História Good Boy - Ele me respondeu!!

Kim Taehyung ON

Já era tarde de domingo e eu resolvi ir tomar meu banho para ir ao encontro dos hyungs na casa do Jin.

Eu já sabia o que eles iriam fazer, mas nada mais justo do que estar presente nesse momento tão importante para eles.

De início, os dois queriam sair para jantar em algum lugar, mas depois, eles decidiram fazer um jantarzinho na casa do Jin mesmo.

Tomei um banho demorado e aproveitei aquele momento de tranquilidade para pensar no Jungkook. O que será que ele achou da carta? Ele não me falou nada, não mandou uma mensagem, não me ligou, não comentou nada com ninguém... Será que vai ser assim mesmo? Nós vamos terminar assim?

Joguei água no meu rosto afim de afastar esses pensamentos, hoje eu tinha que fazer um esforço para Jin e Namjoon.

Saí do banheiro enrolado na toalha e fui para meu closet pegar alguma roupa.

Peguei uma camisa listrada de preto e branco, um moletom vermelho, uma calça e um tênis preto.

— Droga, Taehyung... – Sussurrei quando vi meu rosto cheio de olheiras, meus olhos inchados e meu cabelo bem desbotado. – Você está horrível. – Falei com meu próprio reflexo no espelho.

Corri meus olhos pela lateral do closet e achei um boné preto. Os hyungs não vão se importar que eu fique de boné a essa hora da noite, eles me entendem.

Bati um perfume. Já que a aparência estava horrenda, pelo menos o cheiro tinha que ser agradável, não é mesmo?

Peguei a chave do meu carro e fui em direção ao prédio do Jin.

Quando cheguei lá, os carros do Hoseok e do Woozi já estavam lá, mas não tinha nenhum sinal de moto do Kookie.

Apertei o interfone e fiquei esperando alguém atender, quando ouço o ronco da moto do mais novo logo atrás de mim.

Gelei. Comecei a tremer, minha respiração ficou falhada, fiquei com um nó na garganta. Tudo aconteceu ao mesmo tempo e foi tão rápido, que quando eu assustei, o moreno já estava em pé do meu lado.

Eu não sabia o que fazer, se dizia alguma coisa, se fazia alguma coisa... O que fazer?

— Boa noite. – Ele sussurrou do meu lado, me fazendo assustar e meu coração bater muito mais forte.

Virei minha cabeça devagar e fitei o menor ali do meu lado, que não movia um músculo para me olhar.

— B-boa noite. – Respondi gaguejando.

Eu queria abraçá-lo, queria beijá-lo, perguntar se ele estava bem, dizer que o amava muito, mas a única coisa que eu consegui fazer foi afundar o dedo no interfone de novo.

— “Olá” – Namjoon atendeu.

— Hyung, é o Tae. – Disparei.

— “Ah Tae, entra..” – Ele liberou o portão que abriu com um estalo.

Empurrei o mesmo e dei lugar para o menor passar. Ele, silencioso entrou e foi andando devagar na direção da portaria. Fui logo atrás sem me aproximar tanto.

As portas do elevador se abriram e nós entramos lá, ficando sozinhos.

— Kookie? – Não aguentei e chamei, me virando para ficar de frente para ele.

O mais novo levantou o olhar para mim, mas não disse nada.

— Conversa comigo? – Eu praticamente implorei. – Eu preciso te ver sorrir de novo. – Me aproximei e coloquei minha mão direita sobre o rosto do Jeon.

— Taehyung... Hoje é um dia especial para os hyungs, então vamos focar apenas nisso. – Ele disse educadamente e retirou minha mão de si.

Doeu? Sim, doeu. Mas ele tinha toda razão de estar assim comigo.

**

Estávamos todos ali na sala dos hyungs, quando Namjoon começa a falar.

— Pessoal, chamamos vocês aqui, porque queremos lhes fazer um convite. – Ele olhou para Jin e pegou na mão do moreno. – Eu e Jin queremos convidá-los para ser nossos padrinhos de casamento.

— Então, aceitam? – Jin ficou todo sorridente e todos nós levantamos para dar um abraço neles.

Claro que aceitamos, eles são nossos melhores amigos, são especiais e merecem ser muito felizes.

Jin preparou um jantar incrível e nós sentamos à mesa para comermos.

Jungkook se sentou de frente para mim, claro que tinha que ser assim, só para eu ser obrigado a olhar para ele. E foi o que eu fiz, eu encarei ele boa parte da noite, claro que disfarçava, não queria ninguém achando que eu estava secando o moreno ali na minha frente.

— Agora, vamos servir as sobremesas. – Jin levantou correndo da cadeira e foi na direção da cozinha.

De repente ele volta com uma travessa de vidro, com algo que parecia chocolate branco e chocolate preto e... uvas.

— O que é isso? – Suga perguntou.

— Torta gelada de brigadeiro branco, chocolate e uva. – Ele respondeu orgulhoso. – Fui eu quem fiz.

