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História Você pode falar "não"? - Capítulo Doze


Escrita por: Nymus

Notas do Autor


Desculpem a minha demora.
Pode conter erros, sou uma péssima revisadora.

Licença poética para por uma 7-Eleven em Won Seo-Dong.
Saudades 7-Eleven ♥

Capítulo 13 - Capítulo Doze


SeungRi acordou e espreguiçou-se na cama. Ah, ali estava tudo o que ele precisava: uma boa noite de sono. A despeito de achar que a casa de JongHoon fosse cair em sua cabeça a qualquer momento, ele não podia negar que dormir ali lhe dava o descanso necessário. Até podia sorrir e se espreguiçar mais.

Virou-se na cama e viu JongHoon dormindo num futon no chão. Colocou as mãos embaixo do travesseiro e ficou olhando para o amigo, notando que a tranquilidade daquele momento se estendia a tudo. Podia ouvir os pássaros lá fora, o som amigável do vento no jardim sem cuidado, o cheiro de terra molhada misturando-se com o perfume do travesseiro. JongHoon era ainda mais bonito dormindo, quando as mechas caiam por cima dos olhos e os lábios não estavam em linhas duras.

Ele estava em paz, dormindo tranquilamente. A visão era fascinante e SeungRi soube que poderia se acostumar a isso facilmente. Que visão notável todos os dias, ao acordar. Deveria decorar aquela expressão para poder se lembrar mais tarde.

SeungRi prendeu a respiração e fitou os lábios. Eram tão bem desenhados. Eram tão bonitos. Pareciam ser macios. Uma ideia muito estranha lhe ocorreu. Pensou em como seria beijá-lo. Ficaria com os gemidos presos na sua boca, igual ele costumava a ver nos filmes estrangeiros? Por que a ideia lhe pareceu tentadora? Ele não beijava as pessoas, achava meio nojento, mas então, não lhe parecia mais tão nojento assim. Não se fosse com aqueles lábios.

Sentia que havia algo diferente entre eles, talvez alimentado só por ele. A obsessão o estava levando a pensar em coisas como beijar. Talvez não fosse bom ficar tão perto, mas não queria saber de ficar longe. JongHoon lhe dava calma, ele deveria lembrar-se disso sempre. O que vinha depois disso, era o que vinha depois.

Pensando assim, ele sorriu e acomodou melhor sua cabeça no travesseiro, sem desviar os olhos de JongHoon. Ele estava em paz novamente e quando fechou os olhos, adormeceu, indo para a terra dos sonhos onde não poderia controlar o fluxo de seus pensamentos ou expurgar as coisas de sua mente.

Acordou com o delicioso cheiro de pão assado. Estava sorrindo enquanto se espreguiçava. O futon estava vazio e SeungRi sentiu-se desolado por acordar sozinho. Dormiu em algum momento que estava observando JongHoon e não sabia quanto tempo havia passado.

Foi ao banheiro e levou um susto ao ver um gato de pelagem cinza deitado numa das pia. O gato ergueu a cabeça e depois voltou a baixar, o ignorando. SeungRi notou que sua carteira e celular estavam no mesmo lugar que havia deixado. Apanhou o aparelho e viu que faltava pouco para o meio dia. Não lembrava de ter dormido tanto nos últimos tempos. Havia mensagens e e-mails que ele leria depois.

Usou o vaso e lavou a mão na outra pia. O gato dormia tranquilamente, como se soubesse que não seria perturbado. Saiu do banheiro e JongHoon o aguardava no corredor. Ao vê-lo, SeungRi automaticamente sorriu. JongHoon lhe estendeu uma embalagem com escova de dentes.

— Achei que podia querer isso. Comprei na 7-Eleven, duas quadras para cima — JongHoon explicou, indicando a direção com o dedo.

— Oh, obrigado.

Eles se olharam por alguns segundos e SeungRi ficou paralisado quando JongHoon avançou em sua direção. A mão fria dele tocou seu rosto e SeungRi segurou a respiração, sentindo como uma carícia. A mão desceu da testa, pela maçã esquerda e tocou seu pescoço. O coração ficou agitado e ele teria dado um passo à frente e se aninhado contra o homem mais alto alguns centímetros. Como parecia natural que ele fizesse isso...

Soltou a respiração ao mesmo tempo que JongHoon afastou a mão e deu um sorriso curto que SeungRi nunca viu antes que fez os olhos escuros brilharem. Durou poucos segundos, tão poucos que o cantor se perguntou se não fora uma ilusão.

