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História Você vai estar aqui quando eu acordar? - Dez - Fique aqui, comigo


Escrita por: liittlelove

Notas do Autor


Meus amoreeeeeees! Que saudade de vocês seus lindos! ❤
Então gnt, eu juro que tentei cumprir oq tinha falado de pelo menos um cap por mês, mas infelizmente, não deu. Vcs me desculpam?
Para não enrolar muito vou dar uns avisos importantes:
1°: No cap passado chegamos à metade dos acontecimentos. (passou tão rápido...)
2°: A fic vai ter por volta de 16/18 capítulos. (chorando...)
3°: Estamos em SETEMBRO na fic, OK? E as férias que o Soo estava eram as de verão (na Coréia elas são do início de julho até o fim de agosto *inveja*)
4°: Sugiro a vocês ouvirem a música Lay Me Down do Sam Smith antes de ler o cap.

Podem ir ler ❤

Capítulo 11 - Dez - Fique aqui, comigo


Fanfic / Fanfiction Você vai estar aqui quando eu acordar? - Dez - Fique aqui, comigo

Dez

 

  Se fechasse os olhos ainda seria capaz de senti-lo. Fora como uma lembrança boa que não havia sido destruída e ainda o fazia querer sorrir. Aqueles braços tinham cheiro de lar. Aqueles braços traziam o paraíso ao seu alcance, como se com um simples estender de mãos ele conseguisse tocá-lo.

  Pensara sobre tudo novamente e encolhido em um canto de seu sofá, Sehun conseguira sorrir, pois mesmo que ele desconhecesse o futuro e sendo menos que um grão de areia em uma galáxia dentre as duzentas bilhões existentes, ele se sentia feliz.

  Já se sentiram assim? Como se um momento fosse tão precioso que você não desejasse sair dele e tivesse medo de perdê-lo? Sehun já, e sorrindo minimamente para o nada ele lembrava, ele sentia, pois depois de seis longos anos ele conseguiu ter seu pequeno – porém tão significante – momento de felicidade.

  Não era como se tivesse vivido uma vida infeliz com Luhan, pelo contrário, mas com Chanyeol era diferente. Chanyeol era como aquela brisa de verão depois de um período quente, como aquele abraço apertado depois de um dia ruim, ou até mesmo aquele carinho reconfortante na cabeça, onde só quem recebe consegue saber o quão especial aquilo podia significar. Porém, Chanyeol também era a ventania quando tudo deveria estar calmo, era surpreendente mesmo depois de contar sobre toda sua vida, era o fogo sedento de oxigênio em um lugar sem água para controlá-lo. Chanyeol conseguia ser os dois lados de uma mesma moeda e Sehun estava feliz. Ali, tudo aquilo era precioso demais, era lindo demais.

  Foi como ver o mais bonito pôr-do-sol e ficar tão envolvido em sua beleza que já não conseguisse raciocinar, e quando finalmente a ideia de registrar aquele momento passasse pela cabeça, ele já tivesse ido embora deixando somente rastros de que havia passado por ali, deixando sua marca na memória de todos que o viram.

  Sehun o enxergava assim.

  Ele era envolvente. Fazia-te apaixonar-se e não te ensinava como desfazer tal paixão. Para então deixar-te sem ao menos dizer um adeus.

  Ele sabia disso, sabia sobre a imprevisibilidade do irmão e como aquilo podia doer futuramente, mas estava tudo bem. Sehun só queria permitir-se sorrir antes que a realidade caísse sobre seus ombros.

 

.*.*.*.*.

 

 

 

  Aconteceu no final de uma sexta-feira, onde pela primeira vez o silêncio havia se tornado incômodo e sua mente não lhe dava sossego. Jongin ainda estava lá, lindamente encantador, com aquele sorriso sarcástico que tinha aprendido consigo e seu espírito aventureiro que muito se diferenciava do jeito calmo do menor. E mesmo com seu corpo implorando por descanso, Kyungsoo insistia em continuar com os olhos abertos, pois gostava de lembrar-se do vento contra seu rosto e da forma infantil que sorriram um para o outro quando a ladeira já havia chegado ao fim.

  Aquela lembrança era como ler um livro calmo, onde os protagonistas se apaixonavam de um jeito fácil, onde a história que compartilhavam era daquelas que inspiravam pessoas a amar e que terminavam de um jeito feliz.

  Kyungsoo sabia que coisas assim não aconteciam realmente, contudo, esse fato não tirava a magia da ficção e a tranquilidade que as palavras relatadas naquelas folhas lhe traziam.

  Aquele momento fora assim. Um pequeno trecho de ficção em meio às complicações da realidade.

  O sono já beirava o insuportável quando ouviu o próprio celular tocar ao seu lado.

  — Alô?

  — Senhor Kyungsoo? – sorriu ao ouvir o tom brincalhão que Jongin usou para lhe chamar.

  — Ele mesmo. – entrou na brincadeira.

  — É um prazer comunicar ao senhor que hoje nós vamos sair.

  — Oi?

  — Vista seu melhor terno, daqui a meia hora estou aí.

  — Eu não...

  — Ok, ok, daqui à uma hora então.

  — Jongin, espera.

  — Confia em mim Soo.