Quando ele disse disso, meus olhos foram na direção do Jungkook, que também me olhou e ficou me encarando por um tempo.

Senti minha boca ficar seca e passei a língua entre os lábios, afim de umedecê-los, apenas, mas isso fez o mais novo desviar o olhar e respirar fundo.

**

Depois de comer aquela torta, minha vontade de agarrar Jungkook e beijá-lo, era maior ainda.

Eu já não estava aguentando mais sentir o cheiro dele ali, vê-lo ali e não poder fazer nada.

— Hyungs, já vou embora. – Levantei do sofá, assustando os mais velhos.

— Mas já? – Namjoon perguntou.

— Sim. Eu... tenho trabalho para fazer. – Menti.

— Tudo bem, Tae. Obrigado pela sua presença. – Dei um abraço nos noivos e saí.

Entrei no elevador morrendo de vontade de chorar, de gritar, mas não fiz nada disso. As portas se abriram e eu fui na direção do meu carro.

— Taehyung? – Ouvi a voz do Jungkook logo atrás de mim e me virei para ver o que estava acontecendo. – Taehyung... – Ele estava ofegante.

— Jungkook?

– Toma. – Ele esticou a mão trêmula e me entregou um envelope azul escuro. Notei que ele não usava a aliança e isso me doeu mais ainda. – Desculpe não te entregar de um jeito mais bonitinho, com bombons e etc, mas... – Ele não terminou de dizer. – Está aí. Abre na sua casa.

Ele já ia saindo andando e eu o peguei pelo braço, fazendo ele olhar para mim.

— Obrigado. – Respondi sem graça.

O mais novo ficou me encarando sem dizer nada e eu não sabia o que fazer. Então eu o puxei mais para perto e selei nossos lábios. De início, eu pensava em apenas um selinho demorado, mas senti a língua do mais novo passando por cima do meu lábio, e eu dei passagem, sentindo aquele gosto de chocolate com uvas invadindo minha boca.

Igual ao nosso primeiro beijo...

Jungkook pegou no meu boné e virou a aba dele para trás, para que ele pudesse se aproximar mais de mim. Porém, eu acho que ele se deu conta do que estava fazendo e puxou a língua de volta e me afastando um pouco.

— Kookie? – Sussurrei.

— Eu preciso ir. – Ele saiu correndo, subiu na moto e me deixou ali sozinho.

Jeon Jungkook ON

Dobrei o papel da carta e coloquei num envelope azul. Eu bem que queria presenteá-lo com alguma coisa, mas eu não fazia ideia com o quê.

Tomei um banho bem quente e vesti uma roupa completamente preta, penteei meus cabelos ajeitando-os na testa, porque como ele havia crescido, a franja ficava entrando nos meus olhos.

Enfiei o envelope no bolso interior da minha jaqueta, bati um perfume e fiquei encarando a aliança no meu dedo.

Fui até à gaveta e peguei um cordão de prata que minha mãe tinha me dado há um tempo atrás, então, eu passei ele por dentro da aliança e pendurei no meu pescoço e coloquei para dentro da blusa. Eu não a deixaria no dedo, mas eu não ia ficar sem ela também.

Cheguei no local e percebi que havia alguém no portão. Droga. Era ele. Eu senti uma fusão de sentimentos ali, fiquei com medo, com vergonha, nervoso, mas cheguei perto dele e consegui dizer um “Boa noite”. Fui respondido quase aos sussurros, mas o maior olhou para mim e eu recusei a retribuir o olhar, não podia encará-lo nos olhos, ainda não.

Fui andando silencioso até o elevador, onde Kim Taehyung tentou render assunto comigo, mas eu simplesmente evitei falar com ele.

No jantar ocorreu tudo bem, agora somos padrinhos oficiais dos hyungs e eu fiquei muito feliz por isso.

Um tempo depois, Taehyung se levanta do sofá e diz que já vai embora. Ótimo, essa é minha oportunidade de ir atrás dele.

Assim que Jin fechou a porta, eu disse que também iria e parece que todos perceberam a minha intenção.

Saí do apartamento e quando olhei de lado, a porta do elevador estava acabando de fechar.

— Ah droga. – Fui na direção das escadas e desci correndo.

— Taehyung? – Chamei o mais velho. – Taehyung... – Eu estava ofegante.

— Jungkook? – Ele respondeu assustado.

– Toma. – Eu estiquei a mão trêmula e lhe entreguei o envelope azul escuro. – Desculpe não te entregar de um jeito mais bonitinho, com bombons e etc, mas... está aí. Abre na sua casa.

Eu já ia saindo andando quando senti o mais velho me pegando pelo braço e me fazendo olhar para ele.

— Obrigado. – Ele respondeu sem graça.

Naquele momento, meus olhos encontraram os seus e eu não conseguia desviar o olhar.

Fui puxado para mais perto e quando me dei por mim, os lábios do ruivo já tocavam os meus. Eu fiquei nervoso, confesso, mas quando senti aquele cheiro dele mais forte perto de mim, eu senti uma necessidade enorme de tê-lo mais perto e acabei pedindo passagem com a língua, o que o mais velho permitiu na hora.