— Que bom — JongHoon murmurou e o hálito quente tocou a face de SeungRi que novamente pensou sobre beijo — você não está com febre — o sorriso raro sumiu dos lábios bonitos. — O café-da-manhã está pronto. Eu não quis acordá-lo mais cedo, você parecia muito cansado. No entanto, eu vou pedir que se apresse porque eu tenho que ir trabalhar. Minha pasta é o gel azul, por favor, não mexa nas coisas de Minari.

JongHoon disse todas essas coisas, virou-se e foi embora pelo corredor, fazendo as madeiras velhas rangerem. SeungRi murmurou um sim, o acompanhando com os olhos. Foi como sair de um transe, estava tão fascinado que quase fizera coisas que não deveria fazer. O cantor seguiu as instruções e foi para a cozinha depois. Na mesa de bar, a refeição estava pronta. Nenhum sinal de pão assado e ele não quis perguntar sobre isso, afinal, existiam vizinhos e o cheiro delicioso podia ter vindo de lá. Bem, definitivamente viera de lá, JongHoon não possuía nem mesmo um fogão, que dirá um forno para pães. Ele sentou-se e começou com o peixe.

O dono da casa e quem serviu aquela refeição, sentou-se na outra cadeira, tomando apenas latte. Talvez já tivesse comido. Com aqueles olhos o olhando fixamente, não havia como SeungRi fazer desfeita daquela comida.

— Você sabe ne minha casa não é um hotel. Você não pode vir aqui quando quiser só porque somos amigos. Eu tenho uma vida apesar de ser seu amigo.

SeungRi estava mastigando e o olhou. Claro que aquele lugar não seria um hotel, ao menos, que fosse temático como ruínas ou casa mal assombrada. Ele não possuía qualquer apreço por coisas antigas, então, se hospedar num lugar assim estava fora de cogitação. E quanto a JongHoon ter uma vida, o plano de SeungRi era compartilhar mais da vida de ambos. JongHoon sabia que ele era um idol, mas SeungRi não sabia quase nada sobre o outro homem.

— Como eu disse ontem, eu preciso da minha roupa — e de uma desculpa para ver você, acrescentou em pensamento.

— Sim, você me disse isso — JongHoon apontou para uma sacola de papel no canto da cozinha. — Suas roupas estão ali. Você pode se trocar e levá-las embora. As que usava ontem não estão secas ainda.

O cantor assentiu e voltou a comer, um pouco constrangido com a frieza de JongHoon. Agora pouco (e talvez ontem, com mais certeza) ele teria se atirado nos braços fortes, sabendo que seria recebido e teria dormido agarrado a ele, sugando toda a sua vitalidade. No exato momento, se SeungRi ousasse fazer isso encontraria uma parede à sua frente e JongHoon de costas a ele do outro lado.

— Me desculpe, eu não queria incomodar… Eu só queria dormir.

JongHoon não respondeu, tomando seu latte. Era como se estivesse pensando sobre isso ou sobre o que diria depois.

— Você tem um trabalho exaustivo… Fotos, músicas, dança, ser perfeito o tempo todo. Só consigo vislumbrar o quanto você deve ficar cansado. E ainda, sei que faz as coisas com seus hyungs e fica ainda mais cansado. Tudo tem limites, até mesmo você, SeungRi. Você não precisa fazer tudo o que te pedem para fazer.

— É meu trabalho.

— Então, arrume outro.

SeungRi piscou alguma vezes, surpreso. Era a primeira vez em sua existência que alguém sugeria que ele deveria abandonar sua carreira. Não sabia se estava surpreso ou bravo. O que JongHoon sabia de seus esforços? Do que conquistou? Ele amava o que fazia, já era parte de sua essência.

— No que você trabalha, afinal? Deve ser ótimo para fazer você sugerir que eu largue meu emprego.

— Eu sou gerente.

— Do quê?

— De uma loja.

— Do quê?

— O que quer que eu diga? Que eu não ganho nem dez por cento do que você ganha? Que eu sou feliz? Ao menos, eu não faço o que eu não quero só para agradar os outros.

— Você acha que é isso que eu faço?

Novamente, JongHoon tomou um gole de sua bebida e não respondeu. SeungRi perdeu a fome e todos os sentimentos bons se foram com ela. Ofendido, ele ficou entre os bons modos e a vontade de falar para seu amigo que estava errado sobre tudo o que falava.

— Oh deus… — JongHoon murmurou e colocou a xícara em cima da mesa — você fica ainda mais bonito bravo.

O elogio deixou SeungRi desarmado. As palavras agressivas morreram em sua boca e ele baixou os olhos, repentinamente tímido. Se fosse outra pessoa, ele não cederia tão facilmente, mas ali estava JongHoon usando aquela voz macia que tinha um tom de proibido falando palavras tão bobas.