  Rapidamente Jongin desligou, não deixando o menor falar mais nada. Kyungsoo bufou irritado, porém logo desfez a carranca e correu para o banheiro com uma toalha nas mãos. 

 

.*.*.*.*.

 

  Quando se é criança, muitas das vezes, sonhamos e almejamos a vida adulta, achando que de uma hora para outra, assim mesmo, de repente, nos tornaremos famosos, ricos e até mesmo impenetráveis. Já na adolescência desejamos a liberdade. Formamos em nossa imaginação fértil uma imagem, que aos nossos olhos é incrível, onde voltamos para casa tarde sem precisar ligar avisando ou até mesmo pedindo. Sonhamos em voar sem rumo por um caminho desconhecido só para dizer “agora, eu sou livre”, mas o que não sabemos é que lá na frente, quando cansarmos de não ligar, sentiremos falta, sentiremos saudades de ver nossas mães sentadas no sofá com a cara emburrada, pois chegamos quinze minutos depois do combinado, ou até mesmo daquelas ameaças afirmando que nunca mais sairemos de casa, ou do abraço protetor que recebemos após aquelas broncas.

  E um dos problemas de ser um “novo adulto” é ver tudo isso desmanchar-se na sua frente antes mesmo de poder experimentá-las. É querer voar e perceber que em suas costas asas não cresceram, é constatar que nada mudou ao mesmo tempo em que o mundo te cobra uma mudança. É o que esperamos deixar para trás, mas não deixamos por medo de que o mundo longe daquele mesmo abraço carinhoso seja perigoso, pois os dramas continuam lá, nos fazendo acreditar que qualquer sofrimento eram motivos para lágrimas e pensamentos sobre o fim do mundo.

  Ser adulto é ter em suas próprias costas o peso que nossos pais carregavam por nós, mesmo depois de os responder e os julgarem por serem caretas demais. Ser adulto é perceber, depois de tantos anos, a realidade. Ver como ela pode ser cruel e entender o porquê daquela pessoa preferir ler seus livros ou assistir seus filmes do que conversar com outra pessoa que lhe mostrará a verdade, porque querendo ou não, por mais que sofremos pelos nossos personagens favoritos ao longo da história, a ficção será sempre menos dolorosa que a vida real.

  Pois aqui, ela não tem piedade, não tem compaixão e mesmo que você a espere, ela continuamente vai conseguir ser sorrateira e te pegar desprevenido. Ela vai machucar e vai gostar disso.

  E então, ela virá do mesmo jeito que veio para Sehun enquanto folhas caíam secas pelo chão e seus olhos estavam fixos nos do irmão.

 

.*.*.*.*.

 

  Alguns minutos mais tarde Kyungsoo ouviu a campainha ser tocada e antes de abri-la repassou em sua mente o xingamento que fez enquanto se arrumava.

  Porém, ao abrir a porta e olhá-lo as palavras simplesmente voaram e em sua boca elas já não se encontravam. Seu cabelo recém cortado estava penteado para trás e em seu corpo um terno preto fazia-se presente junto com uma gravata igualmente preta e uma blusa social branca por baixo. Jongin conseguia ser lindo de um jeito único, sempre diferente, ele era encantador com aquele sorriso ladino que aos poucos surgia entre seus lábios enquanto também olhava o menor.

  Naquele momento, Jongin estava admirado. Kyungsoo conseguia prender sua atenção sem ao menos fazer esforço. Ali ele não sorria, mas o maior sabia que em algum momento daquela noite ele iria e quis tornar-se religioso só para ter alguém para agradecer por ter aqueles grandes olhos mirados em si, sendo por alguns segundos, minutos ou horas. Kyungsoo era lindo para si de um jeito que não conseguia passar mais de uma hora sem pensar pelo menos uma vez em quanto ele conseguia ser fantástico sem nem saber que era.

  — Vamos, senhor Do? – perguntou sorrindo.

  — Vamos, senhor Kim. – sorriu também, esperando que Jongin compreendesse o quanto aquele momento havia se tornado mais um da imensa lista imaginária que criara só para poder lembrar-se facilmente dele, para lembrar-se daquele meio sorriso que o fazia sorrir também, pois Jongin o fascinava.

  Kyungsoo sempre fora alguém organizado que nunca deixava algo fugir do que ele determinava como bom e quando, por algum imprevisto, as coisas fugiam de seu controle, logo ele as arrumava. Tudo ficava em seus devidos lugares, pelo menos era assim, antes do maior aparecer.

  Jongin o virara ao avesso e pela primeira vez Kyungsoo não quis mudar aquilo, pois ele estava gostando daquilo. O menor gostava de como sua bochecha ficava perfeitamente encaixada no ombro do mais novo quando esse estava dirigindo sua moto, gostava de como ele conseguia confundir sua mente com algum argumento pensado de última hora enquanto havia ficado horas pensando sobre aquilo, gostava também do cheiro de sabonete que a pele do pescoço dele emanava todas aquelas manhãs de sábado.

  Kyungsoo gostava dos detalhes preciosos que Jongin tinha e talvez fosse por isso que não se importou para onde estava indo, nem com a gravata que o sufocava, pois olhar para a expressão concentrada que o maior fazia quando estava dirigindo era cativante demais para se importar com algo que não fosse aquele instante. Algo que não fosse ele.

