História Good Boy - No casamento pt.1

Kim Taehyung ON

O tempo havia passado bem rápido e o casamento dos hyungs já era no próximo final de semana.

A faculdade estava uma loucura, eram tantos trabalhos, que nem tinha tempo de chamar o Kookie para conversar direito.

Confesso que eu não conversava com ele por falta de tempo, mas também não estava rendendo assunto quando tinha oportunidade. Na faculdade, nós só conversávamos sobre os trabalhos – já que agora nós somos da mesma turma— em casa nem conversávamos mais.

Durante esse tempo, nós contávamos sobre as coisas da vida, um fazia questão de mandar uma mensagem de bom dia, boa tarde ou boa noite para o outro, falar o que estávamos comendo, fazendo, mas aos poucos isso foi acabando.

Será que ele definitivamente não vai querer ficar comigo? Será que já parou de conversar tanto comigo porque não se importa mais?

“Jungkook, tudo bem? Eu queria conversar com você, podemos? ” Enviei uma mensagem.

Já não aguentava mais esperar, eu sei que disse que esperaria o tempo que fosse preciso, mas viver assim está complicado.

Meu celular apita:

“Tudo bem, hyung e você? Olha, estou um pouco sem tempo e não estou podendo sair de casa, mas manda mensagem aí, eu respondo”

Não Jungkook, eu não vou falar disso com você por mensagem.

“Pode deixar, depois conversamos.”

Eu ainda tinha vontade de chorar por ele, mas não o fazia. Apenas por ter a amizade dele eu ficava feliz, mas ficar perto dele, vê-lo sorrir e não poder chegar perto o bastante estava me matando.

Depois do dia na casa do hyungs, nós não nos beijamos mais, até tivemos umas oportunidades, mas eu desviei e não fiz nada. Eu prometi que o respeitaria e assim eu estou fazendo, mas já fazem quase quatro semanas e nós ainda estamos assim.

Sexta feira, dia de prova na faculdade.

— Como foi a prova, hyung? – Eu estava sentado num banquinho de pedra comendo uns biscoitos, quando Jungkook veio conversar comigo.

— Não sei bem... – Dei de ombros e voltei a dar atenção para meus biscoitos.

— É amanhã né. – Ele comentou e eu fiz uma cara de confuso, será que... – O casamento dos hyungs.. – Ele completou.

— Ah sim. Verdade.

— Está tudo bem com você? – Ele perguntou.

— Sim. – Respondi.

— Por que você não olha para mim? – Ele perguntou e eu o fitei.

— Eu olho para você, sim. – Sorri de lado.

— O que você queria falar comigo? – Ah, ele tocou no assunto e meu coração disparou.

— Nada não. Era só uma dúvida que eu estava tendo com meu trabalho, mas já resolvi. – Eu não quero conversar sobre nós bem no meio da faculdade, com gente andando para todo lado.

— Mentira. – Ele disse sério.

— Kookie — Eu disse já levantando e pegando minha mochila. – Depois a gente conversa. – Dei um sorriso de lado e saí andando.

— Ah não, Tae. O que foi? – Ele veio correndo para perto de mim e eu continuei andando até meu carro que estava num lugar mais afastado. – Fala comigo?

— Não é nada demais, Kookie. – Tem coisa que não rola de falar perto de muita gente, né.

— Taehyung, fala logo. O que está acontecendo com você?

— Jungkook – Eu o puxei fazendo ele encostar no meu carro e fiquei de frente para ele. – Eu não aguento mais isso. Não aguento mais ficar te esperando, ficar te vendo sem poder te tocar, ficar nessa dúvida que eu estou.

— Que dúvida? – Ele realmente quer que eu fale.

— Essa dúvida. Não sei se estamos separados, se estamos juntos porém com um tempo, se você ainda gosta de mim, se nós ainda vamos conversar, se... vale a pena ficar sentindo essa dor que eu estou sentindo por esperar você.

— Você acha que vale a pena? – Ele perguntou.

— Eu acho que quando a gente ama, esperar pelo outro vale muito a pena. Eu não me arrependo de te esperar. Eu disse que te daria o tempo, mas ficar assim está me machucando muito. – Respirei fundo. — Então, por favor, não fique perto de mim enquanto você não se resolver. Não quero ficar alimentando esperanças que podem não dar em nada.

— Hyung... — Ele passou o polegar na minha bochecha secando uma lágrima que eu nem percebi que tinha saído. – Não fique assim. Nunca foi minha intenção te deixar assim.

— Eu nem sei se você ainda gosta de mim, Kookie. Você me trata o tempo todo como amigo.

