados sentindo o vento no meu rosto e o cheiro do mais velho.
Eu queria falar o tanto que ele estava se tornando importante para mim, mas eu tive medo. Tive medo de estar sendo rápido demais, tive medo dele me deixar... Mas eu não sabia por quanto tempo eu conseguiria ficar calado.
— Em que você está pensando? – Ele cortou meus pensamentos.
— Em você. – Respondi sem pensar.
— E o que você está pensando de mim? – Ele continuou. Fiquei um tempo calado e respondi:
— Em como você é especial. – Droga, Jungkook, para de ficar falando essas coisas. Eu me arrependi de ter falado, mas a minha vontade de continuar era tanta...
De repente, lembrei do meu pai que vai embora, lembrei da proposta que ele me fez, lembrei de quando eu comecei a gostar do Jimin e ele não quis nada comigo. Não sei porque essas lembranças vieram para mim agora, só sei que eu comecei a chorar.
— O que foi, Kookie? – Ele perguntou e se afastou para me olhar nos olhos.
Enterrei meu rosto nas minhas mãos e chorei com vontade. Senti os braços do mais velho me envolvendo de novo e o mesmo afagando meus cabelos.
— Xiiu – Ele disse. – O que foi? Conta para mim?
Eu não conseguia falar nada, só conseguia chorar. Fiquei pensando em como seria ruim se eu fosse para longe do Tae, fiquei pensando em como seria ruim ter meu pai mais longe ainda e pior, fiquei pensando em como seria péssimo se eu falasse com o Tae tudo o que eu sentia por ele e ele fizesse igual ao Jimin. Eu sei que ele é diferente, mas quem passa por um trauma, fica com medo pelo resto da vida.
— Não chora, Kookie. Divide comigo sua dor. O que aconteceu? – Ele insistia. Por fim, eu consegui recuperar o fôlego e comecei a conta-lo sobre meu pai.
O ruivo ouvia cada palavra atentamente. Quando eu acabei de contar, ele parecia chateado:
— Você vai com ele? – Ele perguntou.
— Não. – Respondi.
— Por que não? – Ele começou a esboçar um sorriso, tombou a cabeça um pouco de lado e ficou me encarando de um jeito muito lindo. Ah que se foda.
— Por que eu não quero ficar longe de você. – Eu respondi e olhei em seus olhos.
Taehyung passou suas mãos para meu rosto e me puxou para um novo beijo. Coloquei meus braços em sua cintura e fiquei ali aproveitando cada segundo. Quanto mais ele me beijava, mais calmo eu ficava. Kim Taehyung era a cura para todas as minhas dores.
A falta de ar se fez presente e ele deu uma chupada de leve na minha língua e apoiou sua testa na minha.
— Jungkook? – Ele chamou enquanto arfava tentando recuperar o fôlego. Dei um selinho nele e sussurrei:
— Oi, Tae.
— Namora comigo?
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