  Ficara surpreso ao perceber que o mais novo estacionava nos fundos da catedral de Seul e que durante o caminho todo tinha ficado perdido em seus próprios pensamentos sobre o moreno que agora o pedia para descer.

  — O que viemos fazer aqui? – perguntou enquanto via várias pessoas trajadas de maneira formal passar por eles.

  — Vamos a um casamento. – respondeu arrumando seu terno — Estou bonito?

  — Como assim ‘a um casamento’? – ignorou a segunda pergunta do maior.

  — Um casamento como qualquer outro, só que mais chique. – deu de ombros — E então? Como estou?

  — Sua gravata está torta. – revirou os olhos.

  — Sério? – tentou arrumar baseado nos tutoriais que tinha visto mais cedo naquele dia — Melhorou?

  — Aish, não sabe nem arrumar uma simples gravata. – resmungou o menor enquanto acertava o tecido macio em volta do pescoço do outro — Pronto.

  — Vamos estressadinho.

  — Espera um segundo. – Jongin viu Kyungsoo tirar os óculos redondos e rapidamente os guardar em seu bolso interno do paletó.

  — É tão raro te ver sem eles. – murmurou.

  — Desapontado? – perguntou sem jeito enquanto escondia as mãos nos bolsos da calça social preta.

  — Nem um pouco. – sorriram involuntariamente um para o outro até o menor desviar o olhar franzindo levemente o cenho.

  — Vamos entrar ou não?

  Sem receber uma resposta, Kyungsoo fora levado até a entrada da igreja pelas mãos quentes do maior que agarraram fortemente as suas. Ao chegarem viu Jongin retirar dois papéis bordados de seu próprio paletó e entregá-los para um segurança que desconfiado conferiu várias vezes os mesmos, mas logo conseguiram passar após o moreno sorrir largo para o homem que, meio desconcertado, os deixaram entrar.

  — Você flertou com o segurança? Sério isso? – perguntou o mais velho embasbacado.

  — Eu chamo isso de aproveitar as oportunidades que a vida dá. – piscou para Kyungsoo vendo o baixinho revirar os olhos.

  — Você é parente de quem aqui? – perguntou ao sentar na terceira fileira das quinze existentes junto ao mais novo.

  — Bom... – coçou a nuca — Hipoteticamente falando... – sorriu.

  — Fala logo.

  — Eu não conheço ninguém aqui além de você. – falou rápido observando a expressão de espanto tomar conta do rosto sério do outro.

  — Você o quê, Jongin? - murmurou arregalando os olhos — Você me trouxe de penetra em um casamento? Perdeu o juízo?

  — Calma Soo!

  — Calma o caralho! – empurrou o outro — Enlouqueceu?

  — Você que enlouqueceu. – deu de ombros rindo — É comida de graça e de quebra nós podemos zoar com os outros convidados.

  — Senhor, estou saindo com um adolescente. – murmurou cansado.  

  — E eu com um velho rabugento. – disse no mesmo tom de voz — Vai ser legal, confia em mim.

  — Não vou cometer esse erro outra vez. Como você conseguiu os convites?

  — Achei no trabalho e pensei em como seria chato vir sozinho, então me lembrei de você. – deu de ombros.

  — Aish, sério, eu vou embora.

  — Não tem como. – sorriu vitorioso — Os seguranças não podem deixar ninguém sair até o fim do casamento.

  — Eu quero tanto, tanto te matar agora. – sussurrou entre dentes.

  — Você fica muito bonito sussurrando desse jeito Kyung.

  — Cala a boca idiota.

  O Kim sorriu ao constatar que seu objetivo de calar o acompanhante deu certo.

  Assim que a cerimônia começou Jongin pelo canto dos olhos conseguia ver o menor suspirar e rolar os olhos em suas órbitas a cada monólogo que o padre começava com uma expressão de desgosto palpável.

  — Isso aqui ta’ um saco. – disse baixinho para somente Jongin escutar.

  — Vai ficar melhor, acredite.

  — Agora é a parte que eles prometem serem fiéis, choram um pouquinho para fazer uma ceninha básica e afirmam amarem um ao outro mais que tudo no mundo.

  “– E-eu amo você mais do que tudo n-no m-mundo, eu prometo ser fiel a ti até o fim de n-nossas v-vidas.” – murmurou a noiva de voz enjoadamente fina.

  — Se você achar uma lágrima nela eu faço o que você quiser! – o maior falou rindo baixo ao perceber que o menor estava certo.

  — Aish isso não vale! – fingiu chateação — Ele ainda nem falou pra ela chorar.

  — Você é terrível, Soo.

  — Acha que eles duram quanto tempo?

  — Uns três anos? – pensou.

  — Um e meio no máximo! – decretou — Apostado então. – estendeu a mão pro outro apertar selando o acordo entre eles.

  — Feito.

  “– Com o poder em mim investido, eu vos declaro marido e mulher.” – ouviram o padre dizer.

  — Huuuhuuuul – comemorou Jongin atraindo a atenção das pessoas sendo acompanhado por um Kyungsoo sorridente batendo palmas, e logo conseguiram convencer a todos se juntarem enquanto os noivos passavam por eles.

  — Bora pra festa? – o mais novo chamou.

  — Não antes de cumprimentar os queridos noivos. – sorriu maldoso.

  — O que você vai fazer Soo?

  — Se for pra fazer as coisas, vamos fazer direito.

