História Você Não Está Só - A Mudança

Sook

Seul, 29 de agosto de 2015

Suspiro frustada segundos depois que escuta a porta ser fechada, Jimin havia acabado de "tentar" me acordar enquanto eu fingia estar dormindo... sendo que não consegui dormir mais do que duas horas essa noite. E o motivo era simples... o meu namorado havia praticamente se declarado e a minha resposta não me agradou, na verdade não agradou a nenhum de nós.


- Sook. - eu o encaro suavemente. - Eu acho que te amo.

Naquele momento meu coração deu um pulo enquanto minha face permaneceu neutra, meus lábios se separam mesmo que eu não tenha uma boa resposta para isso. 

- Jimin... eu...

- Não precisa dizer nada. - ofereceu-me um sorriso contido. - Tudo bem.


Depois daquilo, nós ficamos em silêncio apenas assistindo ao filme, mas muitas vezes eu quis dizer algo que no fim nunca passava de um suspiro longo. Confesso que sou péssima para lidar com sentimentos alheios, o meu primeiro namorado era muito especial para mim, porém eu nunca o amei.

Mas e agora? Eu o amava? Sento-me na cama, pensando mais um pouco sobre como eu poderia consertar as coisas. Vê-lo tão chateado estava me machucando, ainda mais por saber que eu sou a culpada. Eu deveria ter me declarado e dado uma resposta bonitinha, mesmo ainda não sabendo o que sinto de verdade por ele?

Não... eu estaria enganando a nós dois. Levanto da cama e dirijo-me ao banheiro do quarto, olho-me no espelho vendo as olheiras já formadas da noite mal dormida, reviro os olhos e respiro fundo antes de fazer uma higiene matinal.

- Qual é o seu problema, Sook? - pergunto assim que termino de escovar os dentes. - Tem um cara maravilhoso gostando de você e você... você... não sabe nem o que dizer pra si mesma.

Suspiro negando com a cabeça, depois me troco e saio do quarto com medo de não conseguir encará-lo direito. Talvez eu devesse pedir conselhos... mas para quem? Já havia falado com o meu irmão e com a dupla Hyun e Jae.


Depois que o filme acabou, Jimin foi tomar banho e a culpa ficou me corroendo, então levantei e achei a Hyun e o Jae na cozinha. 

- Eita, que cara é essa? - Hyun indaga fazendo uma careta. 

- Pode começar a falar, mocinha. - Jae me faz sentar no meio deles.

- É sobre o Jimin... na verdade, sobre eu e ele... - mordo o lábio nervosa.

- Ah não... aquele puto não usou camisinha? - Hyun rosna e aperta forte a colher que tem em mãos

- Está grávida? - Jae arregala os olhos e coloca a mão na boca.

- Não! - nego com ambas as mãos. 

- Ufa... pensei que já fosse ser titia. - Hyun passa a mão na testa tirando um suor inexistente. - Mas então qual é o pepino?

- O Jimin meio que se declarou para mim hoje. - conto todo o ocorrido. - E agora estou me sentindo uma idiota... sem coração... eu o magoei.

- Chega de drama. - Hyun revira os olhos.

- Hyun! - Jae lhe chama a atenção. - Sook, querida, você não precisa se cobrar tanto.

- É, o Jae tá certo, vocês se conhecem há pouco tempo e namoram há menos ainda. - Hyun sempre a mais forte em relação à sentimentos.

- Mas mesmo assim... ele ficou tão caído. - comento tristemente.

- Sook, você gosta dele? - assinto e ela prossegue. - Então você tem que se perguntar o quanto você gosta dele.

- Finalmente um bom conselho. - Jae murmura e recebe um olhar mortal da Hyun.

- O quanto eu gosto dele? - repito e eles sorriem.


- O quanto eu gosto de você, Park Jimin? - sussurro enquanto caminho pelo corredor.

A verdade é que eu nunca me imaginei o namorando, não pelo menos no início... ele era tão irritante e tão metido aos meus olhos, mas hoje eu sei que ele é só bobo. 

- Um bobo apaixonado. - mordo o lábio.

Tudo que eu queria era que a nossa relação voltasse ao que era antes da "declaração", eu queria ver os seus sorrisos que faziam seus olhos sumirem como também queria ouvir a sua risada mesmo que fosse sobre algo relacionado a mim. Eu só queria as nossas briguinhas estúpidas de volta assim como os beijos e os abraços... e o seu modo manhoso que estava aflorado nos últimos dias.


- E se não for amor e eu apenas o iludir? - pergunto ao meu irmão.