— Eu gosto. – Ele sussurrou. – Muito mais do que você imagina. – Ele se aproximou mais de mim. – Amanhã nós podemos conversar? Hoje eu tenho que fazer umas coisas da faculdade e sei que você também tem, mas amanhã, nós conversamos lá no seu sítio. Podemos?

Fiz que sim com a cabeça, enquanto encarava os lábios do menor pronunciando cada palavra.

— Podemos. – Consegui falar.

Jungkook passou as mãos para meu rosto tão rápido, que só acordei daquele transe quando senti os lábios do mais novo sobre os meus.

Ele me deu um selinho rápido e depois me soltou, saindo na direção da sua moto.

Jungkook ON

Eu estava nervoso.

Hoje mais cedo eu dei um selinho no Tae e não sei bem, mas me parece que ele não correspondeu ao beijo.

Há dias que eu ando notando uma mudança de atitude dele, ficando mais afastado, não puxa conversa comigo, não me manda mensagem, não pergunta se eu estou bem, não fala mais que me ama, cheguei a pensar que ele tinha desistido de mim e comecei a ficar com medo de chamá-lo para conversar.

Hoje, eu fui conversar com ele depois da prova e o mesmo tentou fugir de mim, mas depois eu descobri que ele estava sofrendo por minha causa e eu me senti muito mal por isso, mas ao mesmo tempo me deu vontade de me jogar nos braços dele e dizer que o amava.

Pois bem, eu já tinha beijado ele e já tinha combinado de conversarmos amanhã no sítio num pequeno momento entre o casamento dos hyungs.
 

Chegou o tão esperado dia do casamento.

Eu acordei bem cedo, pois ia para o sítio de manhã para ajudar o pessoal no que fosse preciso.

Minha mãe havia cortado meus cabelos no dia anterior, para ficar melhor, porque estava muito grande, eu já tinha pego minhas roupas, perfume, meu cordão com a aliança e tudo o que eu julgava ser necessário.

Recebi uma mensagem, era do Tae:

“Jungkook, Jin e Namjoon estão com umas coisas no carro, então não está com espaço. Você quer ir comigo? ”

Eu não iria de moto, porque não tem nem jeito, como que saio daqui com um terno passado e enfio numa sacola e carrego na moto? Então eu tinha aceitado a carona dos noivos, mas agora parece que os planos mudaram.

“Pode ser. ” Respondi sem graça. O clima não estava muito bom entre nós e agora eu ia para o sítio com ele.

“Já estou indo. ”

Desci as escadas, escrevi um bilhete com o endereço para meus pais – que iriam mais tarde — e fui para a rua esperar pelo Tae.

Uns 20 minutos se passaram e eu vejo o carro do ruivo virar a esquina.

— Bom dia. – Ele me disse, já saindo do carro para me ajudar a guardar as coisas no porta malas.

Pude notar que ele havia pintado o cabelo de novo.

— Bom dia, hyung.

Esperei ele fechar o porta malas e o puxei para um abraço.

— Como você está? – Perguntei. – Está melhor?

— Sim. – Ele sussurrou afundando o rosto no meu pescoço. – Obrigado.

Apertei um pouco mais o abraço, sentindo ele respirar fundo.

Ele não estava melhor coisa nenhuma.

— Vamos, Kookie. – O mais velho me soltou.

O caminho até o sítio só não foi um completo silêncio, pois no carro tocava música. Taehyung evitava ao máximo falar comigo e eu decidi não forçar a barra.

Chegamos lá e eu fiquei bastante encantado com aquilo.

O jardim de trás estava simplesmente magnífico. Espalharam as mesas com cadeiras por lá, todas enfeitadas com cetim branco.

O lugar encantadoramente verde estava repleto de rosas vermelhas e lírios brancos.

De longe pude ver Jin saindo correndo em desespero para resolver alguma coisa.

— Isso aqui está tão lindo, hyung. – Cochichei.

— Está mesmo. – Ele concordou, mas não falou mais nada.

Nós ficamos ali o dia inteiro arrumando uma coisa daqui, outra coisa de lá, tentando acalmar o Jin que estava em desespero... mas por fim, tudo estava no seu devido lugar e a hora da festa já estava quase chegando.

— Vamos nos arrumar? – Hoseok chegou junto com o Suga de mãos dadas. Depois que eles se reconciliaram, eles estavam tão bem.

— É pessoal, vamos tomar banho de uma vez, arrumar, porque daqui a pouco os convidados vão começar a chegar. – Namjoon agora, estava nitidamente nervoso.