  — Assim que se fala!

  A passos largos foram para a grande fila onde os recém-casados estavam recebendo os cumprimentos com simples apertos de mãos.

  — Não sei você Kyung, mas me deu uma vontade de ser carinhoso e abraçar as pessoas.

  —Agora que você falou... – riu ao entender o que o outro queria dizer.

  Logo a vez deles chegou e com uma troca de olhar reafirmaram o acordo de minutos atrás. Sem esperar pelo aperto de mãos da noiva, Kyungsoo apressou-se e envolveu os ombros magros da mulher em seus braços.

  — Quanto tempo querida – balançou a mulher em seu abraço de urso — vê se não some mais, aparece lá em casa mais vezes e não esquece das amizades só por causa do marido.

  — Pode deixar. – disse após ser parcialmente largada pelo Do.

  — Te espero lá hein. – segurou o riso ao olhar pro lado e ver Jongin falando ao ouvido do noivo e a expressão assustada que fizera ao ser largado pelo mesmo. Viu o maior sorrir arteiro para si ao dar de costas para o casal.

  Ao sair da igreja permitiram dar gargalhadas pelo jeito que ficaram assustados ao ter dois estranhos os abraçando como se fossem velhos amigos.

  — O que você falou pro cara? – o mais velho perguntou limpando as lágrimas nos cantos dos olhos.

  — Falei que sentia saudades e que ninguém mais fazia do jeitinho dele. Pelo visto ele tem muita culpa no cartório porque ele me perguntou onde o achei.

  — Depois eu que sou o terrível!

  — Vamos fazer segunda rodada na festa? – perguntou ao ser empurrado pelo menor.

  — Claro!

 

~*~

 

  Era uma visão bonita, onde o outono fazia-se presente e os olhos de Chanyeol estavam levemente espremidos pelo sorriso que esboçava para Sehun no começo daquela noite. Entretanto, o mais novo não retribuíra e passara direto pelo mais velho.

  Sehun estava fugindo, Chanyeol sabia disso, ele vira isso. Aos poucos o sorriso realmente feliz que trazia consigo foi se dissipando e seus pés ganharam vontade própria correndo até o irmão.

  — O que aconteceu? – perguntou ofegante ao alcançá-lo.

  — Nada.

  — Sehun! – agarrou o braço do outro, forte — Seja sincero comigo, por favor. – afrouxou o aperto, porém não o soltou.

  — Eu só quero chegar em casa rápido Chan. – sorriu minimamente — Está tudo bem. – soltou-se.

  — Então venha, eu te levo.

  — Não precisa, sério.

  — Sehun, eu tenho carro e está ameaçando chover, deixe-me te levar, ok?

  Concordando com a cabeça, permitiu-se ser levado pelo irmão até um carro grande que não fazia a mínima idéia do nome.

  — Você está se alimentando direito? – indagou ao dar partida — Parece meio pálido.

  — Estou, é só impressão sua. – mentiu.

  — O que houve?

  — Já falei que não foi nada, Chanyeol.

  — Você nunca mentiu para mim antes. – murmurou mais para si do que para Sehun.

  — As pessoas mudam.

  — Então porque você não acredita quando eu falo que mudei?

  Sehun nada respondeu e o silêncio permaneceu. Durante todo o caminho Chanyeol monitorou pelo canto dos olhos a testa do irmão franzir toda vez que olhava para o céu e via o mesmo cada vez mais escuro. Sorriu internamente ao ver pequenos rastros do irmão que teve durante sua adolescência. Para alguns poderia ser até engraçado o fato do maior conhecer tudo sobre o outro Sehun, mas não saber nada sobre aquele homem ao seu lado.

  Chanyeol não sabia se ele ainda sorria quando via pessoas se amando, ou se chorava quando as viam brigando. Não sabia se havia aprendido a se abrir ou se ainda escrevia nas últimas folhas dos cadernos o que estava acontecendo. Não sabia quais eram suas esperanças, nem mesmo seus medos ou sonhos. No final das contas, Sehun ainda sonhava?

  Todos esses não saberes o irritava e então, sentiu falta de saber.

  Sentia falta dos sorrisos sapecas que Sehun soltava quando o acordava eufórico só para desejar bom dia primeiro que todo mundo. Sentia falta da curiosidade e da simplicidade que aqueles olhos passavam para si quando ficavam sozinhos, aquele olhar fazia Chanyeol sentir saudades dele, exclusivamente dele.

  — Você sente falta daquele tempo? – perguntou atraindo a atenção do irmão.

  — Você não faz noção do quanto. – sussurrou.

  — Lembra quando a gente fugia de casa, mas voltava tão rápido que ninguém percebia?

  — Nós sempre ficávamos com fome antes do esperado. – sorriu.

  — Deveríamos ter planejado mais. – sorriu junto ao mais novo.

  — Eu sempre mandava você pegar mais sanduíches, então a culpa era toda sua!

  — Aish eu era um adolescente querendo ser adulto, não tenho culpa alguma.

  — E eu uma criança que sempre era levada de um lado para o outro sem nem poder escolher. – riu um pouco.

  — Claro, não deixaria você por nada. – falou sem pensar e logo se arrependeu ao ver a expressão vazia que tomou conta do rosto do menor.