— Deve ser fácil ganhar discussões assim ne? Só fazer essa cara, deixar os olhos brilhantes e afiados, emanar essa aura perigosa… — o dono da casa continuou, ainda usando o tom baixo, como se estivesse falando a coisa mais impressionante e óbvia do mundo. 

SeungRi notou quando JongHoon virou o rosto, fechou os olhos e balançou a cabeça, livrando-se do que for que estivesse sentido. Se achasse que era certo, SeungRi teria se atirado no chão, ao lado dele e implorado para que continuasse daquele modo, mas não fez nada. Apenas observou o gesto fofo do outro homem, ele mesmo livre de qualquer raiva que pudesse ter sentido.

— Eu não deveria falar essas coisas — JongHoon voltou a falar em seu tom normal — se você precisa descansar e acha que pode fazer isso aqui, me ligue antes, está bem?

— Seu telefone vive desligado — SeungRi reclamou baixinho.

— É, eu vou mandar para o conserto.

SeungRi o olhou, estranhando as palavras. Ele não deveria ter dito “vou comprar outro”? Quem consertava celulares no dias de hoje? SeungRi mesmo tinha três de última geração em casa, de cores diferentes, que ele ganhou uma propaganda que o BigBang fez para a marca. Todos na caixa, sem uso.

— Eu preciso te mandar embora, eu não posso atrasar mais ou perderei meu dia de trabalho.

Depois do elogio, SeungRi não teve mais vontade de brigar e não ficou mais bravo. Queria passar o dia com JongHoon, mas trocou as roupas e teria sido escoltado até o ponto de táxi se não tivesse informado que viera de carro. JongHoon o encarou, surpreso.

— E por que ficou na chuva?

— Porque não dava para ver sua casa — SeungRi respondeu, tendo o homem a seu lado, indo em direção ao carro estacionado duas ruas depois. — Essas ruas são muito estreitas, elas não são práticas.

— É um bairro histórico, carros não devem circular aqui.

— Eu não teria me molhado se tivesse um lugar para parar o carro na porta da sua casa. Aliás, você já pensou em se mudar? Nada aqui é prático.

— Eu adoro viver aqui.

Naquele lugar horrível? Caindo aos pedaços? Por SeungRi, a demolição era uma aliada do progresso. Demoliria o bairro inteiro e ergueria belos e espaçosos apartamentos. Ali, naqueles montes, que vista as pessoas teriam da cidade? Já podia vislumbrar a extensão e o exterior dos prédios, vidro e aço. Nada era mais bonito do que aquela combinação.

Chegaram no carro estacionado. JongHoon colocou as mãos no bolso da calça social preta e olhou o carro importado. Era mesmo ridículo como ele continuava bonito apesar das roupas serem tão simplórias.

— Eu te levo até seu serviço — e fico um pouco mais com você.

— Não precisa me deixar na porta — JongHoon disse.

— Farei questão.

Durante o trajeto até o distrito de Gangnam, SeungRi estava feliz. Era como se estivesse fazendo algo grandioso por JongHoon que estava em silêncio, a seu lado, olhando pela janela.

— Você não tem carro?

— Não tenho porque ter um — JongHoon respondeu e o olhou. — Eu já tenho tudo o que eu preciso.

Oh deus, espero que isso me inclua!

— Além do mais, como você mesmo disse, não teria onde parar um carro na minha rua — e riu, como se achasse uma tremenda bobagem isso.

— Você trabalha longe da sua casa… Deveria pensar na sua mobilidade.

— Eu tenho mais no que pensar. E de metrô é bastante prático. Me pergunto se já usou transporte público…

— Nem sempre eu fui rico — SeungRi disse.

— Mas prefere ficar preso no trânsito.

SeungRi riu. — Meu carro é confortável, seguro e tem ar condicionado. Eu sou muito famoso para transporte público, seria apenas um incômodo.

JongHoon não respondeu e olhou para a janela.O perfume dele já estava se espalhando pelo carro e SeungRi apertou o volante com as duas mãos, mal contendo sua euforia.

— Você gosta de sair?

— Gosto.

— O que gosta de fazer?

— Muitas coisas. O que você gosta de fazer?

SeungRi deu de ombros. — Eu faço qualquer coisa.

Escutou a risada de JongHoon e o olhou quando o semáforo fechou. Ele era tão bonito quando ria, mesmo que daquela forma debochada.

— Eu imagino que sim... — disse entre risadas. — Vamos marcar alguma coisa que você goste de fazer.

SeungRi sorriu, sentindo-se um vencedor. Ele deixou JongHoon numa esquina em Gangnam e apesar das buzinas, ele permaneceu olhando o amigo atravessar a rua e sumir na multidão.

A promessa de se encontrarem não se cumpriu, ao menos, não naquela semana.



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