— Podem ir. Vocês são os principais. – Taehyung disse. – Os noivos têm que estar prontos primeiro.

— Tae, você tem banheiro de sobra aqui. – Jin brincou.

— Só tenho 4 e nós somos 8. – Ele respondeu. Woozi também estava lá, agora ele também fazia parte da turma.

— Tomamos banho de casal. – Suga disse sorrindo.

— Ainda assim faltaria um banheiro. – Tae falou baixo, mas todos ouviram. – Podem ir. Eu vou depois. – Ele se levantou e foi para seu quarto.

— Kookie... – Jin chegou perto de mim e pegou na minha mão. – Até hoje vocês não se resolveram?

— Ainda não, hyung. Mas eu pretendo conversar com ele hoje. – Sorri para disfarçar minha tristeza. – Agora vai se arrumar. Aqui não tem desculpas para se atrasar.

— Verdade. – Eles saíram e desespero e eu fui atrás do Tae.

Bati na porta.

— Entra. – Ele disse lá de dentro.

Abri a porta devagar, encontrei um quarto iluminado apenas pela luz fraca do abajur e um Taehyung deitado na cama com o braço direito sobre os olhos.

— Hyung? – Chamei e ele respirou fundo.

— Oi, Kookie. – Ele respondeu ainda sem tirar o braço de cima dos olhos.

— O que você tem? – Perguntei enquanto fechava a porta atrás de mim.

— Nada, só um pouco de dor de cabeça.

Cheguei perto dele e tentei tirar seu braço de cima para poder olhar nos seus olhos.

— Jungkook, vai se arrumar. – Ele puxou o braço de volta.

— Por que você vai ficar me tratando assim? – Dessa vez ele destampou os olhos e se sentou na cama.

— Já te falei isso ontem. – Ele falou baixinho.

— Ah hyung... – Eu tentei me aproximar e ele me evitou encostando no meu peito.

— Kookie, por favor. – Ele respirou fundo. – Eu não estou fazendo gracinha, só estou evitando que um de nós dois saia machucado de novo.

— A gente vai conversar hoje, não vai? – Perguntei.

— Se você quiser, sim.

— Mas e você, quer conversar hoje?

— Eu quero conversar com você desde o dia que nós brigamos e você sabe disso. – Ele voltou a deitar e fez uma cara de dor.

— Você está mesmo com dor? – Perguntei.

— Estou.

Quando ele respondeu, eu levantei da cama e saí do quarto. Fui até minha bolsa, peguei um comprimido para dor e depois um copo de água na cozinha e voltei para o quarto dele.

— Toma. – Falei sério.

— Não precisa disso, Jungkook.

— Toma logo. – Ele fez bico e sentou na cama, pegando o remédio e a água na minha mão e bebendo tudo.

— Obrigado.

— Vai passar. – Eu sussurrei, lhe dei um beijo na testa e saí do quarto para ir me arrumar.

Vesti minha camisa branca, meu terno preto, calcei meu sapato impecavelmente limpo e penteei o cabelo num topete.

— Nossa, que gatinho. – Brinquei com meu próprio reflexo no espelho. – Droga, eu esqueci como que dá nó em gravata.

Saí do quarto em busca de alguém que pudesse me auxiliar.

— Pessoal, alguém pod... – Calei a boca quando vi Taehyung sentado no sofá com uma roupa semelhante à minha, mexendo no celular.

Quando ele notou minha presença, seus olhos se prenderam em mim e nós dois ficamos ali, um encarando o outro.

— Hyung, você pode me ajudar? – Quebrei o silêncio e mostrei a gravata para ele.

— Vem cá. – Ele me chamou e sorriu um pouco. – Não sabe dar um nó na gravata, Jeon?

— Eu esqueci – Dei uma risada sem graça.

Delicadamente, ele deu um nó elegante e ajeitou a mesma no meu pescoço.

— Pronto.

— Obrigado, Tae. – Ele não respondeu nada, apenas sorriu para mim. – Sua cabeça melhorou? – Tentei render assunto.

— Sim, obrigado. – Sorriu mais uma vez e voltou a dar atenção para o celular.

A festa então havia começado, Jin e Namjoon não paravam de ir de um lado para o outro, eu não sei o que tanto faziam.

Decidi ir para perto do grupinho dos hyungs para conversar também, eles pareciam tão felizes, inclusive o Taehyung. Me aproximei devagar recebendo um abraço forte e desajeitado do Jimin.

— Tá bonitão com o cabelo que a mamãe cortou. – Ele brincou.