  — É, não deixaria. – desviou o olhar para a rua escura.

  — Sehun, eu fa-

  — Está tudo bem, Chanyeol. – disse ao tirar o cinto, pois haviam chegado — Obrigado pela carona, até algum dia.

  — Espera, por favor. – travou as portas — Promete que vai ficar bem?

  — Eu vou me virar.

  — O cara lá vai demorar a chegar? – desdenhou.

  — Ele não vem pra casa hoje.

  — Então eu vou ficar com você. – avisou.

  — Não precisa.

  — Eu insisto.

  — Não. – segurou a mão do irmão que já ia destravar o cinto.

  — Sehun você não pode fi-

  — Eu não tenho mais treze anos, ok? Eu não preciso mais de você então tem como abrir a merda da porta e me deixa ir?

  — Está bem. – falou baixo ao desviar os olhos do rosto amargurado do irmão. Destravou as portas e antes de Sehun sair por completo pegou em sua mão — Se cuida, ok? – recebeu um aceno fraco em resposta.

  Viu Sehun andar rápido até a portaria e entrar para então deixar sua cabeça apoiada no volante.

  — Por que eu fui abrir a boca... – murmurou antes de dar partida e dirigir o mais rápido até sua casa.

 

.

 

  Assim que chegou já desejou sair dali. Era tudo vazio demais, frio demais.

  O relógio marcava um pouco mais de dez horas quando afrouxou sua gravata e permitiu-se cair sobre o sofá da sala. Sua cabeça estava a ponto de explodir, naquele momento, tudo estava confuso demais.

  Sehun estava lá em sua mente, quando sem ao menos perceber, fechou seus olhos tomados pelo cansaço.

 

.*.*.*.*.

 

  Já estavam cheios e entediados enquanto música clássica fazia-se presente naquele enorme salão de festa que conseguiram entrar fácil, já que o mesmo segurança da igreja estava lá agora.

  — Sério que eles não vão tocar nada mais animado? – Jongin resmungou.

  — Se continuar assim eu vou acabar dormindo. – respondeu virando mais uma taça de champanhe mantendo o líquido por um tempo em suas bochechas para então engolir. O mais novo sorriu com a visão fofa que era aquela.

  — Dança comigo? – estendeu a mão para Kyungsoo.

  — Essa música? – estranhou.

  — Nós formamos nossa própria música – pronunciou-se — não precisamos deles.

  Kyungsoo não falou nada, porém deu sua resposta ao pegar a mão que o maior estendera. Caminharam com as mãos seladas atraindo alguns olhares das pessoas que os viram.

  — Nem começamos e já somos o centro das atenções.

  — E isso é ruim?

  — Não. – encostou a cabeça no ombro do maior enquanto ele segurava sua cintura — Não é. – sussurrou para si mesmo, mas Jongin conseguira escutar.

  Balançaram de um lado para o outro em um ritmo lento onde algumas vezes Kyungsoo era rodado pelo outro e aos poucos eles mudavam os movimentos mesclando todos os passos que conheciam, até que começaram a dançar mais livremente bagunçando levemente seus cabelos. Jongin parou em algum momento, quando seus movimentos não pareciam ser mais necessários, para observar o outro com os olhos fechados sentindo aquela música que cantavam baixinho, só para eles.

  Jongin estava hipnotizado, mas ao ver a noiva atrás do menor, aparentemente brava, brigando com os seguranças e apontando para eles resolveu que era hora de ir.

  — Fudeu Soo, corre! – exclamou o maior puxando o menor que de primeira não quis ir, mas ao olhar para trás, entendeu a situação e passou a correr enquanto ria sem parar dos fatos ocorridos naquela noite. Com dois dos quatro seguranças os seguindo, correram o mais rápido que conseguiram até entrarem em uma rua escura e avistarem o que parecia ser um parque infantil. Entraram ali aos risos ainda de mãos dadas passando proteção um ao outro.

 

~*~

 

  Ao chegarem ao fim do parquinho abandonado viram em cima de um lago uma pequena ponte de madeira, que permitia a passagem das crianças até algumas gangorras enferrujadas.

  Jongin vira Kyungsoo correr até aquela mesma ponte e com um sorriso infantil adornado em seus lábios vermelhos deitar-se nela com os pés balançando do lado de fora para então afrouxar a gravata.

  Naquele momento, Kyungsoo sorria meio bobo enquanto seus braços estavam abertos e seus olhos miravam aqueles pontinhos luminosos que sempre estavam ali, enfeitando o céu com sua sutil perfeição. Ele gostava delas, pois para si elas representavam a simplicidade que incansavelmente procurava em seus tão queridos romances. Talvez tenha sido por essa razão que olhara para o lado exatamente na hora que, ao longe, Jongin o encarava, sem sorrir.

  Ali ele era simples, porém não comum, como muitos achavam que a palavra ‘simples’ representava, ali sem expressar nada em seu rosto, ele ainda conseguia ser incrivelmente bonito sem forçar a barra ou qualquer coisa do gênero, e ali com a gravata relaxada e a blusa social para fora da calça Kyungsoo quis beijá-lo na mesma intensidade que um dia quis tocar as estrelas. 

