Titus beijou-a ternamente na boca e a música suave recomeçou. Havia cerca de 70 convidados e a sala do jantar fora transformada em pista de dança. O bufê estava arrumado na biblioteca. E era um dia perfeito.
O último do mês de fevereiro, um dia claro, frio e magnífico em Nova York. Indra estava inteiramente recuperada do pequeno contratempo em São Francisco e Titus parecia extremamente feliz. Lexa beijou a mãe e ela posou entre o marido e a filha para o fotógrafo do Times. Indra usava um vestido de renda que caía até o chão e tanto Lexa como Titus estavam súber bem vestidos ele de calça listrada e fraque e ela com um vestido longo preto decotado super sexy. A noiva tinha um ramo de orquídeas beges, que tinham vindo de avião da Califórnia especialmente para a ocasião, juntamente com as flores espalhadas pela casa. O decorador de Indra cuidara disso pessoalmente.
— Sra. Calloway?
Era Lexa, oferecendo o braço à mãe para conduzi-la ao bufê. Indra riu como uma menina ao ouvir o seu novo nome e depois sorriu para Titus. Estavam comemorando, como Clarke dissera que se devia fazer. Lexa estava satisfeita por eles. Mereciam aquilo. E iam agora passar dois meses na Europa, para descansarem. Ela não podia deixar de pensar como a mãe se mostrou sensata ao se retirar da empresa. Talvez, no final das contas, talvez ela já estivesse mesmo preparada para se aposentar. Ou talvez o coração finalmente a tivesse apavorado, depois de todo aquele tempo. Mas tanto ela como Titus haviam transferido todo o poder para as mãos dela, agora Lexa era a presidente da Woods e não podia deixar de reconhecer que não se importava com a sensação que isso proporcionava. Presidente... aos 27 anos. Fizera a capa do Time. O que também fora extremamente agradável. Ele imaginava que a mãe e Titus dariam a capa de People, com o casamento.
— Está muito elegante, querida.
A mãe olhou com uma expressão radiante, enquanto seguiam para a biblioteca. Estava repleta de flores e mesas com comida. E as paredes pareciam revestidas de criados adicionais.
— Você também está muito atraente. E a decoração não faz por menos.
— Não está mesmo lindo?
Indra parecia surpreendentemente jovem ao se afastar dela para falar com alguns convidados e dar as últimas instruções aos criados. Estava inteiramente em seu elemento, tão excitada como garota. Sua mãe, a noiva. Lexa sorriu para si mesma, ao pensar nisso.
— Está parecendo muito satisfeita consigo mesma, Srta. Woods
A voz era suave e familiar. Lexa virou-se e deparou com Luna a sua direita. Não mais se sentia constrangida ao vê-Ia. Ela estava com o diamante solitário que Anya lhe deu no Dia dos Namorados, ao ficarem noivas. Iam casar no verão. E ele seria a madrinha.
— Ela não está maravilhosa?
Luna concordou e sorriu novamente. Por uma vez, Lexa parecia feliz também. Luna jamais conseguiu entendê-la direito, mas pelo menos isso não mais a perturbava, agora que tinha Anya. Anya a fazia mais feliz que qualquer outra jamais conseguiu.
— Mas tenho certeza de que você estará igualmente maravilhosa no próximo verão. Tenho uma fraqueza por noivas.
Parecia algo improvável nela e Luna voltou a sorrir. Gostava muito mais dela agora que partilhava a sua amizade com Anya
— Tentando conquistar minha noiva, companheira? — Era Anya ao lado delas, segurando três taças de champanhe. — Aqui está, para vocês. E tem uma coisa que quero dizer, Lexa estou apaixonado por sua mãe.
— É tarde demais. Eu a entreguei a um homem esta manhã. — Anya estalou os dedos, como se tivesse acabado de sofrer uma grande perda. Todas três riram, enquanto a música começava a tocar na sala de jantar. — Ei, acho que isso é um aviso para mim. A filha tem direito à primeira dança e depois Titus me substitui. Emily Post diz... Anya soltou uma risada e deu-lhe um empurrão na direção da porta e de suas obrigações.
— Ela parece feliz hoje — murmurou Luna, depois que Lexa se afastou.
— E acho que está mesmo, para variar. — Pensativo, Anya tomou um gole de champanhe e um momento depois sorriu novamente para Luna. — Você também parece feliz hoje.
— Estou sempre feliz, graças a você. Por falar nisso, voltou a procurar aquela fotógrafa de São Francisco? Há algum tempo estou pra perguntar, mas nunca tenho tempo. Mas Anya estava sacudindo a cabeça.
— Não. Lexa disse que iria encarregar-se pessoalmente do problema.
— E ela tem tempo para isso?
Luna parecia surpresa.