— Até parece que você não tinha visto. – Dei um beliscão na sua cintura. – E até parece que não ficou lá dando palpite errado falando para ela raspar minha cabeça. – Dei outro beliscão e os hyungs ficaram rindo de nós, menos Taehyung, que ficou sério e ficou olhando para o nada.

Fiquei ali conversando um pouco com eles, quando ouço Jimin falando comigo:

— Nossa, Jungkook. Olha a sua mãe. – Ele apontou o dedo e eu segui a direção que ele apontava.

Ela estava de mãos dadas com meu pai e usava um vestido longo azul escuro e as joias que o Tae havia lhe presenteado, ela estava deslumbrante.

— Nossa, mãe. Você ficou tão linda. – Eu cheguei perto dela e lhe dei um abraço.

— Obrigada, filho. – Ela sorriu e eu também abracei meu pai. — Cadê os meninos? – Ela perguntou e eu apontei na direção deles.

Ela saiu para cumprimenta-los e pude ver Tae a elogiando e dizendo que ela estava bonita.

A festa estava realmente boa, mas eu sentia falta de algo, na verdade, de alguém.

Olhei em volta e vi todo mundo sorrindo, brincando, sendo feliz...

Jin e Namjoon já estavam quase oficializando o relacionamento dos dois, Jimin e Woozi estavam cada dia mais feliz, Hobi e Yoongi estavam tão unidos como nunca tiveram e eu e o Tae estávamos aqui desse jeito...

Resolvi mandar uma mensagem.

Foda-se se eu ia dizer isso numa ocasião melhor, mas eu não conseguia guardar mais só para mim, não mais. Decidi enviar o trecho de uma música que eu sei que ele gostava e que dizia o que eu gostaria de falar para ele:

“Eu te amo muito, mas meu orgulho nessas palavras

Não me permitem dizê-las a você

Hoje vou juntar toda a minha coragem e te dizer

Então escute calmamente, eu vou cantar para você

Te amo, hyung. ”

Levantei da cadeira e fui em direção ao celeiro, onde eu encontrei Pandora pertinho da cerca e eu fui brincar com ela.

— Ei moça. Você está tão linda hoje. – Mais uma vez eu aqui puxando assunto com um cavalo.

Ela toda educada bufou para mim e me deu uma focinhada na testa.

— Ai, calma. – Comecei a rir.

Recebi uma mensagem, era dele:

“Onde você está? ” Ah Tae, daqui a pouco eu te falo. Me deixe um pouco sozinho.

Fiquei ali fazendo carinho na Pandora, já que ela era a única que deixava eu fazer isso. Abracei seu pescoço e comecei a chorar.

— Eu sou um idiota, Pandora. Já devia ter arrumado isso, mas não fiz nada e agora eu vou perdê-lo. – Deixei mais algumas lágrimas saírem. – O que eu faço?

Quando eu fiz essa pergunta, a égua relinchou tão alto, que eu tomei um susto e soltei ela na hora.

— O que foi, menina? – Ela começou a ficar inquieta, mas eu consegui acalmá-la.

Debrucei na cerquinha do celeiro e fiquei ali olhando a mesma comendo capim.

— Jungkook? – Ouvi Taehyung se aproximando e nem me preocupei em secar as lágrimas.

— O que foi? – Respondi enquanto ele chegava mais perto de mim.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntou.

— Nada. – Chutei uma pedrinha que tinha ali perto. — Como você me achou?

— A Pandora. – Eu o olhei sem entender. – Ela me chamou.

— Como assim? – Realmente eu não entendi.

— A Pandora tem um jeito diferente de relinchar quando ela quer me chamar. E ela me chamou. Ela é treinada, Kookie.

Fiquei pensando: Nossa, ela o chamou quando eu comecei a chorar.

— O que aconteceu? – O ruivo se aproximou de mim e me fez virar para ele.

— Nada. – Respondi.

— Por que você estava chorando? – O mais velho passou os polegares embaixo dos meus olhos para secar as lágrimas que ali desceram.

— Nada hyung, já disse. – Me afastei um pouco dele. Aquele perfume me tirava do sério.

— Aquela mensagem que você me mandou... aquilo é verdade? – Meu coração foi a mil.

— Aaaai Taehyung – Eu estava muito nervoso e passei as mãos no cabelo, o bagunçando.

— O que foi? – Ele me encarou com uma expressão de dúvida no rosto.

Sabe quando você está segurando fortemente para não fazer uma coisa e qualquer brecha que você tem é o suficiente para perder o controle e fazer aquela coisa que tecnicamente não era para ser feita?

Confusa minha explicação? Sim.

Vou resumir: puxei Kim Taehyung com força pela gravata e o beijei.