  — Eu me apaixonei pela primeira vez aos dez anos, na época que o casamento dos meus pais já havia se tornado uma bosta, quando eles nem mesmo olhavam um para o outro por mais que alguns segundos. – Kyungsoo disse alto o bastante para que o moreno escutasse de onde estava — Na época eu estava com dificuldades para ler e então minha professora da quarta série me deu um livro pequeno onde as letras do seu título eu nunca serei capaz de esquecer – sorriu para o outro que ainda não tinha retribuído o gesto, porém estava se aproximando aos poucos — nele havia poemas, uns dos mais lindos que já li, o autor parecia sofrer em cada palavra escrita e eu senti sua dor em cada traço riscado na folha já amarelada.

  — E foi por eles que você se apaixonou? – perguntou sentando ao lado do menor.

  — Foi. – sorriu — Eles me distraíam enquanto meus pais brigavam achando que eu já estava dormindo a tempo suficiente para não os escutar. Acho que é por isso que não gosto de casamentos como aquele. Eles tendem a ser banhados em dinheiro e sem nenhuma gota de amor, sei que posso estar generalizando e sendo um perfeito filho da puta, mas é o que eu acho.

  — Eu pensei que você ia gostar. – murmurou.

  — Surpreendentemente, eu gostei. – sentou-se ao lado do moreno — Você passou a ter esse efeito sobre mim Jongin, você consegue transformar um programa já fadado ao fracasso na melhor coisa da minha semana.

  — Acho que você bebeu demais hyung. – riu.

  — Concordo e provavelmente amanhã vou me arrepender muito disso. – riu junto a ele.

  — De tudo?

  — Tudo não. – considerou — Você é a primeira pessoa que não participou da minha infância, mas que sabe a coisa mais importante dela. Tenho certeza de que não me arrependerei disso.

  — Estou me sentindo importante agora. – gabou-se fazendo Kyungsoo sorrir.

  — E você é, mesmo sendo um pé no saco a maioria das vezes, acredite, você é muito importante.

  Por estar atordoado demais com as palavras do menor, Jongin não conseguiu dizer mais nada e para Kyungsoo assim era melhor. O silêncio do mais novo não o incomodava, o acalmava. E quando colocou sua cabeça em seu ombro pôde sentir a simplicidade que sempre procurou quando Jongin retribuiu o contato e também juntou sua cabeça a dele.

  — Eu nunca me apaixonei. – mentiu Jongin.

  Ele havia se apaixonado em um parquinho abandonado, onde provavelmente ninguém mais entrava e que a localização exata ele desconhecia, ali mesmo, olhando para o sorriso triste que Kyungsoo soltara ao ouvir suas palavras. Jongin se apaixonara por cima de uma ponte velha que a qualquer momento poderia partir-se e fazê-los cair onde as estrelas eram refletidas, mas estava tudo bem, pois ali, Kyungsoo sorria e mesmo sendo bem pequeno, ele conseguia ver cada detalhe que o mesmo carregava junto a si.

  Jongin estava caindo e não se importava. Kyungsoo valia à pena mesmo que encontrasse o chão rápido demais.

 

.*.*.*.*.

 

  Ele acordou com um estrondo, quando o vento frio passou a ficar insuportável e seu corpo não conseguira mais segurar o sono. Não soube em qual recordação adormeceu, mas ao abrir os olhos, ele veio à sua mente. Ainda estava meio inconsciente pelo jeito bruto que foi acordado, porém, sem nenhuma explicação, ele se lembrou do primeiro sorriso banguela que recebeu.

  Estava saindo da escola naquele dia, quando um menino baixinho correu até si e mostrou o espaço que havia em sua boca. Recordou-se de como ficou feliz e preocupado em um mesmo instante, pois Sehun não tinha nem oito anos quando fugiu de casa para cumprir sua promessa de que o irmão seria o primeiro a vê-lo sem o dente da frente. Sehun estava feliz naquele dia, principalmente depois que ao invés de levá-lo para casa, Chanyeol o levou para tomar sorvete.

  Sorriu minimamente quando se lembrou do sabor preferido do irmão e de como ele ficava tão eufórico a ponto de se sujar todo. Até nos lugares mais improváveis Sehun conseguia manchar-se. Uma sensação boa lhe atingiu, porém não durou muito.

  Olhara assustado para a janela ao ouvir o barulho auto que a chuva fazia naquela noite, então lembrou-se: Sehun estava sozinho.

  Levantou-se eufórico procurando debilmente suas chaves e quando as achou foi o mais rápido que conseguiu até o estacionamento do prédio em que morava. Chanyeol não podia deixá-lo sozinho, não outra vez.

  Fora como reviver a vez que saiu da casa de uma menina, que o nome já até esquecera, pois percebeu que estava relampeando e não poderia deixar o irmão sozinho. Lembrou-se do sorriso que formou em seus próprios lábios ao ver Sehun encolhido em sua cama murmurando algumas coisas que não conseguira entender na época. Seus tênis estavam encharcados aquela noite e ao contrário do que era esperado, ele não os tirou, nem mesmo trocou suas roupas, Chanyeol só queria ficar mais uns minutos ali, o observando.

  Sentira saudades da época que era comparado ao Super-Homem quando na verdade, ele estava pouco se fodendo para a humanidade e só se importava com uma pessoa.

  Essa pessoinha tinha o riso fácil e uma imaginação tão fértil que os faziam viajar toda noite quando inventava mais uma história sobre seu mundo secreto, afirmando que levaria Chanyeol para conhecê-lo algum dia.