Estávamos em seu quarto, sentamos na cama e eu decidi que precisava de um conselho sério e muito sincero de um homem. Por que não o Hobi e o Tae? Eles eram muito próximos ao Jimin e parecia injusto o expor assim para os melhores amigos.

- A vida é cheia de riscos, Sook. - ele afirma. - E você já parou para pensar que você pode até não amá-lo agora, porém num futuro próximo o amor pode aparecer?

Yoongi tinha um bom argumento, mas eu não posso simplesmente apostar nisso e no fim machucá-lo.

- O Jimin é uma pessoa maravilhosa, oppa. - comento encarando as mãos em meu colo. - E eu não suportaria ser a pessoa que o machucou ou o fez chorar.

- Sook, o relacionamento de vocês depende dessa sua resposta. - comenta. - Pelo pouco que eu conheço aquele lesado, sei que ele vai guardar essa "mágoa" para si... meio bixisse, mas fazer o quê?

- Yoongi oppa! - repreendo-o.

- Tá, desculpa. - revira os olhos. - Enfim, eu acho que você deve sim uma resposta adequada para a declaração dele, mas eu vou ser sincero aqui... se você não o ama agora, provavelmente está começando a se apaixonar.

- Por que diz isso? - sinto um aperto no peito e não sei se isso é bom ou ruim.

- Pelo simples fato de você estar tão preocupada em magoá-lo futuramente. - diz com um pequeno sorriso.

Sim, admito que pensar na possibilidade de machucá-lo, acaba comigo.

- Então o que eu devo fazer, oppa? - choramingo, sentindo-me perdida.

- Apenas seja sincera, Sook. - ele assente me encorajando.


Chego na sala e não o vejo, vou até a cozinha e Jungkook está bebendo um toddynho. Sorrio da imagem que o deixa ainda mais infantil.

- Você viu o Jimin, Kookie? - pergunto.

- O hyung acabou de sair. - comenta e depois toma mais um gole da bebida. - Mas ele parecia meio triste... vocês brigaram?

- Não. - nego e me odeio ainda mais por ter sido uma idiota ontem. - Eu apenas fiz algo que o magoou.

- O que você fez? - indaga com uma cara curiosa.

- Na verdade, foi mais o que eu não fiz... sabe? - suspiro.

- Então... faça. - ele diz com um bico.

Jungkook é mesmo uma criança.

- Como assim, Kookie? - pisco duas vezes, confusa.

- Bom... se você não fez e ele ficou triste. - ele faz uma careta enquanto tenta me explicar. - Você deve fazer assim ele fica feliz! - terminou com seu sorriso de coelho.

Abro a boca chocada, por mais inocente que ele fosse... Jungkook estava certo. Se eu não consegui ser sincera ontem, deveria ser hoje. Tipo agora!

- Obrigada, Kookie! - dou-lhe um beijo na bochecha e saio correndo de casa.

#

Como o esperado, Jimin estava na doceria perto de casa, eu tinha certeza que ele estaria aqui... meu namorado costuma querer doce quando está triste ou manhoso. Sorrio feliz por tê-lo achado depois respiro fundo e me sento ao seu lado, ele me olha surpreso com uma colher encostada em seus lábios.

Ficamos nos encarando sem nos mexer, e por mais que eu tivesse pensado nas palavras certas para agora, não conseguia falar. Meus olhos foram para os seus lábios que estavam levemente manchados de rosa devido ao sorvete de morango que ele tomava. 

- Sook...

- Eu gosto de você, gosto muito. - digo antes que perca a coragem. - Mas eu não te amo... ainda.

- Você não...

- Me deixe terminar! - sinto as bochechas esquentarem. - Por favor. - suspiro e ele se mantém calado. - Ontem, eu não sabia o que dizer, porque eu estava confusa... eu tenho medo de te iludir, mas eu não acho que isso vai acontecer.

Ele continua quieto apenas me olhando atentamente. É agora ou nunca, Sook!

- Como eu disse, eu realmente gosto de você... e eu sou muito grata pelo que fez por mim. - explico. - E eu posso não te amar agora, porém eu sei que você é muito importante para mim... pois eu sinto coisas com você que eu nunca senti com ninguém... nem quero sentir.

- Sook, eu...