— Não. Mas provavelmente dará um jeito de arrumar. Conhece Lexa, ela vai a São Francisco na próxima semana, por isso e quatro mil outras razões.
Não, pensou Luna consigo mesma, não conheço Lexa. Ninguém conhece. Exceto talvez Anya. Mas às vezes ela se perguntava se Anya realmente a conhecia tão bem quanto ela gostava de pensar. Talvez antigamente. Mas será que Anya, continuava a conhecê-la ?
— Gostaria de dançar amor?
Anya largou a taça e passou o braço pela cintura dela, a fim conduzi-la à outra sala.
— Adoraria.
Mas estavam dançando há apenas um momento quando Lexa bateu no ombro de Anya:
— E a minha vez.
— É uma ova. Mal começamos. Pensei que estivesse dançando com sua mãe.
— Ela me trocou por Titus.
— Muita sensato da parte dela.
As três estavam se deslocando juntas pela pista de dança e Luna estava começando a rir. Ver as duas juntas daquela maneira era como visualizar Lexa e Anya de anos atrás. Era o tipo de situação em que ambas se mostravam animadas. Uma dose generosa de champanhe, uma ocasião para comemorar e lá estavam elas. — Escute, Lewis, vai sumir daqui ou não? Quero
dançar com sua noiva.
— E se eu não quiser que você dance?
— Então dançarei com as duas... e minha mãe nos expulsará.
Luna estava sorrindo novamente. Eram como duas garotas, dispostas a qualquer coisa para provocar confusão numa festa de aniversário. As duas estavam começando a cantarolar uma canção sobre uma garota de Rhode lsland, o que a deixou preocupada.
— Escutem vocês! Eu estava esperando que fosse duas vezes mais divertido. Em vez disso, estou tendo os dois pés pisados ao mesmo tempo. Por que não vamos todas comer o bolo de casamento?
— Vamos?
Anya e Lexa se olharam, acenaram a cabeça e agarraram os braços de Luna, um de cada lado, a guiando para fora da sala. Lexa olhou para Anya por cima da cabeça dela e piscou um olho.
— Ela é bastante elegante, mas acho que é meio dura. Reparou na maneira como dançava? Meus sapatos estão praticamente estragados.
— Devia ver os meus.
Anya falou num sussurro, por cima do ombro esquerdo dela. Bruscamente, Luna meteu os cotovelos nelas.
— Escutem, palhaças, alguém por acaso reparou: nos meus sapatos? Sem falar nos meus pés doloridos, por ter dançado com dois caipiras de porre.
— Caipiras?
Anya a olhou com uma expressão horrorizada e Lexa começou a rir, enquanto pegava os três pratos com bolo que uma empregada uniformizada oferecia. Pôs-se a brincar com os pratos e quase deixou cair dois.
— Não dê importância a ela. O bolo parece sensacional. Tomem aqui. Lexa entregou os pratos a Luna e Anya. As três se encostaram numa coluna e ficaram observando o movimento, enquanto comiam, vendo as velhas senhoras em vestidos rendados cinza, as moças de rosa, cascatas de pérolas, as mais variadas pedras preciosas.
— Puxa, já pensaram no que poderíamos conseguir se os assaltássemos?
Lexa parecia fascinado pela ideia.
— Nunca tinha pensado nisso. Era o que deveríamos ter feito anos atrás. Na escola, quando estávamos duras. Ambos assentiram uma para o outra, enquanto Luna os observava com um sorriso desconfiado.
— Não tenho certeza se poderei deixar vocês sozinhas quando for retocar a maquiagem.
— Não se preocupe. Ficarei de olho nela, Luna.
Lexa piscou para ela sorridente e pegou outra taça de champanhe. Luna nunca a vira daquele jeito, mas estava gostando. Anya tinha razão. No final das contas, Lexa era humana. Vê-la daquela maneira, meio tonta e bancando o tola, era conhecê-la como cinco anos antes. Ou mesmo dois anos.
— Não creio que as duas consigam desvirar os olhos o suficiente para verem qualquer coisa, muito menos uma ao outra.
— Ora. ... não enche, Luna. Estamos em grande forma. Anya pegou mais duas taças de champanhe, entregando uma a Lexa e acenando para que sua noiva seguisse na direção do banheiro.
— Ela é uma garota e tanto, Lexa. Fico contente que não tenha ficado furiosa quando lhe contei a nosso respeito.
— Como poderia ficar? Ela é a garota certa para você. Além do mais, ando muito ocupada para essas coisas.
— Um dia desses não vai mais estar
— É possível. Enquanto isso, vocês podem se mandar e casar. Mas eu tenho de ficar, para dirigir a empresa.
Mas, por uma vez, Lexa não parecia sombria ao dizer isso. Olhou por cima da taça de champanhe com um sorriso e depois fez um brinde a amiga:
— A nós.
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