  Pensara que estava enlouquecendo ao desejar voltar para a adolescência e reviver aquelas aulas chatas de geografia, só para chegar em casa e um garoto que gostava de fingir ser adulto, vim abraçar-lhe, esquecendo por alguns segundos que adultos não saiam por ai abraçando as pessoas que não viam a poucas horas.

  Chanyeol gostava daquilo. De como Sehun envolvia sua cintura em um aperto curto já que rapidamente se tocava que não deveria mais se comportar do mesmo jeito de quando era criança mesmo ainda sendo uma.

  Em momentos como aqueles que Chanyeol percebia quanto tempo havia se passado. A cabeça de Sehun já estava em seu peito quando entrara na pré-adolescência e as crises da mesma começaram a aparecer, junto com os resquícios de pecado que crescia cada vez mais nos irmãos.

  Lembrava-se dos pensamentos que vinham em sua cabeça quando o mais novo dava-lhe as costas e conseguia ver perfeitamente como seu tronco havia se desenvolvido, quando passou a desejar mais tempo daquele abraço só para sentir aquela sensação estranha que no momento sempre parecera boa, mas que mais tarde, quando caía em si, tornava-se ruim, amarga.

  Balançou a cabeça tentando livrar-se daquelas lembranças que sempre fizera de tudo para não virem à tona, mas nunca funcionara, pelo menos não desde que vira o irmão de novo.

  Chegava a ser irônico todos aqueles antônimos que passavam por sua mente. Sentia-se fraco enquanto fizera de tudo para ser forte. Sentia-se pecador mesmo quando tentara inúmeras vezes manter-se obediente àquilo que acreditava ser o certo. Sentia-se sujo quando aquelas lembranças vinham e o faziam desejar, quando na verdade deveria fazê-lo sentir nojo.

  Ele estava indo a encontro do seu pecado quando deveria estar se afastando, mas ele não se importou, pois Sehun sempre seria sua única alternativa, mesmo que tivesse que lutar com seus fantasmas por isso.

 

.

 

  A chuva caía forte quando Chanyeol estacionara o carro no meio fio e correra até a portaria dando graças por a mesma estar destrancada e não precisar tocar a campainha, pois tinha medo do irmão mandá-lo ir embora sem ao menos escutar-lhe.

  Rapidamente subiu as escadas até chegar ao andar de Sehun e ao contrário da última vez, ele não sentiu medo de apertar aquele botão, porém ao ver os olhos avermelhados do irmão ficou apavorado, já que a vontade que tomou conta de si não era a que irmãos deveriam sentir ao se verem.

  Por um momento Chanyeol pôde entender aqueles trechos dos livros que Kyungsoo lia para si no recreio. Eram daqueles meio poéticos, onde os protagonistas tinham o poder de se teletransportar para um mundo particular que sempre ficava em câmera lenta quando se encaravam.

  Nunca havia acreditado naquelas palavras, até aquele momento.

  Com os cabelos molhados pela corrida que fez do carro até o apartamento, ele conseguia sentir como era ficar tão maravilhado com alguém a ponto de só ver aquele alguém em especial.

  E para si, aquele alguém tinha os cabelos bagunçados, os olhos avermelhados e a boca trêmula, e mesmo com a aparência cansada, Sehun seria eternamente a visão mais linda que já vira.

  — Me de-desculpa. – soluçou — Eu não quer-

  Sem deixar que Sehun terminasse sua fala, Chanyeol o abraçou. Desde pequenos eles tinham esse costume, não importava o motivo, não importava as circunstâncias, eles sempre se abraçariam quando um chorasse na frente do outro e ao se lembrar disso, Sehun agarrou-se o mais forte que conseguiu ao corpo do irmão, pois aquele sempre seria seu lar.

  — Eu estou aqui agora, ok? – sussurrou ao ouvido do irmão que soluçava enquanto deixava todo seu medo ir embora por meio das lágrimas. — Não precisa ter medo mais. – sentiu Sehun afirmar levemente com a cabeça em seu pescoço.

  Entrou devagar, fechando a porta com um dos pés enquanto ainda apertava Sehun em seus braços. Sentou-se no sofá pequeno da sala e instintivamente puxou o irmão para seu colo fazendo com que o mais novo ficasse com cada perna ao lado seu corpo.

  Era aconchegante tê-lo ali, tão igual, tão entregue, tão seu. Naquele momento, Chanyeol fechou os olhos, ele estava sentindo, e não se importava em como poderia parecer errado para quem visse aquela cena de longe. Para falar a verdade, ele não ligava para nada, afinal era seu irmão, seu pedacinho de chão. Ele era seu mundo.

  Quão clichê essa frase pôde parecer? Mas, estava tudo bem, Chanyeol gostava daquela sensação e ninguém poderia tirar aquilo dele, ele mesmo já havia tentado em suas noites ocupadas por trabalho desnecessário.

  Aos poucos os soluços foram ficando menos audíveis e o aperto na blusa do maior ficar mais folgado. Sehun estava se acalmando.

  — Obrigado por voltar. – segredou com a voz enrolada ao pescoço do mais velho.

  — Não precisa agradecer. – disse no mesmo tom acariciando as costas do irmão.