- Ainda não terminei. - coloco o indicador em seus lábios e um arrepio percorre o meu braço. - Eu só queria te pedir paciência, eu sei que eu posso ser uma pessoa difícil e ser indecisa agora não ajuda, mas eu estou sendo sincera com você quando eu digo que você é a pessoa que eu quero ficar junto... que você é o meu "príncipe encantado" e que mesmo você sendo esse homenzinho bipolar. - sorrio e ele cora. - Você continua sendo o único que faz meu coração dar pulos, me faz sorrir por nada ou me faz querer passar o dia sem fazer nada... desde que seja ao seu lado.

Mordo o lábio sentindo a coragem me abandonar... só mais um pouco, Sook.

- Eu vim atrás de você, agora nesse exato momento, porque eu preciso que você saiba que eu também acho que estou me apaixonando por você. - afirmo e no instante seguinte sinto sua mão segurar a minha nuca ao mesmo tempo em que seus lábios cobrem os meus.

Não foi um beijo calmo, e sim rude, mas incrivelmente bom e viciante. Sorrio assim que nos separamos e ele ri antes de me beijar mais uma vez, só que agora mais calmo.

- Você fez a minha declaração parecer nada, Sook. - ele faz um bico, manhoso de novo.

- Mas você fez primeiro... ganha mais pontos. - brinco e ele sorri de novo.

Então ele me oferece seu sorvete e eu lhe roubo algumas colheradas, Jimin se finge de indignado dizendo que só me ofereceu uma única colher.

- Eu vou sentir a sua falta. - diz assim que saímos de mãos dadas da doceria. 

- Jimin... - eu paro a sua frente.

- Eu sei que vamos continuar nos vendo na faculdade e que poderemos sair quando e a hora que quisermos. - suspira. - Só que eu vou sentir falta de acordar com você ao meu lado.

- Não faça essa carinha. - dou-lhe alguns selinhos, ficando na ponta do pé. - E eu até posso dormir uns dias com você.

- Promete? - ele continua com aquela cara de cachorro abandonado.

- Prometo. - sorrio ao perceber quão bobo e manhoso ele está. - Você é um bobo.

- O seu bobo. - ele me abraça e me beija antes de irmos embora.

#

Parecia que eu estava indo para o outro lado da Coreia de tanto drama nessa casa, mas eu deveria os agradecer pois estava nervosa antes, afinal eu ainda preciso passar na casa do Junsu para pegar o resto das minhas coisas, já que parte delas estava na mala que usei nessas férias.

- Pensei que era uma brincaderia sobre você se mudar. - Jae faz cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

- Você deveria é morar comigo... eu faço a comida que você quiser. - Hyun cruzou os braços, emburrada. - O Yoongi oppa nem sabe fritar um ovo!

- Lorota. - Yoongi nega com o indicador.

- A casa não será a mesma sem você, Sookie! - Hobi coloca a mão no peito.

- Quer dizer que só ela fez a diferença? - Hyun coloca as mãos na cintura, agora indignada.

- Quem vai nos alimentar? - Tae fingiu chorar.

- Ingratos! - Jimin os fuzila com um olhar.

Sério, o Hobi e o Tae deveriam pensar no teatro. Tem futuro.

- Gente, eu não vou sumir, só vou morar com o meu irmão. - comento com um sorriso. 

- Há uns quarenta minutos daqui. - Yoongi diz com um sorriso, provocando-os.

- Sook noona! É muito longe! - Jungkook me abraça apertado, quase me esmagando já que ele era bem maior do que eu. - Eu não quero que a noona se vá!

- Mas vamos nos ver na faculdade, Kookie. - ele me solta, mas tem lágrimas nos olhos. - Não chore, por favor.

- Mas eu vou sentir falta da noona. - faz um bico.

- Eu também vou. - confesso, eles podiam ser complemantente malucos, mas eram a minha família maluca.

- E o Jiminnie vai me maltratar mais. - choramingou coçando um dos olhos, parecendo ainda mais uma criança.

- Pode apostar. - Jimin sorri maldoso.

- Ele não se atreveria. - lanço um olhar mortal ao meu namorado. - Não é mesmo, Jiminnie? - sorrio.

- Aish. - bufa, mas assente por fim.

- Só aceitem que ele é MINHA irmã. - meu irmão faz uma cara de "perderam".

- Como podem ser tão opostos. - vejo Jae revirar os olhos.

- Realmente, a única coisa parecida é a altura. - Hyun comenta.

- Mereço. - Yoongi bufa e depois se vira para sair. - Estou te esperando no carro.

