Acordo sentido um peso do lado esquerdo do meu corpo e ao olhar pra baixo vejo uma confusão loira, sob meu peito. Suspiro ao ver que ela finalmente dormiu por uma quantidade de tempo razoável.
Depois que dormiu em meu peito ontem a noite, ela acordou mais 3 vezes assustada, 2 vezes chorando e 1 se debatendo. Ao todo ela acordou 6 vezes durante 9h30m. Descido não leva-la pra escola, eu também não vou.
Me desvensilho dela com cuidado pra não acorda-la, depois de escovar meus dentes e lavar o rosto. Quando volto para o quarto, ela está encolhida, mas dormindo profundamente. Antes de sair levo o edredom até o seu ombro à cobrindo quase que por inteiro.
- Bom dia. - Alice está comendo seu sanduíche.
- Bom dia, eu já estava achando que não iríamos mais pra escola. Cadê a Annabeth? - Ela me olha em dúvida, vou até a geladeira pegar uma garrafa e bebo direto do gargalo.
- Você pode pedir pra Silena vir buscar você? Não vou poder te levar...
- O que aconteceu? Você parece cansado, você não dormiu? - Ela está preocupada.
- Annabeth teve alguns pesadelos durante a noite e não dormimos bem, não posso dirigir assim e mesmo que pudesse, não posso deixar ela sozinha numa casa que não conhece. - Apesar de estarmos juntos nunca viemos pra minha casa.
Agora estou ao lado dela, sentado em um dos bancos do balcão.
- Ela está bem? Isso tem algo haver com o problema que ela teve ontem a noite, não é? - Posso sentir sua preocupação com a melhor amiga, mas não posso contar o segredo de Annabeth, pois é dela e não sou eu que devo contar.
- Tem haver, mas eu não posso contar é assunto da Annabeth. - Falo de forma categorica e ela entende. - E eu não quero que você conte isso pra ninguém, ok? Ninguém mesmo. - Ela confirma com um movimento de cabeça.
- Você acha que ela vai me contar? Algum dia? - Respiro fundo antes de responder, eu estou caindo de sono, será que Annabeth sempre se sente assim? Cansada?
- Honestamente, eu não sei. Mas se ela não comentar não quero que toque no assunto. - Ela balaça a cabeça mais uma vez.
- Ok. Vou ligar pra Silena, quer que eu fique fora por um tempo depois da escola? - Ela sabe a gravidade da situação.
- Seria bom, não sei o que ela vai querer fazer depois de hoje. Se divirta, mas sem garotos, pode pegar o seu cartão na minha carteira, ok? - Ela sorri levemente, ainda está preocupada.
Me levando e passo os braços ao seu redor, ela retribui.
- Sabe que é importante pra mim, não é? - Enquanto eu tentava fazer Annabeth dormir ou acalma-la fiquei pensando se Alice realmente sabia o quanto era importante pra mim.
- Sei.
- É serio Ali... - Agora estou olhando em seus olhos.
- Eu também estou falando sério, você diz isso quase todo dia.
- E ainda estou errando, eu deveria falar todos os dias.....
- Não devia se cobrar tanto, mesmo que não fale todos os dias eu vejo nas suas atitudes e nos mínimos cuidados que tem comigo e é por isso que eu te amo. - Sorrio com seu pequeno discurso.
- Eu te amo Ali. Vou subir, ligue pra Silena, se ela não puder pode ficar em casa, ok?
- Tá bom. Vê se dorme.
oOo
Suspiro ao deitar em minha cama, Annie está deitada de bruços, não posso ver seu rosto. Depois de alguns minutos, ela se vira seus olhos estão cansados, mas atentos.
- Você levou a Alice na escola? - Ela está fazendo, desenhos aleatórios em minha camisa (estou deitado de lado, olhando pra ela), mas está confusa.
- Não, porque?
- Você não demorou, achei estranho. - Seu rosto agora é sereno.
- Pensei que estivesse dormindo... - Passo meus dedos por seu rosto, acariciando.
- E estava até você me cobrir, o edredom não é a mesma coisa que você. - Ela se vira totalmente pra mim.
- Eu não tenho roupa, pra ir pra escola...
- Não se preocupe, nós não vamos. - Ela me olha um minuto e depois cola sua testa em meu peito, passo meu braço em sua cintura, trazendo-a pra mais perto.
oOo
- Oi - Ela está com o queixo apoiado no meu peito e um pequeno sorriso no rosto.
- Oi, está acordada à muito tempo? - Ela nega. - Com fome? - Ela nega e eu olho no relógio. Vai dar 10h, olho de novo pra ela que me observa atentamente.
- Conseguiu dormir um pouco? - Ela balança a cabeça confirmando, depois de um segundo seu olhar se torna preocupado. - O que foi?
- Você me tirou de casa no meio da madrugada... - Ela deixa a frase no ar, seja qual for a mensagem que ela quis passar não conseguiu, porque eu não entendi nada, ela nota minha confusão e se senta no colchão ao meu lado, está olhando para a parede. - Você dormiu tão pouco quanto eu, quem sabe até menos e perdeu o dia de aula.
Percebo o que quer dizer e me sento também.
- Estou empatando a sua vida. - Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. Ela realmente acredita nisso. Salto da cama, ficando de costas pra ela, antes de olhar em seus olhos.
- Não acredito que está dizendo isso... - Ela dá de ombros, como se minha opinião não importasse.
- E se eu não quisesse ir pra aula? - Tentei colocá-la contra a parede, você leu bem, eu tentei.
- Mesmo assim você iria, pra dar bom exemplo pra Alice.
- Alice não é mais criança...
- Mas ainda é sua irmã. - Sua expressão ainda é calma.
- Era 11:30 quando saí de casa...
- No final não importa a hora que acordei você, ainda estava dormindo.
- Você acha mesmo eu teria ficado bem se não tivesse me ligado?
- Não importa, ainda teria dormido uma noite inteira e ido a aula.
Suspiro forte, sento ao seu lado colocando seu rosto em minhas mãos.
- Entenda, que eu prefiria ter passado a noite sem dormir do que deixar você passar pela noite de ontem sozinha. Quando vai entender que me importo de verdade com você? - Seus olhos estão marejados, uma lágrima escapa pelo canto do seu olho direito, passo o meu polegar direito secando-à.
- Não quero ser um peso pra você, como fui pra ela... - Acho que pela minha expressão ela viu que eu não entendi quem é "ela". - Minha mãe... - O que ela fala não passa de um sussurro e ele simplesmente me quebra.
Parece que ela não é tão resolvida com seus sentimentos com relação a mãe. Trago para o meu colo. Seu rosto vai para a curva do meu pescoço. Ela passa a soluçar de forma silenciosa, porém ainda sinto seu desespero.
- Você não é um peso. Eu estou aqui porque sinto prazer em cuidar de você, em estar ao seu lado, aprecio sua companhia, admiro a pessoa que você é. Eu realmente gosto de você Annie, quero o seu bem e se pra isso eu preciso ficar acordado uma noite inteira eu pago esse preço por amor a você, entendeu?
Ela me olha de repente, parece assustada e surpresa. Só então me dou conta do que disse.
- Eu ainda vou provar que pode me amar, mas acho que independente do que você decidir depois desses 2 meses, não posso mais freiar o que sinto. - Ela abre a boca, mas nada sai. - Não estou te pedindo uma resposta imediata, só estou compartilhando o que sinto.
Ela volta a pousar sua cabeça na curva do meu ombro. Acaricio suas costas até ter certeza que ela está dormindo. A coloco na cama e desço pra fazer algo pra comer-mos.
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