  — Sinto que tenho. – fungou — Ninguém voltaria se fosse tratado como te tratei.

  — É o meu papel Sehunnie.

  — Como irmão? – olhou para ele.

  — Como alguém que te ama.

  Viu os olhos avermelhados do irmão se fecharem quando o mesmo sorriu pequeno ao desviar o olhar.

  Houvera um momento em que tudo pareceu correto e foi nos segundos que procederam a essa sensação que Chanyeol arrastou suas mãos até a cintura fina do irmão. Sehun passou a olhá-lo, mas nada disse então o mais velho continuou.

  Descera ambas as mãos até o quadril do menor e o trouxe levemente até si, parando em uma distância consideravelmente segura, ou pelo menos era isso que achava. Chanyeol parou de olhá-lo no instante que suas mãos começaram a subir devagar pelos braços longos do menor até que chegou ao seu rosto, o segurando com ternura para então, olhar-lhe.

  Sehun tinha os olhos expressivos, exatamente como eram quando criança, sempre dizendo algo por trás daquelas íris castanhas. Elas imploravam, ele via isso, era o mesmo olhar que recebera há seis anos quando lhe beijou pela primeira vez e Chanyeol estava prestes a repetir o ato, pois aquele ‘nós’ que eles formavam não poderia ser errado, eles eram certos, eles simplesmente eram.

  Acariciou o rosto do menor para então trazer-lhe, sem pressa, para si. Ambos os olhos brilhavam tomados pelo mesmo sentimento que formava aquele momento até Sehun desviar o olhar e Chanyeol não conseguir continuar.

  Percebera ali que já não existia mais os hormônios, não existia mais sua adolescência, não existia mais nada para culpar. Naquela noite não existia mais culpado, era só ele, de frente com sua verdade. Havia chegado a hora de aceitá-la. Havia chegado à hora de crescer.

  Um relâmpago assustou os irmãos, principalmente quando todas as luzes se apagaram.

  — Acho melhor eu ir. – fez menção de levantar, mas Sehun logo segurou seus braços.

  — Fica.

  — Sehun, acho me- 

  — Fica comigo, por favor. – abraçou o tronco do maior.

  Com um aceno, Chanyeol concordou, fazendo com que Sehun sorrisse minimamente e escondesse seu rosto no ombro do outro. Desde pequeno nunca gostara do escuro, mas se sentia bem, pois ele estava ali consigo, o protegendo, e Sehun estava feliz, estava em paz.

  Fora quando ainda estava naquela fase de quase dormindo, quase acordado, que sentiu Chanyeol levantar-se com ele em seu colo e buscar pelas portas fechadas, seu quarto. Sentiu o colchão macio em suas costas, mas não o corpo do maior ao seu lado. Abriu os olhos minimamente e viu o irmão sentado em algumas cobertas no chão, lhe observando.

  — Não vai deitar?

  — Não...

  — Por quê?

  — Eu não vou deitar na mesma cama que você e ele se deitam todas as noites Sehun.

  — Chanyeol...

  — Está tudo bem. – acariciou os cabelos do mais novo — Pode dormir.

  Mesmo no escuro, perdeu-se nos traços daquele rosto em sua frente e por mais que parecesse idiota, ele nunca se cansaria de decorar cada detalhe imperfeitamente perfeito de Sehun, pois por ele, Chanyeol sempre seria aquele idiota que tentava ao máximo nunca errar.

  Chanyeol era dele e por mais que Sehun não soubesse, ele era.

  — Estou com medo de fechar meus olhos e quando abrir perceber que é um sonho.

  — Seria muita maldade do destino fazer com que isso seja um sonho.

  — Por quê? – o menor indagou.

  — Por que eu esperei muito tempo para poder te ter aqui assim, tão perto.

  Em algum momento da madrugada, quando o sono já havia quase tomado conta do mais velho, Sehun entrelaçou seus dedos.

  — Channie?

  — Hum?

  — Você... vai estar aqui quando eu acordar? — sussurrou.

  — Vou. – segredou o mais baixo que conseguiu juntando sua testa a do irmão.

  Algo estava mudando, eles sabiam.

  Sabiam que não deveriam estar se olhando daquele jeito; Sabiam não deveria estar tão perto; Sabiam que não deveriam pensar um no outro como homem. Eles sabiam de tudo, porém em um acordo silencioso, resolveram ignorar, só por mais uma noite.

  Pois depois de tanto tempo, eles finalmente, estavam em casa.

 

 

 

 

 


Notas Finais


Nosso Channie ta crescendo gnt :') meu orgulho.
O que acharam?? Não se acanhem, ok? Podem comentar, me mandar alguma mensagem aqui ou no twitter (@liittlelove3)
Agradeço a todos vcs que leram por não desistir nem da história nem de mim. Se pudesse conhecia cada um e abraçava todos! ❤
Sintam-se abraçados, beijados, apertados e quem não gosta de toques: sintam-se amados, pois vcs são!
Até a próxima, meus amores

Beijão! ❤

P.s.: para quem não ouviu no começo: https://www.youtube.com/watch?v=PI4Kd2o6KOw
P.s.:² deem uma passadinha pelo perfil do Fausto, tem uma Chanhun linda lá: https://spiritfanfics.com/historia/singelas-margaridas-8545532 #pormaischanhunnomundo


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