Que droga nessa aba desse boné, segurei ela com cuidado e girei o boné afim de deixá-la para trás e aprofundei o beijo, sentindo aquele gosto doce do chocolate com a uva.

Igual ao nosso primeiro beijo... Pensei.

Jungkook, para com isso. Espera ele ler a carta.

Minha mente sussurrou para mim e eu afastei de uma vez.

— Kookie? – Ele sussurrou com os lábios ainda perto dos meus.

— Eu preciso ir. — Saí correndo, subi na moto e deixei o hyung sozinho.

Kim Taehyung ON

Ele aceitou meu beijo...

Fiquei pensando nisso o caminho inteiro até minha casa e esbocei um sorriso bobo.Sentei na minha cama e segurei o envelope com as duas mãos, o que será que havia ali?

Eu estava temendo, nervoso, feliz, curioso e com medo.

Abri o envelope e tirei a carta lá de dentro:

Caro Taehyung,

A última vez que eu vi você, eu queria que você sumisse da minha vida. Eu saí daquele lugar desejando nunca ter te conhecido.

A tristeza tomou conta de mim de uma forma que ela nunca havia tomado... nunca me senti tão só, tão rejeitado, tão abandonado...

Você errou comigo, você falou coisas horríveis para mim e não me deu nem a chance de me explicar.

Porém, eu também errei. Errei por não te contar sobre a garota, errei por não ficar tão perto de você, por não te dar a atenção que você merecia. Errei antes e continuo errando, por não te dar a chance de se explicar.

Peço desculpas por não responder suas mensagens, eu realmente não estava preparado para conversar com você.

Confesso que também sinto um vazio enorme aqui dentro do peito, você não faz ideia da falta que você me faz.

Então, estou aqui para te dizer que eu vou permitir que você converse pessoalmente comigo, estou aqui para te dizer que eu não te odeio e que não quero distância de você. Mas, eu quero um tempo a mais, preciso esfriar a cabeça mais um pouco, você me machucou muito e isso é difícil de recuperar.

Obrigado por me procurar e por não desistir de mim.

Jeon Jungkook

— Ele vai deixar eu conversar com ele. – Eu disse sorrindo igual a um bobo, enquanto as lágrimas molhavam meu rosto. – Ai, Kookie... Você não disse que também me ama, mas eu estou tão feliz.

Peguei meu celular e digitei uma mensagem:

“Jungkook? ” Enviei. Porém... ele não respondeu. Fiquei ali deitado na cama por uns 10 minutos e meu celular recebeu uma mensagem nova.

“Oi” Era dele. Era dele.. Eu realmente não sabia o que dizer, eu não esperava que ele respondesse.

“Li sua carta. ” Tosco? Sim. Mas o que eu iria dizer?

“E? ”

“Obrigado, eu gostei bastante. ” Continuou tosco, mas eu fui sincero.

“Também gostei da sua. Não agradeci educadamente, me desculpe e obrigado. ” Opa, estamos evoluindo, passou de duas letras.

“Não tem problema. Quero que saiba que eu fui muito sincero. ”

“Eu sei disso. ”

“Quando você estiver pronto, me avisa? ” Eu estava ansioso.

“Sim. ”

“Obrigado mais uma vez. ”

“Por nada”

“Me desculpe por te beijar hoje. Não devia ter invadido seu espaço. ”

“Tudo bem, hyung” Hyung? Ele me chamou de hyung?

“Eu te amo. ” Dessa vez eu fui ignorado, também, não era para menos né. Taehyung apressado.

Jungkook ON

“Me desculpe por te beijar hoje. Não devia ter invadido seu espaço. ” Você fala isso para o cara que praticamente te agarrou depois? Tecnicamente quem te beijou, fui eu.

“Tudo bem, hyung” Respondi sem graça.

“Eu te amo. “ Ah Taehyung... não me faça te falar isso agora. Eu te amo muito, mas só vou falar no momento certo, e você vai gostar.

Fiquei ali no meu quarto assistindo TV por mais ou menos uma hora e meia e meu celular apita de novo:

“Posso te perguntar uma coisa? ” O que será que Kim Taehyung quer saber?

“Pode. ” Eu fiquei bem curioso.

“Você se importa que eu te chame para conversar às vezes? Eu não quero que fique esse clima ruim entre nós... nem que seja para falar sobre o tempo. ”

“Pode chamar. Não tem problema. ” Claro que não tinha problema, eu até ia gostar.

“Obrigado ”

“ E eu, posso te chamar? ” Perguntei.

“Você sabe que sim. Toda vez que você quiser. ”

“Então tá ” Preferi não render mais assunto, afinal, amanhã tinha aula, e eu estava com medo de dizer coisa que não era para dizer.

Virei para o meu cantinho, abracei com o travesseiro, e depois de uma semana, eu consegui sorrir por ele de novo.