E assim que ele some, os cinco me abraçam e falam várias coisas como "cuide-se", "boa sorte com o Yoongi", "se precisar pode morar em casa" e outras coisas mais. E só depois que eles me soltam, saindo para a cozinha, é que vejo o meu namorado parado me olhando, ele dá um pequeno sorriso e abre os braços, não penso duas vezes, corro até o mesmo e pulo, logo enrolando minhas pernas em sua cintura e sentindo seus braços me envolverem.

- Eu sei que eu já disse. - começa. - Mas eu vou sentir muito a sua falta.

- Eu também vou. - sorrio.

- Isso é óbvio, não tem como me conhecer e não sentir a minha falta. - ele sorri.

- Babo*. - faço um bico e ele me dá um selinho, e eu aproveito para lhe dar um último beijo antes de ir embora.

#

Não tinha trânsito nenhum então logo chegaríamos ao apartamento do Junsu, tento me distrair olhando pela janela e acabo pensando em como foi conhecer tantas pessoas diferentes nas férias. Hyun foi realmente uma descoberta e tanto, ela é uma das mais loucas do nosso grupinho, talvez por isso ela e o Tae combinem tão bem.

E o que dizer do casal mais lindo do universo? Namjoon e Seokjin, eles realmente eram perfeitos juntos. Jin era um poço de bondade e delicadeza enquanto o Namjoon passava uma imagem mais forte, mesmo que no fundo fosse um bobão apaixonado. E só faziam uns dias que eles tinham voltado para a casa deles, porém eu já sentia saudades.

- Chegamos. - Yoongi diz e noto que já estamos estacionados. - Certeza que não quer que eu vá com você?

- Tenho. - assinto e saio do carro. - Prometo não demorar.

Por que eu quis subir sozinha? Pelo fato de que eu não queria que o Junsu soubesse que eu conhecia o seu filho, talvez ele se alteraria e a situação poderia ficar muito ruim. Paro em frente a porta do apartamento, pego a chave e abro a porta, entro devagar sentindo um cheiro forte e ruim.

Vou até o meu quarto e nenhum sinal dele. Melhor assim, penso e começo a guardar tudo que era essencial como material da faculdade, roupas íntimas, fotos da mamãe e tals.

- Onde você pensa que vai? - sua voz é rouca como quem acabou de acordar.

Fecho a mala e me levanto, Junsu está parado apenas de calça e descalça no batente da porta. 

- Me responda! - ele grita e eu tremo antes de criar coragem.

- Eu vou me mudar. - consigo não gaguejar. - Não se preocupe, eu não vou parar de estudar.

- Você não vai sair dessa casa. - ele dá um soco na parede. - Você quer sair daqui e sujar o meu nome, sua vadia?

- Eu vou embora. - digo séria e surpresa com tamanha coragem. - E você não vai me impedir.

- Garota abusada. - ele bufa e puxo o seu celular do bolso traseiro. - Você quer sair para fazer mais merdas dessa?

Vira o celular para mim e um vídeo começar a passar, arregalo os olhos ao perceber que era um vídeo do dia em que eu e o pessoal fomos numa festa, eu não estava tão bêbada, mas estava bem solta e dançava muito, até mesmo a cara de louca da Hyun e a sua voz aparecem no vídeo.

- ESSA É A MINHA AMIGA, PORRA! - ele grita e logo começamos a dançar juntas.

Eu abro a boca para me explicar, mas ele começa a gritar comigo, falando que eu sou ingrata, vagabunda e interesseira. Começa a me defender, porém ele vem para cima e eu desvio dos seus braços, passando por baixo dos mesmo e correndo em direção à porta. 

Só que no desespero, acabo tropeçando em uma das tantas garrafas de bebida que estavam no chão e caio de cara no chão, sinto meu nariz latejar e começo a levantar quando sinto seu pé em minhas costas.

- Você quer ser uma vagabunda, então é isso que você vai ser! - ele começa a abaixar a calça e eu começo a gritar.

Faço de tudo para me soltar, e quando consigo me virar de barriga para cima, dou-lhe um chute no saco. Junsu urra e cambaleia para trás, levanto o mais rápido possível, mas seus dedos se prendem em meu cabelo, jogando-me na parede.

Sinto como se minha cabeça tivesse explodido e acabo escorrendo até o chão com as costas na parede, vejo seu sorriso nojento e tento me mexer, mas meu corpo não obedece. Sinto as lágrimas se formarem nos cantos dos meus olhos enquanto eu peço ajuda à Deus, implorando que meu corpo responda aos meus comandos ou que alguém entre nesse apartamente para me salvar.

- Finalmente aceitou que é uma vagabunda? - ele dá risada e eu começo a ficar tonta, sentindo a visão escurecer.